Buscar

COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 3- COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
Coerência textual 
Muitas vezes, em contextos dialogados ou diante de textos escritos, tentamos 
buscar um sentido para a mensagem que recebemos e não conseguimos 
compreender aquilo que nosso interlocutor quis expressar. 
Você já deve ter passado por esse tipo de situação e é certo que, em alguns 
momentos, estamos frente à necessidade de acessar algo em nosso repertório, 
mas o item necessário não faz parte de nossas experiências anteriores; 
entretanto, em outros momentos, o problema está na forma como ocorreu a 
organização do texto e ele se apresenta incoerente para nós. 
A coerência de um texto está ligada à maneira como ocorre sua organização 
como um todo, à harmonia entre as partes que o compõem e às ideias que 
apresenta. Claramente, podemos perceber o início, o meio e o fim desse texto, 
além de ser possível observar a adequação da linguagem ao tipo de texto. 
EXPLICANDO 
Coerência: estado ou qualidade de coerente; ligação, harmonia, conexão ou 
nexo entre os fatos e as ideias (MICHAELIS, 2008, p. 192). 
Um texto incoerente não oferece condições para o interlocutor recriar em si o 
sentido que pretende veicular e isso pode acontecer porque não traz 
concatenação ou argumentação, ou não apresenta verossimilhança interna ou 
externa. 
A concatenação acontece com a relação ou a sequência lógica entre as ideias e 
a argumentação deve oferecer fatos, razões e provas a favor ou contra algo, 
permitindo ao interlocutor acompanhar essas informações sem estranhamento. 
A verossimilhança se prende à observação daquilo que corresponde à verdade, 
pode estar ligada a elementos específicos do texto, trazendo a verossimilhança 
interna, ou à realidade circundante, verossimilhança externa. 
Desse modo, se o interlocutor percebe que há desorganização quanto à 
expressão das ideias, e as informações e os argumentos trazidos no texto não 
encontram respaldo dentro do próprio texto ou dentro da realidade, não verá 
coerência nele. 
Vale ressaltar que outros elementos devem, ainda, entrar nessa questão, tais 
como a adequação ao contexto em que estão os interlocutores, a adequação em 
relação ao interlocutor, a bagagem de informações que ele adquiriu até então, 
a intencionalidade do emissor, o código utilizado e o canal escolhido para 
veicular a mensagem. 
Os autores Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia, no livro A coerência 
textual, publicado em 2008, afirmam que “a coerência deve ser entendida como 
um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa 
situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o 
sentido desse texto”. 
Como deve ter percebido, os autores evidenciam que é preciso que o texto 
ofereça ao interlocutor as condições de revelar em si as informações recebidas. 
Quando isso acontece, uma condição é observada: a coerência. Portanto, você 
deve deduzir que os cuidados para isso cabem ao emissor do texto. 
Por outro lado, a coerência não caminha sozinha, tendo a coesão textual ao lado 
dela, cuidando para que as ideias sejam devidamente amarradas. Ela forma 
vínculos com informações fornecidas anteriormente, possibilitando a entrada 
de novos elementos no texto e garantindo a sua progressão. 
TIPOS DE COERÊNCIA 
Não imagine que está diante de uma batalha que não pode ser vencida; é certo 
que a elaboração de textos é tarefa difícil, mas os conhecimentos sobre os usos 
da língua, a leitura como um hábito e o treinamento constante da escrita, aos 
poucos, levam ao sucesso de uma expressão escrita ou oral coerente e coesa. 
Assim, com base nos estudos de Koch e Travaglia (2008), evidenciamos alguns 
tipos de coerência, para que fiquemos atentos em relação a alguns cuidados que 
precisamos tomar durante a elaboração de nossos textos. 
Os autores relacionam: 
• Coerência semântica 
Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases, colocados 
em sequência em um texto, ou entre os elementos do texto como um todo, isto 
é, uma palavra escolhida devido ao significado que apresenta, entra em 
contradição com as às demais, ou seja, as palavras não combinam, como 
observamos em: 
“A família executou bem o problema na semana passada.” 
 O verbo “executou” não combina com a ideia de “problema”, então, talvez o 
receptor perceba que a intenção era apresentar a ideia de que a família 
conseguiu resolver o problema satisfatoriamente na semana passada, mas ficará 
incomodado com a frase. 
 A coerência semântica costuma ser resultado, também, do desconhecimento 
do léxico da língua, por isso a leitura de textos escritos e a busca do 
conhecimento dos significados dos termos devem ser hábitos do nosso 
cotidiano. Veja o exemplo: 
 “O júri absorveu aquele homem.” 
 O termo “absorver” tem como significado “sorver”, “aspirar”, nesse caso, 
podemos “absorver o ar”. Na frase que aparece no exemplo, é evidente que o 
júri “absolveu” o homem, ou seja, inocentou-o. 
 Fica aqui uma dica: caso não tenha certeza da ortografia ou do significado de 
uma palavra, pesquise. Se não puder fazer isso devido à situação em que se 
encontra, troque o termo por outro que seja de seu conhecimento. 
• Coerência sintática 
Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica, 
como o uso de conectivos, isto é, conjunções e preposições e o uso de 
pronomes, entre outros cujo conhecimento depende das informações que o 
interlocutor recebeu sobre as regras da gramática normativa. Observe: 
 “A esperança onde senti foi grande.” 
 A incoerência ocorre sintaticamente, pois o pronome relativo “onde” deve ser 
usado para recuperar ideia de lugar e o termo “esperança” não corresponde a 
isso. Nesse caso, poderiam ser usados os pronomes “a qual” ou “que”. 
 Outro exemplo: 
 “Maria foi ao evento, entretanto ele não havia sido convidada.” 
 Nesse caso, o termo em referência “Maria” não é retomado pelo pronome 
“ele”, a frase não apresenta coesão textual e isso compromete a sua coerência. 
Coerência estilística: refere-se à observação do contexto e dos níveis de 
linguagem esperados para a concretização dos textos, isto é, a adequação da 
linguagem à situação. Imagine uma situação em que um médico tenha que dar 
uma notícia dramática aos familiares de um paciente seu e faz a seguinte 
comunicação: 
 “Infelizmente, a paciente bateu as botas.” 
 Observe que não é esperado que um médico use esse estilo de linguagem em 
tal situação. 
• Coerência pragmática 
Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala organizados de 
modo apropriado, e que devem satisfazer as mesmas condições encontradas em 
uma situação comunicativa. Isso não acontece se alguém diz algo e o 
interlocutor responde ou faz um comentário desconectado do primeiro 
enunciado. Veja: 
 “- Bom dia! Fizeram a tarefa que solicitei ontem?” 
“- Comi sanduíche de queijo pela manhã, professora!” 
 A resposta dada não tem ligação com a pergunta feita pela professora. 
Outras formas de coerência devem se apresentar nos textos, entre elas, 
podemos mencionar: 
• Coerência temática 
Refere-se à concordância entre um tema, ou seja, um assunto e as ideias 
apresentadas para ele. É muito comum, em processos de seleção, que um 
candidato não compreenda o tema mencionado em uma proposta de 
elaboração de texto e redija sobre um assunto diferente daquele esperado. 
• Coerência genérica 
Refere-se à escolha do gênero textual de acordo com a necessidade. Por 
exemplo, se a intenção comunicativa do emissor é vender um produto, poderá 
elaborar um classificado de jornal; se optasse pela elaboração de um conto, não 
atingiria seus objetivos. 
Desse modo, percebe-se que é possível evitar a falta de coerência textual em 
várias situações, principalmente na escrita, com a leitura e a revisão constantes 
daquilo que é enunciado. Releia o que escreve sempre com a máxima atenção. 
RELAÇÃO ENTRE COERÊNCIA E COESÃO 
Entendemoscoesão como ligação com a coerência textual. A busca de um texto 
coeso nos obriga a voltar constantemente ao que já foi enunciado, buscando 
estabelecer relações entre os termos, para que possamos avançar. Cada 
enunciado deve estabelecer relações específicas com os outros, para que a 
estrutura do texto se torne sólida o bastante para garantir a coerência. 
A coesão também deve ser observada entre as frases, ou seja, fazendo a ligação 
entre as orações do texto, entre os parágrafos que o compõem e entre suas 
ideias, isto é, é preciso pensar que o sentido do texto decorre de um mecanismo 
de articulação, compreendendo uma estrutura na qual há diversos segmentos, 
todos relacionados uns com os outros. Essas relações se estabelecem em dois 
planos: o do conteúdo (ideias) e o da amarração (relações linguísticas). 
Costumamos considerar basicamente dois processos de coesão que englobam 
os vários procedimentos: a coesão referencial e a coesão sequencial (KOCH; 
TRAVAGLIA, 2008, p. 40-41). 
 
 
 
Relações coesivas e coerentes em 
diferentes situações 
Em situações discursivas dialógicas, ou seja, quando conversamos com alguém, 
a todo momento estamos realizando a coesão e não nos damos conta disso, pois 
procuramos manter nosso pensamento bem organizado para que nosso 
interlocutor nos compreenda. 
Quando nos deparamos com enunciados em que as frases estão soltas, sem 
ligação entre elas, dizemos que o texto não tem sentido, que não apresenta 
coerência nem coesão. 
Você deve perceber que o trabalho de conectar os elementos dentro de um 
texto é mais evidente que o processo de coerência entre as ideias, porque é mais 
perceptível. Uma frase enunciada sem que se estabeleça a coesão referencial, 
por exemplo, logo leva o outro participante do processo de comunicativo à 
admiração. É fácil perceber que algo está errado se estamos falando de “chuva” 
e retomamos o termo, num processo de coesão referencial anafórico, com o 
pronome “aquele”, logicamente, o texto perderá o sentido. 
Isso quer dizer que, elaborando um texto por escrito, precisamos fazer escolhas 
linha a linha, buscando a progressão textual, com a apresentação de novas 
ideias, mas sempre verificando se formamos elos de coesão entre as 
informações anteriores e as novas. 
Antônio Carlos Viana, em seu Guia de redação: escreva melhor, publicado em 
2011, dá a seguinte orientação: 
Há formas de saber se fomos ou não coerentes naquilo que enunciamos. Uma 
delas é ver se a palavra mais importante do texto, a palavra-chave, não 
desapareceu hora alguma. Outra é buscar um equilíbrio entre a informação 
dada e a informação nova, porque o texto precisa avançar e não ficar girando 
em torno de si mesmo, sem apontar para uma direção segura. Para alcançar esse 
fim, temos de fazer escolhas constantes, desde o uso das palavras até aquilo que 
deve ser dito ou permanecer subentendido. 
BUSCANDO A COESÃO E A COERÊNCIA 
Dependendo do tipo de texto que você está escrevendo, precisará verificar se o 
mecanismo selecionado realmente se presta àquela situação discursiva, pois 
nem sempre o que serve para um texto de característica argumentativa serve 
para um texto poético, por exemplo. 
Os recursos de coesão mais utilizados se baseiam em: uso de pronomes; 
apagamento de termos (elipse); utilização, no caso de nomes próprios, de 
sobrenomes no lugar dos nomes; exploração de perífrases, que são expressões 
equivalentes; uso de termos genéricos, ou seja, uma palavra que tem sentido 
mais amplo do que a que ela substitui; associações que podem ser feitas até 
mesmo por oposição de ideias; uso de termos que englobam termos anteriores; 
uso de sinônimos ou quase sinônimos; uso de paráfrase, isto é, a retomada do 
que foi dito dando uma explicação mais detalhada; uso de numerais e de 
advérbios; uso de pronomes demonstrativos; uso de pronomes possessivos; uso 
e diversificação de pronomes relativos. 
Ainda, é preciso verificar a coesão sequencial apresentada pela sucessão de 
palavras, de frases e de parágrafos, que ocorrem: 
1 Pela ordenação de ações que se desenvolvem no tempo, por exemplo: 
 “Desci do ônibus, atravessei a rua, entrei na lanchonete e pedi um café.” 
2 Pela descrição da ordem como determinada ação deve ser feita, por 
exemplo: 
 “Ao usar esse produto, primeiro passe um pano limpo e seco sobre o móvel, 
em seguida, coloque o produto em um pano macio e passe delicadamente 
sobre a superfície.” 
3 Pelo estabelecimento de relações entre as frases, por exemplo: 
 “Se desejamos ter bons resultados, precisamos de muita dedicação.” 
4 Pela criação de proximidade entre os parágrafos, como no exemplo: 
 “Muitos estudantes perguntam se é errado repetir palavras em suas redações. 
A resposta é simples: se houver finalidade enfática na repetição, você não será 
penalizado.” 
Entretanto, a escolha dos recursos coesivos mais adequados deve ser feita, 
levando-se em conta a articulação geral do texto. De, eventualmente, os efeitos 
estilísticos que se deseja alcançar. 
PARALELISMO SINTÁTICO 
Na frase, o paralelismo sintático corresponde à ordenação de elementos de 
natureza sintática gramatical semelhante. Em geral, somente aqueles que 
conhecem detalhadamente as regras da gramática normativa conseguem 
reconhecer o problema da coesão por falta de paralelismo sintático. Observe: 
“Operários cogitam uma nova manifestação e isolar o presidente.” 
A ocorrência de falta de paralelismo sintático acontece porque o verbo 
“cogitar” apresenta dois complementos, sendo que o núcleo do primeiro está 
representado pelo substantivo “manifestação”, enquanto o segundo aparece 
na forma da oração reduzida de infinitivo “isolar o presidente”, ou seja, os dois 
complementos deveriam aparecer ou na forma de substantivo ou na forma de 
oração. Assim, a frase deveria ser reformulada: 
“Operários cogitam uma nova manifestação e o isolamento do presidente.” 
Ou 
“Operários cogitam fazer uma nova manifestação e isolar o presidente.” 
PARALELISMO SEMÂNTICO 
Já o paralelismo semântico se refere ao encadeamento de ideias comparáveis, 
pertencentes ao mesmo plano de significado. Veja: 
“No próximo domingo, o Santos vai jogar contra a Espanha.” 
Nesse caso, ocorre falta de paralelismo semântico, pois “Santos” é um time de 
futebol, enquanto “Espanha” corresponde a uma seleção. Assim, deveríamos 
ter, por exemplo: 
“No próximo domingo, o Santos vai jogar contra o Barcelona.” 
ARMADILHAS DO TEXTO: AMBIGUIDADE E 
REDUNDÂNCIA 
O uso inadequado de elementos linguísticos também pode provocar problemas 
na coerência dos textos. Um deles é a ambiguidade, ou seja, a falta de clareza 
entre os enunciados permite que consigamos entender mais de uma 
informação, causando uma dupla interpretação. Veja a frase: 
“A aluna preparou o trabalho e o colega fez sua apresentação.” 
Nesse caso, não temos certeza se o pronome “sua” retoma o termo “aluna” ou 
a palavra “colega”. 
A ambiguidade pode ser decorrente de: 
• Uso indevido de pronomes possessivos, como no exemplo anterior; 
• Uso inadequado de pronomes relativos, como no exemplo a seguir: 
“Visitamos o apartamento e o salão cuja decoração era impressionante.” 
Não está claro se é o apartamento ou o salão que possui decoração 
impressionante. 
Emprego indevido de coordenação 
“João e Maria querem casar-se.” 
 Não está claro se João quer casar com Maria ou se cada um deseja casar-se com 
outra pessoa. 
Colocação inadequada de palavras 
“A moça irritada recusou o convite.” 
Não sabemos se a moça era irritada ou se ficou irritada naquele momento. 
Sentido indistinto entre agente e paciente 
“A aprovação do rapaz causou alegria a todos.” 
Não entendemos se o rapaz aprovou algo ou se foi aprovado por alguém. 
Uso indistinto entre o pronome relativo e a conjunção integrante 
“O taxista disse ao rapaz que era mineiro.” 
 Não distinguimos se o taxista era mineiro ou se o rapaz era mineiro. 
Uso incorreto de formasnominais 
“A mãe viu a garota chegando ao apartamento.” 
É possível interpretar que a mãe chegou ao apartamento ou que a garota 
chegou. 
Outro problema é a redundância, ou seja, a repetição explícita de uma 
informação, que só deve ocorrer se tiver função enfática no texto, de outro 
modo, é usada inadequadamente e deixa a linguagem repetitiva e deselegante. 
Observe: 
“Na volta das férias, tiveram uma surpresa inesperada.” 
 
Produção de gêneros textuais e 
específicos contextualizados 
A produção de textos corresponde à forma organizada de expressão de ideias, 
resultante dos processos de comunicação dos quais participamos e das 
informações a que tivemos acesso, até o momento do ato comunicativo, por 
meio das experiências e das trocas de conhecimentos com os demais 
interlocutores. 
Atendendo às diferentes intenções comunicativas dos usuários da língua, que 
podem ter como objetivo informar, argumentar, descrever, relatar ou orientar, 
temos as tipologias textuais que melhor atendem a esses objetivos, escolhendo 
entre elas. As tipologias textuais são as diversas maneiras de apresentação de 
um texto. 
Desse modo, cada tipo textual tem um determinado propósito e marcas 
linguísticas diferentes. 
Conforme as características que apresentam, como a estrutura, ou seja, sua 
organização como um todo, a maneira de organização das frases, os termos 
usados, a linguagem escolhida, os tempos verbais explorados e o modo de 
interação com o leitor, temos os diferentes tipos textuais. 
TIPOLOGIAS TEXTUAIS 
Alguns deles apresentam características predominantes de organização, porém 
aceitam a presença de outras tipologias em sua constituição, como em um 
conto, que é predominantemente narrativo, mas pode apresentar trechos 
descritivos. 
Para maior clareza, tomamos como base a organização apresentada no Quadro 
2. 
 
Você já deve ter notado que, geralmente, conseguimos perceber as principais 
características das tipologias, isso porque estamos acostumados com os 
principais elementos que caracterizam suas respectivas sequências. 
Sequência descritiva 
Na sequência descritiva, há o predomínio das frases nominais (sem verbos), de 
orações centradas em predicados nominais (com verbos de ligação e 
predicativos), de formas verbais no presente ou no pretérito imperfeito, de 
adjetivos com função tanto de adjunto adnominal quanto de predicativo, e de 
períodos curtos, prevalecendo a coordenação. 
Sequência narrativa 
A sequência narrativa é marcada pela temporalidade e, como seu material é o 
fato e a ação, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, 
desenvolve-se, necessariamente, em uma linha de tempo e em um determinado 
espaço. Gramaticalmente, deve haver o predomínio de frases verbais, indicando 
um processo ou uma ação; predomínio do tempo passado (uso do pretérito 
imperfeito para fatos secundários e o uso do pretérito perfeito para o primeiro 
plano); ainda, uso de advérbios de tempo e de lugar. 
Sequência expositiva 
Na sequência expositiva, intenta-se explicar ou dar informações a respeito de 
alguma coisa. O objetivo é fazer o interlocutor/leitor adquirir um saber, um 
conhecimento que, até então, não tinha. Portanto, faz-se necessária, muitas 
vezes, pesquisa a respeito do assunto, para que se abandone a superficialidade. 
Sequência argumentativa 
Na sequência argumentativa, faz-se a defesa de um ponto de vista, de uma 
ideia, ou se questiona algum fato. Ao opinar, ou seja, expressar um parecer 
sobre alguma pessoa, acontecimento ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou 
o ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o 
assunto ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor. Assim, é necessária 
a progressão lógica de ideias e uma linguagem mais sóbria, objetiva e 
denotativa. 
Sequência injuntiva ou instrucional 
Na sequência injuntiva ou instrucional, a marca fundamental é o uso do verbo 
no imperativo (injuntivo é sinônimo de 'obrigatório', 'imperativo'), ou outras 
formas que indicam ordem ou orientação, prevalecendo a função apelativa no 
texto, pois intenta-se mudar a atitude do leitor. 
Assim, de acordo com as marcas linguísticas observadas, conseguimos distinguir 
se a intenção predominante do emissor do texto é descrever, narrar, expor, 
argumentar, ou influenciar e alterar o comportamento de seu interlocutor. 
 
 
 
GÊNEROS TEXTUAIS 
Gêneros textuais são grupos de textos que apresentam características em 
comum. Em nossos atos comunicativos do cotidiano ou em situações dialógicas, 
produzimos, transmitimos e interpretamos informações sem a preocupação 
quanto ao gênero textual que empregamos. Entretanto, escrevendo, conforme 
a intenção comunicativa e a situação de interlocução, escolhemos o emprego de 
algum gênero textual. 
Os gêneros textuais orais costumam ter a espontaneidade como uma das 
características, mas também apresentam formas de organização, pois, em 
conversas e entrevistas, por exemplo, ocorrem trocas de turnos, quando cada 
interlocutor toma a palavra, e sobreposição de turnos, quando os interlocutores 
falam ao mesmo tempo; aparecem marcadores conversacionais, como 
expressões fáticas ou para a finalização do turno; ocorrem hesitações e 
repetições de expressões ou informações; e há digressões, que acontecem 
quando há uma fuga do tema principal do texto. 
Segundo as autoras Maria Luiza Marques Abaurre e Maria Bernadete Marques 
Abaurre, no livro Produção de texto – interlocução e gêneros, publicado em 
2009: 
Os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição de texto 
determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se 
destinam, por sua finalidade, por seu contexto de circulação etc. São exemplos 
de gêneros discursivos o conto, a história em quadrinhos, a carta, o bilhete, a 
receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, entre outros (p. 33). 
E como os gêneros textuais estão relacionados ao uso que os falantes fazem da 
linguagem em diferentes situações, ocorre a evolução que traz não só 
modificações em função de necessidades específicas, como o passar do tempo 
e o uso da tecnologia, mas também o aparecimento de novos gêneros. Um 
exemplo do nosso cotidiano é o uso frequente que fazemos de mensagens 
eletrônicas, enquanto, no passado, sem acesso à internet, as cartas e seu envio 
pelo correio eram uma forma mais comum de comunicação entre as pessoas. 
CURIOSIDADE 
No Brasil, as cartas chegaram com os primeiros portugueses. Assim que a 
esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou, o escrivão Pero Vaz de Caminha 
enviou uma carta ao rei D. Manuel I, comunicando o descobrimento das novas 
terras. 
Os diversos gêneros textuais são definidos de acordo, basicamente, com três 
elementos. São eles: o conteúdo, o estilo e a estrutura de sua composição. 
Porém, inicialmente, precisamos decidir se temos necessidade de narrar algum 
acontecimento, expor ideias, argumentar, descrever algo ou instruir alguém, 
porque cada uma das necessidades gera um tipo textual e um gênero específico. 
Assim, com base nos tipos textuais, temos os textos narrativos, que apresentam 
um relato que se organiza em torno de acontecimentos que podem ser reais ou 
ficcionais, e os elementos narrativos, como o espaço, tempo, personagem, 
enredo e narrador. 
Exemplos de textos narrativos 
Conto 
Texto ficcional breve e escrito em prosa 
Fábula 
Narrativa figurada na qual as personagens são animais com características 
humanas 
Notícia 
Texto informativo sobre um tema atual ou algum acontecimento. 
Relato 
Narração sobre um fato ou um acontecimento marcante na vida de uma pessoa. 
Romance 
Forma literária que apresenta uma história composta por enredo, 
temporalidade, ambientação e personagens definidos. 
Quando estamos diante da tipologia descrição, verificamos que é a realização 
verbal da representação de um objeto, de uma pessoa ou de um lugar, indicando 
aspectoscaracterísticos. Não se trata apenas de enumerar elementos e 
qualidades em uma ordem ou em determinada sequência, mas tentar, por meio 
das palavras, causar uma impressão próxima daquilo que é descrito 
Os textos que pertencem à tipologia narração ou à tipologia descrição 
apresentam predominância de substantivos concretos, por isso são 
caracterizados como textos figurativos. 
Já a ocorrência da tipologia exposição traz um texto temático, isso é, tem 
predominância de substantivos abstratos, tendo o objetivo de explicar e 
transmitir um saber. Seus enunciados se baseiam em relações lógicas, 
envolvendo comparações, relações de causa e efeito, e implicações. 
A tipologia argumentação também tem predominância de uso de substantivos 
abstratos, porém, além do caráter informativo, esse texto busca convencer o 
leitor, lançando mão de argumentos, a fim de fazê-lo acreditar que um 
determinado ponto de vista é aceitável 
A tipologia injunção denota clara intenção do emissor da mensagem, durante o 
processo interativo, provocar uma reação no receptor da mensagem, 
trabalhando com a função apelativa, na qual predominam ordens, convites ou 
orientações, dependendo dos respectivos contextos em que é usada. 
Ainda, temos que acrescentar que podemos fazer uso das diferentes tipologias 
textuais, tanto com caráter literário, quando temos a intenção de impressionar 
nossos interlocutores, carregando o texto de subjetividade e recursos de estilo, 
quanto com caráter não literário, quando optamos pela objetividade, colocando 
em foco a informatividade do texto. 
A COERÊNCIA E OS TIPOS TEXTUAIS 
Considerando as características de cada tipologia textual, podemos observar 
quando não ocorre a coerência de acordo com o objetivo do emissor. 
Nas narrações, as incoerências podem ser resultado da caracterização de 
determinada personagem em relação às ações que lhe são atribuídas, por 
exemplo, se no início da narração é dito que tal personagem é vegetariana e 
atua em defesa da vida de qualquer animal, não é possível dizer, em seguida, 
que ela está participando de um evento em uma churrascaria e apreciando o 
que é servido. 
As sequências das ações também podem fazer o texto narrativo perder a 
verossimilhança, por exemplo, se é dito que a personagem não possui um 
automóvel, mas, logo à frente, é mencionado que não se lembra de onde 
estacionou seu veículo. 
É preciso lembrar que há textos ficcionais cujos fatos e características aceitamos 
porque ocorre uma verossimilhança interna, como no caso das obras de 
Monteiro Lobato. Nelas, encontramos uma boneca que fala e toma todas as 
decisões, a Emília, mas aceitamos isso, pois, dentro da contextualização dessa 
obra, há uma concatenação de informações, mesmo sabendo que não há 
verossimilhança externa, ou seja, isso não ocorre na realidade. 
Como na tipologia descrição apresentamos uma espécie de retrato verbal de 
pessoas, animais, ambientes ou paisagens e objetos, ressaltando elementos que 
os caracterizam, de acordo com as situações escolhidas, precisamos fazer uso 
de imagens coerentes com as cenas em que as descrições estão inseridas. Por 
exemplo, se caracterizamos o cenário como de uma região na qual a neve faz 
parte no inverno, fica incoerente dizer que a personagem acaba de sair usando 
roupas de verão. 
No caso da tipologia argumentação ou da tipologia exposição, a coerência é 
decorrente não apenas da adequação da conclusão quanto ao que foi 
apresentado anteriormente no texto, mas também da própria organização das 
ideias trazidas na argumentação. 
Logicamente, com a ocorrência da tipologia da argumentação, pode haver 
opiniões divergentes quanto à tese e aos argumentos apresentados, mas eles 
devem ser baseados na realidade, estando em conformidade com o ponto de 
vista em evidência, e a conclusão deve ser uma consequência natural dessa 
argumentação. 
Tipos de argumentos 
Durante a interação social, é comum que expressemos nossa forma de pensar 
sobre um determinado assunto. Nesses momentos, argumentamos, ou seja, 
expressamos um posicionamento em relação a determinado tema e temos 
como objetivo principal influenciar nossos interlocutores, para que cada um 
altere seu ponto de vista, adotando o nosso. 
Para que alcancemos nossas intenções, tentando convencer o outro, não basta 
apresentar as ideias, elas precisam ser organizadas de modo encadeado, e é 
necessário apresentar um raciocínio lógico que faça sentido para o interlocutor. 
Cada receptor está mais ou menos propenso a aceitar um ou outro argumento, 
por isso cabe ao emissor da mensagem se preparar com vários recursos 
linguísticos, pois o que convence um interlocutor pode não convencer outro. 
E, partindo do princípio de que todo enunciado é carregado de intencionalidade, 
nesse caso, persuadir é evidente e, para isso, precisamos explorar diferentes 
recursos persuasivos durante o ato discursivo. 
Desse modo, é importante conhecer alguns tipos de argumentos usados para 
tentar persuadir diferentes interlocutores. 
ARGUMENTO POR CITAÇÃO 
O argumento por citação ocorre quando tomamos o enunciado de outro para 
embasar nossas ideias. Deve ser alguém renomado e que traga veracidade nas 
palavras, dando confiabilidade às nossas declarações. Exemplo: 
 
[...] Segundo Walter Benjamin, com as novas possibilidades de reprodução 
técnica, a obra de arte perde a sua “aura” religiosa de produto “autêntico” e 
“único”, responsável pelo verdadeiro ritual que constitui a apreciação artística 
[...] (PIGNATARI, 1993, p. 71). 
ARGUMENTO POR COMPROVAÇÃO 
A argumentação por comprovação se efetiva quando os argumentos são 
verossímeis e estão apoiados em fatos, ou seja, em dados comprováveis. Veja o 
fragmento do texto de Victor Caputo, publicado no site Exame: 
Um levantamento do Ibope Inteligência traçou um perfil do público brasileiro de 
internet. De acordo com a pesquisa, o público feminino é maioria. Entre os 
usuários de internet, 53% são do sexo feminino e 47% do sexo masculino. 
De acordo com a pesquisa, a maior parcela de usuários de internet no Brasil é da 
classe C (o Ibope usa a definição do Critério de Classificação Econômica Brasil 
para divisão de classes). Os números mostram que 52% dos usuários são da 
classe C, 34% são da classe B, 10% das classes D/E e 4% da classe A. 
Os argumentos apresentados no texto foram obtidos por intermédio de um 
órgão conhecido e respeitado como fonte de informações confiáveis. Além 
disso, o uso de numerais dá ao leitor a sensação de confiabilidade. 
ARGUMENTO POR RACIOCÍNIO LÓGICO 
A argumentação por raciocínio lógico apresenta argumentos que estão 
amparados por relações de causa e efeito, ou causas e consequências, e tendem 
a persuadir com a relação entre as suas ideias. Observe o exemplo a seguir: 
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não 
admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam 
propaganda para os nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do 
cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, cadeia 
(VARELLA, 2000).

Outros materiais