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COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES PROF. BRUNO VENSON DE SOUZA AULA 4 SOLOS ARENOSOS RESISTÊNCIA DE SOLOS ARENOSOS 1) DEFINIÇÕES De acordo com a classificação proposta pelo Prof° Casagrande, Sistema de Classificação Unificado, para considerar os parâmetros de comportamento de um solo como arenoso: ▪ A fração areia presente na caracterização do solo deve ser superior a 50%; ▪ Areias com 20, 30 ou 40% de finos tem seu comportamento influenciado pela fração da argila (solo argiloso). 3 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2) AREIAS FOFAS E COMPACTADAS A caracterização dos solos arenosos quanto as tensões atuantes é realizada da seguinte forma: ▪ Como as areias são muito permeáveis, em situações de carregamento, a tensão neutra geralmente se dissipa rapidamente; ▪ Desta forma a resistência das areias, diferentemente dos solos argilosos, é definida de termos da tensão efetiva. 4 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 AR ÁGUA 2) AREIAS FOFAS E COMPACTADAS A caracterização dos solos arenosos quanto as tensões atuantes é realizada da seguinte forma: ▪ As areias fofas tem sua resistência caracterizada pelo ângulo de atrito interno do ∅; ▪ Desta forma as areias são definidas como um solo não coesivo; ▪ Este fato pode ser comprovado devido a impossibilidade de se moldar um corpo de prova seco de solo arenoso ou saturada. 5 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2) AREIAS FOFAS E COMPACTADAS A caracterização dos solos arenosos quanto as tensões atuantes é realizada da seguinte forma: ▪ Quando compactados, os solos arenosos tem duas regiões de comportamento tensão x deformação; ▪ A primeira região caracteriza a resistência máxima ou resistência de pico da areia; ▪ A segunda região chama-se de resistência residual que apresenta maior deformação do solo arenoso. 6 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2) AREIAS FOFAS E COMPACTADAS A caracterização dos solos arenosos quanto as tensões atuantes é realizada da seguinte forma: ▪ Nas areias fofas a relação tensão deformação não apresenta a região de tensão residual como pode ser visto no resultado de um ensaio ao lado; 7 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2) AREIAS FOFAS E COMPACTADAS Abaixo, idealiza-se os vazios para uma areia fofa e para uma areia compactada: 8 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 AR ÁGUA 3) ESTUDO DO ÂNGULO DE ATRITO INTERNO A partir da realização de ensaios de compressão em solos arenosos, verifica-se que a resistência da areia sob pressões confinante são diferentes. ▪ Ensaios demonstram que existem diversos círculos de Morh na ruptura que conduzem a uma variação do ângulo de atrito interno da areia; ▪ Existe uma dispersão dos resultados dos ensaios de resistência de solos arenosos que dependem da pressão confinante. 9 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 10 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 3) ESTUDO DO ÂNGULO DE ATRITO INTERNO Variação do ângulo de atrito interno de solos arenosos a partir da pressão confinante: 11 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 4) RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO A seguir são apresentadas características que diferenciam as diversas areias em relação a resistência ao cisalhamento: ▪ Distribuição granulométrica: a partir da presença de partículas mais grossas ou mais finas; ▪ Formato dos grãos: partículas esféricas e arredondas tem ângulo de atrito interno inferior; ▪ Resistência dos grãos: depende da composição mineralógica, da pressão confinante do tamanho das partículas. 12 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 4) RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO A seguir são apresentadas características que diferenciam as diversas areias em relação a resistência ao cisalhamento: ▪ Presença de água: o ângulo de atrito de uma areia saturada é aprox. igual ao de uma areia seca; ▪ Envelhecimento das areias: um aterro de areia apresenta, após alguns anos, uma rigidez maior a época da execução do aterro. 13 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 14 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 5) Exercícios de Aplicação O Muro de Arrimo mostrado ao lado deve suportar o empuxo provocado pelo maciço arenoso ao seu lado. No entanto, a estrutura não suportou os empuxos e passou a escorregar sobre uma argila dura que era seu apoio. Admitindo que o ângulo de atrito interno da areia seja ∅ = 36 . Considere 𝛾𝑐𝑜𝑛𝑐 = 22𝑘𝑁/𝑚³ e determine: ▪ As tensões vertical e horizontal: ▪ O empuxo no repouso e no estado ativo; ▪ O coeficiente de atrito para evitar o deslocamento da base. Exercício 4.1 – Solos arenosos 15 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 2 ℎ = 3,00𝑚 NÍVEL DO TERRENO b = 1,00m 0,20𝑚 Solo Arenoso ∅ = 36° 𝛾 = 18𝑘𝑁/𝑚³ Argila dura AULA 4 SOLOS ARGILOSOS ESTADOS DE CONSISTÊNCIA 1) DEFINIÇÕES O comportamento físico dos solos finos (argilas e siltes) quanto aos parâmetros de compressibilidade, plasticidade, resistência ao cisalhamento e permeabilidade estão relacionados ao grau de umidade e consistência da amostra. ▪ A consistência do solo refere-se a sua resistência e plasticidade, assim como, as ligações internas entre as partículas do solo; ▪ A norma ABNT NBR 72.250/92 define plasticidade da seguinte forma “Propriedade dos solos finos de se submeterem a grandes deformações permanentes, sem sofrer ruptura, fissuramento ou variação de volume, entre certos teores de umidade”. 17 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2) OS ESTADOS DE CONSISTÊNCIA O Químico Sueco Albert Atterberg, apresentou estudos sobre o estado da consistência do solo em função do teor de umidade. De acordo com esse estudo o solo se comporta da seguinte forma: 18 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 SÓLIDO • Não apresenta retração ao secamento SEMISSÓLIDO • Aparência de um sólido mas apresenta retração ao secamento. PLÁSTICO • Possui comportamento plástico, deformável, sem sofrer ruptura. LÍQUIDO • Não possui forma definida, sem resistência ao cisalhamento. 2) OS ESTADOS DE CONSISTÊNCIA Foram definidos três teores de umidade que indicam limites na mudança de comportamento dos solos 19 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) • Define o limite entre o estado plástico e líquido; LIMITE DE PLASTICIDADE (LP) • Define o limite entre o estado semissólido e plástico; LIMITE DE CONTRAÇÃO (LC) • Define o limite entre o estado sólido e semissólido. 2.1) LIMITE DE LIQUIDEZ É o Teor de Umidade que separa o estado de consistência líquida para a consistência plástica, sendo que o solo possui pequena resistência ao cisalhamento. ▪ A Concha de Casagrande é um dos ensaios que determina o Limite de Liquidez (LL) de solos finos; ▪ No ensaio de Casagrande, mede-se a resistência ao cisalhamento de um solo para um dado teor de umidade; 20 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2.1) LIMITE DE LIQUIDEZ ▪ Com uma amostra de solo são determinados valores de teor de umidade x número de golpes; ▪ A repetição desse procedimento para teores de umidade diversos levará a elaboração de um gráfico; ▪ O teor de umidade correspondente a 25 golpes, necessários para fechar a ranhura do equipamento, será o Limite de Liquidez (LL). 21 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2.2) LIMITE DE PLASTICIDADE Trata-se do limite inferior do teor de umidade do solo que apresenta o comportamento plástico.▪ O ensaio de determinação do Limite de Plasticidade (LP) é simples e exige poucos equipamentos; ▪ Rola-se uma amostra de solo com umidade próximo ao LP até que o cilindro da amostra de solo atinja um diâmetro igual a um cilindro padrão; ▪ Ao mesmo tempo, deve ser verificado o aparecimento de fissuras no cilindro. 22 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 LL e LP 2.2) LL e LP Apresentação de um vídeo de realização de ensaio de determinação do Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP). 23 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 1 2.3) LIMITE DE CONTRAÇÃO É o limite que separa o solo fino entre os estados semissólido e sólido. Apresenta as seguintes características: ▪ Uma argila inicialmente saturada e com teor de umidade próximo ao LL, ao perder água sofrerá diminuição de seu volume; ▪ Existe um teor de umidade limite para a redução do volume que é denominada Limite de Contração (LC). 24 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 𝐿𝐶 = 𝑤𝑜 − 𝛾𝑤 ∗ (𝑉𝑜 − 𝑉𝑓) 𝑃𝑠 4.1 𝑤𝑜=Teor de umidade do Corpo de Prova; 𝛾𝑤= Peso Específico da água; 𝑃𝑠 = Peso da amostra seca; Vo e Vf: volume da amostra. 2.4) ÍNDICE DE PLASTICIDADE O Índice de Plasticidade (IP) relaciona os limites de liquidez e plasticidade. ▪ Representaria fisicamente a parcela de água necessária para que o solo passasse do estado plástico ao estado líquido; ▪ É dado pela diferença entre o Limite de Liquidez e o Limite de Plasticidade; ▪ Quanto maior o IP, mais plástico será o solo. 25 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2.5) ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA O Índice de Consistência (IC) classifica os solos quanto ao estado de consistência para obras de civis e de infraestrutura. ▪ Avalia o teor de umidade para o intervalo de utilização em obras, ou seja, entre o Limite de Liquidez e o Limite de Plasticidade; ▪ Dado para a relação abaixo: 26 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 𝐼𝐶 = 𝐿𝐿 −𝑊 𝐼𝑃 4.2 27 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 2.5) ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA Classificação dos solos argiloso muito utilizada em projetos geotécnicos conforme a norma ABNT NBR 6502/95: ▪ Muito moles: argilas que escorrem facilmente entre os dedos, se apertadas com a mão; ▪ Moles: argilas que são facilmente moldadas pelos dedos; ▪ Médias: argilas que podem ser moldadas pelos dedos; ▪ Rijas: argilas que requerem grande esforço para serem moldadas pelos dedos; ▪ Duras: argilas que não podem ser moldadas pelos dedos. 28 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4 3) Exercícios de Aplicação Foi realizado um ensaio de Casagrande para uma amostra de um solo argiloso que obteve os resultados da tabela ao lado. Determine o valor do Limite de Liquidez (LL). Exercício 4.2 – Limite de Liquidez 29 COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES – AULA 4
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