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Processo de Produção Jornalistica Aula 04

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PROCESSO DE PRODUÇÃO 
JORNALÍSTICA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Alessandra Lemos Fernandes 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno! Chegou a hora de nos aprofundarmos nas técnicas de 
produção jornalística, ou seja, entender como cumprir cada uma das etapas que 
aprendemos nas últimas aulas. O domínio dessas técnicas é o que diferencia o 
jornalista como profissional fundamental para a nossa sociedade, uma vez que 
é o responsável por levar ao público informações de relevância. 
Logo você estará diante de entrevistados, o que fazer? O que perguntar? 
É claro que isso vai depender de quem é a pessoa, mas existem técnicas para 
preparar boas perguntas e você precisa estar atento a elas. 
Além disso, existem diferentes maneiras de fazer uma reportagem as 
quais devem ser conhecidas não apenas pelo repórter, mas por todos que atuam 
na produção de notícias. 
Vamos conhecer mais sobre esse assunto? Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Antes de começar, acesse o link a seguir e assista a um trecho do famoso 
filme de Charles Chaplin, chamado “Tempos Modernos”, em que o ator atua 
como operário em uma linha de produção. 
https://www.youtube.com/watch?v=4PaGw4ZRmWY 
Esse filme mostra uma linha de produção industrial conhecida como 
modelo fordista. Cada um é responsável por uma etapa, ou seja, o trabalhador 
não é responsável pelo todo. Em alguns casos, o operário nem sabe o que está 
sendo fabricado e cuida apenas daquela função específica. 
Quando se fala em Jornalismo, defende-se que o modo de produção de 
notícias não seja um modelo fordista. Pelo contrário, embora haja uma divisão 
de tarefas, cada profissional deve ser ter em vista o resultado final: a notícia. 
Seja na pauta, na apuração, nas entrevistas, na redação ou na edição, 
cada profissional deve ter como objetivo claro coletar o máximo de informações 
 
 
3 
que sejam relevantes ao público e que vão trazer novidades sobre o caso em 
questão. 
Exercer cada uma dessas etapas é um desafio cada vez maior. Se 
décadas atrás era a falta de estrutura ou de meios de telecomunicação que 
limitavam o trabalho do jornalista, hoje o impasse é econômico. As empresas 
jornalísticas querem faturar cada vez mais e gastar cada vez menos com isso, 
em um cenário típico da nossa sociedade, que é capitalista. 
Para isso, um único repórter deve cobrir vários assuntos e redigir vários 
textos em um só dia. Para isso, o profissional que quer trabalhar como jornalista 
nesse contexto precisa ter uma habilidade essencial: a agilidade. Pensar rápido, 
compreender os fatos, elaborar rapidamente perguntas, detectar o que é 
relevante na fala das fontes e escrever textos em poucos minutos. 
Para isso, é preciso ter técnicas como: pesquisar de forma ágil, dominar 
os tipos de entrevista, saber elaborar perguntas, conhecer diferentes tipos de 
notícias e reportagem e, por fim, conseguir colocar tudo isso em prática. 
Acesse o material on-line e confira a videoaula da professora Alessandra 
com mais informações sobre os requisitos necessário para o jornalista hoje. 
Nesta aula, você vai encontrar os seguintes temas: 
 Tipos de pesquisa; 
 Tipos de entrevista; 
 Técnicas de entrevista; 
 Técnicas de notícia; 
 Técnicas de reportagem. 
Para introduzir esses assuntos, assista a um vídeo que faz uma sátira a 
um tipo comum de entrevista: a coletiva. No caso, a entrevista é com um jogador 
de futebol que perdeu uma partida. Observe que, nesse caso, os repórteres não 
 
 
4 
se reservam a fazer perguntas, mas também criam respostas — o que não é 
uma prática ética. Vale como descontração e introdução ao tema. 
 https://www.youtube.com/watch?v=RLF4jSMDTrk 
 
TEMA 1 – TIPOS DE PESQUISA 
Segundo o dicionário “Houaiss” eletrônico, pesquisa é a investigação ou 
indagação minuciosa sobre um determinado fato ou assunto. Ou ainda é o 
"conjunto de atividades que têm por finalidade a descoberta de novos 
conhecimentos no domínio científico, literário, artístico, etc.". Em resumo, 
pesquisar é buscar descobrir algo que ainda não se conhece. 
Como é da natureza do Jornalismo trazer à luz aquilo que está encoberto, 
contar aquilo que os outros ainda não sabem, revelar fatos novos sobre um 
determinado assunto, podemos dizer que a pesquisa é uma atividade essencial 
na rotina de um jornalista. 
Mas como pesquisar sobre um determinado fato? Como descobrir coisas 
que os outros não sabem? Quais os tipos de pesquisa que podem nos levar a 
informações novas e relevantes? 
Primeiramente, é preciso saber que existem dois tipos principais de 
pesquisa usadas não apenas por jornalistas, mas por pesquisadores das mais 
diversas áreas: a quantitativa e a qualitativa. A seguir você tem mais informações 
sobre cada uma delas: 
Pesquisa quantitativa 
Busca saber a quantidade de pessoas, empresas, cidades ou países 
atingidos por determinados fenômenos. Os dados são apresentados na forma 
de estatísticas, números e percentuais. Geralmente não são feitas diretamente 
pelos jornalistas, embora alguns veículos tenham seus institutos de pesquisa. 
Na maior parte dos casos, são realizadas por Universidades, institutos (como 
 
 
5 
IBGE) ou empresas especializadas em opinião pública e depois são noticiadas 
pelos veículos de comunicação. 
Um exemplo é a matéria disponível no link a seguir, que apresenta o 
resultado de uma pesquisa sobre o número de usuários de internet móvel no 
Brasil em 2015. A Folha de S. Paulo usou dados da empresa comScore, que faz 
mediação e análise de internet. 
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1632742-numero-de-
usuarios-da-internet-movel-no-pais-sobe-7-em-6-meses.shtml 
Outro exemplo podem ser as enquetes feitas pelos veículos jornalísticos, 
que são levantamentos informais sobre a opinião de um determinado grupo a 
respeito de um tema. Como exemplo, pode-se citar a enquete feita pelo Portal 
G1 sobre a opinião em relação ao processo de impedimento contra a presidente 
Dilma Rousseff, em 2015. 
Não se trata de um levantamento estatístico a favor e contra o 
impeachment, mas uma enquete (fala povo) para saber a opinião de algumas 
pessoas. Não há valor científico e não necessariamente reflete a opinião de 
todos os brasileiros, mas serve de ponto para discussão do assunto. 
Acesse o link a seguir e veja um vídeo do Jornal “O Globo” sobre esse 
assunto: 
http://oglobo.globo.com/brasil/nas-ruas-opiniao-dos-brasileiros-sobre-
votacao-do-impeachment-18213405 
Pesquisa qualitativa 
 É mais analítica, preocupa-se menos com números e mais com a 
interpretação dos acontecimentos e o registro da opinião e das impressões das 
pessoas envolvidas ou que são afetadas por determinado assunto. 
A maioria das entrevistas jornalísticas tem caráter qualitativo, pois não 
busca saber a porcentagem de pessoas que pensam de forma A ou B sobre um 
tema, mas levantar dados junto a fontes selecionadas sobre o assunto que está 
 
 
6 
sendo abordado. Busca-se opinião, interpretação, informação, documentos e 
registros que se somam na busca de um relato. 
Agora que você conheceu mais sobre esses dois tipos de pesquisa 
bastante difundidos, vamos para o livro de Felipe Pena (2008) para descrever 
alguns métodos de pesquisa que podem ser usados por nós, jornalistas. Essas 
possíveis metodologias estão resumidas a seguir. O autor usa ideias de João 
Corrêa de Deus (2003) na obra “Pesquisa em Jornalismo”. 
 Observação direta: o pesquisador, no caso o jornalista, tem 
contato direto com o fato, sem intermediários. Exemplo: repórter que 
presencia diretamente um acontecimento e faz a cobertura do fato para a 
produção da notíciaou reportagem. 
 Observação direta participativa: aqui, o jornalista não 
apenas presencia o fato, mas se insere naquele cenário, participando do 
que está acontecendo, para se sensibilizar com a situação. Exemplo: 
produtor que se veste de morador de rua e passa uma noite dormindo na 
calçada para entrevistar pessoas que vivem nessa situação e sentir “na 
pele” circunstâncias vividas por eles. 
 Observação indireta: é caracterizada pelo uso de 
intermediários, pessoas “enviadas” pelo jornalista para vivenciar ou 
observar um fato e depois repassar as informações. Exemplo: repórter 
entra em contato com o amigo que mora em Paris para que ele possa 
andar por pontos da cidade que foram alvo dos ataques terroristas de 
2015 e relatar como está o clima na cidade. O jornalista está no Brasil e 
impossibilitado de ir até a França. 
 Coleta: é o acesso facilitado do jornalista a dados, sem que 
ele precise de um esforço maior para descobrir informações. Exemplos: 
relatórios contáveis de empresas disponíveis na Internet, pesquisas 
divulgadas no site de institutos como IBGE, IPEA ou de governos. 
 Levantamento: diferentemente da coleta, exige um esforço 
maior do jornalista em conseguir os dados e as informações. Geralmente, 
 
 
7 
começa a partir da “desconfiança” de que há algo errado ou uma 
denúncia. A partir disso, o jornalista começa a vasculhar sites, 
documentos e bibliotecas a fim de descobrir algo que ainda não veio a 
público. Exemplo: o jornalista Mauri König começou a acompanhar a 
rotina de policiais do Estado do Paraná e descobriu irregularidades, como 
o uso indevido de carros oficiais para atividades particulares e o repasse 
de recursos para delegacias que nem existiam. O levantamento resultou 
na premiada reportagem “Polícia Fora da Lei”, publicada pelo jornal 
“Gazeta do Povo”. Saiba mais sobre essa série de reportagens e suas 
repercussões acessando o link a seguir: 
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-
cidadania/especiais/policia-fora-da-lei/ 
 Análise: é um método que exige grande habilidade por parte 
do jornalista. É preciso não apenas levantar e coletar dados, mas 
examinar e confrontar essas informações, interpretando seus resultados 
e impactos. Exemplos: artigos de opinião, editoriais e reportagens 
interpretativas. 
Que tal assistir a um filme que vai ajudar você a conhecer mais sobre o 
universo da pesquisa jornalística? 
A dica é o filme “Spotlight: Segredos Revelados” (2015), que é baseado 
em uma história real, sobre o trabalho de investigação de um grupo de repórteres 
especiais do jornal “Boston Globe”, dos Estados Unidos. Eles trabalham durante 
meses para reunir documentos capazes de provar casos de pedofilia envolvendo 
padres católicos. O filme é uma inspiradora aula de jornalismo e está disponível 
em alguns sites para ser assistido on-line. 
TEMA 2 –TIPOS DE ENTREVISTA 
Antes de apresentarmos os principais tipos de entrevista utilizados, é 
preciso lembrar que a entrevista é um dos instrumentos mais usados pelo 
jornalista para obter dados sobre um determinado assunto ou acontecimento, 
que servirão como base para a construção da reportagem. Em resumo, 
entrevista é o conjunto de perguntas feitas pelo jornalista e respondidas pela 
 
 
8 
fonte selecionada, seja um cidadão comum, um governante ou um estudioso de 
determinado tema. 
Isso pode ser feito de diferentes formas. Nilson Lage (2004, p. 74-75) 
resume os tipos de entrevista, que estão compiladas abaixo. Elas se diferenciam 
em relação ao objetivo e à circunstância em que ocorrem: 
 Ritual: breve e com o objetivo de ter a voz do entrevistado 
ou um breve trecho para aspas. Importa mais “quem diz” do que “o que 
diz”. Exemplos: fala do jogador após a partida e chegada de uma 
celebridade à cidade. 
 Temática: aborda um tema que o entrevistado tenha 
autoridade ou experiência para responder. É centrado em um 
determinado assunto, espera-se que com aquela fala sejam encontradas 
novas informações sobre o tema. Exemplo: entrevista com um médico 
infectologista sobre o surto da grite H1N1. 
 Testemunhal: entrevista com alguém que viu ou participou 
de um determinado acontecimento, trazendo seu ponto de vista e as 
impressões sobre o fato. Exemplo: entrevista com sobreviventes de uma 
enchente no litoral do Rio de Janeiro. 
 Em profundidade: o objetivo não é o tema em si, mas a 
figura do entrevistado ou um conhecimento específico que ele tenha. 
Exemplo: vencedor do Prêmio Nobel da Paz vem ao Brasil e é 
entrevistado sobre sua visão sobre a situação atual e as perspectivas para 
o futuro em relação à violência urbana em países subdesenvolvidos. 
O autor ainda classifica as entrevistas de acordo com as circunstâncias 
em que elas são realizadas: 
Ocasional 
Não é programada nem agendada previamente, já que surge diante de 
uma oportunidade ou presença de algum político ou personalidade em um local 
em que o repórter cobre outro assunto. 
 
 
9 
Exemplo: repórter acompanha a inauguração da nova ala do hospital e 
chega o governador do Estado. É uma oportunidade de perguntar mais do que 
sobre a unidade hospitalar, mas sobre os últimos acontecimentos sob 
responsabilidade da administração estadual. Deve-se sempre aproveitar as 
oportunidades. 
De confronto 
Esse tipo de entrevista se caracteriza pelo fato de o repórter apresentar 
diretamente ao entrevistado contradições às respostas que ele está 
apresentando. Como o nome já diz, o repórter confronta o entrevistado, incluindo 
nas perguntas dados que demonstrem incoerência na fala daquela fonte. 
Exemplo: um repórter entrevista um político acusado de corrupção. 
Quando o entrevistado afirma que não tem ligação com o caso, o repórter 
apresenta um documento do Ministério Público em que o nome daquele político 
é citado. Mesmo diante das negativas do entrevistado, o repórter permanece 
perguntando cada ponto presente no processo da Promotoria. 
Coletiva 
A entrevista coletiva é o momento em que uma empresa, artista ou órgão 
público convoca a imprensa para fazer certo esclarecimento, anunciar novidades 
do caso ou fazer uma divulgação que deve gerar interesse não apenas de um 
veículo de comunicação, mas de diversos meios jornalísticos. 
Exemplo: entrevista coletiva do ministro da Saúde para anunciar a 
descoberta da vacina contra o vírus da gripe H1N1 e os dados sobre o controle 
da doença no país. 
Dialogal 
Esse tipo de entrevista é marcado com antecedência pelo repórter ou pela 
equipe da redação com o entrevistado. As perguntas e respostas são feitas como 
um diálogo, um “bate-papo”. 
 
 
10 
Exemplo: entrevista agendada com um cientista político que, calmamente, 
explica ao repórter precedentes e consequências da crise política, esclarecendo 
termos técnicos e comentando situações colocadas pelo repórter. 
Uma das entrevistas de confronto mais conhecidas da história do 
jornalismo brasileiro foi a do jornalista Roberto Cabrini, na época na emissora de 
televisão SBT, com o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, que 
renunciou ao poder depois de um processo de impeachment. 
A entrevista, exibida em 1995, começa com o repórter perguntando, de 
forma direta, se o ex-presidente é corrupto. O jornalista usa recortes de jornais 
e documentos para ir confrontando as respostas dadas pelo entrevistado. Vale 
a pena assistir e conhecer na prática um exemplo de entrevista sob circunstância 
de confronto. Ela está disponível no link a seguir: 
https://www.youtube.com/watch?v=CIznFkvr-0E 
TEMA 3 - TÉCNICAS DE ENTREVISTA 
A entrevista consiste em uma dinâmica de perguntas e respostas. 
Descobrir o que se quer parece uma tarefa fácil (e pode ser paraalguns), mas a 
principal chave é fazer a pergunta certa, ouvir a resposta atentamente e fazer 
novas perguntas que confirmem e complementem as informações. 
O repórter — geralmente o profissional responsável por esse contato 
direto com o entrevistado — não pode ter medo de perguntar, de insistir e de 
confrontar quando necessário, como no exemplo que vimos entre o jornalista 
Roberto Cabrini e o ex-presidente Fernando Collor de Mello. 
A curiosidade é outra característica fundamental. É preciso querer saber 
mais, "especular", insistir e estar atento a detalhes, tanto para não registrar 
nenhum dado errado quanto para descobrir possíveis inverdades que os 
entrevistados possam dizer. 
A experiência conta muito, mas para isso é preciso começar e se aplicar 
para render boas entrevistas. Para ajudá-lo nessa missão, compilamos algumas 
 
 
11 
dicas simples, mas muito importantes que, seguidas com atenção, vão auxiliar 
você a ser um grande entrevistador: 
 Pesquise tudo sobre a pessoa que irá entrevistar e o 
tema da pauta. Bem preparado, você terá repertório para discutir o 
assunto, não aceitar "qualquer" resposta e fazer novas perguntas. 
 Prepare um roteiro de perguntas. A ideia não é que você 
fique preso a essa lista de questões, mas que pense antecipadamente no 
que pode ser perguntado para se garantir no caso de um possível 
"branco". Na hora da entrevista, não precisa seguir todo o roteiro, isso 
porque novas perguntas podem — e devem — ser criadas sempre que 
necessário. Isso ocorre quando a resposta do entrevistado dá gancho 
para diferentes questões ou quando, em um só retorno, o entrevistado já 
responder mais de uma questão. 
 Elabore perguntas fundamentadas em dados e 
afirmações já confirmadas. Para isso, uma dica é que sua pergunta 
tenha sempre duas frases: uma afirmação e uma indagação. Na videoaula 
do final desse tema, há informações de como fazer isso. 
 Registre as respostas. Gravador, bloco de papel, notas no 
celular ou tablet? Cada repórter desenvolve seu método, mas eu diria que 
adotar mais de um deles é o ideal. Anote o que está sendo dito e garanta 
gravando a entrevista na íntegra. Assim você poderá checar detalhes na 
hora de escrever seu texto. Se for para TV ou rádio ao vivo, dispensa 
anotações, já que o material já vai ao ar. 
Acesse a Biblioteca Virtual, por meio do Único, e procure pelo livro “A arte 
de entrevistar bem”, da jornalista Thaís Oyama (São Paulo: Contexto, 2008). 
Nele você vai encontrar orientações sobre como se preparar para a entrevista, 
como se comportar durante e depois dela, além de como agir quando o 
entrevistado é difícil ou rude. A autora ainda fala de diferenças de entrevistas em 
diferentes veículos. 
O site “Observatório de Mídia”, uma das mais conceituadas páginas 
voltadas à discussão da profissão, tem uma seção chamada “sala de aula”. Uma 
 
 
12 
das edições tratou das técnicas de entrevista, segundo Pedro Celso Campos 
(2003). São dicas preciosas que podem auxiliar você ainda mais a ser um grande 
entrevistador e, consequentemente, um grande repórter. 
O artigo está disponível no link a seguir: 
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/da130320024.htm 
TEMA 4 - TÉCNICAS DE NOTÍCIAS 
Utilizamos o termo “notícia” dentro do Jornalismo em duas ocasiões 
principais já mencionadas em nossas aulas, mas que é importante reforçarmos 
aqui: 
 O que aconteceu, algo novo, atual, um fato selecionado 
dentro de critérios que o destaque perante os demais acontecimentos. 
Notícia é o fato que é alvo da cobertura jornalística e vai parar na página 
de um jornal ou revista, no portal de notícias, no rádio ou na televisão. 
 Forma de texto jornalístico do gênero informativo em que se 
divulga apenas o lead, ou seja, as informações principais sobre o 
acontecimento: quem fez o quê, quando, onde, como e por quê. Também 
chamado de nota em alguns veículos, a notícia não tem o 
aprofundamento dos fatos, como ocorre na reportagem. 
Desse modo, para escrever uma notícia, é preciso levantar os dados 
preliminares sobre um determinado acontecimento. A prioridade é informar de 
forma rápida e concisa o público sobre o que ocorreu. 
Um exemplo é a seção “Últimas Notícias”, nos sites de notícias. 
Geralmente, são textos curtos no qual é informado de forma objetiva sobre um 
acontecimento. 
Dica: visite alguns sites e leia as notícias do dia, aproveitando para 
verificar as características citadas acima. 
As notícias podem ser caracterizadas segundo o tema e a circunstância 
do ocorrido. A forma mais comum de categorizá-las é por meio da distinção entre 
 
 
13 
hard news (também chamadas de notícias factuais) e soft news (conhecidas 
nas redações como pautas frias). Confira mais detalhes abaixo: 
 Hard news: caracterizadas por pautas nas áreas de política, 
ciência e economia. Podem ser imprevistos, situações presentes ou casos 
que estão acontecendo. São chamados de assuntos do dia ou factuais. 
Essas notícias têm data de validade e não podem esperar para serem 
divulgadas, pois as informações correm o risco de ficar desatualizadas. 
 Soft News: também chamadas de pautas frias, são ligadas 
a áreas de entretenimento, esportes, cultura e comportamento. Estão em 
todos os veículos, mas ganham cada vez mais espaço no Jornalismo 
Segmentado, que cobre os mais variados assuntos: cuidado com animais 
(pet), arquitetura, beleza e saúde. Em alguns casos, são chamadas de 
notícias de gaveta, pois podem ser publicadas a qualquer data. 
TEMA 5 – TÉCNICAS DE REPORTAGEM 
A figura do repórter é bastante consolidada na sociedade atual, 
especialmente em países democráticos como o Brasil. Esse profissional é 
“acionado para cobrir os fatos sociais — os crimes, as agitações de rua, as 
guerras e os debates parlamentares”, como lembra Nilson Lage (2004, p. 16), ao 
falar do surgimento da reportagem. 
O autor destaca a importância que as reportagens passam a ter na 
sociedade. Leia a passagem abaixo, quando ele trata dessa relevância social. 
Repórteres passaram a ser bajulados, temidos e odiados. A 
reportagem colocou em primeiro plano novos problemas, como 
discernir o que é privado, de interesse individual, do que é 
público, de interesse coletivo, o que o Estado pode manter em 
sigilo e o que não pode, os limites éticos do comércio e os custos 
sociais da expansão capitalista (LAGE, 2004, p. 17). 
Para que tenha essa repercussão, a reportagem deve conter alguns 
elementos importantes, alguns já citados ao longo da nossa disciplina e que 
serão aprofundados aqui. Primeiramente, a reportagem deve conter notícia, mas 
deve ir além dela. Considera-se reportagem um relato mais aprofundado sobre 
 
 
14 
algum tema, sempre respeitando os critérios de noticiabilidade (proximidade, 
atualidade, curiosidade, interesse público, proeminência etc.). 
O que diferencia uma reportagem de uma grande reportagem, como o 
nome já diz, é o tamanho dela. Não apenas no número de caracteres ou no 
tempo dentro do noticiário. Mas em relação à quantidade de horas dedicadas à 
produção e à profundidade dos dados apresentados. A reportagem também é 
conhecida por matéria, dentro do jargão jornalístico. 
A grande reportagem também pode ser chamada de reportagem 
especial. Segundo o glossário do Manual de Redação do jornal “O Estado de S. 
Paulo”, ela “requer minucioso levantamento de informações. Pode aprofundar 
um fato recém-noticiado ou revelar um fato inédito com ampla documentação e 
riqueza de detalhes”. 
Porém, esse aprofundamento é cada vez mais raro e, quando ocorre, 
existe um esforço extra por parte do repórter. Isso porque o jornalismo passa por 
transformações constantes e atualmenteas redações estão cada vez menores, 
dessa forma o profissional precisa fazer várias matérias em um só dia e cumprir 
mais de uma função, se preciso. A consequência disso é que se vê mais notícias 
do que reportagens. 
As pautas são focadas na cobertura dos assuntos do dia e não nos temas 
que merecem investigação mais aprofundada. É um impacto econômico sobre a 
atividade jornalística que deixa o resultado, em muitos casos, mais superficial. 
Dizem que o bom repórter é aquele que não se conforma com esse quadro 
e sempre briga por mais espaço e mais tempo para fazer uma reportagem de 
mais qualidade. 
Mas como fazer essa reportagem? 
Antes de tudo, é preciso lembrar dos passos da produção da reportagem, 
que já citamos durante a nossa disciplina: 
 
 
 
15 
A reportagem, quando vai além da cobertura dos fatos do dia, geralmente 
parte da observação do repórter ou do pauteiro, que percebe um fato do 
cotidiano que merece uma investigação mais aprofundada. Pode ter origem, 
ainda, numa denúncia ou sugestão do público. 
A partir dessa ideia, o jornalista vai buscar informações que o ajudem a 
saber mais detalhes sobre aquele assunto ou acontecimento. A grande pergunta 
a ser feita é: isso pode render uma história que interesse ao público? 
Existe algo fundamental para uma “boa história”: a existência de 
personagens, pessoas que convivem com a problemática a ser abordado pela 
reportagem. Os personagens são fundamentais para a humanização da notícia: 
não são apenas números e palavras, são pessoas, alguns cidadãos comuns 
como eu e você, convivendo com situações. Os personagens geram 
identificação, exemplificam e dão peso às reportagens. São fontes importantes 
a serem consultadas e dão vida ao texto. 
Além disso, o bom repórter deve agregar a essas “histórias reais”, dados 
e estatísticas que demonstrem que aquela não é uma situação isolada, mas que 
reflete um quadro social. Isso dá relevância ao tema. 
Como falado no tópico sobre pesquisas, nem sempre é o jornalista que 
precisa levantar esses dados, mas o bom repórter deve saber coletar essas 
informações em sites, departamentos e organizações que tenham estatísticas 
que vão fundamentar o tema a ser reportado. 
Entrevistar autoridades sobre o tema, especialistas no assunto e ouvir a 
opinião da população nos chamados “fala povo” são também passos 
fundamentais para reportagens. Cada uma dessas entrevistas vai formando 
esse emaranhado de informações sobre o tema, que precisa ser compilado e 
selecionado para a próxima etapa: a redação. 
Não adianta ter feito grandes entrevistas, ter dados fantásticos e 
personagens significativos se você não souber contar essa história por meio de 
um belo texto. A narrativa jornalística é parte crucial para a reportagem. 
Independentemente do meio de comunicação que você trabalha — rádio, TV, 
web, jornal, revista etc. — você precisa ter um texto de qualidade em que vai 
 
 
16 
contando cada uma das suas descobertas, revelando a notícia para o seu 
público. 
O editor vai ajudá-lo nesse sentido, ajudando o repórter a encontrar o lead 
da matéria, ou seja, as respostas que a reportagem deve trazer e as informações 
principais que merecem destaque nos títulos e imagens. 
O jornalista Ricardo Kotscho é autor do clássico da década de 1990, “A 
Aventura da Reportagem”, escrito em parceria com o também jornalista Gilberto 
Dimenstein. Em 2009, Kotscho lançou uma nova obra sobre o tema com o título 
“A prática da reportagem”, em que fala da vida do repórter e sua rotina para 
produção de material jornalístico. Fica a dica para a leitura: KOTSCHO, Ricardo. 
A prática da reportagem. 4. ed. São Paulo: Ática, 2009. 
TROCANDO IDEIAS 
Na aula de hoje, falamos sobre técnicas de produção jornalística. Entre 
elas, a pesquisa, a entrevista, a notícia e a reportagem. 
Com qual delas você se identifica mais? Gostaria de atuar mais na área 
da pesquisa do jornalismo investigativo ou prefere a agilidade da produção de 
notícias, por exemplo, para portais on-line? Qual sua lista de entrevistados dos 
sonhos? 
Entre no fórum e dê sua opinião. Vamos trocar ideias sobre esses tópicos, 
relembrando o conceito de cada um deles. 
NA PRÁTICA 
O objetivo aqui é fazer um estudo de caso buscando compreender as 
técnicas de produção de uma reportagem. Para isso, siga os passos a seguir: 
 Comece acessando o link a seguir para assistir à reportagem 
que será estudada: http://glo.bo/1rrJtHB. 
 Após assistir à reportagem, qual categoria ela se enquadra: 
hard news ou soft news? 
 
 
17 
 Quem foram as fontes entrevistadas para a construção da 
reportagem? 
 Que elementos (dados, imagens, documentos etc.) 
fundamentaram a reportagem? 
 Apresente a sua resposta a cada pergunta deste caso. 
 
REFERÊNCIAS 
CAMPOS, Pedro Celso. Técnicas de Entrevista. In: Observatório de 
Mídia. Disponível em: 
<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/da130320024.htm>. 
Acesso em: 18 maio 2016. 
ERBOLATO, Mario L. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, 
captação e edição no jornal diário. São Paulo: Ática, 2008. 
KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo: Ática, 2009. 
LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa 
jornalística. São Paulo: Record, 2008. 
OYAMA, Thais. A arte de entrevistar bem. São Paulo: Contexto, 2008. 
PENA, Felipe. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2008. 
PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de 
investigação na imprensa. Petrópolis, R: Vozes, 2009. 
______. Guia para edição jornalística. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
SCHIMITZ, Aldo Antonio. Fontes de notícias: ações e estratégias das 
fontes no jornalismo. Florianópolis: Combook, 2011. Disponível em: 
<http://www.cairu.br/biblioteca/arquivos/Comunicacao/Fontes_noticias.pdf>. 
Acesso em: 18 maio 2016.

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