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Débora Marlene silva

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O último comprimido
e.e.Oswaldo lacerda gomes cardim
Química/Português
Débora Marlene silva
Nº06
3ºb
Elvina/Mara
O Último Comprimido
Era apenas mais um comprimido, era o último eu jurei, era só porque eu não me sentia bem.
Mesmo com todas essas desculpas, eu sabia que estava mentido para mim mesma outra vez.
Tudo começou inocentemente, a oito meses atrás eu tinha acabado de perde meu marido e meu filho em um acidente de carro, e estava deprimida e não conseguia dormi, comer ou fazer qualquer coisa, eu era uma mulher de quarenta e dois anos desesperada e afogada no luto.
Uma amiga minha vendo minhas condições, um dia veio a minha casa e me falou que podia arrumar comprimidos que me fariam melhorar, era apenas um tranquilizante, Diazepam era seu nome.
Fiquei curiosa e fui pesquisar e descobri que era recomendado para síndrome de ansiedade, tensão e alguns problemas psicológicos, ele era tudo que eu precisava.
Descobri que o comprimido de Diazepam com 5 mg continha, croscarmelose sódica, talco, lactose, fosfato de cálcio dibásico, estearato de magnésio, celulose microscritalina e dióxido de silício.
Já o de 10 mg continha, croscamelose sódica, talco, lactose, fosfato de cálcio diabásico, estearato de magnésio, celulose microcristalina, dióxido de silício e corante alumínio laca vermelho eritrozina.
Pesquisando achei até sua fórmula molecular que é, C16H13CIN20, e seu peso molecular, 284,74. Seu nome químico é 7-cloro-1,3-diidro-1-metil-fenil-2H-1,4-benzodiazepina-2-ona.
Achei algumas curiosidades, por exemplo, como ele era absorvido, após seu uso oral era absorvido rapidamente, atingindo a concentração plasmática máxima. O Diazepan e seus metabólitos possuem alta ligação ás proteínas plasmáticas, por isso, eles atravessam as barreiras hematoencefálica e placentária. Ele era eliminado assim: a curva concentração plasmática/tempo do Diazepan é bifásica: uma fase de distribuição inicial rápida e intensa, com uma meia-vida que pode chegar a 3 horas e uma fase de eliminação terminal prolongada. A meia-vida de eliminação terminal do metabólito ativo nordiazepam é de aproximadamente 100 horas. O Diazepan e seus metabólitos são eliminados principalmente pela urina, predominantemente sob a forma conjugada.
 Mas havia um grande problema, só era vendido com receita, e eu me recusava a passar por mais um médico que diria que eu estava apenas de luto.
Contei para Eva sobre a receita, e recebi uma resposta que me deixou perplexa.
-Não se preocupe Isabela, conheço um cara que pode te arrumar.
Desde aquele dia, todo mês recebo uma visita, um homem alto, moreno e silencioso bate na minha porta a noite, me comprimenta, pega o dinheiro e me entrega os comprimidos e vai embora, sem qualquer conversa.
Não sei o seu nome e não me importa, tudo que me interessa é o tipo de felicidade que ele me vende.
Saio das minhas reflexões sobre o passado e volto para o presente, novamente com o último comprido na minha mão me pego pensando em como eles tão acabando mais rápido, eu estou cada vez mais, aumentando as doses, agora posso tomar cinco comprimidos em apenas um dia.
Não reflito muito sobre isso, só penso em quanto eles me fazem bem, e quando engulo meu quarto comprimido em um só dia a única preocupação que me abate e que preciso encomendar mais.
Deito na cama e espero, e sem me desapontar quando passa uns vinte minutos sinto os efeitos me tomando.
Meus músculos relaxam e uma sonolência me invade, a casual tontura e confusão me toma, mas já estou acostumada, por isso fico sempre na cama, e não demora muito e eu caio em um sonho, sem pesadelos, apenas um grande vazio.
Horas depois acordo ainda um pouco confusa e vejo que já é de manhã, como sempre dormi horas seguidas, sem acorda nenhuma vez na madrugada. Levanto e vou até a cozinha e como qualquer manhã típica acabo não comendo nada, desde que comecei a tomar os remédios emagreci uns quilos, mas não vejo nada de mal nisso.
Aos poucos a clareza ao meu redor se torna sufocante e muito real, e sei que preciso tomar o comprimido. Quando vejo a cartela vazia lembro que tomei o último ontem e percebo que mais uma vez tive um lapso de memória, parece que esta acontecendo mais frequentemente.
Pego meu celular e disco o número que já sei de cor.
-Alô?
-Oi, Eva.
-Isabela, espero que não esteja me ligando pra conseguir mais Diazepam.
-É isso mesmo, os meus acabaram ontem.
-Não posso mais fazer isso, só faz uma semana e meia que ele te entregou uma cartela que tinha que durar um mês!
-Sério?
Fiquei confusa, eu tinha certeza que fazia umas três semanas que eu tinha recebido a nova cartela.
-Olha Isabela, isso era pra te ajudar, mas você esta dependente, emagreceu o suficiente pra seus ossos aparecerem, anda por ai como se fosse um zumbi e se esquece das coisas. Não posso mais te ajudar, não quero que depois sobre pra mim, por favor não me liga mais.
Tiro o telefone da orelha e olho novamente para tela para ter certeza que ela desligou na minha cara, e foi isso mesmo. Em um ataque agressivo que não se parece em nada comigo jogo o celular na parede.
Digo pra mim mesma que não importa, que eu posso conseguir outra pessoa para comprar, que quando comprar vai ser a última cartela, que será o último mês. Afinal, eu só estou sofrendo e em luto, não estou viciada não é?
E continuo mentindo pra mim mesma, porque mentir é mais fácil que encarar a realidade.

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