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Guia de Estudos da Unidade 1 Línguistica

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Linguística
UNIDADE 1
1
UNIDADE 1 - A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
DICIPLINA: LINGUÍSTICA I
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a), começamos agora nossa jornada pela ciência linguística. Aqui, 
vamos descobrir muitas informações novas sobre os estudos da linguagem. Teremos 
oportunidade de desfazer vários mitos a respeito da língua olhando-a de maneira 
científica. Seja bem-vindo(a)! Vamos começar nossa jornada...
Cotidianamente, lemos e ouvimos, nos meios de comunicação, comentários relativos 
aos mais diversos usos da língua. Observar os fatos da linguagem é ação recorrente 
nas mídias e na sociedade em geral. Muitas vezes, chegamos a rotular as pessoas 
pela língua que utilizam. Além disso, é por meio da língua que nos comunicamos e 
estabelecemos interação socialmente.
 Deu para perceber que a língua nos rodeia, não é?! É isso mesmo! Estamos 
frequentemente imersos na atividade de uso da língua, além de estarmos sempre 
expostos a comentários acerca da língua do outro e da nossa língua. A maioria desses 
comentários vem, em geral, na forma de preconceito e intolerância com a linguagem 
adotada pelo outro. Tais comentários, no entanto, não têm sustentação científica. Mas 
e o que isso quer dizer?
 
Quer dizer que não são fundamentados numa observação apurada da linguagem. 
Eles não levam em consideração um método de investigação sobre o que realmente 
se passa em matéria de língua e linguagem. São opiniões baseadas sobretudo no 
senso comum ou em investigações sem caráter científico, sem rigor metodológico.
 
E, se isso não é científico, como seria uma investigação científica em linguagem? É 
isso que vamos aprender a partir de agora! A ciência que estuda, de maneira geral, os 
fenômenos da língua é chamada de Linguística. Durante nosso curso, ela será a base 
para tudo que formos estudar sobre os usos da linguagem humana.
 
Em Linguística, sempre que formos observar algum fato da língua, deveremos adotar 
um determinado procedimento para análise. Não podemos fazer juízo de valor sobre 
um falante que diz, por exemplo, “Os livro está na mesa”. A partir de um exemplo como 
esse, o que devemos fazer? Vamos aos passos:
1) Primeiramente, cabe uma reflexão: em matéria de língua, o que acontece aí? 
Chegaremos, então, à descrição do fenômeno: a marcação do plural só é feita no 
artigo, que, por si só, já dá ideia de plural à frase. Não podemos dizer que esse falante 
não produziu um enunciado com sentido, porque ele é compreendido, ou seja, ele 
consegue estabelecer uma interação por meio dessa construção.
2
2) De acordo com o método que adotamos (e a ele corresponderá uma teoria), vamos 
perceber que o falante só sente necessidade de marcar o plural no artigo (como 
acontece, inclusive, na língua padrão turca). Temos aqui um princípio chamado de 
‘economia linguística’; aqui, o falante marca o plural apenas no começo da frase. 
Mesmo assim, a ideia de plural está em toda a frase, embora não seja explicitamente 
marcada. É fácil constatar que, ao dizer “Os livro está na mesa”, o falante não está 
pensando em um único livro, e sim em mais de um.
Percebemos, então, que há explicações científicas para todos os fatos da língua. Diante 
de um uso como esse, o linguista deve procurar entender o que realmente acontece 
ali, tentar explicar o porquê da existência daquele fato linguístico. Ao fim de todos os 
cursos de Linguística da graduação em Letras, seremos capazes de compreender 
os diversos fenômenos da língua, conhecendo um pouco de cada teoria que já foi 
desenvolvida pelos diversos estudiosos dessa ciência ao longo de sua história. Vamos 
descobrir juntos diferentes formas de investigar a língua, sempre realizando reflexões 
críticas do que estamos estudando. E aí? Vamos começar?
 
Nesta unidade, vamos aprofundar os estudos relativos aos conceitos básicos da 
ciência linguística, que são:
•	 Seu percurso histórico: veremos como os estudos da linguagem evoluíram 
desde as primeiras reflexões sobre língua. Assim, poderemos entender 
melhor como essa ciência se constituiu e chegou aos nossos dias, da forma 
como a entendemos hoje na comunidade científica.
•	 Sua definição e seu objeto de estudo: apesar de ser composta por várias 
teorias diferentes, cada uma com uma visão para a ciência, há um certo 
consenso sobre o que é estudar Linguística. É isso que vamos descobrir aqui!
•	 As diversas áreas de estudo nela presentes: aqui, veremos tanto os níveis da 
análise linguística quanto as áreas de estudo interdisciplinar existentes nessa 
ciência.
•	 Os princípios elementares da teoria estruturalista: sendo a primeira grande 
linha do pensamento linguístico como ciência, o Estruturalismo tem em suas 
bases a teoria do linguista Ferdinand de Saussure, considerado o pai da 
Linguística. Neste primeiro momento, vamos conhecer as dicotomias que ele 
propôs para os estudos da língua.
1 – Breve percurso histórico da linguística
Desde a Índia antiga, vemos no mundo o desenvolvimento de estudos da linguagem. 
Como, àquela época, ainda não havia um método determinado para tais estudos, 
não falamos ainda em uma ciência, e sim em propostas de estudar-se a língua. A 
proposta da Linguística enquanto ciência moderna veio apenas no começo do século 
XX, com o estruturalismo de Ferdinand de Saussure. No link a seguir, você encontrará 
informações sobre vida e obra desse linguista: http://sereduc.com/iHQXSC.
3
A partir da página 03 do nosso livro-texto, encontraremos as informações relativas 
ao percurso histórico da linguística: dos primeiros estudos na Índia, passando pelos 
primórdios da Linguística saussuriana até os estudos contemporâneos em Linguística 
moderna. Para aprofundar nossos estudos antes mesmo da leitura do guia, vamos 
assistir ao vídeo “Pedagogia Unesp - Princípios Gerais da Linguística”, no qual a 
professora Cristina Altman fala dos primórdios da Linguística. Ele tem aproximadamente 
15 minutos de duração.
Segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=ndv6mSyXbZ4. 
E aí? Entendeu as ideias do vídeo? As dúvidas devem ser informadas no ambiente 
virtual!
Neste tópico, vamos encontrar informações que vão nos permitir passear pelo 
caminho do panorama histórico no qual se desenvolveu a ciência linguística como hoje 
conhecemos. Vamos refletir sobre diversos tópicos relacionados às fases históricas 
dos estudos linguísticos. Mãos à obra!
a) Os primeiros estudos sobre linguagem registrados pela história foram na Índia. 
Aqui, o intelectual indiano Panini desenvolveu uma gramática para descrever o 
sânscrito védico. Essa era a língua com a qual se escreveram os Vedas, poemas que 
registravam textos sagrados da religião hindu. Como a maior parte da população não 
conhecia a língua em que se produziram esses escritos, o gramático preocupou-se 
em descrevê-la minuciosamente para que o idioma fosse passado pelas gerações e, 
assim, os conhecimentos religiosos não ficassem perdidos no tempo. A gramática de 
Panini é a primeira de que se tem notícia na história. Notaram alguma semelhança 
com as gramáticas normativas de hoje?
Link: vida e obra de Panini - http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C4%81nini	
b) Como a tradição histórica do Ocidente não tende a valorizar o conhecimento 
desenvolvido no Oriente, é dos gregos nossa principal herança também no campo 
dos estudos da linguagem. Mesmo sendo os estudos de Panini pioneiros na área 
de linguagem, foram dos filósofos gregos os primeiros estudos que se mantiveram 
como base teórica para os tempos de hoje. O que isso quer dizer? Que até hoje 
encontramos, na Linguística moderna, influências dos estudos gregos. Dentre eles, 
as principais obras foram as de Platão e Aristóteles. Nas páginas 4 e 5 do livro-texto, 
podemos encontrar mais detalhes a respeito do trabalho desses dois filósofos.
c) Na Idade Média, boa parte das discussões referentes à linguagem foi retomada 
da Antiguidade Clássica. O destaque aqui erapara o latim, mantido como língua 
representativa para a cultura e a ciência. Essa espécie de preservação da língua 
latina não venceu, no entanto, as pressões inerentes à dinâmica de qualquer língua. 
Com o tempo e o desenvolvimento das nações europeias, novas línguas foram dando 
lugar ao latim, as chamadas línguas vernáculas. Seriam essas línguas que teriam o 
4
centro das atenções para serem estudadas a partir de agora. E como isso foi feito? 
Nas páginas 6 e 7 do livro-texto nós vamos encontrar essa resposta! Nesse contexto, 
é válido destacarmos a importância da Gramática de Port-Royal para a descrição do 
francês. Agora vamos pensar... Por que foi escolhido o método racional, lógico para 
a elaboração dessa gramática? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na 
página 7 do nosso livro-texto.
d) No século XIX, a preocupação dos estudiosos da linguagem era outra: a 
comparação de línguas ganhou força, e quase todos os estudos da época tentavam 
descobrir famílias de línguas. Mas o que era isso? Como faziam esse tipo de estudo? 
A chamada linguística histórico-comparativa procurava semelhanças e diferenças 
entre as línguas da época para desvendar suas origens em comum. Eles acreditavam 
que, a partir da uma língua mais antiga e mais abrangente, várias outras línguas foram 
surgindo no planeta, deixando inclusive vestígios das línguas anteriores. Uma família 
de línguas seria composta, então, de uma língua-mãe com as novas línguas que dela 
derivaram. Entre as páginas 7 e 10 do nosso livro-texto, podemos encontrar exemplos 
detalhados de como era feito o estudo histórico-comparativo no século XIX. Vamos 
dar uma olhada?
e) Todo o século XIX teve como principais estudos os da linguística histórico-
comparativa. No início do século XX, entretanto, uma enorme mudança ocorreu nos 
estudos da linguagem. Era a época do Positivismo. Em poucas palavras, essa corrente 
filosófica buscava mostrar racionalmente como aconteciam as coisas do mundo. No 
desenvolvimento de uma ciência, por exemplo, era postulada a necessidade da criação 
de um rigoroso método científico. Nesse contexto, o professor suíço Ferdinand de 
Saussure deu um novo passo na história ao desenvolver um método científico para 
estudo das línguas. Ele acreditava que não mais devíamos nos ocupar de estudar as 
línguas para descobrir suas famílias. A ordem do dia agora era analisar a língua em 
seu tempo, a língua que era o meio de comunicação entre os seres humanos de uma 
determinada época. Surge aí a Linguística, ciência com um método de investigação 
próprio para análise de fenômenos formais da língua. As bases dessa ciência estavam 
indicadas no Curso de Linguística Geral, obra póstuma que alunos de Saussure 
publicaram em 1916. No Curso, estavam fundadas as bases do Estruturalismo 
linguístico. No livro-texto, encontramos informações sobre esse tema entre as páginas 
10 e 12. Para sabermos um pouco mais, que tal consultarmos, na Biblioteca Virtual, 
a obra Convite à linguística, de Claudine Normande?! No prefácio dessa obra, Leci 
Barbisan e Valdir Flores fazem um breve resumo da teoria saussuriana da página 08 
à 12. Boa leitura! Vocês poderão esclarecer suas dúvidas no ambiente virtual.
f) Quando foi publicado, o Curso de Linguística Geral teve um sucesso enorme! A partir 
daí, os fundamentos do Estruturalismo foram sendo difundidos na Europa e nos Estados 
Unidos. Neste último, essa teoria linguística encontrou parceria com a Antropologia e 
a Sociologia. Os estudiosos da corrente norte-americana do Estruturalismo estavam 
preocupados sobretudo em descobrir como o homem se encontrava na relação entre 
língua e sociedade. O contexto americano da época favoreceu a adoção de um método 
5
formal de estudo da língua: diversas tribos indígenas estavam sendo dizimadas pela 
ocupação territorial de povos europeus. Os intelectuais estavam preocupados em 
registrar essas línguas para que não se perdessem com a extinção de seus falantes. 
Nas páginas 12 a 14 do livro-texto, encontraremos mais detalhes sobre essa corrente 
da Linguística Estrutural, principalmente em relação ao trabalho de importantes 
estudiosos como Sapir, Boas e Bloomfield.
Links:
1) Vida e obra de Edward Sapir
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Sapir 
2) Vida e obra de Franz Boas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Boas 
3) Vida e obra de Leonard Bloomfield
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield 
g) Também na Europa o Estruturalismo se consolidou, sobretudo no Círculo Linguístico 
de Copenhague, na figura de Hjelmslev, e no Círculo Linguístico de Praga, com 
Jakobson, Trubetzkoy e Mathesius. Nesses grupos de estudo, desenvolveram-se 
importantes pesquisas no campo da fonologia, da sintaxe e da comunicação. É daí, 
por exemplo, que surgiu a teoria das funções da linguagem, ensinada já há muito 
tempo na nossa educação básica. Aqui, foram lançadas as bases do Funcionalismo 
Linguístico, que se tornaria futuramente um polo oposto ao Formalismo em Linguística. 
Nas páginas 14 e 15 do livro-texto, podemos encontrar algumas informações sobre o 
Estruturalismo europeu.
Links:
1) Vida e obra de Louis Hjelmslev
http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev 
2) Vida e obra de Roman Jakobson
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_Jakobson 
3) Vida e obra de Nikolai Trubetzkoy
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikolai_Trubetzkoy
h) Ainda numa concepção formal de língua, Noam Chomsky, querendo mostrar 
algumas falhas da teoria estruturalista e do Behaviorismo, postula novas ideias sobre 
a linguagem. Para ele, nós já nascemos com a faculdade da linguagem presente 
em nossa mente. Em outras palavras, somos todos competentes para fazer uso da 
linguagem. O que vai diferenciar os usos de cada falante é o desempenho que ele 
terá para fazer uso dessa faculdade da linguagem. É por isso que todas as crianças 
conseguem desenvolver sua língua materna ainda pequenas, mesmo que cada uma o 
faça de maneira diferenciada. Seríamos, então, capazes de gerar em nossa mente as 
6
estruturas gramaticais de nossa língua; daí é que vem o nome da teoria: o Gerativismo. 
Para essa corrente da Linguística, como todos temos a mesma capacidade para 
desenvolver a língua, há uma Gramática Universal que está presente na mente 
humana. A Faculdade da Linguagem seria um fator biológico do ser humano. Sobre 
esse tema, podemos nos aprofundar com a leitura da página 15 à 18 em nosso livro-
texto. No link a seguir, encontramos um vídeo de aproximadamente 5 minutos. Ele é 
bem esclarecedor acerca da teoria gerativa da linguagem: http://sereduc.com/IyUhVN.
Link: vida e obra de Noam Chomsky - http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky
i) Depois da segunda metade do século XX, vários estudos foram desenvolvidos 
para além dos tradicionais como o estruturalismo, o gerativismo e os funcionalismos. 
Novos elementos foram colocados como primordiais para o estudo da língua. Com 
um movimento chamado Virada Pragmática da Linguística, questões de contexto e 
significação passaram a protagonizar a pauta das pesquisar em Linguística. É aí que 
surgem áreas de estudo como a própria pragmática, a Linguística da Enunciação, a 
Linguística de Texto, a Análise da Conversação, a Linguística Aplicada, a Sociolinguística 
e as Análises do Discurso. Em nosso livro-texto, da página 18 à 23, apresentam-se 
essas novas tendências dos estudos linguísticos. Que tal dar uma lida e tentar resumir 
um pouco de cada uma dessas correntes apresentadas?
Percorremos, até aqui, por um “resumão” histórico dos fatos que fizeram a ciência 
linguística ser o que é hoje: um grande caleidoscópio para enxergar a linguagem nos 
mais diversos ângulos. É importante destacarmos também que não existe teoria melhor 
ou pior. O que existe são teorias diversas com diferenciados métodos de pesquisa e 
investigação da língua. Cada um desses métodos será adequado para determinado 
tipo de situação de análise.Deveremos, assim, selecionar a teoria adotada a partir de 
nossos propósitos enquanto pesquisadores. Um exemplo claro está na análise de uma 
língua em extinção cujos falantes já não existem mais e, por isso, não há interação. 
Para esse caso, o linguista deve se ater a fazer a descrição do material linguístico 
que foi coletado na entrevista com o falante. Essa descrição deve ser o mais formal 
possível, pois não haverá interação para ser analisada nessa língua.
Além disso, vimos que os estudos da linguagem não se iniciaram propriamente com o 
advento da ciência linguística, eles já vêm de bem antes. É importante que o estudante 
de Linguística tenha essa ideia bem madura na sua cabeça. Uma boa sugestão para 
nunca esquecer a trajetória dos estudos linguísticos é a elaboração de uma “linha do 
tempo” dos estudos da linguagem pré e pós-saussurianos. Além da sucessão temporal, 
você pode indicar os principais pontos que caracterizam as correntes de estudo da 
linguagem. É uma dica que ajuda muito o aluno a ter essa visão global da Linguística.
7
2 – Definição e objeto da linguística
Depois de toda essa multiplicidade de abordagens mostrada no âmbito dos estudos 
linguísticos, você deve se perguntar: como uma mesma ciência pode ter várias 
possibilidades para se tratar dos fenômenos da língua? Como podemos identificar 
um elemento único que as caracterize, antes de mais nada, como abordagens 
linguísticas? Para ter respostas a essas perguntas, faça, inicialmente, a leitura do 
nosso livro-texto nas páginas 24 a 27. Nele, vamos encontrar algumas respostas a 
esses questionamentos.
Primeiramente, na visão de Saussure, considerado o pai da Linguística, é necessário 
fazer uma distinção entre língua e fala. Para ele, enquanto a língua é coletiva, empregada 
socialmente para fazer com que as comunidades linguísticas se comuniquem, a fala 
é individual, característica única e diferente em cada ser humano. De acordo com 
Saussure, não há como fazer ciência analisando a fala, uma vez que ela não pode 
ser “medida”, já que ocorre de maneira diferenciada em cada indivíduo. O objeto da 
Linguística seria, então, a língua, observada na comunicação diária entre indivíduos 
de um mesmo grupo social. Do mesmo modo, só poderia ser observada a língua 
contemporânea ao pesquisador, deixando-se de lado (pelo menos no objetivo da 
Linguística) o estudo da língua num viés histórico. Essas posturas diferenciarão o 
Estruturalismo Saussuriano de várias outras correntes da Linguística moderna. Mas aí 
são cenas dos próximos capítulos, que vamos aprender no decorrer do curso...
Há ainda, em Linguística, duas grandes ramificações que vão delimitar a forma como 
iremos selecionar nosso objeto de estudo: a micro e a macrolinguística. A microlinguística 
estuda a parte da língua estritamente linguística, gramatical. Abordam-se, aqui, vários 
níveis de análise linguística, a saber: o fonético-fonológico, o morfológico, o lexical, o 
sintático e o semântico. Já a macrolinguística trata de questões além das propriamente 
linguísticas. Abordam-se, aqui, os estudos textuais e discursivos, a enunciação, a 
pragmática, os usos linguísticos, o contexto, a aplicabilidade de outros estudos dentro 
e fora da própria Linguística.
Voltando para a teoria saussuriana, outra diferenciação presente é entre os conceitos 
de linguagem e língua. A língua, como vimos há pouco, é a forma que, por meio 
sobretudo de palavras, utilizamos para estabelecer comunicação com nossos pares. 
A linguagem cobre esse conceito, mas apresenta muito mais aspectos. Podemos 
falar em linguagem verbal e não verbal. A verbal é aquela que usa as palavras para 
a interação entre falantes; corresponde, então, à língua. Todos os outros elementos 
comunicativos que não fazem uso de palavras no jogo da comunicação-interação 
compõem a linguagem não verbal. A linguagem propriamente dita, então, seria a 
soma dessas duas modalidades, a verbal (língua) e a não verbal (demais formas de 
expressar-se na comunicação humana).
8
Para aprofundar o tema debatido nesta segunda parte da 1ª unidade, o objeto da 
Linguística, vamos fazer uma leitura de um trecho do livro Linguística? Que é isso?, 
organizado por José Luiz Fiorin, que se encontra na biblioteca virtual. O texto que 
vamos ler é “O objeto da Linguística”, que vai da página 46 à 50, dentro do capítulo 
As línguas do mundo. Que pontos principais nós podemos destacar nesse texto? 
Escreva-os no ambiente virtual mostrando as principais dúvidas que você tiver.
3 – Áreas de investigação e pesquisa linguística
Como vimos anteriormente, há duas grandes ramificações na Linguística: a 
microlinguística e a macrolinguística. No âmbito da microlinguística, falamos em níveis 
de análise linguística. Na macrolinguística, falamos em áreas da Linguística, sempre 
em consonância com outras áreas do conhecimento humano. Vamos lá, então, 
conhecer um pouco mais sobre essas duas grandes partes da Linguística?
Nas páginas 28 a 30 do livro-texto, encontramos informações sobre a Microlinguística 
e seus níveis de análise. Vamos conhecer um pouco deles...
a) Fonologia: é o estudo dos sons de uma língua e da forma como eles se articulam 
para formar sílabas e, por consequência, palavras. Encontramos mais informações 
sobre fonologia nas páginas 28 e 29 de nosso livro-texto.
b) Morfologia: é o estudo da formação das palavras de uma língua. Para isso, ela 
trabalhará tanto com as palavras propriamente ditas (cujo conceito ainda não é 
consenso entre todos os estudiosos) quanto com os morfemas, unidades menores 
que a palavra, porém dotadas de significado. Podemos encontrar mais informações 
sobre morfologia nas páginas 29 e 30 de nosso livro-texto.
c) Sintaxe: é o estudo das relações entre palavras e sintagmas nas frases da língua. 
Também são estudados os processos de formação de frases e períodos numa 
determinada língua. Mais informações sobre sintaxe se encontram na página 30 de 
nosso livro-texto.
d) Semântica: é o estudo do sentido das expressões linguísticas, sendo elas palavras, 
frases ou blocos maiores, como parágrafos e textos. Encontramos mais informações 
sobre semântica na página 30 de nosso livro-texto.
Uma observação aqui se faz pertinente, caro(a) aluno(a)! Apesar de o título da seção 
do livro-texto ser “Microlinguística: a língua em si”, nem sempre se estuda a língua em 
si nessa área. Quando um pesquisador funcionalista faz uma descrição de alguma 
língua, por exemplo, ele leva em conta que aspectos contextuais colaboraram para 
que o usuário escolhesse essa ou aquela forma linguística para empregar.
9
Na macrolinguística, várias áreas do conhecimento se congregam à Linguística para 
estudar determinados fenômenos da língua sob um viés diferente. Vamos conhecer 
algumas dessas áreas...
a) Psicolinguística: área da Linguística que estuda a língua num contexto psicológico, 
abordando temas como a aquisição da linguagem ou o processamento das informações 
de um texto. Encontramos mais informações sobre psicolinguística nas páginas 31 e 
32 de nosso livro-texto.
b) Sociolinguística: área da Linguística que estuda a língua no ponto de vista dos 
contextos sociais de uso. Para a análise da língua, são levados em conta fatores 
como história, geografia, situação de comunicação, monitoramento linguístico, 
interação entre falantes, estigmas sociais, etc. Encontramos mais informações sobre 
sociolinguística nas páginas 32 e 33 de nosso livro-texto.
c) Linguística Histórica: área da Linguística que estuda a língua do ponto de vista de 
sua formação histórica tanto externa (social) quanto interna (etimologia). Encontramos 
mais informações sobre Linguística Histórica nas páginas 33 e 34 de nosso livro-texto.
d) Filosofia da Linguagem: área da Linguística que investiga as relações lógicas de 
sentido existentes na língua. Aqui, serão propostas reflexões sobre como a linguagem 
é constituídapelo ser humano. Encontramos mais informações sobre Filosofia da 
Linguagem nas páginas 34 e 35 de nosso livro-texto.
e) Linguística Aplicada: área da Linguística que estuda a aplicação de diversas 
teorias linguísticas a questões do dia a dia social, especialmente aquelas ligadas ao 
ensino de línguas. Encontramos mais informações sobre Linguística Aplicada nas 
páginas 35 e 37 de nosso livro-texto.
Quase sempre, cada um dos níveis de análise que apresentamos anteriormente pode 
ser estudado numa dessas perspectivas. Além disso, muitos estudos podem trazer 
aporte teórico de mais de uma área da Linguística. Esses fatos significam que nenhum 
nível de análise e nenhuma área são excludentes. Pelo contrário, eles se combinam 
na maioria das vezes.
Vamos ler, a seguir, o resumo de um artigo científico publicado na revista “Tuiuti: 
ciência e cultura”, em 2012.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma reflexão de um processo terapêutico 
fonoaudiológico voltado a um sujeito com afasia, a partir da Neurolinguística Discursiva. 
Método: Os dados analisados foram obtidos através de sessões fonoaudiológicas 
semanais, gravadas em câmera digital, de março a outubro de 2010, perfazendo um 
total de 25 sessões. Cada sessão teve duração de 40 minutos. Resultado: A partir 
da descrição de três quadros, que apresentaram momentos de interação linguística 
entre o afásico - sujeito desta pesquisa e sua interlocutora-, foi observado que o 
10
espaço terapêutico se instaurou como um lugar onde o sujeito afásico pode rever-se 
na e pela linguagem. Foi notável que a terapeuta buscou potencializar os recursos 
comunicativos do afásico nas diferentes situações dialógicas para a construção 
conjunta da significação. Conclusão: A Neurolinguística Discursiva, teoria a qual 
embasou este trabalho, oportunizou que a terapeuta pudesse, no espaço terapêutico, 
reconhecer, valorizar e investir nas potencialidades linguístico-discursivas do sujeito 
afásico. 
Fonte: http://sereduc.com/wOKMI9
Acesso em: 14/02/2014
Como pudemos observar, na análise do caso discutido no artigo, os autores recorreram 
a aparatos teóricos da Linguística, da Neurociência e da Fonoaudiologia. Isso é 
muito comum nos estudos da linguagem. A isso damos o nome de INTERFACE! Em 
Linguística, há muitas pesquisas que trabalham em interface com outros campos do 
conhecimento. Para ter uma ideia melhor de como isso pode acontecer, você deve 
pesquisar na internet casos em que houve a interface da Linguística com outras ciências 
e verificar como isso se deu. Você encontrará muitos exemplos que servirão para o 
enriquecimento de seu conhecimento. Essa atividade, no entanto, não é obrigatória. 
Seu objetivo é apenas fazer com que você entenda como se dão esses encontros 
teóricos na prática de uma pesquisa.
4 – As dicotomias saussurianas
Para conhecermos melhor a obra de Ferdinand de Saussure, que tal irmos direto à 
fonte? Como podemos fazer isso? No site de pesquisa Google, pesquise os seguintes 
termos: “Curso de Linguística Geral pdf”. Certamente, você encontrará, nos resultados, 
algum link que vai direcioná-lo para o texto original do Curso de Linguística Geral 
traduzido para o português. É sempre bom conhecermos uma teoria com leituras 
direto da fonte, ou seja, leituras de textos escritos pelos próprios teóricos fundadores 
dessa corrente teórica.
 
Nessa obra, você irá encontrar alguns dos principais conceitos que vamos desenvolver 
ao longo da disciplina de Linguística I. O principal deles, nosso objeto de estudo nesta 
parte da 1ª unidade, são as dicotomias saussurianas. Como o próprio nome indica, 
elas são termos elaborados por Saussure que resumem as características das línguas 
naturais, sempre com um par de conceitos complementares. Tenta-se mostrar, assim, 
as diferenças formadoras das línguas. Aprofundaremos nossos conhecimentos sobre 
as dicotomias nas próximas unidades, mas, já nas páginas 37 a 39 do livro-texto, 
podemos ter uma noção desses conceitos.
11
Vejamos esquematicamente quais são as quatro dicotomias saussurianas:
Para que você amadureça as ideias estudadas nesta unidade, assista ao vídeo 
“Curso de Linguística Geral por Ferdinand de Saussure”, disponível no link: 
http://sereduc.com/eabcVs. A partir da escuta atenta do vídeo, que tem aproximadamente 
11 minutos, você poderá entender, em linhas gerais, as ideias principais do Curso de 
Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure (1916).
Concluímos, assim, nossa primeira parte da viagem pela ciência linguística! Esperamos 
que seu rendimento tenha sido satisfatório nas atividades e nas leituras desta primeira 
unidade. Nas próximas unidades, vamos dar continuidade ao trabalho... Até breve!

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