Buscar

1 . Partes (Juiz, Mp, auxiliares da justiça, advogado)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

partes (Juiz, Mp, auxiliares da justiça, advogado)
1. INTRODUÇÃO
Longe da pretensão de ser um artigo científico, o presente texto tem, em essência, características e elementos que o assemelham mais a um ensaio. É, portanto, uma tentativa dos autores de esmiuçar os mecanismos que discernem parte dos sujeitos do processo sem, no entanto, esgotar as interpretações doutrinárias sobre o tema. Busca-se expor, ao longo desta dissertação, o papel do juiz e do ministério público no processo civil brasileiro, bem como dos auxiliares da justiça. As conclusões apresentadas esforçam-se por dirimir dúvidas, apresentar fatos e lançar luz sobre o assunto.
2. DESENVOLVIMENTO          
Se há uma questão pacificada no mar das controvérsias do Processo Civil é o conceito de sujeitos do processo. Trata-se de porto seguro, princípio solidamente estabelecido, por assim dizer. Para compreender seu significado é necessário submetê-lo primeiramente ao escrutínio da doutrina.
Cintra, Grinover e Dinamarco, por exemplo, prelecionam que, sendo um instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que se verificam na vida social, o processo apresenta, necessariamente, pelo menos três sujeitos: o autor e o réu, nos polos contrastantes da relação processual, como sujeitos parciais; e, como sujeito imparcial, o juiz, representando o interesse coletivo orientado para a justa resolução do litígio (2010, p.318).
A temática, por óbvio, não se esgota na presente definição. Os próprios autores citados afirmam que esta “configuração subjetiva tríplice representa somente um esquema mínimo e simplificado, que clama por esclarecimentos e complementações”.
É, obviamente, uma acepção válida que ajuda a estabelecer uma noção basilar sobre o assunto proposto. Discorrer de forma didática a respeito dos sujeitos processuais requer, portanto, o cuidado de não negligenciar os diversos estudos acerca do tema.
3. SUJEITOS 3.1. VISÃO GERAL
De modo simplista, no primeiro momento pode-se afirmar, com base no exposto acima, que as partes do processo são, de um lado, aquele que pede e, do outro, aquele contra, ou em face de quem, o pedido é formulado. A estes, como esclarecido, a doutrina chama de sujeitos parciais (autor e réu). Há ainda o juiz (sujeito imparcial), representando o interesse coletivo orientado para a justa resolução do litígio.
Necessário dizer, no entanto, que sendo uma sucessão de atos realizados, o processo exige a intervenção de pessoas que, de maneira permanente ou acidental, no exercício de uma profissão ou em defesa de um interesse, interfiram nos autos e façam possível a realização da atividade jurisdicional.
Explicam Cintra, Grinover e Dinamarco:
Essa clássica definição [...] contém um quadro extremamente simplificado, que não esgota a realidade atinente aos sujeitos que atuam no processo, merecendo ser realçados os seguintes pontos: a) além do juiz, do autor e do réu, são também indispensáveis os órgãos auxiliares da Justiça, como sujeitos atuantes no processo; b) os juízes podem suceder-se funcionalmente no processo, ou integrar órgãos jurisdicionais colegiados que praticam atos processuais subjetivamente complexos — o que confirma que ele próprio não é sujeito processual, nem o é sempre em caráter singular; c) pode haver pluralidade de autores (litisconsórcio ativo), de réus (litisconsórcio passivo), ou de autores e réus simultaneamente (litisconsórcio misto ou recíproco), além da intervenção de terceiros em processo pendente, com a consequente maior complexidade do processo; d) é indispensável também a participação do advogado, uma vez que as partes, não o sendo, são legalmente proibidas de postular judicialmente por seus direitos [op.cit.]
Torna-se imperativo explicar também, em referência a uma interpretação diversa, porém atual, que, destarte, temos pelo menos três categorias de sujeitos do processo: 1 - os que são partes, apontados na inicial como autores ou como réus: 2 – os sujeitos da lide, que sofrem os efeitos dos atos processuais, em especial os da sentença, sejam ou não partes em sentido formal; 3 – sujeitos, como o fiscal da Lei, autorizados a praticar atos processuais, embora não sejam partes, quer em sentido formal, quer em sentido material.
Pode ocorrer, ainda, que sujeito da lide não sofra os efeitos da sentença, como na reivindicação de coisa comum (Cód. Civil, art. 1.313): o condômino que não interveio no processo, como assistente (litisconsorcial) do autor, não fica sujeito à eficácia da sentença de improcedência, podendo propor a sua ação (TESHEINER, 2010).
Fundamentada, portanto, a ideia central dos sujeitos do processo, compete discorrer sobre o papel desempenhado em especial pelo juiz, o ministério público e os auxiliares da justiça, objeto do presente ensaio. Cabe antes, contudo, breve observação fundamentada em Câmara. Adverte o autor:
Quanto ao Estado, é preciso tornar claro que é este, e não o juiz, que se apresenta como sujeito do processo. O juiz, pessoa natural, é mero agente do Estado, este sim o detentor do poder, e a quem cabe o exercício da função jurisdicional. O Estado se apresenta na relação processual através de um de seus órgãos, os chamados “órgãos jurisdicionais”, ou, simplesmente, juízos. No estudo dos sujeitos da relação processual, porém, há que tecer algumas considerações não só acerca do juízo, mas também sobre a pessoa natural do juiz, já que este agente estatal atuará no processo, e suas características serão levadas em conta para o regular e adequado desenvolvimento do processo (CÂMARA, 2011, p.301).
3.2. ESTADO
O Estado está sempre no exercício da função jurisdicional e, segundo Câmara, ocupa na relação jurídica processual uma posição de supremacia equidistância das partes, pois o processo é um instrumento de exercício do poder soberano do Estado, e a equidistância é a imparcialidade, uma característica essencial da jurisdição. (2011, p.301).
Entretanto, para assegurar a imparcialidade do Estado, é preciso que haja imparcialidade do agente estatal, que irá exercer a função jurisdicional, no caso, o juiz.
3.3. O JUIZ
Em síntese, pode-se afirmar que o juiz é a autoridade para dirimir a lide. Como a jurisdição é função estatal e o seu exercício é dever do Estado, não pode o juiz eximir-se de atuar no processo (inafastabilidade do controle jurisdicional). Cintra, Grinover e Dinamarco ensinam que a qualidade de terceiro estranho ao conflito em causa é essencial à condição de juiz. Sua superior virtude, exigida legalmente e cercada de cuidados constitucionais destinados a resguardá-la, é a imparcialidade.
Theodoro Júnior ensina que “as pessoas que, em nome do Estado, exercem o poder jurisdicional são, genericamente, denominadas juízes” (2015, p. 293). Explica o autor:
No primeiro grau de jurisdição, os órgãos judiciários civis são monocráticos ou singulares, isto é, formados apenas por um juiz. Nos graus superiores (instâncias recursais), os juízos são coletivos ou colegiados, formando tribunais, compostos de vários juízes, que, às vezes, recebem denominações especiais como as de desembargador ou ministro (vide item 291, retro). A Constituição de 1988 criou, outrossim, a figura do Juiz de Paz, que deve ser eleito pelo voto popular, com competência definida por lei ordinária, para o procedimento de habilitação e celebração do casamento, e para exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional (CF, art. 98, II) ( THEODORO JUNIOR, 2015, p. 293).
Como a jurisdição é função estatal e o seu exercício dever do Estado, não pode o juiz eximir-se de atuar no processo, desde que tenha sido adequadamente provocado: no direito moderno não se admite que o juiz lave as mãos e pronuncie o non liquet diante de uma causa incômoda ou complexa, porque tal conduta importaria evidente denegação de justiça e violação da garantia constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional (Art. 5, XXXV, CF).
Importante lembrar, ainda, que o juiz também tem deveres no processo. Todos os poderes são, em regra, poderes-deveres, uma vez que não lhe são conferidos paraa defesa dos interesses seus, ou do próprio Estado, mas como instrumento para prestação de serviços a comunidade e principalmente aos litigantes. De forma bem simples poder-se-ia dividir os poderes do juiz em:
Poderes: administrativos e jurisdicionais
Administrativos (ou de polícia): exercidos por ocasião do processo, a fim de evitar sua perturbação e de assegurar a ordem e o decoro que devem envolvê-lo.
Jurisdicionais: poderes meio e poderes fins.
Poderes meio: abrangendo os ordinatórios, que dizem respeito ao simples andamento processual, os instrutórios, que se referem à forma de convencimento do juiz e poderes fins, que compreendem os decisórios e os de execução.
Deveres: sentenciar, conduzir o processo segundo a ordem legal, propiciar as partes todas as oportunidades de participação a que tem direito.
3.4. MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público (MP) é órgão do Estado que, segundo a Constituição Federal, é “instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (art. 127, CF/88).
Indispensável, no regime democrático, atua o mesmo, portanto, no processo civil, como órgão agente ou como órgão interveniente, ou como se costuma encontrar com mais frequência, atua como parte ou como fiscal da lei (custos legis). Neste sentido, em observância ao vigente Código de Processo Civil, preleciona Neve:
O art. 778, § 1º, I, do Novo CPC permite ao Ministério Público promover a demanda executiva nos casos previstos em lei. Há três situações distintas a respeito da legitimação ativa do Ministério Público para executar, ainda que em todos os casos exista expressa previsão legal atribuindo ao órgão essa legitimação, em consonância com a exigência do art. 778, § 1º, I, do Novo CPC (NEVES, 2016).
Neste sentido, também ensina Theodoro Júnior sobre as funções do Ministério Público. Assevera o mestre que:
No processo civil, mesmo quando se comete ao Ministério Público a tutela de interesses particulares de outras pessoas, como os interditos, a Fazenda Pública, a vítima pobre do delito etc., a sua função processual nunca é a de um representante da parte material. Sua posição jurídica é a de substituto processual (art. 18), em razão da própria natureza e fins da instituição do Ministério Público ou em decorrência da vontade da lei. Age, assim, em nome próprio, embora defendendo interesse alheio. Dessa forma, “quer atue como parte principal, quer como substituto processual, o Ministério Público é parte quando está em juízo”, e nunca procurador ou mandatário de terceiros (THEODORO JUNIOR, 2015, p. 316)
Em resumo, o Ministério Público, no processo civil, pode atuar como parte da demanda, órgão agente, nos casos em que lhe é deferido pelo sistema o poder de ação. É o que se dá, por exemplo, no caso da “ação civil pública”, da “ação de investigação de paternidade” e outras. Nestas situações, atua o Ministério Público como demandante, sendo tratado como uma parte comum.
Por fim, válido aludir o que bem explica Neves em sua majestosa obra ao fazer  pontual referência também ao papel do MP nas ações de família:
A intervenção do Ministério Público nas ações de família vem prevista no art. 698 do Novo CPC, que parece limitar a sua participação como fiscal da ordem jurídica a duas situações distintas. Havendo interesse de incapaz, o Ministério Público deve participar desde o início do procedimento, figurando como fiscal da ordem jurídica durante todo o desenrolar do processo. Nos demais casos, sua participação será pontual, devendo ser ouvido apenas quando houver pedido de homologação de acordo. [op.cit.]
3.5. AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 149, CPC.  São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
Preleciona a melhor doutrina que os auxiliares da justiça são todos aqueles que participam do processo no sentido de implementar a prestação jurisdicional. Suas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária. São eles o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
Fácil compreender que dessa relação se encontram excluídos, até por ter papel bem delimitado, as partes, as testemunhas, o Ministério Público e os advogados. Os auxiliares da justiça são permanentes ou eventuais. Os permanentes são os auxiliares que aparecem em todos ou quase todos os processos, por exemplo, o escrivão, o oficial de justiça e o distribuidor. Já os eventuais são os auxiliares que atuam em certos tipos de processos, aparecendo nas relações processuais de forma esporádica, como, por exemplo, os intérpretes ou os peritos.
Na obra “Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum”, Theodoro Júnior explicita a importância dos auxiliares para o pleno funcionamento do processo.
O juiz – detentor do poder jurisdicional –, para consecução de suas tarefas,necessita da colaboração de órgãos auxiliares, que, em seu conjunto e sob a direção do magistrado, formam o juízo. Não é possível a realização da prestação jurisdicional sem a formação e o desenvolvimento do processo. E isso não ocorre sem a participação de funcionários encarregados da documentação dos atos processuais praticados; sem o concurso de serventuários que se incumbam de diligências fora da sede do juízo; sem alguém que guarde ou administre os bens litigiosos apreendidos etc. Para cada uma dessas tarefas o juiz conta com um auxiliar específico que pode agir isoladamente, como o depositário ou o intérprete, ou que pode dirigir uma repartição ou serviço complexo (ofício), como o escrivão. (THEODORO JÚNIOR, 2015, p. 307)
 O Advogado representa a parte em juízo (art. 103 NCPC)[10], devendo, para tanto, estar inscrito regularmente na Ordem dos Advogados do Brasil. Por representar aquele que está em conflito, o Advogado,  no processo judicial, “contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador” (art. 2º § 2º Lei 8906/94). Então, ele é parcial! Essa parcialidade faz com que o Advogado leve suas argumentações fáticas e jurídicas ao processo, sendo que encontrarão resistência em outras apresentadas pelo colega adversário, tudo isso para que o Juiz, a partir do choque de proposições, possa fazer escolhas e equacionar a lide. Não é por serem parciais que os Advogados estão isentos de formular pretensões com fundamentação lógica e de cumprir as decisões e não embaraçá-las (art. 77 e incisos NCPC[11]). Eles respondem pelos abusos, não perante os Juízes que conduzem os processos em que atuam (§ 6º art. 77 NCPC[12]), mas sim no âmbito da OAB e/ou corregedorias, estas últimas para infrações praticadas por Advogados Públicos.
As partes é que vão a juízo, representadas pelos Advogados, defender seus interesses. São, obviamente, parciais. Mas se sujeitam aos deveres de lealdade e cooperação, sob pena, nos casos de manifestação desses abusos, de responderem com multas e mesmo sanções penais, ex vi dos arts. 77 e 80 NCPC.
 Ao que se vê, os sujeitos de um processo judicial têm características próprias, estando cada um deles atento às finalidades de sua atuação no litígio submetido ao Poder Judiciário.
Dessa forma, o Advogado será ético, mas parcial, assim levando ao processo versões fáticas e proposições jurídicas que interessarem ao cliente; o Promotor de Justiça vigiará os interesses que justificaram sua intervenção no processo, como é o caso de conflitos que envolvam menores ou incapazes; o Juiz observará a imparcialidade, devendo analisar de forma equidistante todas as versões para proferir a decisão; as partes – aquelas que manifestam seus pleitos à Justiça – depositam todas as suas esperançasno processo, até porque foram incapazes de resolver amigavelmente o conflito.
 Porém, não é surpresa para ninguém a existência de Advogados que estimulam os conflitos. Da mesma forma, há casos em que os Promotores de Justiça ignoram suas responsabilidades e deixam de defender o interesse público, apegando-se a objetivos menos nobres. Existem Juízes que, por simpatia com a parte ou com o Advogado, proferem decisões ou conduzem o processo de maneira parcial. E há partes que, além de incapazes de resolver extrajudicialmente a querela, vão a juízo apenas por espírito de vingança ou provocação. Tais situações são exceções, mas existem.
 À vista disso, o novo Código de Processo Civil (lei 13.105/15), ao menos no plano teórico e abstrato, contribui para o aperfeiçoamento ético dos sujeitos no processo judicial. A começar pela adoção expressa de princípios como o da boa-fé processual[13], do que impõe isonomia entre as partes[14] e o de cooperação entre os sujeitos do processo[15], dentre outros tantos.
 Perpassando os limites principiológicos, o novo Código tratou de exigir que o juiz se aproxime das partes e dos advogados para que apure e esclareça, sem armadilhas, quais fatos serão trazidos ao campo probatório e, da mesma forma, quais fundamentos jurídicos serão reputados como relevantes para a decisão. Tudo claro e sem surpresas, até mesmo porque o Código exige que as decisões sejam efetivamente fundamentadas, sem a aplicação de manifestações padronizadas e que sirvam para qualquer caso[16]. Com efeito, ao tratar do saneamento do processo, diz o novo Código, em seu artigo 357 § 3º, que, “se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações”.
 As relações entre os sujeitos do processo – ou seja, seres humanos comunicativos – criam amizades, simpatias e antipatias. Porém, o código traçou limites objetivos e subjetivos quando encarou tais relações em face do processo judicial. Nessa linha de raciocínio, o juiz será literalmente impedido de julgar o processo em que figure como parte o cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente de até terceiro grau, mesmo que naquele caso específico esteja representado por outro advogado do escritório. Em tempos de maior cobrança ética, é providencial a nova regra. Sim, estará impedido o juiz de funcionar no processo, em que “figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório” (Art. 144 inc. VIII NCPC).
 Por sua vez, o Perito a ser nomeado – será observado o critério da equitatividade pelo Juiz – não precisará ter em seu currículo uma filiação ilustre, devendo apenas estar legalmente habilitado e constar no cadastro público (arts. 156 e §s e 157 §2º NCPC[17] – conferir Resolução CNJ 233/2016).
Já os Advogados terão que trabalhar não pela protelação do processo, mas pela conciliação – agora, com o auxílio da chamada mediação. Ou seja, as alentadas preliminares trabalhadas pelos Advogados não terão o condão mais de provocar o efeito de atrasar o processo ou a solução da lide. O profissional da Advocacia deve preferir, até por visão prática, intensificar sua atuação técnica com foco nas alegações de mérito.
 Com efeito, o legislador repugna o louvor às formalidades e às nulidades desnecessárias. Eis o porquê da adoção do chamado “princípio da primazia do mérito”, segundo o qual se deve aproveitar ao máximo os atos já praticados. Aliás, isso faz todo sentido, pois a paz social não se obtém apenas com a conciliação, mas com a definição do juízo sobre o mérito em discussão.
 A eternização dos conflitos judiciais – sobretudo com os desnecessários debates sobre solenidades e formas – traz insegurança aos litigantes e àqueles que estão ao seu redor, além de acarretar perda de credibilidade do Estado-Juiz.
De outro lado, deve-se insistir com a assertiva de que o  diálogo entre os sujeitos do processo é ponto forte no novo Código.
 A propósito, o Advogado terá que se comunicar mais com os clientes. Por exemplo, mesmo as intimações para o cumprimento de obrigações pessoais de fazer ou não fazer  – sob pena de multa –  ocorrerão na pessoa do profissional da Advocacia. Com efeito, o art. 513 § 2º NCPC trata, de forma genérica, acerca do cumprimento de sentença, tendo consignado que, a priori, a comunicação ao devedor será por intimação, pelo Diário da Justiça, na pessoa do seu advogado constituído nos autos (inc. I). A partir daí, se não cumprida a obrigação, já incidirá a multa eventualmente fixada pelo Juiz (art. 537 § 4º NCPC). Aquela disposição legal genérica (intimação destinada ao Advogado) aplica-se ao cumprimento de obrigação de fazer e não fazer, eis que não foi erigida qualquer exceção nos artigos específicos (arts. 536 e 537 NCPC). O resultado prático disso, além de celeridade e efetividade processuais, é a superação da súmula 410 STJ[18] e a exigência de efetiva e documentada comunicação entre Advogado e cliente.
 Aliás, o advogado será responsável por comunicar às testemunhas de seu cliente sobre a necessidade de comparecimento à audiência. Sim, a regra geral, doravante, é a de que “cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo” (art. 455 NCPC).
Tudo está a revelar que o legislador quer um processo mais dinâmico e que se mova pelo paradigma da confiança, mesmo que haja um latente conflito entre os litigantes. Os sujeitos do processo deverão mostrar-se confiáveis, a fim de que os atos processuais transmitam segurança.
Não por outra razão, que o art. 6º do novo Código Processual, quase poeticamente, estabeleceu que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Mais adiante, de forma mais pragmática, o legislador adverte que o Juiz, o Advogado Público, o Promotor de Justiça e o Defensor Público responderão civilmente quando, no exercício de suas funções, agirem com dolo ou fraude (arts. 143, 181, 184 e 187 NCPC).
Demais disso, o art. 235[19] estabelece a imposição de sanções administrativas ao juiz que extrapolar os prazos, sendo que, se a inércia for mantida, os autos do processo serão remetidos ao seu substituto legal para que, em última análise, os jurisdicionados não fiquem com os prejuízos. Em outras palavras, o magistrado deve estar com o seu serviço em dia, até para que não sobrecarregue, injustamente, o seu colega (“o substituto legal”).
Enfim, os sujeitos do processo serão cobrados, para que suas atuações tenham em mira o rápido atingimento do mérito pelo Judiciário.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto ao longo desta dissertação, a relação entre os sujeitos do processo encontra-se bem estabelecida. Explicitá-la, no entanto, é tarefa árdua, não raro com potencial de suscitar novas dúvidas no leitor recém-introduzido no tema. Há, diga-se, uma linha tênue que separa os elementos expostos, delineada com cuidado pela doutrina. É justo afirmar que, para não ocorrer equívocos, faz-se necessário ater-se ao texto do intérprete, sem perder de vista o que diz a norma jurídica.

Continue navegando