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Beleza Roger Scruton Resumo

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Beleza - Roger Scruton - Resumo 
 
Introdução: O autor cita que belo é um conceito muito relativizado dede 
Nietzsche, que cita que qualquer coisa pode ser belo, até aquelas que 
negam a beleza. O autor argumento que existe um senso natural de beleza. 
 
1 - Julgar a Beleza 
Belo nunca é metáfora, quando dizermos que algo é belo, estamos 
associando a algo bom. Mas isso nem sempre é real, as vezes devido a 
beleza de uma mulher, ficamos cegos a seus vícios. Beleza para 
Kierkegaard também estava associada a vidas baseadas na sensação, algo 
negativo. Para São Tomas, a beleza lhe ligava ao divino. Sendo a beleza 
um conceito que permeia a todos, por vezes ela se torna a opinião da 
maioria, mas isso não faz sentido para o individuo, que deve ter 
experiências próprias para conseguir julgar aquilo, pelo o que o objeto 
é, e não por efeitos internos ou externos. O autor apresenta o conceito 
de beleza mínima, que normalmente é esquecida por nós quando tentamos 
definir beleza, mas sem ela no nosso cotidiano, estaríamos fadados a uma 
vida de poucas sensações. Mesmo a beleza grande, de catedrais por 
exemplo, não seria possível se não houvesse a beleza mínima das 
estruturas a sua volta. Beleza nem sempre é algo que nos deixa 
confortável. Por vezes ela é tão bela que nos irrita, ou deveria nos 
irritar e achamos bela, de tal forma que o conceito de beleza não é muito 
bem definido. Quando vamos definir arte e beleza, não é possível se ater 
apenas ao sentido prático dela, a beleza por vezes tem um fim de 
significado em si mesma. quando queremos algo em especifico, estávamos 
associando o seu valor individuo mais conectado a beleza, e não a 
praticidade. Quando Escolhemos uma fruta em detrimento da outra, podemos 
pensar no seu aspecto pratico (matar a fome, ter prazer) ou no estético 
(querer ela pelo o que ela é). De tal forma que se substituirmos esta 
fruta por outro alimento, estamos apenas substituindo seu valor prático, 
e não o fruto por si só. Ou seja, conclui-se que a beleza pode ser 
carácter tanto sensorial como prático. A beleza por trás de uma história 
não está apenas na forma com que as palavras saem, mas sim na parte 
intelectual associada a ela. Kant em sua teoria sobre a beleza diz que, 
diferente dos animais, nós humanos temos desejos que não são 
"interessados". Os animais sempre buscam as coisas com interesses bem 
práticos. Já os humanos podem ter determinado interesse não como um meio 
para um fim prazeroso, mas que são fins para si mesmas. O conceito de 
prazer desinteressado é muito presente em Kant, ele abrange várias 
situações que estão associados a justificação do que é belo. Dentro dessa 
prerrogativa, ele usa três palavras que servem para definir quando o 
prazer é desinteressado, ou seja, um prazer que surge da racionalidade e 
da busca moral dentro de si, e não de suas buscas animais, as três 
palavras são: o prazer que "advém" de, o prazer "em" e o prazer do 
"porquê". 
 
2 - A beleza humana 
Esta necessidade de estar perto do belo, ao tentar ser explicado pode ter 
raízes darwinistas. No plano social poderia ser importante para se buscar 
diferenciação entre outros seres. Outro ponto dessa visão darwiniana é 
que toda a criação bela dos homens é uma forma de apelo sexual. Porém, ao 
mesmo tempo que coisas não belas podem ser usadas como artifício sexual, 
as coisas belas não precisam necessariamente ser usadas para tanto. 
Desejo por algo belo não é o mesmo que admirar a beleza, mas quando o 
autor tenta fazer uma conexão entre sexo e beleza, ele acaba citando que 
esse amor de desejar é mais o "eros" de Platão, e o amor contemplativo 
seria a "paixão platônica" muito mais recatada e sem intenções de posse. 
Historicamente houve a fusão dos conceitos para os que compilaram a obra 
de Platão, mas essa é uma forma bem "otimista" de se observar essa 
questão, pois querer algo e ter apenas o simbolo desse algo não funciona 
em questões tão potentes como a sexual. Uma analogia seria a 
possibilidade de se matar a fome de comer carne recebendo a foto de uma 
vaca. O autor faz uma brilhante nota sobre o desejo sexual: O que nos 
move na atração sexual é 
algo que pode ser contemplado, mas jamais possuído. Nosso desejo poderia 
ser consumado e temporariamente extinto. Ele, porém, não se consome 
porque possuiu aquilo que o inspirara: o que o inspira se encontra sempre 
além de nosso alcance; é uma posse do outro que jamais pode ser 
partilhada. Para fazer isso compara primeiramente a admiração pela beleza 
do resto de um idoso e o desejo que surge num jovem devido a beleza de 
uma mulher. São sensações diferentes mas envolvem o mesmo conceito de 
beleza. A beleza de um corpo por vezes pode se tornar obscenidade, e isso 
ocorre quando o corpo se torna apenas corpo, quando se perde a dimensão 
humana de quem o tem. Normalmente podemos associar beleza e desejo, mas 
isso se torna um pouco complicado quando associamos ao sagrado, por vezes 
nosso desejo se torna bruto ao realizarmos com situações que não são 
permitidos. Sempre subjugamos alguém que demonstra desejo por crianças, 
pois a beleza de uma criança, ou de uma virgem (como observado na arte 
clássica) são sagrados. 
 
3 - A beleza natural 
Ao contrário do que muitos estudantes da questão levantaram, Kant dizia 
que o senso de beleza não está associado apenas as artes, mas a tudo que 
vem da natureza, por ela não ter história, pode ser apreciada por 
qualquer cultura. Mas pare ele, mesmo na natureza, a beleza por vezes 
está em quem vê e não no objeto em si, como no caso das paisagens. Por 
vezes, alguns pensadores da nova esquerda associam a beleza e o interesse 
desinteressado que a caracteriza como algo burgues. Que esse interesse 
desinteressado só existe porque parte das pessoas, os burgueses, tem a 
capacidade de fazê-lo. Transformando a beleza numa questão materialista, 
o que a faria passar longe de questões de sacralidade. Esta é uma forma 
de apequenar conceitos que surgem desde Platão e pensadores como 
Confucio. O ônus da prova dessa materialização da beleza deveria ficara 
esses pensadores marxistas. Admirar a beleza da natureza como algo 
"humano" é egocentrismo, pois ela é bela por ser, não por uma construção 
humana. Ser humano vê beleza no esmagador poder e infinitude da natureza, 
mas também a vê porque consegue criar poder sobre ela, e consegue vencê-
la quando segue seus princípios morais e não instintos naturais. O autor 
conclui dizendo que durante todo o capitulo, por mais que quisesse 
demonstrar que beleza e utilidade estavam desvinculadas, ele sempre 
acabava por compará-las, o que demonstrava uma relação entre elas. Essa 
discussão é realmente complexa e elevada, então no próximo capítulo o 
autor cita que irá se preocupar com a beleza no raciocínio prático comum. 
 
4 - A beleza cotidiana 
Ao citar a organização útil de jardins e da etiqueta, o autor começa sua 
análise da beleza cotidiana, que por tempos foi negligenciada em 
comparação com belezas mais populares como a de obras de arte. Ao 
discorrer sobre a beleza involuntária da ação de animais, ele faz a 
comparação com as escolhas de um carpinteiro na parte estética do seu 
trabalho, e chega a conclusão de que o carpinteiro faz suas escolhas 
baseado naquilo que parece bom, no qual o trabalhador busca na sua 
racionalidade argumentos que justifiquem sua escolha. Adequar uma solução 
para um problema que pode ser solucionado de várias formas, é ai que 
entra o senso coletivo de estética e a moda. No que se refere a estilo, 
Scruton cita que quando uma pessoa toma atitudes relacionadas a estética 
em determinada situação, como no caso de servir vinho, automaticamente a 
pessoa busca elementos e situações para conformar a sua escolha, esse 
processo acaba por ser dicotômico pois a pessoa está descobrindo no 
próprio esforço estético aquilo que quer representar. A moda então se 
torna uma espécie de fenômenoque torna as pessoas "pretendentes à 
concórdia", que como dizia Kant, é a busca de ser aceito pela sociedade 
com imitação e não sendo desagradável. Beleza por vezes está associada a 
rituais, alguns efêmeros, como os bacanais romanos, outros mais fixos que 
acabam abstraindo todo o conceito individual de beleza e tornando ele 
fixo como os egípcios. O autor cita que durante todo esse capítulo não 
usou a palavra "beleza" para suas indagações porque queria deixar ele 
mais apegado a coisas práticas. Mas na sequencia irá explorar a junção 
dos conceitos práticos com a beleza filosófica propriamente dita. 
 
5 - A beleza artística 
Essa estrofe extraída do livro resume completamente a sensação do autor 
na relação entre arte e beleza natural. 
“Foi apenas no século XIX, e na esteira das lições de estética de Hegel, 
publicadas após a sua morte, que o tema da arte veio a substituir a 
beleza natural como objeto principal da estética. Essa mudança fez parte 
da grande transformação da opinião intelectual que hoje conhecemos como 
movimento romântico e que colocava os sentimentos do indivíduo, para quem 
o eu é mais interessante do que o outro e vaguear mais importante que 
pertencer, no centro de nossa cultura. A arte se tornou a iniciativa pela 
qual o indivíduo se anunciava ao mundo e recorria aos deuses para se 
justificar. No entanto, ela se mostrou peculiarmente falível como guardiã 
de nossas aspirações mais elevadas. A arte tomou para si a tocha da 
beleza, correu com ela por um tempo e acabou deixando-a cair nos 
mictórios de Paris.” 
Hoje em dia, qualquer coisa pode ser considerada arte. Nisto, 
primeiramente, tiramos o ônus da cultura das pessoas, colocando no mesmo 
patamar novelas mal feitas e Shakespeare. Ao mesmo tempo deixamos o 
individuo livre. Mas até que ponto isso está certo? Podemos fazer um 
comparativo com piadas, existem as que fazem rir e as de mau gosto, por 
mais que todas sejam piadas, elas tem "culturas" diferentes associadas. A 
fonte, a "obra de arte" que inicio essa discussão, pode ser categorizada 
como arte da mesma forma que uma piada suja o é no seu âmbito. Reduzi a 
arte a grosseria faz ela não ir ao encontro do que nos diferencia do que 
nos faz humano, e por consequência nos bestializa. Alguns autores ousaram 
dividir arte em dois conceitos. No primeiro, a arte verdadeira, o que 
realmente importa é o objeto a ser visto. No segundo, a pseudo-arte, 
seriam os efeitos que determinado objeto causa em si. Isto é falho porque 
parte da experiencia artística é o que determinado objeto os revela, mas 
é uma boa arguição pois, ao ficarmos muito depender de efeitos ou 
realidade, por vezes essas sensações não exprimem sentimentos positivos. 
O sentido numa obra de arte por vezes depende de analisá-la da forma com 
o criador a fez. Sem traduções ou fotografias pois estes quebram o 
sentido inicial do projeto. É sem duvida possível passar parte da 
sensação, mas em algumas situações como na Cadeira de Van Gogh se torna 
impossível ter a experiencia completa, mesmo imaginando que a experiencia 
que o autor quer passar estivesse escrita ao lado da obra. Na visão do 
autor, essa tentativa de entender o significado emocional da arte ainda 
não foi obtido, mesmo em teorias da semiótica, cognicação, etc. Até mesmo 
porque, de acordo com Kant, existem níveis de apreciação da beleza que 
são inexpressíveis. Quando temos a ate tentando advogar por uma causa,, 
fazendo propaganda, perdemos a dimensão mais essencial da arte, que é 
abrir nossos olhos para o mundo por ela mesma, não por uma ideologia 
externa a ela. 
 
6 - Gosto e ordem 
Ao analisar os gostos de alguém, normalmente levamos em conta o caráter 
democrático da sociedade, onde "todos são iguais". Porém, o que é belo ou 
feio não deixa de ser por um fundo político. Este conceito pode estar 
associado com a moda, por exemplo, e neste caso, quando algo foge a moda, 
é feio, por mais que o individuo não o considere. Tome como exemplo 
alguém que destrói uma paisagem classe de uma cidade construindo um 
prédio com outro conceito arquitetônico. Este não está seguindo o 
conceito democrático citado acima, exprimir sua individualidade só o 
caracteriza ainda mais em sua feiura. Para conseguirmos contextualizar 
algo como belo, devemos ter experiência, sem ela por vezes perdemos 
nuances que o autor quis passar que mesmos nós a uma primeira olhada 
achamos negativo, depois de ver a luz de nossas experiências temos maior 
apreço. O autor chega a conclusão que, diferente da ciência, no juízo 
estético não se busca a universalidade. Objetividade e universalidade se 
distanciam, o que não acontece no ramo científico. O importante é que a 
experiência do belo engrandeça a pessoa dentro de suas perspectivas. Não 
se pode imaginar que um ocidental vá ser afetado pelas belas obras da 
música clássica indiana como alguém que já está incluso naquela cultura. 
Para concluir, o autor diz que beleza não trata daquilo que queremos, mas 
do que devemos querer porque assim a natureza exige. 
 
7 - Arte e Eros 
O autor aqui quer unir a beleza humana a artística. Ele começa analisando 
a individualidade. Atos como rubor e sorrisos são coisas individuais. 
Algumas obras de artes como as Vênus de Bocicceli tem certos olhares que 
falam com quem a admira, mas tentam deixar claro que ela é dona de si, 
não se entregando. Em outros casos a nudez é tão vulgar, mas percebemos 
isso em sua face. O desejo sexual e erotismo na arte são combinações do 
mesmo, onde o corpo não é um instrumento, mas sim a fronteira final desse 
desejo, a fronteira física da alma racional. Hoje, deixamos isso de lado 
para uma versão niilista desse amor, não o vemos mais como eterno. O 
desejo sexual busca a união entre dois indivíduos, o que é diferente de 
transformá-los em ferramentas para a manutenção do desejo, pois 
ferramentas podem ser substituídas. Neste quesito, percebemos que a 
pornografia nega a dimensão humana individual do sujeito que nela é 
retratado, na arte temos vários exemplos como um quadro onde uma moça 
está em posição sexual. Aquilo a transformou num objeto de desejo, onde 
sua nudez não esta´velada pela vontade do artista sério de demonstrar o 
desejo sexual da figura desenhada, e não incitá-lo em quem a vê. Assim, o 
autor diz que a pornografia não pode ser chamada de arte pois não usa a 
beleza da pessoa para ser individualizante, mas sim transformá-la num 
objeto. Quando pensamos em nós mesmos, por vezes nos esquecemos do óbvio: 
nosso corpo é nossa encarnação, não existe um eu sem o corpo, vendê-lo 
com pornografia ou prostituição é vender a si mesmo. 
 
8 - A fuga da beleza 
A arte moderna não se importa com a beleza, apenas se importa em chocar. 
Talvez seguido a linha de pensamento que a beleza num determinado 
"zeitgeist" será ultrapassada no próximo, causado choque para os do 
zeitgeist anterior, então, que se promova o choque o quanto antes. 
Percebemos que esse tipo de comportamento acaba por destruir a tradição e 
colocar no esquecimento obras construtoras do conceito de belo. A arte de 
hoje exemplifica a fuga da beleza em vez do desejo de recuperá-la. 
Situações como morte e paixão nos mostram seres humanos fora da nossa 
realidade, e exigem ritos que demonstram a individualidade do eu impressa 
na nossa carne. Profanar isso com atitudes pornográficas é macular a 
experiência da liberdade e negação do amor. O ser humano busca, ao 
dessacralizar a beleza, fugir de suas responsabilidades como individuo, 
onde mesmo a democracia que toma com tentáculos todos os âmbitos da 
experiência social acaba não conseguindo alcançar. Na vida real as 
pessoas demonstram suas diferenças de interesses em relação a beleza de 
outrem, ou seus atributos. Destruir com a importância da beleza é se 
esconder no lodo do coletivo. O autor cita que existe um prazer próprio 
na dessacralização, e este ocorre em várias áreas artistase pessoais. Em 
geral os prazeres devem estar no objeto e não na sensação que eles nos 
causam. Quando muito assimilado apenas aos prazeres sensoriais puros, 
pode causar vícios. Veja o caso de quem analisa vinhos, este pode ter um 
prazer no objeto por compreendê-lo e assimilá-la, também em sua 
degustação. Mas o prazer apenas corpóreo sem se importar com o ato ou 
conteúdo do mesmo pode causar vício. Isso é muito presente na 
sexualidade, onde obscurecer essa dimensão individualizante pode ser um 
caminho de vício e impessoalidade no ato. Sobre o vício, o autor diz: As 
disposições cognitivas raramente viciam, uma vez que dependem da 
exploração do mundo e do encontro do indivíduo com o objeto individual, 
cujo encanto encontra-se fora do controle do sujeito. O vício nasce 
quando o sujeito exerce pleno controle sobre o prazer, sendo capaz de 
produzi-lo à vontade. Resume-se sobretudo ao deleite sensorial e envolve 
uma espécie de curto circuito da rede de prazer. Caracteriza-se pela 
perda da dinâmica emocional que, de outro modo, governaria uma vida 
cognitivamente criativa e voltada para o exterior. Nesse aspecto, o vício 
em sexo não é diferente do vício em drogas; ele se opõe ao verdadeiro 
interesse sexual: o interesse pelo outro, objeto individual do desejo. 
Por que passar por todas as inquietações do reconhecimento mútuo e da 
excitação comum quando há disponível um atalho que culminará no mesmo 
objetivo sensorial? 
A arte se opõe aos efeitos do vício, no qual a necessidade de estímulos e 
excitações cotidianas bloqueia o caminho que conduz à beleza, ao colocar 
no centro do palco atos de dessacralização. O porquê de esse vício se 
mostrar tão virulento hoje é uma questão interessante: qualquer que seja 
sua explicação, porém, meu raciocínio pressupõe que ele é inimigo não 
somente da arte, mas também da 
felicidade, e que todo aquele que se importa com o futuro da humanidade 
deveria estudar como recuperar aquela “educação estética” - como a 
descreve Schiller - que tem o amor à beleza como objetivo. (Nota: é 
interessante notar como esses elementos comportamentais associados a uma 
filosofia conservadora da beleza vão ao encontro das novas descobertas 
que associam o vício, mais propriamente o vício em pornografia, as 
condições que diminuem a felicidade, como uma saturação dos receptores de 
dopamina, os tornando dependentes do ato do vício, ansiedades, depressão 
e disfunção erétil também.) A arte que não transcende se transformou em 
kitsch, isto é, numa arte sem nenhuma mensagem própria, na qual todos os 
efeitos seriam copiados e todas as emoções, falsificadas. E por isso que 
a arte é relevante. Sem a busca consciente da beleza, corremos o risco de 
resvalar num mundo de prazeres viciantes e de dessacralizações 
rotineiras, em que o valor da vida humana não é mais percebido com 
nitidez. 
 
9 - Reflexões finais 
O autor em nenhum momento afirmou o que é beleza, mas a resposta é tão 
somente esta: tudo o que afirmei acerca da experiência da beleza insinua 
que ela possui fundamentos racionais. Não existe a tal “beleza está nos 
olhos de quem vê” para se obter a beleza deve se seguir um caminho da 
mesma forma que se segue para se fazer uma ação certa.

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