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Coesão e coerência textual (1)

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COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA 
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COESÃO 
Termo que designa os mecanismos linguísticos de sequencialização que instituem continuidade semântica entre diversos elementos da superfície textual. Esses mecanismos se destacam:
As cadeias de referências – relação referencial
As reiterações e substituições lexicais – coesão lexical
 Uso dos conectores ou articuladores do discurso - coesão interfrásica ou frásica
Uso das concordâncias – coesão frásica 
 A ordenação correlativa dos tempos verbais – coesão temporal . 
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COESÃO REFERENCIAL
EXPRESSÕES INTERPRETADAS EM FUNÇÃO DE OUTRAS EXPRESSÕES QUE OCORREM NO DISCURSO ANTERIOR OU SUBSEQUENTE
 
Anáfora: fala-se de referência anafórica quando no discurso (contexto verbal) se retoma o antecedente, repetindo-o ou substituindo-o por outro termo (nome ou pronome).
Ex: O Sérgio não aparece. Já não o vejo há um mês.
 Tenho um cão. Este animal só come e dorme. 
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Catáfora: a expressão que estabelece o referente pode ocorrer no discurso subsequente àquele em que surgem as expressões referencialmente dependentes.
Ex: O professor olhou-o e disse: - Pedro, concentra-te no trabalho
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Elipse: numa cadeia de referência, o termo anafórico pode não está lexicalmente realizado. Fala-se de elipse para designar essa categoria vazia referencialmente dependente, cuja interpretação convoca necessariamente uma antecendente.
Ex: O Miguel foi à biblioteca, mas ( ) não encontrou o livro que procurava. 
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COESÃO LEXICAL 
È um mecanismo de coesão textual que envolve a repetição da mesma unidade lexical ao longo do texto ou a sua substituição por outras unidades lexicais que com ela mantêm relações semânticas.
Reiteração
Repetição definitizada do antecedente
Ex: O fogo acabou com tudo. A casa estava destruída. Da casa não sobrara nada.
Substituição 
Nominais: Expressões relacionadas semanticamente 
 Ex: Comprei rosas. As flores alegram-me.
O aluno investigou mais pormenorizadamente os hábitos dos pássaros. Ele adora aves. 
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Pronomes pessoais de modo geral (lexicais)
Todos os tipos de pronomes podem funcionar como recurso de referência a termos ou expressões anteriormente empregados. Para o emprego adequado, convém rever os princípios que regem o uso dos pronomes.
Ex.: Vitaminas fazem bem à saúde, mas não devemos tomá-las sem a devida orientação. 
Ex: tenho um automóvel. Ele é verde
 Expressões pronominais foneticamente nulas ou elipse - consiste na omissão de um termo ou expressão que pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referências do contexto.
Ex.: O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo para a assembléia com os acionistas.
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Advérbios que recuperam elementos com função adverbial que aparecem anteriormente no discurso. 
Expressões adverbiais como aqui, ali, lá, acolá, aí servem como referência espacial para personagens e leitor.
Ex.: Querido primo, como vão as coisas na sua terra - Aí todos vão bem? Ele não podia deixar de visitar o Corcovado. Lá demorou mais de duas horas admirando as belezas do Rio.
Ex: admirava o corpo do namorado e olhava para os seus ombros largos. Ali estaria sempre em segurança. 
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COESÃO FRÁSICA
Mecanismos que asseguram uma ligação entre os elementos linguísticos de uma expressão ou de uma frase.
Ex.: Os meninos / * os menino.
O Zé fez e destruiu num instante.
O Zé fez um desenho. / * O Zé fizeste um desenho.
Eles foram ao baile. *Eles foi ao baile.
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COESÃO INTERFRÁSICA
É assegurada por vários tipos de interdependência semântica das frases que ocorrem na superfície textual, podendo ser assegurada através de diferentes tipos de conectores ou articuladores do discurso, que asseguram a ligação significativa entre frases/orações ou partes do texto, especificando o tipo de conexão existente (causa, tempo, contraste e etc.).
Sequencialização por conexão coordenadas
Sequencialização por conexão subordinadas
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SEQUENCIALIZAÇÃO POR CONEXÃO COORDENADAS
Copulativas ou aditivas: e, nem só, mas também...
Ex: O Pedro entrou na sala e cumprimentou o professor.
Adversativas: mas, porém, todavia, contudo
Ex: Estudou muito, mas não entendeu a matéria. 
Alternativa: ou, quer….quer, etc
Ex: Ou leio romances ou escrevo poemas.
Conclusivas: logo, pois, portanto. 
Ex: Penso, logo existo.
Explicativa: Ex. Volta logo, porque eu preciso de você.
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SEQUENCIALIZAÇÃO POR CONEXÃO SUBORDINADAS
SUBSTANTIVA
Subjetiva: exercem a função sintática do sujeito da oração principal. O verbo da oração principal está sempre na 3ª pessoa do singular, na voz ativa ou passiva.
 Ex: É provável que ele chegue ainda hoje.
 Consta que esses homens foram presos anteriormente.
 Foi confirmado que o exame deu positivo. 
Objetiva direta. Ex: Eu sei que a vida é bela.
 Objetiva indireta. Ex: Necessitávamos de que nos ajudássemos. 
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Predicativa: ocupa a função do predicativo do sujeito.
A dúvida é se você virá.
Suj. + VL + O. S.S Predicativa
A verdade é que você não virá. Suj. + VL + O. S. S Predicativa
Completiva nominal
Ex. Tenho medo de que me traias. 
Apositiva: exercem a função sintática de aposto de um nome da oração principal.
 Desejo uma coisa: que você seja feliz 
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ADJETIVAS 
Restritivas. funcionam como adjuntos adnominais e servem para designar algum elemento da frase. Não pode ser isolada por vírgulas, e restringe, identifica o substantivos ou pronome ao qual se refere.
Você é um dos poucos alunos que eu conheço. Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva.
Eles são um dos casais que falaram conosco ontem. Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva.
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EXPLICATIVA. 
Ao contrário das restritivas, são quase sempre isoladas por vírgulas. Servem para adicionar características ao ser que designam. Sua função é explicar, e funciona estruturalmente como um aposto explicativo.
Meu tio, que era advogado, prestou serviços ao réu. Sujeito + O.S. Adj. Explicat. + VTDI + OD + OI.
- Eu, que não sou perfeito, já cometi alguns erros graves. Suj. + O.S. Adj. Explicat. + VTD + OD.
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ADVERBIAIS 
TEMPORAIS: localiza a oração principal em um determinado tempo. Conjunções: assim que, desde que, logo que, mal, quando, enquanto, sempre que, cada vez que, etc.
Ex: Sempre que falares, pensa.
 CONDICIONAIS: expressa uma condição para que aconteça aquilo que a oração principal diz.
Conjunções: se, a menos que, a não ser que, etc. 
Ex: Se estudares, aprenderás.
 CONCESSIVAS: se opõe às ideias expressas pela oração principal. 
Conjunções: ainda que, embora, apesar de, etc.
Ex: Embora te visse, não te falei.
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CAUSAIS: designam a causa, o motivo.
Conjunções: porque, como, visto que, dado que, etc.
Ex: Não fui jogar porque chovia.
 FINAIS: indica finalidade, propósito para que aconteça a oração principal.
Conjunções: para, para que, a fim de, a fim de que, etc.
Ex: Ama para que te ame.
 CONSECUTIVAS: é a consequência da oração principal.
Conjunções: tão / tanto ... que, de modo que, de maneira que. Ex: Foi tão veloz que nem o vi.
 
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COMPARATIVAS: estabelece uma comparação com a oração principal.
Conjunções: mais / menos / melhor / pior...que tão / tanto... Como tal / assim como, etc. Ex: Fala mais do que trabalha.
CONFORMATIVA: expressam conformidade ou algum tipo de acordo com a oração principal.
Conjunções: conforme, como, consoante, etc.
 Ex choveu conforme era previsto. 
PROPORCIONAL: indica proporção.
Conjunções:  à medida que, ao passo que, quanto maior, quanto menor, etc.
 Ex. Á medida que a ciência progride, o romantismo se extingue.
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COESÃO TEMPORAL
A sequencialização dos enunciados deve satisfazer “as condições conceptuais sobre a localização temporal e ordenação relativa que sabemos serem características
das situações no mundo relativamente ao qual deve ser interpretada a (...) sequência textual.
Ordenação linear dos elementos:
Ex: Vim, vi e venci. * Venci, vi e vim
Levantou cedo, tomou banho e saiu. * Saiu, tomou banho e levantou.
 
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Expressões que assinalam a ordenação ou continuação das seqüências temporais:
Ex: Primeiro vi a moto, depois o ônibus. 
Partículas temporais:
Ex: Não deixe de vir amanha. Irei ao teatro logo à noite. 
 Correlação dos tempos verbais: 
Ex: Ordenei que deixassem a casa em ordem. Ordeno que deixem a casa em ordem. 
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COERÊNCIA 
Consiste na ligação lógica das ideias no enunciado ou texto. A coerência depende de vários fatores, como:
Conhecimento do mundo e grau em que esse conhecimento deve ser ou não compartilhado pelos interlocutores. 
Domínio das regras que norteiam a língua - possibilita as várias combinações dos elementos linguísticos.
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Os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação, as suas crenças e a função comunicativa do texto.
Exemplos
*O pai castigou-o porque cumpriu as regras de comportamento.
*O aluno estava ansioso, mas queria saber o resultado do teste.
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COERÊNCIA LÓGICO-CONCEPTUAL
Um texto é coerente se as situações nele recriadas forem conformes àquilo que sabemos acerca do mundo e se forem respeitadas alguns princípios básicos de natureza lógico- conceptual. 
Ex: As ruas estão molhadas porque não choveu.
Este exemplo é incoerente porque se estabelece um nexo de causalidade que entra em ruptura com a nossa apreensão cognitiva do mundo.
Há dois princípios gerais que devem ser respeitados na estrutura de um texto coerente:
 A não contradição
Relevância 
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O PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO 
O principio da não contradição exclui de um texto a representação de situações logicamente incompatíveis. Não será coerente um fragmento textual do tipo: 
Hoje está um dia cinzento, chuvoso, cheio de sol.
O paradoxo é uma contradição alicerçada no sentido figurado que procura criar determinado efeito estilístico, bem diferente do que estamos a tratar.
 
O PRINCÍPIO DE RELEVÂNCIA 
O princípio de relevância exclui a representação de situações/ eventos que não estejam relacionados entre si.
Um texto coerente recria situações que se interligam (espacial ou temporal, ou em função de conexões de diversa ordem: causa/ consequência, meio/fim, contraste, etc. 
Ex: O aluno obteve bons resultados porque estudou e trabalhou muito.
 É evidente a coerência entre a causa (porque estudou e trabalhou muito) e a consequência (O aluno obteve bons resultados ).
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A coerência textual envolve a continuidade temática e progressão semântica.
 A continuidade temática implica a recorrência de informação ao longo do desenvolvimento linear do texto. (elementos de coesão). 
 A progressão temática implica a renovação da informação ao longo das sequencias textuais. 
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COERÊNCIA PRAGMÁTICO-FUNCIONAL 
Refere-se ao texto ou enunciado visto como uma sequência de atos ilocutórios. Para haver coerência nesse tipo de sequencia (atos de fala), é preciso que aos atos ilocutórios se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de pronunciar um enunciado, deve adequar o seu discurso ao ouvinte. Quando isso não acontece, geram-se sequencias incoerentes. 
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REFERÊNCIAS
Gouveia, C. A. M.“Pragmática” In Faria et al. Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Editorial Caminho: Lisboa,1996.
Mateus, M. H. et alli. Gramática da Língua Portuguesa. 5.ª edição revista e aumentada. Caminho: Lisboa,2003.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Edição Revista e Ampliada. Ed. Lucerna: Rio de Janeiro, 2001.
KOCH, Ingedore. G. Villaça. Coesão Textual. 18ª: ed. Contexto: São Paulo,2003.
_____________. Coesão Textual. 10ª: ed. Contexto: São Paulo,1998.
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