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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO WEB 2

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PEDAGOGIA 
WEB AULA 1 
Unidade 2 – Alfabetização e Letramento: 
Contribuições da Neurociência Sobre o Pensamento e 
a Linguagem 
A leitura é uma aventura que nos fascina e convida a um mundo de 
possibilidades. A leitura sempre deve ser vista como um processo 
meio para realizar projetos que nos ultrapassa. Há na leitura um 
poder: o de aproximar pessoas, experimentar o ingresso em mundos 
diferentes e envolver-se em acontecimentos importantes. Do ponto 
de vista do cérebro humano, a leitura não demanda comandos 
específicos. Em palavras mais claras, a leitura e a escrita, assim 
como fala e escrita, não solicitam qualquer capacidade especial ou 
um desenvolvimento específico do cérebro humano. 
Ler não é apenas decodificar um código e escrever não é apenas 
codificar a oralidade (fala). Ao contrário, o ato da leitura e da escrita 
é, do ponto de vista do cérebro humano, atividades significativas que 
em nada corresponde a uma atividade mecânica e passiva. Ler e 
escrever são atos repletos de sentidos. De acordo com Smith (2003, 
p. 17, grifos do autor), a leitura é uma “[...] atividade construtiva e 
criativa, tendo quatro características distintivas e fundamentais – 
éobjetiva, seletiva, antecipatória, e baseada na compreensão, temas 
sobre os quais o leitor deve, claramente, exercer o controle”. 
Figura ilustrativa 1 – Características distintivas da leitura e escrita. 
 
Fonte: Smith (2003). 
A leitura e a escrita são atos pelos quais o cérebro humano atribui 
uma finalidade. Assim, esses atos são objetivos porque sempre 
representa uma intencionalidade do leitor/escritor, sem a qual 
poderiam se constituir em um ato inútil. É seletiva, pois direcionamos 
nossos atos para aquilo que desperta o nosso interesse, ou seja, para 
aquilo que desperta a nossa atenção. Por isso é que 
vemos/lemos/escrevemos aquilo que afetivamente desperta o nosso 
interesse. É tambémantecipatória, pois ao ler/escrever sempre temos 
um objetivo a ser alcançado, ou seja, define nossos objetivos e 
expectativas. Assim, concordamos com Smith que a compreensão 
“[...] é a base, não a consequência da leitura”. O nosso cérebro 
enfrenta inúmeras dificuldades na compreensão da linguagem oral e 
escrita. Diante das inúmeras possibilidades, muitas vezes ambíguas, 
o cérebro pode ficar confuso na compreensão. Isso significa dizer que 
compreender é a consequência do processamento da informação no 
cérebro para lidar com as múltiplas possibilidades que a linguagem 
representa. Por isso, compreender a leitura ou a escrita não é em si 
um resultado, mas uma forma pela qual o cérebro tenta ordenar, 
organizar e dar sentido à linguagem nas suas diferentes modalidades. 
Figura ilustrativa 2 – Dica de estudo para ampliação do estudo 
acerca da modalidade da linguagem oral e escrita. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=4dh5wWJHhBQ 
SEÇÃO 1 DE APRENDIZAGEM – AS RELAÇÕES ENTRE 
PENSAMENTO E LINGUAGEM 
O pensamento humano não é expresso de forma simples pelas 
palavras. Mas, ao contrário, é por meio das palavras que o 
pensamento se concretiza e passa a existir. Utilizando uma metáfora, 
as palavras constituem a vestimenta do pensamento. Porém, como já 
estudamos no início dessa unidade, as palavras expressam 
corretamente o que o ser humano está querendo dar sentido. Por 
isso, afirmamos que as relações entre pensamento e linguagem 
possuem duas fontes pelas quais se constituem: uma fonte genética 
situada na própria estrutura no cérebro humano; e outra fonte social 
que sempre resulta de mediações sociais e culturais. O pensamento é 
como uma linguagem silenciosa situada no cérebro humano. Essa 
linguagem silenciosa, chamada por Vygotsky (1987), é expressa pelo 
pensamento discursivo (união entre o pensamento e a palavra). 
Como afirma o mesmo autor, o ato do pensamento não se expressa 
na palavra em si, mas é por meio da palavra que se realiza o próprio 
pensamento. Observe que na visão desse autor há uma relação 
íntima e dialética entre pensamento e linguagem como um processo 
contínuo. 
[...] a leitura não pode ser separada do pensamento. A leitura é uma atividade 
carregada de pensamentos. Não existe diferença entre ler e qualquer outro tipo de 
pensamento, exceto que, com a leitura, o pensamento focaliza-se em um texto 
escrito. A leitura pode ser definida como um pensamento que é estimulado e 
dirigido pela linguagem (SMITH, 2003, p. 37). 
O pensamento não pode ser concebido em nosso olhar como uma 
especialização ou um conjunto específico de processos especializados, 
ou seja, o pensamento não é uma capacidade distinta. Assim, “[...] o 
pensamento é a operação normal da teoria de mundo à medida que o 
cérebro realiza sua própria tarefa de criar e testar, seletivamente, 
possíveis mundos, mesmo quando padrões de comportamento 
estabelecidos tornam-se fixados em hábitos [...] (SMITH, 2003, p. 
37)”. Isso quer dizer que o pensamento não é estático e passivo, mas 
sim criativo e construtivo. Muitas vezes, temos uma apropriação 
incorreta ao afirmar que as palavras são o resultado do pensamento: 
primeiro pensamos e depois expressamos o pensamento por meio 
das palavras. Muito ao contrário, o pensamento não é simplesmente 
expresso em palavras, mas sim é por meio dessas palavras é que se 
constitui o ato do pensamento. Assim, as palavras: 
• São construções dialéticas entre pensamento e a própria 
palavra em si; 
• E os seus sentidos não são sempre constantes e imutáveis; 
• Modificam-se no processo do seu desenvolvimento. 
Por isso, é correto afirmar que, se a palavra se modifica à medida 
que as aprendemos e desenvolvemos os sentidos autênticos, 
modifica-se, em consequência, a sua relação com o pensamento. 
No cérebro humano há íntima relação entre a função superior 
chamada memória. Além disso, há áreas especializadas responsáveis 
por essa linguagem silenciosa que resultam de processos eletro-
bioquímicos das redes neuronais que se entrelaçam por meio dos 
prolongamentos dos axônios. Os axônios conectam-se entre si por 
meio das sinapses. São milhões de conexões que se especializam na 
produção dessas funções superiores: memória, linguagem e 
pensamento. Isso quer dizer que a especialização do cérebro humano 
para produzir linguagem e pensamento é em parte herdada 
geneticamente pelo ser humano. 
Aproximadamente após os 6 anos de idade é que as relações entre 
pensamento e linguagem refinam-se e são expressados por meio de 
um discurso coerente. Esse discurso coerente é refinado pela 
capacidade de abstração. É nesse momento que a união entre 
linguagem interior (linguagem para si) e linguagem exterior 
(linguagem para os outros) se constitui como planos da palavra. Em 
palavras mais claras, o aspecto sonoro (fala) e aspecto semântico 
(significado) constituem uma unidade autêntica, cada qual com leis 
próprias de desenvolvimento. 
Isso nos leva a concluir que: 
• A linguagem não serve como expressão de um pensamento 
pronto; 
• Os planos da palavra (sonoro e semântico) representam a 
transição do plano interior para o exterior (fala) e do plano 
exterior para interior (construção de sentido); 
• A palavra conscientizada é a transformação do pensamento em 
palavra; 
• A linguagem interior não antecede a linguagem exterior, nem 
mesmo a linguagem exterior antecede a linguagem interior. 
O que denominamos por pensamento discursivo é a plena união entre 
o ato do pensamento e da linguagem que possui uma raiz genética e 
outra sociocultural. Há uma predisposição genética que nos foi 
transmitida para aprender qualquer língua. A linguagem depende do 
processamento de informações que dependem do reconhecimento do 
cérebro, além da sua íntima relação com o sistema límbico que 
empresta à linguagem uma função emotiva ponderada pela parte 
frontal que confere à linguagem a ponderação racional, ágil e 
motivada segundo o contexto cultural noqual o sujeito se insere. 
Figura ilustrativa 3 – Dica para ampliação do estudo acerca da 
funcionamento do cérebro humano. 
 
 
Parte 
1: https://www.youtube.com/watch?v=sk0rPAGoJcs&list=PLAE8C34C8A0130128 
 
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=jN-aNKfnMBA 
 
Parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=u9Kjn-XHqM4 
É importante considerar que a língua é um elemento importante na 
constituição da linguagem e se expressa por meio do ato da fala. A 
língua influi diretamente no processamento da informação no cérebro 
humano. Por essa razão é que afirmamos que o pensamento é 
linguagem e produto cultural de um grupo social que emprega os 
usos sociais dessa língua nas suas relações. A língua praticada por 
um grupo de falantes influencia, consequentemente, as maneiras 
pelas quais o cérebro humano armazena uma informação antiga e 
internaliza uma nova. A língua pode ser usada como um instrumento 
do pensamento, bem como um instrumento de comunicação, 
interação e produção de discursos, ou seja, entre os sujeitos da 
linguagem. Os usos e as práticas sociais que envolvem o uso da 
linguagem dependem intimamente das formas pelas quais a 
linguagem foi aprendida/desenvolvida pelo sujeito. 
Smith (2003) aponta três condições para o pensamento. A ilustração 
abaixo indica cada uma delas. 
Figura ilustrativa 4 – Condições do pensamento. 
 
Fonte: Smith (2003). 
O conhecimento prévio refere-se ao fato de que a linguagem e o 
pensamento sempre têm um tema, ou seja, o sujeito traz 
informações prévias que possibilitam a linguagem e o pensamento. A 
disposição refere-se às propensões do sujeito. A autoridade é o 
engajamento do sujeito em ato de pensamentos de natureza 
significativa. 
SEÇÃO 2 DE APRENDIZAGEM – O PROCESSAMENTO DA 
LEITURA E DA ESCRITA 
O que acontece no cérebro humano quando lemos? A essa questão 
iremos agora analisar o que ocorre por trás do cérebro. A primeira 
consideração é a de que os olhos somente observam e que o cérebro 
é que determina aquilo que vemos e como o vemos. Isso implica 
afirmar que “[...] as decisões perceptivas do cérebro estão baseadas 
apenas em parte na informação colhida pelos olhos, imensamente 
aumentadas pelo conhecimento que o cérebro já possui (SMITH, 
2003, p. 84)”. Segundo Smith (2003, p. 88), “[...] o fato de os olhos 
estarem abertos não é indicação de que a informação visual do 
mundo a nossa volta está sendo recebida e interpretada pelo 
cérebro”. 
Assim, na fisiologia visual há três grandes considerações importantes 
para serem consideradas no processamento da leitura. São elas: 
Figura Ilustrativa 5 – Condições do funcionamento olhos-cérebro 
para processamento da leitura. 
 
Fonte: Smith (2003). 
Como você já sabe de tudo o que estudamos aqui, a leitura e a 
escrita constituem aspectos importantes para a construção da 
personalidade do sujeito, já que constituem atos especificamente 
humanos. Aprender a falar e a escrever constituem passos 
importantes na vida social e cultural do sujeito. A linguagem na sua 
inter-relação com o pensamento modifica os comportamentos do 
sujeito com o mundo, bem como também o mundo em relação ao 
sujeito. 
Toda criança neurotípica pode aprender a ler/escrever sem nenhuma 
dificuldade. As dificuldades em aprender a ler/escrever ocorrem pois 
pode ocorrer que a forma pela qual se ensina algo não se assemelha 
com formas preponderantes pelas quais o sujeito aprende. 
Interessante notar a questão tão discutida atualmente sobre o 
momento mais adequado sobre a idade ideal para alfabetizar e letrar. 
O que verificamos do ponto de vista da Neurociência é a de que a 
idade psicológica não corresponde à idade cronológica. Além disso, 
não há nenhum estudo recente que indica que haja prejuízos ao 
desenvolvimento e aprendizagem da criança à aprendizagem da 
leitura e escrita ao final da idade pré-escolar. O que é indicado é que 
são necessárias neoformações básicas, tais como: a imaginação, a 
capacidade de reflexão, capacidade de atenção sustentada. 
Ao organizar a leitura, o cérebro humano aciona diversas áreas e 
mecanismos cerebrais (nível psicofisiológico) formados a partir da 
própria atividade da leitura e da escrita. 
Conforme explicita Menegassi (1995), os aspectos neuropsicológicos 
envolvidos no ato da leitura e escrita são: 
• O ouvido fonemático; 
• Análises e sínteses cinestésicos-táteis; 
• Organização sequencial motora; 
• Regulação e o controle da atividade voluntária; 
• Análise e síntese espacial; 
• Retenção audioverbal; 
• Retenção visualverbal. 
Todos esses aspectos situam-se nas áreas secundárias e terciárias do 
córtex cerebral e não em uma única área especializada. 
A leitura se dá a partir da coordenação de 
informações visual e não visual. Segundo Smith (2003), a informação 
visual é uma parte do processo de leitura, mas não é a única. É 
preciso também a informação não-visual, que constitui o 
conhecimento sobre o assunto, ou seja, aquilo que discutimos sobre o 
conhecimento prévio. Por exemplo, o conhecimento sobre como ler é 
uma informação não visual que faz parte da leitura. Desse exemplo, 
podemos perceber as razões de algumas crianças sentirem muitas 
dificuldades em ler e escrever, ou seja, possuem poucas informações 
não-visuais que tornam esses atos muito complexos. Em outras 
palavras, a leitura é o pensamento que está direcionado sobre uma 
informação visual impressa. Por isso, podemos dizer que é quase 
impossível ler sem pensar. Isso somente é possível quando se lê 
algum texto no qual não há nenhum sentido. 
SEÇÃO 3 DE APRENDIZAGEM – IDENTIFICAÇÃO DE LETRAS E 
PALAVRAS NO CÉREBRO HUMANO 
O aspecto relacionado às letras revela uma das discussões acerca do 
processo de alfabetização e letramento. Identificar letras ou palavras 
individuais é um dos aspectos envolvidos na leitura e na escrita. 
Porém, já de início expomos que a leitura fluente não se relaciona, do 
ponto de vista do cérebro humano, com a leitura isolada de letras e 
palavras. Além disso, é diferente conceitualmente e do ponto de vista 
do processamento da informação os processos cognitivos de 
identificar e reconhecer letras. Identificar letras significa decidir se 
esta ou aquela letra com o qual se confronta deve ser colocada em 
uma determinada categoria. Reconhecer envolve a ideia de que o 
objeto com o qual nos confrontamos já foi visto anteriormente, 
mesmo que ele não tenha sido identificado anteriormente. 
Assim: 
 
A letra é composta de duas categorizações: uma categorização 
gráfica (design ou desenho da letra) e a categorização funcional 
(função da letra no contexto da palavra). Representamos essa 
informação por meio de um esquema. Letra é sempre uma 
construção simbólica do cérebro. As letras e sua identificação 
envolvem a discriminação visual, bem como a categorização visual. 
Acompanhe comigo! 
 
Nos planos da linguagem acima exposto sempre é bom destacar que 
há uma unidade autêntica entre o aspecto semântico (construção do 
sentido/significado) e o aspecto sonoro exterior (construção da 
consciência fonológica, por exemplo). O aspecto semântico é guiado 
por um processo de análise e o aspecto sonoro é construído pelo 
processo de síntese. 
A conclusão específica a ser extraída (...) é a de que as letras são, na verdade, 
compostas de um número relativamente pequeno de características. As letras que 
são facilmente confundidas, como ae e,ou t e f, devem ter um número de 
características em comum, e aquelas que raramente são confundidas, 
como o e w ou d e y, devem ter poucas características, ou nenhuma em comum. A 
conclusão geral a ser extraída é a de que o sistema visual é realmente analítico de 
características. A identificação de letras é conseguida pelo exame do olho do 
ambiente visual para as informações sobre as características que eliminarão todas 
as alternativas, exceto uma,assim permitindo que uma identificação seja feita 
(SMITH, 2003, p. 141). 
Identificar as letras é muito diferente de reconhecer as letras. 
Identificar é uma decisão do sujeito em determinar se um 
determinado objeto com o qual o cérebro se confronta deve ser 
colocado em uma categoria ou não. De acordo com isso, na 
identificação das letras não há necessidade de ter visto a letra 
anteriormente. Já o reconhecimento implica em já ter visto o objeto 
(letra) antes. Por isso, dizemos no nosso cotidiano que reconhecemos 
uma pessoa sem identificar o seu nome. Lembramos também que o 
cérebro humano constitui redes neuronais específicas para o 
processamento das letras. 
Além da identificação e reconhecimento das letras, outro ponto 
necessário para nosso estudo é o processo de como o nosso cérebro 
reconhece as palavras. Primeiramente, podemos entender que as 
palavras e sua compreensão sempre se modificam conforme ocorre o 
desenvolvimento do cérebro. Além disso, isso nos leva a considerar 
que se a palavra modifica-se, modifica-se também o pensamento. Já 
assinalamos anteriormente que, segundo Vygotsky (1987, p. 409), 
“[...] o pensamento não se exprime na palavra, mas nela se realiza”. 
Disso decorrem alguns pontos necessários para nossa reflexão: 
• O significado/sentido da palavra sempre é algo mutável, ou 
seja, inconstante. Por essa razão é que Smith (2003, p. 190) 
afirma que “[...] o significado está além das palavras, não se 
pode dizer o que é significado em geral, não mais do que se 
pode dizer qual é o sentido particular de determinada palavra 
ou grupo de palavras [...]”. 
• A palavra sempre contém uma generalização, pois é uma 
tentativa de controlar o aspecto inconstante do seu significado. 
A causa disso está no fato de que o nosso cérebro não deixa de 
ficar perplexo diante das inúmeras possibilidades de 
entendimento da palavra. A sintaxe, a gramática, a ortografia 
são tentativas de “congelar” esses sentidos para que sejam 
acessados e compreendidos pelos sujeitos praticantes de um 
idioma. Em palavras mais simples: nós estabelecemos acordos, 
convenções para lidar com esses sentidos inconstantes que as 
palavras podem ter no contexto do pensamento e da 
linguagem. 
 
A linguagem falada e escrita exerce uma função muito significativa no 
processo de leitura. Assim, há dois aspectos presentes na linguagem: 
a linguagem aparente e a linguagem profunda. A linguagem aparente 
é aquela observável diretamente, por exemplo, por meio da 
oralidade. A linguagem profunda é denominada como linguagem 
interior. A linguagem interior se dá no interior da criança, isto é, esta 
pensa e imagina a palavra em vez de (ou antes) de pronunciá-la. 
Outro aspecto importante é a de que as frases não são entendidas e 
compreendidas por palavras isoladas. 
 
Um dos mecanismos que o cérebro humano dispõe para compreender 
é o da previsão. A previsão como forma de compreender 
palavras/frases constitui-se como um processamento de informação 
direcionado a eliminar previamente alternativas que sejam 
improváveis no contexto no qual está a palavra e a frase. 
 
O mecanismo da previsão não é aprendido e desenvolvido pelo 
sujeito de forma espontânea. Ao contrário, é algo que deve ser 
ensinado e trabalho no espaço institucional da escola. A previsão 
possibilita ao leitor, diante da incerteza que tem frente ao sentido de 
uma palavra/frase, que ele possa limitar o verdadeiro sentido a 
apenas alguns aspectos. 
 
Pelo fato de que o cérebro humano realiza a leitura por meio de um 
mecanismo chamado de previsão, nos leva a considerar que a leitura 
não é somente um mero processo de decodificação. Pelo fato de que 
o cérebro humano fica sempre à frente das palavras, ler é um 
processo criativo, ativo de compreensão. Aquele que lê e escreve não 
prestam atenção direta e única da palavra como um processo 
mecânico de tradução como se suas mentes estivessem vazias, sem 
um objetivo anterior ou uma determinada expectativa. Muito ao 
contrário, a leitura e a escrita pressupõem conhecimento prévio, um 
objetivo e certa dose de expectativa. Portanto, dizemos que ler e 
escrever são atividades-meio que se direcionam à constituição de um 
projeto pessoal do leitor. 
Ler e escrever sempre envolve as emoções do sujeito. Segundo 
Smith (2003, p. 49), “[...] a linguagem é compreendida mantendo-se 
à frente dos detalhes recebidos, com os quais o cérebro humano luta 
para relacionar-se”. Ou seja, o cérebro luta para evitar ambiguidades. 
Assim, do ponto de vista do cérebro humano, as palavras: 
• São organizadas; 
• São selecionadas; 
• Escolhidas e expressas em um veículo (oral ou escrito); 
• Dependentes da situação na qual ela é utilizada; 
• Dependentes do contexto no qual ela é utilizada. 
A especialização da linguagem escrita e falada 
(oralidade) possui convenções (acordos) diferentes cada qual com 
suas regras específicas. Isso indica que não falamos da forma que 
escrevemos e nem escrevemos tal qual o modo pelo qual falamos. 
Com base em Smith (2003), a palavra, quando é pronunciada 
(oralidade), ela “morre”, pois está associada à memória de curto 
prazo. A palavra escrita, ao contrário, depende estritamente daquilo 
que podemos lembrar e daquilo que efetivamente lembramos, isto é, 
das estruturas da memória de longo prazo. 
 
Como já afirmamos anteriormente, a linguagem falada ou escrita 
sempre depende de convenções, pois estas permitem a previsão. 
Sempre é importante lembrar que esses acordos/convenções são 
eminentemente sociais, ou seja, expressam um contrato ou uma 
identificação social que pertence ao grupo praticante de um idioma. 
Por isso, o aspecto cultural que sustenta a linguagem é muito 
importante. E é claro, isso já nos remete ao conceito já estruturado 
na unidade anterior sobre o processo de letramento que sempre se 
refere aos usos e prática sociais que envolvem a leitura e a escrita. 
Ler é uma atividade-meio de interação entre o escritor e o leitor 
mediatizado pela cultura. Portanto, ler depende diretamente da 
informação visual e da informação não-visual que captamos do meio 
por meio dos nossos olhos. Os olhos são os dispositivos pelos quais 
observamos, mas é o cérebro humano que realiza a leitura que 
constitui uma atividade de processamento das informações captadas 
do meio. Ver é uma decisão perceptiva do cérebro humano. Podemos 
dizer que quanto maior for a informação visual sobre o que se lê, 
menor a necessidade de informação não visual. O contrário também é 
verdadeiro: quanto maior for a informação não visual, menor será a 
necessidade de informação visual. Tanto isso é verdade que nesta 
unidade de estudo conciliamos informações visuais (texto escrito, 
desenhos, gráficos) e não visuais (conceitos). 
 
Além da identificação das letras e das palavras, o cérebro, no 
processamento das informações, também se dedica a identificar os 
sentidos. Os sentidos/significados do texto não são imediatamente 
atribuídos ao texto. Assim é que os sentidos são sempre mediados 
pelo texto. O significado nos auxilia na compreensão das palavras. 
Por isso, a dedicação constante que os professores realizam em sala 
de aula para que os alunos possam acessar os sentidos do texto 
(interpretação textual)! Compreender é um processo ativo do cérebro 
que se relaciona com aquilo que o leitor/escritor já sabem e àquilo 
que desejam saber. A construção dos sentidos é um processo 
primário, fundamental. As palavras escritas constituem um processo 
secundário à compreensão. Por exemplo: o fato de ficarmos 
repetindo para nós mesmos a palavra “casa” de forma contínua não 
garante a compreensão do significado dessa palavra. O mesmo 
acontece com palavras de outros idiomas. Se eu não sou um sujeito 
da linguagem do idioma em inglês, o fato de eu ficar repetindo a 
palavra “table” de forma contínua não garantirá que eu entenda oseu 
significado. Por isso é que Smith (2003) expõe que a palavra em si é 
uma estrutura de superfície e que o significado desta não pode ser 
captado por meio de uma rede de palavras. 
A diferença, acerca da compreensão, é que os leitores trazem ao texto questões 
implícitas sobre o significado, em vez de sobre as letras ou palavras. O termo 
identificação do sentido também ajuda a enfatizar que a compreensão é um 
processo ativo. O significado não reside na estrutura da superfície. O significado 
que os leitores compreendem a partir do texto é sempre relativo àquilo que já 
sabem e àquilo que desejam saber. Colocado de outra maneira, a compreensão 
envolve a redução da incerteza do leitor, que faz perguntas e obtém respostas, um 
ponto de vista já empregado na discussão sobre a identificação de letras e 
palavras. Os leitores devem ter especificações sobre o significado (SMITH, 2003, p. 
186). 
Os fatores de compreensão da leitura são os aspectos compartilhados 
entre o leitor e o escritor, as informações que estes têm dos 
elementos linguísticos, dos esquemas mentais, da formação cultural e 
do contexto no qual se produz a fala e a escrita. 
As estratégias de leitura constituem um fator importante para a 
leitura fluente. As estratégias de leitura envolvem processamento de 
informações no cérebro humano que o leitor utiliza para lidar com as 
informações visuais e não visuais. As estratégias de leitura são de 
natureza cognitiva e complexa de serem observadas e controladas. 
 
Por isso é que dizemos que: 
A leitura nunca é uma atividade abstrata, sem finalidade, embora seja 
frequentemente estudada deste modo por pesquisadores e teóricos e, infelizmente, 
ainda seja ensinada deste modo para muitos aprendizes. Os leitores sempre lêem 
algo, lêem com uma finalidade; a leitura e sua rememoração sempre envolve 
emoções, bem como conhecimento e experiência (SMITH, 2003, p. 198). 
A aprendizagem e o desenvolvimento das estratégias de leitura e de 
escrita se aperfeiçoam no exercício dessas práticas. Tudo vem com o 
tempo e com a prática. A automatização dessas atividades no cérebro 
humano é refinada a partir da experiência. 
 
Além das estratégias cognitivas que são de difícil observação e 
controle, há as estratégias metacognitivas, que são mais controladas 
e observáveis. Por isso, podem ser controladas pelo leitor e escritor. 
Segundo Goodman (2003), as estratégias metacognitivas são: 
• Predição: que é a estratégia pela qual o leitor antecipa-se ao 
próprio texto e vai construindo sua compreensão. É, de certa 
forma, uma competência de prever o que o texto tratará. 
• Correção: competência pela qual o sujeito leitor retrocede em 
sua interpretação. Ao prever o significado do texto por meio da 
previsão, a hipótese levantada pode não se verificar ou estar 
incorreta. Assim, o mecanismo que o leitor utiliza é a correção 
para “redirecionar” ao verdadeiro sentido do texto. 
• Seleção: competência pela qual o leitor seleciona (escolhe) 
diante das informações do texto as que sejam efetivamente 
relevantes para compreender o que o texto propõe e a sua 
finalidade. 
• Inferência: competência por meio da qual o leitor complementa 
as informações do texto que está lendo tendo como referência 
conhecimentos e sua bagagem cultural. 
• Confirmação: competência pela qual o leitor verifica se as 
predições e as inferências realizadas sobre o texto se 
confirmam ou não diante dos objetivos e propósitos do texto. 
SEÇÃO 4 DE APRENDIZAGEM – PARA NÃO CONCLUIR... 
Querido aluno e aluna. 
Até aqui, tentamos construir uma caminhada que se pretendeu ser 
lógica e pontual sobre o universo da leitura e da escrita. Meu maior 
desejo é que você não se contente ou se sinta e satisfeito com este 
texto tecido a partir da organização das ideias que se construíram a 
partir de minha visão. Meu desafio a você é que vá mais longe, 
pesquise mais. Supere essas páginas. 
Lindo isso, não? 
Para tal, coloco abaixo um conjunto de textos de aprofundamento 
que podem ser acessados por você. Vamos lá? 
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Os sentidos da Alfabetização. 
São Paulo: Editora Unesp, 2000. 
Disponível em: 
<http://books.google.com.br/books?id=TLF9nN7XyEkC&printsec=fro
ntcover&dq 
=os+sentidos+da+alfabetiza%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-
BR&sa=X&ei=M7wdT5azHOLnsQLu07TLC 
w&ved=0CDUQ6AEwAA#v=onepage&q=os%20sentidos%20da%20alf
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Centro de estudos da Linguagem (CEEL). Livros para download 
Disponível em: <http://www.ufpe.br/ceel/ceel-livros-para-
download.html>.

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