Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTRUMENTAÇÃO Engenharia Elétrica/Química Câmpus Pelotas Prof. Eduardo Costa da Motta AULA 01 1. Conceitos básicos de instrumentação 1.1 Introdução – Para se ter uma visão abrangente do que hoje se denomina Instrumentação, é necessário verificar a evolução histórica e tecnológica dos experimentos científicos e dos processos industriais. • Instrumentar um experimento científico (Medição) • Revolução Industrial (Medição e Controle) • Advento da Informática (Medição, Controle e Simulação) 2 1. Conceitos básicos de instrumentação • Instrumentar um experimento científico (Medição) – Era entendido como colocar diversos instrumentos capazes de medir, indicar ou registrar o comportamento das grandezas físicas de interesse (temperatura, força, deslocamento, velocidade, aceleração, corrente elétrica, etc.), permitindo propor modelos físicos e matemáticos que traduzissem a realidade. • Revolução Industrial (Medição e Controle) – A partir da máquina a vapor construída por James Watt em 1872, exigiu- se o Controle de determinadas grandezas físicas (variáveis) envolvidas no processo de produção. 3 1. Conceitos básicos de instrumentação • Advento da Informática (Medição, Controle e Simulação) – Alterou completamente o conceito e a abrangência da instrumentação. – O registro de grande volume de informações, o tratamento estatístico da variáveis, bem como a capacidade de processamento lógico e matemático dos computadores, permitiu que se fizesse a monitoração e o controle de complexas plantas industriais (petroquímicas, siderurgia, metal-mecânica, elétrica, etc.). 4 1. Conceitos básicos de instrumentação 1.2 Definições – Instrumentação é a ciência que estuda técnicas e métodos para a observação e o controle de grandezas físicas de um sistema termodinâmico. • É uma área do conhecimento que adentra tanto ao processo quanto aos dispositivos e métodos oferecidos hoje pela eletrônica e pela informática. • É multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de materiais, mecânica, termodinâmica, química, física, eletrônica, matemática, informática, medicina, etc. 5 1. Conceitos básicos de instrumentação – Sistema termodinâmico é uma porção de matéria limitada por uma superfície imaginária (superfície termodinâmica). • Exemplos: ser vivo, usina siderúrgica, navio, motor, partes de um motor. – A superfície imaginária é o contorno escolhido para conter e delimitar o objeto em estudo. • Portanto, um sistema não está isolado do universo e sempre interage com outros sistemas. 6 1. Conceitos básicos de instrumentação – Variáveis termodinâmicas são grandezas físicas escolhidas para descrever, monitorar ou controlar o estado de um sistema e o seu comportamento. • Através das variáveis termodinâmicas o estado do sistema pode ser descrito e sua evolução prevista pela proposição de funções matemáticas adequadas. 7 1. Conceitos básicos de instrumentação – Para a escolha adequada das variáveis é fundamental ter: • bons conhecimentos do processo ou sistema termodinâmico a ser estudado; • profundos conhecimentos do sistema de medição; e • profundos conhecimentos dos procedimentos para realizar o controle do sistema em estudo. 8 1. Conceitos básicos de instrumentação – Processo é todo um complexo de operações que se realizam ou processam dentro de um sistema termodinâmico e que concorrem para a produção de um bem. – Consiste na modificação de matérias primas em produtos finais, através do suprimento de energia durante um determinado período de tempo. 9 Energia Energia Produtos Resíduos Processo Matéria prima 1. Conceitos básicos de instrumentação – O processo pode ser subdividido em diversas fases (ou etapas) e identificadas aquelas em que a necessidade de monitoração ou controle seja mais necessária. 10 1. Conceitos básicos de instrumentação – Instrumentação eletroeletrônica tornou possível o registro, a indicação e a digitalização dos sinais provenientes de dispositivos transdutores que convertem uma grandeza em uma variável elétrica (tensão ou corrente). – A facilidade de tratamento matemático dos sinais elétricos e a possibilidade de transporte da informação através de técnicas adequadas, permitem que se monitore e controle praticamente todos os processos industriais ou qualquer sistema termodinâmico. 11 1. Conceitos básicos de instrumentação – Instrumentação industrial • Os processos industriais exigem o controle da fabricação dos diversos produtos obtidos. • São muito variados e abarcam muitos tipos de produtos: – derivados do petróleo – alimentícios – indústria cerâmica – geradoras de energia – siderurgia – indústria de celulose e papel – indústria têxtil 12 1. Conceitos básicos de instrumentação • Em todos esses processos é necessário controlar algumas variáveis, tais como: – pressão, – vazão, – nível, – temperatura, – pH, – condutividade, – velocidade, – umidade, – etc. 13 1. Conceitos básicos de instrumentação • Os instrumentos de medição e controle permitem a manutenção e modificação dessas variáveis em condições mais ideais do que aquelas que o operador poderia realizar. • No início da era industrial, o operador realizava um controle manual dessas variáveis utilizando instrumentos simples (manômetros, termômetros, válvulas manuais, etc.), o que era suficiente pela relativa simplicidade dos processos. • A gradual complexidade exigiu sua automação progressiva por meio dos instrumentos de medição e controle, liberando o operador de sua atuação física direta na planta, permitindo um trabalho de supervisão e vigilância do processo. 14 1. Conceitos básicos de instrumentação – Sistema de medição é o conjunto de transdutores sensores e de todos os instrumentos necessários para medir, processar, apresentar, analisar ou controlar as grandezas físicas escolhidas no sistema medido. 15 Exemplo de configuração de sistema de medição (diagrama de blocos) Transdutor sensor Filtro Amplificador Conversor A/D Computador 1. Conceitos básicos de instrumentação – Planejamento de um sistema de medição - Partindo do pressuposto que o que se deseja medir é conhecido, o problema consiste em fazer isto da melhor forma. • Avaliação das diversas possibilidades que os diferentes tipos de transdutores disponíveis oferecem para a medição de cada variável de interesse. • Avaliação das perturbações que o procedimento de medição poderá produzir ao processo. • Avaliação das imprecisões que poderão ocorrer em cada medida em função das características de cada transdutor utilizado (análise de erros e sua propagação). 16 1. Conceitos básicos de instrumentação 1.3 Classificação de sistemas instrumentados – Em geral, a instrumentação pode ser classificada em três diferentes segmentos: • Monitoração de processos • Controle de processos • Análise experimental 17 1. Conceitos básicos de instrumentação – Monitoração de processos • Monitorar significa sensoriar, avaliar e registrar, sob forma gráfica, visual ou mesmo digital, uma ou mais variáveis de um processo. – Exemplos típicos de instrumentos usados em monitoração: » termômetros; » anemômetros (velocidade do vento); » barômetros (pressão atmosférica); » medidores de gás; » medidores de água; » medidores de energia elétrica. 18 1. Conceitos básicos de instrumentação 19 1. Conceitos básicos de instrumentação • Diagrama de blocos 20 Indicador ou RegistradorSensor “1” Sensor “n” Variável “1” PROCESSO Variável “n” 1. Conceitos básicos de instrumentação – Controle de processo • Controlar significa sensoriar, avaliar e modificar ou manter, uma ou mais variáveis dentro de limites programados, de forma que o andamento do processo seja perfeitamente conduzido a um ponto de operação desejado. 21 1. Conceitos básicos de instrumentação • Diagrama de blocos 22 Atuador Parâmetros de controle Indicador ou Registrador Sensor “1” Sensor “n” Variável “1” PROCESSO Variável “n” Processador ou Controlador 1. Conceitos básicos de instrumentação – Análise experimental • É a aplicação de métodos experimentais e teóricos para resolver problemas que estão relacionados com a fronteira do conhecimento atual, onde ainda não há teorias ou modelos completamente desenvolvidos. • São atividades desenvolvidas em: – centros de pesquisa, – universidades e – algumas indústrias. 23 24 1. Conceitos básicos de instrumentação • Diagrama de blocos Atuador Parâmetros de Controle Indicador ou Registrador Sensor Sensor EXPERIMENTO Processador Controlador das condições do experimento 2. Transdutores 2.1 Definição – É um dispositivo que converte um estímulo (sinal de entrada) em uma resposta (sinal de saída) proporcional, adequada à transferência de energia, medição ou processamento da informação. • Em geral, o sinal de saída é uma grandeza física de natureza diferente do sinal de entrada. • Qualquer dispositivo ou componente que se enquadre nessa definição pode ser visto como um transdutor. 25 2. Transdutores 2.2 Representação esquemática e função de transferência – O que relaciona o "estímulo" a "resposta" é uma função matemática (Função de Transferência), representada, simbolicamente, pela letra S. 26 R Resposta Transdutor S E Estímulo E R S ESR =⇒⋅= 27 2. Transdutores – A função de transferência S pode ser expressa: • por meio de tabela, • de modo gráfico ou • de modo analítico. R Resposta E Estímulo S y = ax+b Estímulo Resposta 0 0 10 1 20 2 30 3 40 4 50 5 60 6 70 7 80 8 28 2. Transdutores – Exemplos Nº Transdutor Entrada/Saída Relação Princípio de Operação I Bateria EE = SB· EQ Eletroquímico II Alternador EE = SA · EM Eletromecânico III Resistor ET = SR · EE Efeito Joule IV Termômetro L = ST· T Dilatação Térmica V Termopar V = STP· (T1-T2) Efeito Seebeck VI Extensômetro ∆R/R = SSG· 𝜀 Efeito Kelvin VII Solenóide F= SS· I Eletromecânico VIII Motor de passo 𝛳= SM· IP Eletromecânico SB SA SR EM EE EE ET I F T L (T1-T2) V 𝜀 ∆R/R ST STP SSG SS SM IP 𝛳 EQ EE 2. Transdutores 2.3 Transdutores conversores e transdutores para instrumentação – Transdutores conversores • Dispositivos para converter e transferir energia entre dois sistemas (I, II e III). – Transdutores sensores • Dispositivos para sensoriar ou medir grandezas físicas (IV, V e VI). – Transdutores atuadores • Dispositivos para controlar variáveis que interferem num processo (III, VII e VIII). 29 2. Transdutores – Transdutores sensores • Neste tipo de transdutor, deseja-se: – que sua interação com o processo não introduza perturbações (no sentido de extrair ou introduzir energia no mesmo) que possam alterar as grandezas a serem medidas. – que a conversão da informação seja feita de forma fiel, repetitiva e monotônica, com o objetivo de se obter na saída do transdutor sinais sempre proporcionais ao valor da grandeza física correspondente ao estímulo aplicado à entrada. 30 2. Transdutores – Fiel » Que respeite as relações de correspondência dos valores de estímulo e resposta dentro de sua faixa de operação. – Repetitiva » Que haja concordância entre os resultados de medições sucessivas efetuadas sob as mesmas condições de medição. – Monotônica » Que se repita continuamente de maneira invariável e uniforme. 31 2. Transdutores • A parte do transdutor sensor que interage diretamente com o sistema a ser medido é chamada elemento sensor. Em geral, é o maior responsável pela perturbação ou carregamento. • Por mais perfeito que seja o transdutor e por mais cuidados com que se realize uma medição, sempre o transdutor introduz alguma perturbação no sistema a ser medido. 32 2. Transdutores 2.4 Classificação de transdutores para instrumentação – Transdutor – Transdutor • Observação: Alguns autores definem passivo e ativo de maneira inversa. 33 simples ou composto ativo ou passivo 2. Transdutores – Transdutor simples • Possui apenas um estágio de transdução entre a entrada e a saída. • Exemplos: – Termopar – Termistor – Extensômetro de resistência elétrica (strain gage) 34 Transdutor S E R 2. Transdutores – Transdutor composto • Possui mais de um estágio de transdução entre a entrada e a saída. • Exemplo: – Célula de carga 35 SA SB SC E R G O S 2. Transdutores • Função de transferência de um transdutor composto – Usando o exemplo de um transdutor com três estágios, tem-se: R = SA.E (relação de sinal do 1° estágio) G = SB.R (relação de sinal do 2° estágio) O = SC.G (relação de sinal do 3° estágio) O = S.E (relação de sinal de todo transdutor) G = SB.SA.E O = SC.SB.SA.E Logo, S = SA.SB.SC 36 2. Transdutores – Diagrama de blocos usando funções de transferência individuais (útil para exibir as interações intermediárias do sistema). – Diagrama de blocos com uma função de transferência total (útil para posteriores operações matemáticas sobre a relação entrada-saída). 37 SA SB SC Variável de Entrada Variável de Saída Variáveis lntermediárias SA.SB.SC Variável de Entrada Variável de Saída 2. Transdutores – Transdutor ativo • A resposta é gerada espontaneamente em função do próprio estímulo. • Exemplos: – Mola – Diafragma – Termopar – Célula fotovoltaica 38 Transdutor S E R 2. Transdutores • Em geral, a definição de transdutor ativo se refere ao dispositivo que produz uma tensão ou corrente elétrica, sem requerer uma fonte de energia externa. • Assim, aqueles baseados no efeito elétrico de variação da resistência, capacitância ou indutância são considerados exemplos de transdutores passivos (quando necessitarem de uma fonte de energia externa). 39 2. Transdutores – Transdutor passivo • Para gerar uma resposta é necessário ser excitado por uma fonte de energia externa. 40 Trasdutor S E R Excitação 2. Transdutores • Exemplos: – Célula de carga – Linear Variable Differential Transformer - LVDT 41 2. Transdutores – Por que é importante saber se um transdutor é simples ou composto e ativo ou passivo? 42 2. Transdutores – Exemplo 1 43 F Régua Haste 2. Transdutores • Transdutor sensor simples e ativo para medição de força – Variável de entrada (mensurando): Força – Variável de saída: Deslocamento – Elemento sensor: Haste – A régua indica o resultado 44 S Força Deslocamento 45 2. Transdutores – Exemplo 2 F Haste v(t) Núcleo ferromagnético 2. Transdutores • Transdutor sensor composto e passivo paramedição de força – Variável de entrada (mensurando): Força – Variável de saída: Tensão elétrica – Variável intermediária: Deslocamento – Elemento sensor: Haste 46 SA Força SB Deslocamento Tensão elétrica Excitação S 47 2. Transdutores – Exemplo 3 F Elemento mola Strain gage + Vo - + V - Ponte de Wheatstone R R R R ± ∆R 2. Transdutores • Transdutor sensor composto e passivo para medição de força – Variável de entrada (mensurando): Força – Variável de saída: Tensão elétrica – Variáveis intermediárias: Deformação mecânica e Resistência elétrica – Elemento sensor: Elemento mola 48 SA Força SB Deformação mecânica Tensão elétrica Excitação S SC Resistência elétrica Referências bibliográficas – BORCHARDT, Ildon Guilherme; BRITO, Renato Machado. Fundamentos de instrumentação para monitoração e controle de processos: notas de aula. 2. ed. Editora Unisinos: São Leopoldo, 1999. 49
Compartilhar