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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ RESILIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO OLHAR DA NEUROCIÊNCIA CURITIBA/PR 2017 FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ ELIANE DA SILVA DANTAS RESILIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO OLHAR DA NEUROCIÊNCIA Trabalho entregue à Faculdade de Educação São Braz, como requisito legal para convalidação de competências, para obtenção de certificado de Especialização Lato Sensu, do curso de Neuroaprendizagem, conforme Norma Regimental Interna e Art. 47, inciso 2, da LDB 9394/96. Orientador (A): CURITIBA/PR 2017 RESUMO O presente artigo tem como objetivo do profissional trabalhar a inclusão com resiliência, desenvoltura e reflexão. Torna-se atingível analisar que na educação a busca é voltada à aprendizagem que proporciona a autonomia, a consciência, e outros elementos relevantes para efetuá-la. um bom profissional tem que se achar flexível pronto para se “mover” em qualquer direção que o leve para um resultado ideal, sem frustrações com garra e coragem para encarar os desafios do dia a dia, sendo ela mesma, sem perder os seus princípios a sua essência. O professor deve sempre incluir os sujeitos sindrômicos deficientes e com transtorno de Déficit de atenção e outros sempre com o interesse de ajudá-los. Trabalhar em equipe e ao mesmo tempo ter a capacidade de olhar para si mesmo, compreendendo a importância da adaptação do profissional e sua vivência e ou experiência no âmbito da instituição e seu comportamento entre desafios. Não importa o tamanho da dificuldade que o aluno tenha de aprender, dependendo do tamanho da sua deficiência os profissionais da área tem que achar o melhor caminho para obter resultados positivos para o seu desenvolvimento. Em termos educacionais, a expressão “fracasso escolar” representa uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. O neuropsícopedagogo deve atuar em seu campo de maneira que a partir da consciência é possível organizar as próprias atividades, evidenciando o conhecimento de si mesma e realizando suas tarefas de maneira autônoma, gerando aprendizagem mais significativas. Palavras-chave: Resiliência. Desenvoltura. Reflexibilidade. 1 INTRODUÇÃO A resiliência funciona como uma esponja que ao apertá-la se deforma e depois ela volta ao seu estado normal. Considerando isso, um bom profissional tem que se achar flexível pronto para se “mover” em qualquer direção que o leve para um resultado ideal, sem frustrações com garra e coragem para encarar os desafios do dia a dia, sendo ela mesma, sem perder os seus princípios a sua essência. O aperto da esponja nada mais é do que se curvar diante das situações críticas e depois erguer a cabeça após ter sofrido uma situação fora do comum. Esse tema tem sido muito discutido em vários segmentos exigindo dos profissionais mais competência no campo de trabalho. O ser humano tem se desenvolvido para enfrentar desafios onde o mundo atual espera mais conhecimento mais agilidade mais competência. A inclusão das crianças na educação básica requer resiliência reflexão e muita desenvoltura do profissional dentro da instituição porque se o profissional não tem esses requisitos poderá entrar em choque com todos e consigo mesmo, ter aptidão e estar ciente do seu eu profissional se olhar no espelho e dizer para si: estou eu pronto para começar a batalha e enfrentar os desafios, desempenhar o papel que me cabe dentro da instituição, porque para isso é preciso ter o conhecimento necessário carregado da bagagem que está inserida neste contexto. O professor deve sempre incluir os sujeitos sindrômicos deficientes e com transtorno de Déficit de atenção e outros sempre com o interesse de ajudá-lo, ter desenvoltura que seria fazer sua atividade com desembaraço e ter a capacidade de desenvolver algo com facilidade e com muita vivacidade procurar o melhor material para desenvolvê-lo para se tornar mais eficiente como profissional, com os objetivos de inseri-los no meio com afetividade para socializar dando-lhes suportes com uma equipe de trabalho como a família, profissionais da área como o neuropsicopedagogo, professor, psicólogo e médico. Já a reflexibilidade não condiz ao individualismo, mas trabalhar em equipe e ao mesmo tempo ter a capacidade de olhar para si mesmo, compreendendo a importância da adaptação do profissional e sua vivência e ou experiência no âmbito da instituição e seu comportamento entre desafios. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo trazer subsídios para melhor entender o processo trazendo uma melhor compreensão dos conceitos trazidos acima através de uma revisão de literatura de artigos e livros em formato digital e físico, referentes ao tema escolhido.. Com o presente artigo objetiva-se ampliar o conhecimento dando o entendimento de que não precisa temer a qualquer dificuldade que houver de acordo com cada desafio, mas é preciso ter resiliência desenvoltura e reflexão ao tratar com os alunos com trajetória de insucesso lembrando sempre que somos um eterno aprendiz. Um novo campo de aprendizado ou especialização é um meio ideal para deixar em dia os novos conhecimentos, a neurociência não pára e tem mostrado diariamente novas descobertas. 2 O QUE É SER APRENDIZ A presença do fracasso escolar é considerada historicamente como um dos maiores desafios para a qualificação do sistema brasileiro educacional, neste estudo o principal objetivo é buscar ajuda da contribuição da neurociência na prática do Neuropsícopedagogo; Patto (1999). Não importa o tamanho da dificuldade que o aluno tenha de aprender, dependendo do tamanho da sua deficiência os profissionais da área tem que achar o melhor caminho para obter resultados positivos para o seu desenvolvimento; investigar o embasamento teórico-prático que o profissional utiliza com os neuroaprendizes para ambos não fracassarem. “A Neuroaprendizagem estuda essas bases neurais do comportamento humano cérebro e as lesões cerebrais que afetam a cognição psicologia e neurologia”. (CLAXTON, 2005, p.135). Segundo Claxton (2005) Existem três pilares, primeiro: a resiliência, que é saber interpretar as situações da aprendizagem, quando pode explorar ou também o momento de afastar-se, assim como tolerar os diversos sentimentos advindo da aprendizagem, pois compreende-se que o processo da aprendizagem perpassa alguns fatores necessários para o amadurecimento. Para Berg (2014) a palavra resiliência surgiu na física e significa a capacidade do indivíduo lidar com situações adversas, superar pressões , obstáculose problemas, e reagir positivamente a eles sem entrar em conflito psicológico ou emocional. O segundo pilar é a reflexão de acordo com CLAXTON (2005, p. 135) “É preciso conhecer sua própria mente, no qual estar consciente de suas potencialidades e fragilidades; de fazer uma avaliação de sua própria aprendizagem administrá-la eficientemente”. Finalmente a desenvoltura é quando a busca é mais desenvolta mais engenhosamente novas maneiras de superar os problemas que facilitam o desenvolvimento aprendizagem. (CLAXTON, 2005). A escola precisa refletir suas práticas para não estigmatizar as crianças, prejudicando sua autoestima e o seu desenvolvimento, sem culpar uma única pessoa tanto o aluno como o professor a escola ou a família. Um transtorno neurobiológico pelo qual o cérebro humano funciona ou é estruturado de maneira diferente. Essas diferenças interferem na capacidade de pensar e recordar. Os transtornos de aprendizagem podem afetar a habilidade da pessoa para falar, escutar, ler, escrever, soletrar, raciocinar, recordar, organizar a informação ou aprender matemática. ( GÓMEZ; TÉRAN, 2010, p. 93). O neuropsícopedagogo é um profissional da Neuropsicopedagogia, que tem o compromisso de melhorar o ensino-aprendizagem e ter conhecimento sobre neurodesenvolvimento do indivíduo […] (OLIVEIRA, 2014, p.16). O papel do professor é ensinar e mediar situações de aprendizagem para que o indivíduo esteja preparado para útiliza-las nos diversos âmbito da vida, e não tenha uma aprendizagem fragmentada sem saber relacioná-las com a sua realidade social; Tanto o Professor quanto o neuropsicopedagogo a sua área de atuação é na instituição escolar respeitando seu limite de espaço, mas com resiliência reflexão e desenvoltura buscando apoio de outros profissionais competentes da área inserida no contexto, pois, tratar do fracasso escolar e o transtorno neurobiológico não é tarefa fácil Ressaltando as questões biológicas e funcionais do corpo humano para poder atuar profissionalmente bem em todas as áreas do trabalho “[...] A confiança em si mesmo é um sentimento pelo qual o indivíduo dará provas de sua audácia e de sua segurança quanto ao sucesso de uma experiência” (LAFORTUNE; SAINT-PIERRE, 1996, p.30-31). Daí resulta a reformulação de sua capacidade profissional para criar um profissional facilitador da aprendizagem, prático reflexivo, envolvendo nesse processo educativo, não só o seu conhecimento como as novas necessidades dos alunos e as ansiedades dos familiares, atingindo metas pessoais, profissionais, institucionais e sociais. Ele se organiza e auxilia na organização educativa. (IMBÉRNON, 2004). 3 NEUROCIÊNCIAS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA A sociedade brasileira de Neuropsicopedagogia a Define como: uma ciência transdisciplinar , fundamentada nos conhecimentos da neurociência aplicada à educação com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objetivo formal ao estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal social e educativa. (SBNP; 2016) Tratar a questão do fracasso escolar é aceitar que este fenômeno é um dos grandes desafios para a qualidade da educação em nosso país. Em termos educacionais, a expressão “fracasso escolar” representa uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. Nesta perspectiva, percebe-se que essa triste realidade causada pelo fracasso escolar acaba desestruturando os ideais de inúmeros brasileiros, como é possível observar na afirmação de Corde: O fracasso escolar afeta o sujeito em sua totalidade. Ele sofre, ao mesmo tempo, com a falta de estima por não estar à altura de suas aspirações, ele sofre também com a depreciação. Quando não com o desprezo que lá no olhar dos outros. O fracasso atinge, portanto, o ser íntimo e o ser social da pessoa (CORDIE, 1996, p.14 ) A partir dessa realidade vivida, é que surge a proposta de se investigar de que forma a neurociência pode contribuir ou interferir na formação e no exercício da prática neuropsicopedagógica, ou seja, de que forma a neurociências pode influenciar no desempenho efetivo do neuropsicopedagogo ao lidar com os obstáculos e desafios enfrentados pelos alunos, durante o processo de aprendizagem e em especial, os provenientes de sua trajetória marcada pelo sucesso escolar. Então, exercer uma prática pedagógica de forma eficiente e eficaz e conforme as metas educacionais estabelecidas, teria como missão de reduzir dos altos dos índices elevados de evasão e repetência escolar, através de um ensino pautado na qualidade e numa prática pedagógica inclusiva. Segundo Jensen (2011) Compreendendo funcionamento do cérebro por meio da neurociência, a relevância do cérebro se dá quando nós apresentamos a habilidade de aprender e também de rever nossos comportamentos ao longo da vida, lembrando que ao nascermos possuímos um cérebro maleável, em que, desde o nascimento, as informações são aos poucos inseridas, por meio de conexões chamadas sinapses que é o local que regula a passagem da informação no sistema cerebral e que tem um papel fundamental na aprendizagem por assegurar nossos primeiros processos vitais no mundo. Para nós, humanos, quanto mais complexos, variados e estimulantes forem os impulsos que o cérebro receber, mais eficaz será as conexões feitas, a qual constitui a plasticidade que nos possibilita novas aprendizagens a todo instante. Por isso, podemos considerar que a criança ao ingressar no mundo externo já possui sua bagagem prévia de valores, com meio social, contexto familiar, experiências de vida e relações afetivas estabelecidas, as quais farão diferença na sua aprendizagem do momento atual e nas que ainda virão; juntamente das pessoas com quem terão contato nos vários ambientes de vivência. Ao falar de estímulo, o meio em que estamos inseridos também contribui para o crescimento intelectual da criança, do adolescente ou do adulto, pois nós interagimos e aprendemos com o mundo em que vivemos, pelo fato do processo ser realizado extrínseca e intrinsecamente; mas caso o indivíduo seja participante de um ambiente em que seus colaboradores possuem poucas oportunidades ou uma bagagem restrita de conhecimento é possível que o trabalho exija um pouco mais de dedicação dos meios em que vive. Ao trabalhar com o conceito de cognição, FERRERAS (1998) inserido na perspectiva da psicologia cognitiva pontua que a mesma é parte dos eventos mentais, das ideias, dos sentimentos, das imagens e da consciência; com o objetivo de construir aprendizagens. Para que a aprendizagem seja estabelecida de maneira significativa precisa-se identificar a disposição de cada um para construir, elaborar, planejar e modificar ações, com o auxílio e mediação do adulto, porque desdeque nascemos temos a oportunidade de estabelecer nossas aprendizagens e conhecer os meios e níveis que facilitam e caracterizam a construção de um bom aprendiz. Como tem sido assinalado por Claxton (2005, p.16), " A aprendizagem não é algo que fazemos às vezes, em locais especiais ou em alguns períodos da nossa vida. É parte da nossa natureza. Nós nascemos aprendizes ". Quando mencionado que o ser humano nasce aprendiz, há a possibilidade de que ele busque ferramentas e vá além das suas primeiras aprendizagens, ou seja, que o processo tenha seus aprimoramentos. Atividade Reflexiva: é importante colocar que o processo de aprendizagem nem sempre possui internalizações positivas; e precisamos compreender que também faz parte do aprender, as frustrações, o erro, o recomeço, dentre outros aspectos que objetivam a reelaboração do aprendizado. Um bom aprendiz para estar em ação necessita de três pilares: a resiliência, a desenvoltura e a reflexibilidade. No primeiro, a aprendizagem é abordada como uma atividade intrinsecamente emocional e que tem a expectativa do sujeito não desanimar diante de suas dificuldades, mas ter coragem e ousadia em ir à luta, realizar suas atividades, buscar ferramentas que auxiliem a trajetória, lembrando da interação com o meio e a mediação do aprendiz com o objeto. Claxton (2005, p.13), acredita que uma aprendizagem resiliente pode ser vista quando " a criança ou o adulto está mais disposto a tentar. É mais capaz de compreender a avaliação feita por outrem e assim confiar neste segundo olhar ". A resiliência está relacionada ao indivíduo saber interpretar as situações. Segundo Souza e Andrada (2013, p.360) Vygotsky em seu livro “Pensamento e linguagem”, defende que afetividade é indissociável do pensamento: “para compreender a fala de outrem não basta entender as suas palavras – temos de compreender o seu pensamento”. Mas nem mesmo isso é suficiente – também é preciso que conheçamos a sua motivação. A criança cujo desenvolvimento se há complicado por um defeito, não é simplesmente devido que seus coetâneos normais, é uma criança menos desenvolvida, mas uma criança desenvolvida de uma outra forma. (vygotsky, 1989, p.3). Resulta interessante a análise que propõe da “ estrutura do defeito”, conceito no qual analisa as particularidades de expressão das “dificuldades” da criança e destaca a necessidade de conhecer e aproveitar as potencialidades da qualidade da criança. 4 ALGUNS PONTOS DA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKY Nos últimos anos inúmeros estudos foram realizados no intuito de se entender de forma mais assertivas. É justamente nesse contexto que se encaixa a neurociência. Ela corresponde a área em que estuda o sistema nervoso central, como suas funcionalidades, estruturas, fisiológica e patologias. Esse sistema é responsável por estruturar as atividades do corpo, sejam elas voluntárias ou não. Através dos cinco sentidos resulta em seu desenvolvimento intelectual, comportamentos, interações e adaptação ao meio. O trabalho de Vygotsky, segundo LUCCI (2006), é fortemente influenciado pelas ideias de Marx e Engels, pela dialética de Hegel, pelo evolucionismo de Darwin, pela filosofia de Espinosa e pelas ideias de Pierre Janet, entre outros pensadores. É a partir das ideias desses autores que Vygotsky formou sua base de entendimento de que: A Psicologia Histórico-Cultural tem sua gênese na compreensão marxista-leninista do conceito de atividade, pois é nela que se encontra a essência genérica do homem. A atividade humana é determinada pelas formas e meios de comunicação que são possibilitados pelo processo de desenvolvimento da produção social. A atividade do homem concreto depende do lugar que ele ocupa na sociedade, de sua condição de classe, condições objetivas de vida e das mediações que constituem sua individualidade, instância única e original, reconhecida como síntese de múltiplas determinações (LEONTIEV, 1978a). A origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores é social. Há três classes de mediadores: signos e instrumentos; atividades individuais e relações interpessoais; O desenvolvimento de habilidades e funções específicas, bem como a origem da sociedade, é resultante do surgimento do trabalho, este entendido como ação/movimento de transformação e que é pelo trabalho que o homem, ao mesmo tempo em que transforma a natureza para satisfazer as suas necessidades, se transforma também; Existe uma unidade entre corpo e alma, ou seja, o homem é um ser total. Especialmente os postulados darwinianos de mutação, recombinação e seleção natural, que pressupõem instabilidade e movimento no decorrer do tempo, assim como a noção de ordem e a direção da evolução, serviram de base para formulações de Vygotsky, como, podemos ver nas mudanças dos conhecimentos e significados sociais; O desenvolvimento não pressupõe uma sucessão de estágios lineares, fixo e aleatórios, mas que cada estágio supõe o seguinte, isto é, o fato de o processo de desenvolvimento ocorrer por estágios não significa que estes sigam um percurso contínuo, eles são marcados por avanços e retrocessos, mas seguem uma ordem de aparecimento, o que não implica que tenham que ser vivenciados em sua plenitude, e um estágio constitui um pré-requisito para o próximo. O desenvolvimento cultural segue as mesmas leis da seleção natural, e o indivíduo adulto é produto de comportamentos herdados, que são modificados pelas relações sociais; Que para explicar o comportamento humano é preciso considerar as condições biológicas e como estas são modificadas nas relações sociais e culturais. Outra fonte de influência foi à linguística, por suas discussões sobre origem da linguagem e sua possível influência sobre o desenvolvimento do pensamento. Essa temática influenciou sobremaneira o pensamento de Vygotsky, pois a encontramos permeando todo o seu trabalho. Outro ponto de influência é o cenário sociopolítico que valorizava a ciência, enquanto instrumento a serviço dos ideais revolucionários, na busca de respostas rápidas para a construção de uma nova sociedade. Vygotsky afirma que a criança “pensa lembrando” enquanto o adulto “lembra pensando”, enfatizando a importância dos chamados meios artificiais para o controle de processos psicológicos. Estes são produtos desenvolvimento histórico. Vygotsky teve papel fundamental na introdução da cultura na constituição da psique (LUCCI, 2006). VYGOTSKY (2003) se inspira no materialismo dialético de origem marxista para postular os fundamentos da evolução do psiquismo, ele aborda o desenvolvimento humano a partir da fase mais elementar da estrutura psíquica, desde os processos inferiores involuntários, da ordem do biológico. Quando em contato com os elementos da cultura, essas estruturas psíquicas primitivasevoluem medidas pela atividade prática do homem: o uso de instrumentos, a divisão social, do trabalho, a própria necessidade de interação social. As mudanças que ocorrem em cada um de nós tem suas raízes na sociedade e na cultura – o sistema de sinos (a linguagem, a escrita, o sistema de números) é pensado como sistema de instrumentos, os quais foram criados pela sociedade, ao longo de sua história. Esse sistema muda a forma social e o nível de desenvolvimento cultural da humanidade. Segundo VYGOTSKY (2012) Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos o outro (a mediação), ou seja, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas , assim, a relação do indivíduo com o mundo está sempre mediada pelo outro, aquele que nos fornece os significados que nos permitem pensar o mundo a nossa volta. Não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai-se atualizando conforme o tempo passa na medida em que recebemos influências externas. O desenvolvimento não é pensado como algo natural nem mesmo como produto exclusivo da maturação do organismo, mas como um processo no qual estão presente na maturação do organismo, o contato com a cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a aprendizagem. Neste momento aparece o “outro” como alguém fundamental, pois é quem nos orienta no processo da apropriação da cultura (OLIVEIRA, 1997) […] Em todas essas atividades está o “outro”. Parceiro de todas as horas, é ele que lhe diz o nome das coisas, a forma certa de se comportar, é ele que explica o mundo, que lhe responde aos “porquês”, enfim, é o seu grande intérprete do mundo. A atividade externa se internaliza possibilitando o desenvolvimento das funções psíquicas superiores. A escola surgirá, então, como o lugar privilegiado para esse desenvolvimento e/ou aprendizagem é um processo essencialmente social que ocorre na interação com os adultos e com colegas como mediadores da cultura ( Bock, et ai, 1999, p. 124). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível concluir que um ambiente escolar mais precisamente uma turma na sala de aula nunca será homogênea, pois, diversas crianças com seus anseios e expectativas convivem juntas neste mesmo ambiente, e poderão ser frustradas se o profissional não estiver preparado. O fracasso escolar está presente em todas as escolas, e é nesse momento que se destaca a importância do profissional resiliente com desenvoltura e flexibilidade. Um profissional que enfrente o dia à dia com coragem buscando sempre recursos e materiais eficientes para promover o bem estar e o entusiasmo de todas as crianças para poderem seguir em frente ambos numa troca ou reciprocidade, o aprender a aprender sempre presente. Sabe-se que não é uma conduta fácil na prática, na verdade, é uma tarefa árdua, mas prazerosa quando “o fazer” busca o conhecimento para o próprio desenvolvimento e crescimento, não apenas como profissional, mas como pessoa, um ser humano especial que enxerga a necessidade do outro com afetividade que discerni o pensamento do outro. Não há uma única forma de aprender, mas várias formas de aprender, havendo possibilidades de processos de informações assimiladas e aprendidas muito além do básico. O fracasso escolar afeta o sujeito em sua totalidade, na perspectiva da psicologia cognitiva, a mesma é parte dos eventos mentais, das ideias, dos sentimentos, das imagens e da consciência; com o objetivo de construir aprendizagens. A Neurociência tem contribuído para o neuropsícopedagogo atuar em seu campo de maneira que a partir da consciência é possível organizar as próprias atividades, evidenciando o conhecimento de si mesma e realizando suas tarefas de maneira autônoma, gerando aprendizagem mais significativas. Ela também não diz respeito apenas ao sistema nervoso, mas também, como as experiências sensoriais adquiridas ao longo da vida são processadas pelo cérebro e são transformadas em conhecimento. REFERÊNCIAS BERG, E. A. O Livro das Relações Humanas. Seu Manual Para Obter Sucesso com as Pessoas. 1° Ed Editora Juruá. Curitiba, 2014 BOCK, A. M. B. Aventuras do Barão de Munchhausen na Psicologia. São Paulo: EDUC.1999 BRASIL, Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNPp) O que é Neuropsicopedagogia? Joinville, 2016 2016. Disponível online em: < http://www.sbnpp.com.br/o-que-e-neuropsicopedagogia/ > Acesso em 18/10/2017 CLAXTON, G. O desafio de aprender ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2005. 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São Paulo: Editora Ícone, pp.103-117.2012. PIAGET, VYGOTSKY E WALLON: CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS DA LINGUAGEM Caciana Linhares Pereira* http://www.scielo.br/pdf/pe/v17n2/v17n2a10.pdf REFLEXÕES A PARTIR DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA SOBRE A CATEGORIA CONSCIÊNCIA WANDA MARIA JUNQUEIRA AGUIAR Doutora em Psicologia Social e Docente na Faculdade de Psicologia da PUC/SP (p.126) As compreensões do humano para Skinner, Piaget, Vygotski e Wallon: pequena introdução às teorias e suas implicações na escola http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2013000300005 Vera Lucia Trevisan de Souza; Paula Costa de Andrada Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia. Av. Jonh Boyd Dunlop, s/n., Prédio Administrativo, Jd. Ipaussurama, 13059-900, Campinas, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: V.L.T. SOUZA. E-mail: <vtrevisan@puc-campinas.edu.br>