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Linguística UNIDADE 1 1 UNIDADE 1 - A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA DICIPLINA: LINGUÍSTICA I APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), começamos agora nossa jornada pela ciência linguística. Aqui, vamos descobrir muitas informações novas sobre os estudos da linguagem. Teremos oportunidade de desfazer vários mitos a respeito da língua olhando-a de maneira científica. Seja bem-vindo(a)! Vamos começar nossa jornada... Cotidianamente, lemos e ouvimos, nos meios de comunicação, comentários relativos aos mais diversos usos da língua. Observar os fatos da linguagem é ação recorrente nas mídias e na sociedade em geral. Muitas vezes, chegamos a rotular as pessoas pela língua que utilizam. Além disso, é por meio da língua que nos comunicamos e estabelecemos interação socialmente. Deu para perceber que a língua nos rodeia, não é?! É isso mesmo! Estamos frequentemente imersos na atividade de uso da língua, além de estarmos sempre expostos a comentários acerca da língua do outro e da nossa língua. A maioria desses comentários vem, em geral, na forma de preconceito e intolerância com a linguagem adotada pelo outro. Tais comentários, no entanto, não têm sustentação científica. Mas e o que isso quer dizer? Quer dizer que não são fundamentados numa observação apurada da linguagem. Eles não levam em consideração um método de investigação sobre o que realmente se passa em matéria de língua e linguagem. São opiniões baseadas sobretudo no senso comum ou em investigações sem caráter científico, sem rigor metodológico. E, se isso não é científico, como seria uma investigação científica em linguagem? É isso que vamos aprender a partir de agora! A ciência que estuda, de maneira geral, os fenômenos da língua é chamada de Linguística. Durante nosso curso, ela será a base para tudo que formos estudar sobre os usos da linguagem humana. Em Linguística, sempre que formos observar algum fato da língua, deveremos adotar um determinado procedimento para análise. Não podemos fazer juízo de valor sobre um falante que diz, por exemplo, “Os livro está na mesa”. A partir de um exemplo como esse, o que devemos fazer? Vamos aos passos: 1) Primeiramente, cabe uma reflexão: em matéria de língua, o que acontece aí? Chegaremos, então, à descrição do fenômeno: a marcação do plural só é feita no artigo, que, por si só, já dá ideia de plural à frase. Não podemos dizer que esse falante não produziu um enunciado com sentido, porque ele é compreendido, ou seja, ele consegue estabelecer uma interação por meio dessa construção. 2 2) De acordo com o método que adotamos (e a ele corresponderá uma teoria), vamos perceber que o falante só sente necessidade de marcar o plural no artigo (como acontece, inclusive, na língua padrão turca). Temos aqui um princípio chamado de ‘economia linguística’; aqui, o falante marca o plural apenas no começo da frase. Mesmo assim, a ideia de plural está em toda a frase, embora não seja explicitamente marcada. É fácil constatar que, ao dizer “Os livro está na mesa”, o falante não está pensando em um único livro, e sim em mais de um. Percebemos, então, que há explicações científicas para todos os fatos da língua. Diante de um uso como esse, o linguista deve procurar entender o que realmente acontece ali, tentar explicar o porquê da existência daquele fato linguístico. Ao fim de todos os cursos de Linguística da graduação em Letras, seremos capazes de compreender os diversos fenômenos da língua, conhecendo um pouco de cada teoria que já foi desenvolvida pelos diversos estudiosos dessa ciência ao longo de sua história. Vamos descobrir juntos diferentes formas de investigar a língua, sempre realizando reflexões críticas do que estamos estudando. E aí? Vamos começar? Nesta unidade, vamos aprofundar os estudos relativos aos conceitos básicos da ciência linguística, que são: • Seu percurso histórico: veremos como os estudos da linguagem evoluíram desde as primeiras reflexões sobre língua. Assim, poderemos entender melhor como essa ciência se constituiu e chegou aos nossos dias, da forma como a entendemos hoje na comunidade científica. • Sua definição e seu objeto de estudo: apesar de ser composta por várias teorias diferentes, cada uma com uma visão para a ciência, há um certo consenso sobre o que é estudar Linguística. É isso que vamos descobrir aqui! • As diversas áreas de estudo nela presentes: aqui, veremos tanto os níveis da análise linguística quanto as áreas de estudo interdisciplinar existentes nessa ciência. • Os princípios elementares da teoria estruturalista: sendo a primeira grande linha do pensamento linguístico como ciência, o Estruturalismo tem em suas bases a teoria do linguista Ferdinand de Saussure, considerado o pai da Linguística. Neste primeiro momento, vamos conhecer as dicotomias que ele propôs para os estudos da língua. 1 – Breve percurso histórico da linguística Desde a Índia antiga, vemos no mundo o desenvolvimento de estudos da linguagem. Como, àquela época, ainda não havia um método determinado para tais estudos, não falamos ainda em uma ciência, e sim em propostas de estudar-se a língua. A proposta da Linguística enquanto ciência moderna veio apenas no começo do século XX, com o estruturalismo de Ferdinand de Saussure. No link a seguir, você encontrará informações sobre vida e obra desse linguista: http://sereduc.com/iHQXSC. 3 A partir da página 03 do nosso livro-texto, encontraremos as informações relativas ao percurso histórico da linguística: dos primeiros estudos na Índia, passando pelos primórdios da Linguística saussuriana até os estudos contemporâneos em Linguística moderna. Para aprofundar nossos estudos antes mesmo da leitura do guia, vamos assistir ao vídeo “Pedagogia Unesp - Princípios Gerais da Linguística”, no qual a professora Cristina Altman fala dos primórdios da Linguística. Ele tem aproximadamente 15 minutos de duração. Segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=ndv6mSyXbZ4. E aí? Entendeu as ideias do vídeo? As dúvidas devem ser informadas no ambiente virtual! Neste tópico, vamos encontrar informações que vão nos permitir passear pelo caminho do panorama histórico no qual se desenvolveu a ciência linguística como hoje conhecemos. Vamos refletir sobre diversos tópicos relacionados às fases históricas dos estudos linguísticos. Mãos à obra! a) Os primeiros estudos sobre linguagem registrados pela história foram na Índia. Aqui, o intelectual indiano Panini desenvolveu uma gramática para descrever o sânscrito védico. Essa era a língua com a qual se escreveram os Vedas, poemas que registravam textos sagrados da religião hindu. Como a maior parte da população não conhecia a língua em que se produziram esses escritos, o gramático preocupou-se em descrevê-la minuciosamente para que o idioma fosse passado pelas gerações e, assim, os conhecimentos religiosos não ficassem perdidos no tempo. A gramática de Panini é a primeira de que se tem notícia na história. Notaram alguma semelhança com as gramáticas normativas de hoje? Link: vida e obra de Panini - http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C4%81nini b) Como a tradição histórica do Ocidente não tende a valorizar o conhecimento desenvolvido no Oriente, é dos gregos nossa principal herança também no campo dos estudos da linguagem. Mesmo sendo os estudos de Panini pioneiros na área de linguagem, foram dos filósofos gregos os primeiros estudos que se mantiveram como base teórica para os tempos de hoje. O que isso quer dizer? Que até hoje encontramos, na Linguística moderna, influências dos estudos gregos. Dentre eles, as principais obras foram as de Platão e Aristóteles. Nas páginas 4 e 5 do livro-texto, podemos encontrar mais detalhes a respeito do trabalho desses dois filósofos. c) Na Idade Média, boa parte das discussões referentes à linguagem foi retomada da Antiguidade Clássica. O destaque aqui erapara o latim, mantido como língua representativa para a cultura e a ciência. Essa espécie de preservação da língua latina não venceu, no entanto, as pressões inerentes à dinâmica de qualquer língua. Com o tempo e o desenvolvimento das nações europeias, novas línguas foram dando lugar ao latim, as chamadas línguas vernáculas. Seriam essas línguas que teriam o 4 centro das atenções para serem estudadas a partir de agora. E como isso foi feito? Nas páginas 6 e 7 do livro-texto nós vamos encontrar essa resposta! Nesse contexto, é válido destacarmos a importância da Gramática de Port-Royal para a descrição do francês. Agora vamos pensar... Por que foi escolhido o método racional, lógico para a elaboração dessa gramática? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na página 7 do nosso livro-texto. d) No século XIX, a preocupação dos estudiosos da linguagem era outra: a comparação de línguas ganhou força, e quase todos os estudos da época tentavam descobrir famílias de línguas. Mas o que era isso? Como faziam esse tipo de estudo? A chamada linguística histórico-comparativa procurava semelhanças e diferenças entre as línguas da época para desvendar suas origens em comum. Eles acreditavam que, a partir da uma língua mais antiga e mais abrangente, várias outras línguas foram surgindo no planeta, deixando inclusive vestígios das línguas anteriores. Uma família de línguas seria composta, então, de uma língua-mãe com as novas línguas que dela derivaram. Entre as páginas 7 e 10 do nosso livro-texto, podemos encontrar exemplos detalhados de como era feito o estudo histórico-comparativo no século XIX. Vamos dar uma olhada? e) Todo o século XIX teve como principais estudos os da linguística histórico- comparativa. No início do século XX, entretanto, uma enorme mudança ocorreu nos estudos da linguagem. Era a época do Positivismo. Em poucas palavras, essa corrente filosófica buscava mostrar racionalmente como aconteciam as coisas do mundo. No desenvolvimento de uma ciência, por exemplo, era postulada a necessidade da criação de um rigoroso método científico. Nesse contexto, o professor suíço Ferdinand de Saussure deu um novo passo na história ao desenvolver um método científico para estudo das línguas. Ele acreditava que não mais devíamos nos ocupar de estudar as línguas para descobrir suas famílias. A ordem do dia agora era analisar a língua em seu tempo, a língua que era o meio de comunicação entre os seres humanos de uma determinada época. Surge aí a Linguística, ciência com um método de investigação próprio para análise de fenômenos formais da língua. As bases dessa ciência estavam indicadas no Curso de Linguística Geral, obra póstuma que alunos de Saussure publicaram em 1916. No Curso, estavam fundadas as bases do Estruturalismo linguístico. No livro-texto, encontramos informações sobre esse tema entre as páginas 10 e 12. Para sabermos um pouco mais, que tal consultarmos, na Biblioteca Virtual, a obra Convite à linguística, de Claudine Normande?! No prefácio dessa obra, Leci Barbisan e Valdir Flores fazem um breve resumo da teoria saussuriana da página 08 à 12. Boa leitura! Vocês poderão esclarecer suas dúvidas no ambiente virtual. f) Quando foi publicado, o Curso de Linguística Geral teve um sucesso enorme! A partir daí, os fundamentos do Estruturalismo foram sendo difundidos na Europa e nos Estados Unidos. Neste último, essa teoria linguística encontrou parceria com a Antropologia e a Sociologia. Os estudiosos da corrente norte-americana do Estruturalismo estavam preocupados sobretudo em descobrir como o homem se encontrava na relação entre língua e sociedade. O contexto americano da época favoreceu a adoção de um método 5 formal de estudo da língua: diversas tribos indígenas estavam sendo dizimadas pela ocupação territorial de povos europeus. Os intelectuais estavam preocupados em registrar essas línguas para que não se perdessem com a extinção de seus falantes. Nas páginas 12 a 14 do livro-texto, encontraremos mais detalhes sobre essa corrente da Linguística Estrutural, principalmente em relação ao trabalho de importantes estudiosos como Sapir, Boas e Bloomfield. Links: 1) Vida e obra de Edward Sapir http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Sapir 2) Vida e obra de Franz Boas http://pt.wikipedia.org/wiki/Franz_Boas 3) Vida e obra de Leonard Bloomfield http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bloomfield g) Também na Europa o Estruturalismo se consolidou, sobretudo no Círculo Linguístico de Copenhague, na figura de Hjelmslev, e no Círculo Linguístico de Praga, com Jakobson, Trubetzkoy e Mathesius. Nesses grupos de estudo, desenvolveram-se importantes pesquisas no campo da fonologia, da sintaxe e da comunicação. É daí, por exemplo, que surgiu a teoria das funções da linguagem, ensinada já há muito tempo na nossa educação básica. Aqui, foram lançadas as bases do Funcionalismo Linguístico, que se tornaria futuramente um polo oposto ao Formalismo em Linguística. Nas páginas 14 e 15 do livro-texto, podemos encontrar algumas informações sobre o Estruturalismo europeu. Links: 1) Vida e obra de Louis Hjelmslev http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev 2) Vida e obra de Roman Jakobson http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_Jakobson 3) Vida e obra de Nikolai Trubetzkoy http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikolai_Trubetzkoy h) Ainda numa concepção formal de língua, Noam Chomsky, querendo mostrar algumas falhas da teoria estruturalista e do Behaviorismo, postula novas ideias sobre a linguagem. Para ele, nós já nascemos com a faculdade da linguagem presente em nossa mente. Em outras palavras, somos todos competentes para fazer uso da linguagem. O que vai diferenciar os usos de cada falante é o desempenho que ele terá para fazer uso dessa faculdade da linguagem. É por isso que todas as crianças conseguem desenvolver sua língua materna ainda pequenas, mesmo que cada uma o faça de maneira diferenciada. Seríamos, então, capazes de gerar em nossa mente as 6 estruturas gramaticais de nossa língua; daí é que vem o nome da teoria: o Gerativismo. Para essa corrente da Linguística, como todos temos a mesma capacidade para desenvolver a língua, há uma Gramática Universal que está presente na mente humana. A Faculdade da Linguagem seria um fator biológico do ser humano. Sobre esse tema, podemos nos aprofundar com a leitura da página 15 à 18 em nosso livro- texto. No link a seguir, encontramos um vídeo de aproximadamente 5 minutos. Ele é bem esclarecedor acerca da teoria gerativa da linguagem: http://sereduc.com/IyUhVN. Link: vida e obra de Noam Chomsky - http://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky i) Depois da segunda metade do século XX, vários estudos foram desenvolvidos para além dos tradicionais como o estruturalismo, o gerativismo e os funcionalismos. Novos elementos foram colocados como primordiais para o estudo da língua. Com um movimento chamado Virada Pragmática da Linguística, questões de contexto e significação passaram a protagonizar a pauta das pesquisar em Linguística. É aí que surgem áreas de estudo como a própria pragmática, a Linguística da Enunciação, a Linguística de Texto, a Análise da Conversação, a Linguística Aplicada, a Sociolinguística e as Análises do Discurso. Em nosso livro-texto, da página 18 à 23, apresentam-se essas novas tendências dos estudos linguísticos. Que tal dar uma lida e tentar resumir um pouco de cada uma dessas correntes apresentadas? Percorremos, até aqui, por um “resumão” histórico dos fatos que fizeram a ciência linguística ser o que é hoje: um grande caleidoscópio para enxergar a linguagem nos mais diversos ângulos. É importante destacarmos também que não existe teoria melhor ou pior. O que existe são teorias diversas com diferenciados métodos de pesquisa e investigação da língua. Cada um desses métodos será adequado para determinado tipo de situação de análise.Deveremos, assim, selecionar a teoria adotada a partir de nossos propósitos enquanto pesquisadores. Um exemplo claro está na análise de uma língua em extinção cujos falantes já não existem mais e, por isso, não há interação. Para esse caso, o linguista deve se ater a fazer a descrição do material linguístico que foi coletado na entrevista com o falante. Essa descrição deve ser o mais formal possível, pois não haverá interação para ser analisada nessa língua. Além disso, vimos que os estudos da linguagem não se iniciaram propriamente com o advento da ciência linguística, eles já vêm de bem antes. É importante que o estudante de Linguística tenha essa ideia bem madura na sua cabeça. Uma boa sugestão para nunca esquecer a trajetória dos estudos linguísticos é a elaboração de uma “linha do tempo” dos estudos da linguagem pré e pós-saussurianos. Além da sucessão temporal, você pode indicar os principais pontos que caracterizam as correntes de estudo da linguagem. É uma dica que ajuda muito o aluno a ter essa visão global da Linguística. 7 2 – Definição e objeto da linguística Depois de toda essa multiplicidade de abordagens mostrada no âmbito dos estudos linguísticos, você deve se perguntar: como uma mesma ciência pode ter várias possibilidades para se tratar dos fenômenos da língua? Como podemos identificar um elemento único que as caracterize, antes de mais nada, como abordagens linguísticas? Para ter respostas a essas perguntas, faça, inicialmente, a leitura do nosso livro-texto nas páginas 24 a 27. Nele, vamos encontrar algumas respostas a esses questionamentos. Primeiramente, na visão de Saussure, considerado o pai da Linguística, é necessário fazer uma distinção entre língua e fala. Para ele, enquanto a língua é coletiva, empregada socialmente para fazer com que as comunidades linguísticas se comuniquem, a fala é individual, característica única e diferente em cada ser humano. De acordo com Saussure, não há como fazer ciência analisando a fala, uma vez que ela não pode ser “medida”, já que ocorre de maneira diferenciada em cada indivíduo. O objeto da Linguística seria, então, a língua, observada na comunicação diária entre indivíduos de um mesmo grupo social. Do mesmo modo, só poderia ser observada a língua contemporânea ao pesquisador, deixando-se de lado (pelo menos no objetivo da Linguística) o estudo da língua num viés histórico. Essas posturas diferenciarão o Estruturalismo Saussuriano de várias outras correntes da Linguística moderna. Mas aí são cenas dos próximos capítulos, que vamos aprender no decorrer do curso... Há ainda, em Linguística, duas grandes ramificações que vão delimitar a forma como iremos selecionar nosso objeto de estudo: a micro e a macrolinguística. A microlinguística estuda a parte da língua estritamente linguística, gramatical. Abordam-se, aqui, vários níveis de análise linguística, a saber: o fonético-fonológico, o morfológico, o lexical, o sintático e o semântico. Já a macrolinguística trata de questões além das propriamente linguísticas. Abordam-se, aqui, os estudos textuais e discursivos, a enunciação, a pragmática, os usos linguísticos, o contexto, a aplicabilidade de outros estudos dentro e fora da própria Linguística. Voltando para a teoria saussuriana, outra diferenciação presente é entre os conceitos de linguagem e língua. A língua, como vimos há pouco, é a forma que, por meio sobretudo de palavras, utilizamos para estabelecer comunicação com nossos pares. A linguagem cobre esse conceito, mas apresenta muito mais aspectos. Podemos falar em linguagem verbal e não verbal. A verbal é aquela que usa as palavras para a interação entre falantes; corresponde, então, à língua. Todos os outros elementos comunicativos que não fazem uso de palavras no jogo da comunicação-interação compõem a linguagem não verbal. A linguagem propriamente dita, então, seria a soma dessas duas modalidades, a verbal (língua) e a não verbal (demais formas de expressar-se na comunicação humana). 8 Para aprofundar o tema debatido nesta segunda parte da 1ª unidade, o objeto da Linguística, vamos fazer uma leitura de um trecho do livro Linguística? Que é isso?, organizado por José Luiz Fiorin, que se encontra na biblioteca virtual. O texto que vamos ler é “O objeto da Linguística”, que vai da página 46 à 50, dentro do capítulo As línguas do mundo. Que pontos principais nós podemos destacar nesse texto? Escreva-os no ambiente virtual mostrando as principais dúvidas que você tiver. 3 – Áreas de investigação e pesquisa linguística Como vimos anteriormente, há duas grandes ramificações na Linguística: a microlinguística e a macrolinguística. No âmbito da microlinguística, falamos em níveis de análise linguística. Na macrolinguística, falamos em áreas da Linguística, sempre em consonância com outras áreas do conhecimento humano. Vamos lá, então, conhecer um pouco mais sobre essas duas grandes partes da Linguística? Nas páginas 28 a 30 do livro-texto, encontramos informações sobre a Microlinguística e seus níveis de análise. Vamos conhecer um pouco deles... a) Fonologia: é o estudo dos sons de uma língua e da forma como eles se articulam para formar sílabas e, por consequência, palavras. Encontramos mais informações sobre fonologia nas páginas 28 e 29 de nosso livro-texto. b) Morfologia: é o estudo da formação das palavras de uma língua. Para isso, ela trabalhará tanto com as palavras propriamente ditas (cujo conceito ainda não é consenso entre todos os estudiosos) quanto com os morfemas, unidades menores que a palavra, porém dotadas de significado. Podemos encontrar mais informações sobre morfologia nas páginas 29 e 30 de nosso livro-texto. c) Sintaxe: é o estudo das relações entre palavras e sintagmas nas frases da língua. Também são estudados os processos de formação de frases e períodos numa determinada língua. Mais informações sobre sintaxe se encontram na página 30 de nosso livro-texto. d) Semântica: é o estudo do sentido das expressões linguísticas, sendo elas palavras, frases ou blocos maiores, como parágrafos e textos. Encontramos mais informações sobre semântica na página 30 de nosso livro-texto. Uma observação aqui se faz pertinente, caro(a) aluno(a)! Apesar de o título da seção do livro-texto ser “Microlinguística: a língua em si”, nem sempre se estuda a língua em si nessa área. Quando um pesquisador funcionalista faz uma descrição de alguma língua, por exemplo, ele leva em conta que aspectos contextuais colaboraram para que o usuário escolhesse essa ou aquela forma linguística para empregar. 9 Na macrolinguística, várias áreas do conhecimento se congregam à Linguística para estudar determinados fenômenos da língua sob um viés diferente. Vamos conhecer algumas dessas áreas... a) Psicolinguística: área da Linguística que estuda a língua num contexto psicológico, abordando temas como a aquisição da linguagem ou o processamento das informações de um texto. Encontramos mais informações sobre psicolinguística nas páginas 31 e 32 de nosso livro-texto. b) Sociolinguística: área da Linguística que estuda a língua no ponto de vista dos contextos sociais de uso. Para a análise da língua, são levados em conta fatores como história, geografia, situação de comunicação, monitoramento linguístico, interação entre falantes, estigmas sociais, etc. Encontramos mais informações sobre sociolinguística nas páginas 32 e 33 de nosso livro-texto. c) Linguística Histórica: área da Linguística que estuda a língua do ponto de vista de sua formação histórica tanto externa (social) quanto interna (etimologia). Encontramos mais informações sobre Linguística Histórica nas páginas 33 e 34 de nosso livro-texto. d) Filosofia da Linguagem: área da Linguística que investiga as relações lógicas de sentido existentes na língua. Aqui, serão propostas reflexões sobre como a linguagem é constituídapelo ser humano. Encontramos mais informações sobre Filosofia da Linguagem nas páginas 34 e 35 de nosso livro-texto. e) Linguística Aplicada: área da Linguística que estuda a aplicação de diversas teorias linguísticas a questões do dia a dia social, especialmente aquelas ligadas ao ensino de línguas. Encontramos mais informações sobre Linguística Aplicada nas páginas 35 e 37 de nosso livro-texto. Quase sempre, cada um dos níveis de análise que apresentamos anteriormente pode ser estudado numa dessas perspectivas. Além disso, muitos estudos podem trazer aporte teórico de mais de uma área da Linguística. Esses fatos significam que nenhum nível de análise e nenhuma área são excludentes. Pelo contrário, eles se combinam na maioria das vezes. Vamos ler, a seguir, o resumo de um artigo científico publicado na revista “Tuiuti: ciência e cultura”, em 2012. O objetivo deste trabalho foi realizar uma reflexão de um processo terapêutico fonoaudiológico voltado a um sujeito com afasia, a partir da Neurolinguística Discursiva. Método: Os dados analisados foram obtidos através de sessões fonoaudiológicas semanais, gravadas em câmera digital, de março a outubro de 2010, perfazendo um total de 25 sessões. Cada sessão teve duração de 40 minutos. Resultado: A partir da descrição de três quadros, que apresentaram momentos de interação linguística entre o afásico - sujeito desta pesquisa e sua interlocutora-, foi observado que o 10 espaço terapêutico se instaurou como um lugar onde o sujeito afásico pode rever-se na e pela linguagem. Foi notável que a terapeuta buscou potencializar os recursos comunicativos do afásico nas diferentes situações dialógicas para a construção conjunta da significação. Conclusão: A Neurolinguística Discursiva, teoria a qual embasou este trabalho, oportunizou que a terapeuta pudesse, no espaço terapêutico, reconhecer, valorizar e investir nas potencialidades linguístico-discursivas do sujeito afásico. Fonte: http://sereduc.com/wOKMI9 Acesso em: 14/02/2014 Como pudemos observar, na análise do caso discutido no artigo, os autores recorreram a aparatos teóricos da Linguística, da Neurociência e da Fonoaudiologia. Isso é muito comum nos estudos da linguagem. A isso damos o nome de INTERFACE! Em Linguística, há muitas pesquisas que trabalham em interface com outros campos do conhecimento. Para ter uma ideia melhor de como isso pode acontecer, você deve pesquisar na internet casos em que houve a interface da Linguística com outras ciências e verificar como isso se deu. Você encontrará muitos exemplos que servirão para o enriquecimento de seu conhecimento. Essa atividade, no entanto, não é obrigatória. Seu objetivo é apenas fazer com que você entenda como se dão esses encontros teóricos na prática de uma pesquisa. 4 – As dicotomias saussurianas Para conhecermos melhor a obra de Ferdinand de Saussure, que tal irmos direto à fonte? Como podemos fazer isso? No site de pesquisa Google, pesquise os seguintes termos: “Curso de Linguística Geral pdf”. Certamente, você encontrará, nos resultados, algum link que vai direcioná-lo para o texto original do Curso de Linguística Geral traduzido para o português. É sempre bom conhecermos uma teoria com leituras direto da fonte, ou seja, leituras de textos escritos pelos próprios teóricos fundadores dessa corrente teórica. Nessa obra, você irá encontrar alguns dos principais conceitos que vamos desenvolver ao longo da disciplina de Linguística I. O principal deles, nosso objeto de estudo nesta parte da 1ª unidade, são as dicotomias saussurianas. Como o próprio nome indica, elas são termos elaborados por Saussure que resumem as características das línguas naturais, sempre com um par de conceitos complementares. Tenta-se mostrar, assim, as diferenças formadoras das línguas. Aprofundaremos nossos conhecimentos sobre as dicotomias nas próximas unidades, mas, já nas páginas 37 a 39 do livro-texto, podemos ter uma noção desses conceitos. 11 Vejamos esquematicamente quais são as quatro dicotomias saussurianas: Para que você amadureça as ideias estudadas nesta unidade, assista ao vídeo “Curso de Linguística Geral por Ferdinand de Saussure”, disponível no link: http://sereduc.com/eabcVs. A partir da escuta atenta do vídeo, que tem aproximadamente 11 minutos, você poderá entender, em linhas gerais, as ideias principais do Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure (1916). Concluímos, assim, nossa primeira parte da viagem pela ciência linguística! Esperamos que seu rendimento tenha sido satisfatório nas atividades e nas leituras desta primeira unidade. Nas próximas unidades, vamos dar continuidade ao trabalho... Até breve!
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