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Sociolinguística da Libras

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Prévia do material em texto

Indaial – 2022
da Libras
Prof.ª Danielle Vanessa Costa Sousa
Prof.ª Mariana Correia
1a Edição
socioLinguística
Elaboração:
Prof.ª Danielle Vanessa Costa Sousa
Prof.ª Mariana Correia
Copyright © UNIASSELVI 2022
Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. SOUSA, DANIELLE VANESSA COSTA.
Sociolinguística da Libras. Danielle Vanessa Costa Sousa; Mariana Correia. 
Indaial - SC: UNIASSELVI, 2022.
216p.
ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X
“Graduação - EaD”.
1. Sociolinguística 2. Libras
CDD XXXXX
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de Sociolinguística! É com 
muita satisfação que o apresentamos para você. Nesta edição, procuramos apresentar 
as discussões basilares da área e relacionar os estudos da Sociolinguística às discussões 
das línguas de sinais num geral e à Libras em específico. Para que possamos organizar o 
debate que envolverá essas questões, o livro está dividido em três unidades, que serão, 
brevemente, apresentadas a seguir.
Na Unidade 1, serão estudadas as bases das discussões sobre língua e sociedade 
que envolvem o debate da Sociolinguística, para isso, iniciaremos com a compreensão 
das relações entre língua e sociedade, a apresentação da história de delimitação do 
campo de estudos e as correntes de pensamento que fazem parte dos debates da 
Sociolinguística. Ainda nesta unidade, serão estudados os conceitos de variação 
e mudanças linguísticas, bem como os tipos de variação, as noções de comunidade 
linguística e preconceito linguístico. Por fim, serão apresentadas possibilidades 
de contato linguístico de modo a serem estudados os conceitos de empréstimos, 
interferências, misturas e alternâncias; além disso, as concepções de pidgins e crioles 
também entrarão em pauta a partir da compreensão das consequências linguísticas do 
contato entre línguas. Para encerrar unidade, veremos, brevemente, alguns aspectos da 
emergência das línguas de sinais a partir dos contatos linguísticos.
Em seguida, na Unidade 2, serão apresentadas as diferentes concepções 
de linguagem presentes na sociedade e, a partir desta discussão, será estabelecida 
uma reflexão sobre a relação entre língua, cultura e sociedade. Além disso, serão 
apresentadas as particularidades das abordagens de ensino de uma língua adicional e, 
após, mostraremos e diferenciaremos as visões ideológicas sobre os surdos e a surdez, 
a partir das filosofias de educação de surdos.
Por fim, na Unidade 3, os debates serão desenvolvidos em torno da abordagem 
que discute os direitos linguísticos dos surdos, a partir de documentos oficiais que 
orientam sobre a educação de surdos e a Libras. Além disso, apresentaremos os conceitos 
de política e planejamento linguístico, focando em seguida, na política de educação 
bilíngue para surdos no Brasil. Após, discutiremos os elementos linguísticos envolvidos 
na noção de pertencimento social mediado pela língua na formação da identidade surda, 
em seguida, abordaremos alguns dos elementos importantes para compreensão da 
aquisição da Libras e da Língua Portuguesa. Por fim, serão discutidos características e 
conceitos referentes ao caso dos sinais internacionais e o desenvolvimento do Gestuno.
APRESENTAÇÃO
Desse modo, as três unidades que compõem este livro didático pretendem 
apresentar as bases teóricas dos estudos em Sociolinguística e demonstrar as 
discussões sobre língua, linguagem, surdez e políticas públicas na perspectiva deste 
campo de estudos. Assim, a ideia central deste livro é proporcionar, à teoria e implicações 
práticas, debates sobre os estudos sobre surdez da compreensão Sociolinguística dos 
fenômenos linguísticos.
Ao longo deste livro, serão apresentados diferentes materiais, os quais servirão 
de apoio à aprendizagem, de modo a ampliar, sintetizar, relacionar ou exemplificar 
diferentes aspectos das discussões estabelecidas sobre o campo de estudos da 
Sociolinguística e suas implicações no debate sobre surdez, Libras, políticas linguísticas 
e aprendizagem, dentre outros assuntos correlatos.
Desejamos uma boa leitura e bons estudos!
Prof.ª Danielle Vanessa Costa Sousa
Prof.ª Mariana Correia
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - O QUE A SOCIOLINGUÍSTICA ESTUDA? .......................................................... 1
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA SOCIOLINGUÍSTICA .....................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 CONCEPÇÃO SOCIALDA LÍNGUA ......................................................................................3
3 A CIÊNCIA DA LINGUAGEM E A DELIMTAÇÃO DA SOCIOLINGUÍSTICA ...........................6
3.1 HISTÓRIA DA DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDOS DA SOCIOLINGUÍSTICA .................... 9
3.2 ESTUDIOSOS EM LINGUAGEM E SOCIEDADE .............................................................................. 11
4 CORRENTES DE ESTUDO RELACIONADAS À SOCIOLINGUÍSTICA................................ 15
4.1 DIALETOLOGIA ..................................................................................................................................... 15
4.2 SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA ...............................................................................................17
4.3 SOCIOLINGUÍSTICA INTERACIONAL ................................................................................................21
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 30
TÓPICO 2 - VARIAÇÃO E MUDANÇAS LINGUÍSTICAS ...................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33
2 AS CONCEPÇÃO DE NORMA E USO NA LÍNGUA ............................................................. 33
3 O QUE É VARIAÇÃO LINGUÍSTICA? ................................................................................. 39
4 COMUNIDADE LINGUÍSTICA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA .............................................. 45
5 DIFERENÇAS ENTRE VARIAÇÃO E MUDANÇAS LINGUÍSTICAS ................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................57
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................59
TÓPICO 3 - CONTATO LINGUÍSTICO ................................................................................... 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 61
2 INTERFERÊNCIAS E EMPRÉSTIMOS LINGUÌSTICOS ..................................................... 64
3 ALTERNÂNCIAS (CODE-SWITCHING), MISTURAS (CODE-MIXING) 
 E SOBREPOSIÇÕES (CODE-BLENDING) LINGUÍSTICAS ................................................67
4 PIDGINS, LÍNGUAS CRIOULAS E A EMERGÊNCIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS ................70
6 PESQUISA SOBRE SURDEZ NA PERSPECTIVA DA SOCIOLINGUÍSTICA .......................74
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................79
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 84
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 86
UNIDADE 2 — LINGUAGEM E SOCIOLINGUÍSTICA ............................................................. 91
TÓPICO 1 — AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM ................................................................. 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E SOCIOLINGUÍSTICA .................................................. 94
2.1 PURISMO LINGUÍSTICO ......................................................................................................................99
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................107
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................108
TÓPICO 2 - UM OLHAR SOCIOLINGUÍSTICO SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 DE SURDOS ......................................................................................................111
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 AS CONCEPÇÕES SOBRE AS PESSOAS SURDAS ..........................................................111
3 AS FILOSOFIAS DE EDUCAÇÃO DE SURDOS ................................................................ 113
3.1 O ORALISMO ........................................................................................................................................114
3.2 A COMUNICAÇÃO TOTAL .................................................................................................................115
3.3 BILINGUISMO ......................................................................................................................................116
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 121
TÓPICO 3 - LÍNGUAS EM CONTATO ..................................................................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123
2 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS .................................................................................123
3 CONTATO LINGUÍSTICO .................................................................................................. 127
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................134
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................139
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 141
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................143
UNIDADE 3 — POLÍTICAS LINGUÍSTICAS, AQUISIÇÃO, LÍNGUA E LÉXICO .................... 147
TÓPICO 1 — DIREITOS LINGUÍSTICOS: POLÍTICAS PÚBLICAS 
 E SOCIOLINGUÍSTICA.....................................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................149
2 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO ............................................150
3 POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS .................................152
4 SOCIOLINGUÍSTICA, PLURILINGUÍSMO E LÍNGUA DE SINAIS ....................................156
5 PRESENÇA E INTERFERÊNCIAS LP E LIBRAS ..............................................................158
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................163
TÓPICO 2 - PERTENCIMENTO SOCIAL MEDIADO PELA LÍNGUA NA FORMAÇÃO 
 DA IDENTIDADE SURDA ................................................................................. 167
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 167
2 MACRO E MICROSSOCIOLINGUÍSTICA: BILINGUISMO E DIGLOSSIA ..........................168
3 SOCIOLINGUÍSTICA APLICADA AOS CONTEXTOS E SUJEITOS PARA 
 A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE SURDA .......................................................................... 172
4 CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICAPARA O ENSINO DE SURDOS .................... 174
5 ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E SURDEZ ................................................................ 175
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................182
TÓPICO 3 - SINAIS INTERNACIONAIS ..............................................................................185
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................185
2 O PORQUÊ DE NÃO EXISTIR UMA LÍNGUA ÚNICA: LÍNGUA, LÉXICO E SOCIEDADE........ 186
3 LÍNGUAS NATURAIS E LÍNGUAS ARTIFICIAIS: O CASO DO ESPERANTO ...................187
4 GESTUNO E SINAIS INTERNACIONAIS: ORIGEM E POLÍTICA DE USO ........................189
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................195
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................201
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 203
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 205
1
UNIDADE 1 - 
O QUE A 
SOCIOLINGUÍSTICA ESTUDA?
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• perceber o lugar da sociolinguística dentro do campo dos estudos linguísticos;
• conhecer o conceito da sociolinguística na perspectiva histórica dos estudos linguísticos;
• localizar os estudos da sociolinguística dentro das vertentes teóricas da linguística;
• discutir as vertentes teóricas de estudo no campo da sociolinguística;
• compreender as noções de norma e uso dentro da perspectiva dos estudos da 
sociolinguística;
• delimitar a variação linguística na perspectiva da sociolinguística;
• ter um panorama de diferentes tipos de variação linguística;
• perceber os diferentes contextos de ocorrência e de delimitação dos contatos 
linguísticos;
• associar os conceitos presentes nos estudos dos contatos linguísticos aos estudos 
das línguas de sinais;
• observar as estratégias utilizadas em contextos de contato linguístico;
• relacionar as pesquisas feitas dentro dos estudos surdos ao campo de pesquisa da 
sociolinguística.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA SOCIOLINGUÍSTICA
TÓPICO 2 – VARIAÇÃO E MUDANÇAS LINGUÍSTICAS
TÓPICO 3 – CONTATO LINGUÍSTICO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
DA SOCIOLINGUÍSTICA
1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo ao Tópico 1, do Livro Didático de Sociolinguística da Libras! Neste 
momento do nosso debate, serão estudas as bases teóricas desse campo de estudos 
para que possamos, ao longo das discussões apresentadas, compreender qual é a 
concepção social da língua estudada e como se deu a história da delimitação do objeto 
de estudos da Sociolinguística. Em seguida, serão debatidas, brevemente, as correntes 
de estudos teóricos, que são compreendidos dentro das discussões entre língua e 
sociedade, e apresentados alguns dos principais pesquisadores que estruturaram 
os debates sobre a língua em sua dimensão social. Depois disso, debateremos, 
sinteticamente, a respeito de alguns dos aspectos de estudo das línguas de sinais sob 
a perspectiva da Sociolinguística, relacionando as discussões entre língua e sociedade 
a aspectos específicos dos estudos sobre as línguas de sinais. Desse modo, a ideia 
é que seja possível perceber que as discussões linguísticas são importantes para o 
conhecimento dos fenômenos das línguas, independentemente da modalidade, seja 
oral-auditiva ou visuoespacial. 
O objetivo deste tópico é apresentar a perspectiva da Sociolinguística em relação 
ao estudo dos fenômenos linguísticos, a partir da compreensão do seu lugar no campo 
dos estudos linguísticos e da perspectiva histórica da compreensão da relação entre 
língua e sociedade. Por fim, conhecer as principais vertentes, ou correntes teóricas, e 
relacionar esses estudos entre língua e sociedade no âmbito dos estudos sobre línguas 
de sinais. No fim do tópico, você terá conhecido as bases da perspectiva que estuda a 
relação entre língua e sociedade.
Bons estudos!
2 CONCEPÇÃO SOCIAL DA LÍNGUA
Acadêmico, ao pensarmos na língua e no uso social dela, podemos perceber 
que o uso dela é algo que nos parece natural, pois faz parte do nosso cotidiano, com 
diferentes modalidades e usos. Seja qual for a língua, modalidade ou estrutura, nossas 
relações de sentido são perpassadas pelas estruturas linguísticas que aprendemos 
ao longo da vida, pelo contato com outras pessoas que se utilizam do mesmo código 
linguístico. Esse código é um “conjunto de todos os elementos linguísticos vigentes 
numa comunidade e postos à disposição dos indivíduos para lhes servir de meios 
de comunicação” (DICIO, s.d., s.p.). Assim, de modo amplo, esse código abarca os 
elementos específicos da comunicação, como os fonemas, os grafemas e os sinais, e 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
as referências linguísticas compartilhadas, as quais fazem parte da nossa relação com 
a língua e com a linguagem. Dito de outro modo, são nossas vivências em sociedade 
que nos permitem adquirir o sistema linguístico. Os usos específicos e as formas de 
comunicação fazem sentido na sociedade na qual estamos inseridos ao longo da nossa 
vida. Assim, é pela, e através da língua, que as nossas relações de sentido internas e 
externas são estabelecidas.
Ao iniciar as discussões sobre a Sociolinguística, Alkmim (2011, p. 21) coloca que
linguagem e sociedade estão ligadas ente si, de modo inquestionável. 
Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da 
constituição do ser humano. A história da humanidade é a história 
de seres organizados em sociedade e detentores de um sistema de 
comunicação oral [ou sinalizado], ou seja, de uma língua.
Desse modo, a autora salienta que a ligação entre linguagem e sociedade é, não 
apenas, evidente, mas está, também, na base da formação do ser humano como tal, 
logo, ao se viver em sociedade, pela e através da língua e da linguagem que se dão as 
relações entre os seres humanos, ou seja, na sociedade. Além disso, podemos destacar 
que, a partir da estrutura do sistema de comunicação, ou seja, da língua, os seres 
humanos organizam o próprio pensamento. Logo, o sistema da língua é a forma através 
da qual as pessoas ordenam as relações externas (entre seres humanos) e internas 
(em si mesmas). Em outras palavras, a língua é estrutura e estruturante da linguagem 
humana, pois, por ela, e através dela, as relações de sentido se arranjam.
Ao mesmo tempo, através do contato com os demais indivíduos que fazem 
parte da sociedade, o uso da língua se modifica, ajusta, estrutura, organiza e reorganiza 
na interação com os diferentes grupos de interação, nas situações comunicativas, e 
frente a necessidades de estabelecimento de relações sociais organizadas a partir das 
situações comunicativas específicas. A figura a seguir demonstrará, graficamente, de 
modo muito interessante, as inter-relações estruturadas a partir do uso da língua em 
sociedade. Primeiramente, observe, atentamente, a figura, com a discussão feita, até 
agora, em mente:
FIGURA 1 – IMAGEM ILUTRATIVA SOBRE A SOCIOLINGUÍSTICA 
FONTE: Trabalhos escolares (2021, s.p.)
5
Vamos aos destaques em relação à figura?! Então, podemos ver que são 
apresentadas cinco silhuetas coloridas, e, a partir delas, é interessante notar que o 
uso da corcria uma ideia de diversidade, explicita que são pessoas diferentes, mesmo 
que o desenho não tenha elementos que diferenciem, além de uma noção de gênero 
pautada no tamanho do cabelo. Veja, também, que, na extrema esquerda, aparecem as 
únicas duas pessoas que estão conversando entre si, já as demais não parecem estar 
em contato com mais nenhuma em específico, contudo, a partir dos balões de conversa 
que estão inseridos na parte de cima da figura, são evidenciadas as relações e inter-
relações estabelecidas a partir do diálogo da esquerda.
Isso posto, repare que os balõezinhos de diálogo têm diferentes formatos, 
sobrepõem-se, cruzam-se e se misturam entre si, de modo a demonstrar, graficamente, 
a interação que a língua permite entre os diferentes pensamentos, os entrecruzamentos 
que ela promove através dos diálogos internos ou externos, e como esses enunciados 
se mesclam entre as enunciações das diferentes pessoas que fazem parte de uma 
comunidade linguística. Também, são utilizados diferentes formatos, inclusive, aqueles 
semelhantes a nuvens, os quais indicam os pensamentos dos personagens, ou seja, 
demonstram a modificação que a língua sofre ao ser misturada durante as interações 
que ocorrem em sociedade.
A figura utilizada consegue demonstrar como a língua permeia as interações 
sociais em diferentes níveis de modos. Assim, compreendemos que o campo de estudos 
dos fenômenos linguísticos, ao qual a Sociolinguística se dedica, é aquele em que são 
estudadas as relações entre língua e sociedade.
Essa relação entre língua e sociedade é bem complexa, pois abarca discussões 
que envolvem as variações internas de uma língua e a relação entre as diferentes línguas 
e o modo através do qual essas ligações alteram as línguas que estão em contato. Sobre 
os estudos da Sociolinguística, Borin (s.d., p. 8) coloca que
[...] a sociolinguística é uma área que estuda a língua em uso real, 
levando em consideração as relações entre a estrutura linguística 
e os aspectos sociais e culturais da produção linguística. Para essa 
corrente [dos estudos linguísticos], a língua é uma instituição social, 
e, portanto, não pode ser estudada como uma estrutura autônoma, 
independente do contexto situacional, da cultura e da história das 
pessoas que a utilizam como meio de comunicação.
Assim, a língua, não apenas, está relacionada à sociedade, mas a uma entidade 
que se manifesta em sociedade, logo, não pode ser estudada sem que os fatores sociais 
sejam levados em conta. Por consequência, o contexto de enunciação, a cultura e a 
história do povo que utiliza a língua, incluindo a história pessoal dos indivíduos que 
se utilizam dela, devem ser levados em consideração para o estudo dos fenômenos 
linguísticos. Desse modo, “[...] é, precisamente, a DIVERSIDADE linguística, o objeto de 
estudos da Sociolinguística” (BRIGHT, 1964, p. 18, grifo do autor), ou seja, nesse amplo 
espectro de possibilidades, está o propósito dos estudos que observam a relação entre 
o uso da língua e os aspectos sociais.
6
Acadêmico, nesta seção, foi apresentado o modo através do qual a língua e a 
sociedade estão relacionadas para os estudos da Sociolinguística. No próximo subtópico, 
serão apresentados alguns dos aspectos históricos que levaram à delimitação desse 
campo de estudos dentro da linguística. Após, veremos como são organizadas as 
correntes teóricas que estruturam as perspectivas das pesquisas em Sociolinguística.
NOTA
O termo “comunidade linguística” será trabalhando mais adiante, nas 
discussões desta unidade, mas, por enquanto, vamos entendê-lo como 
apresentado no dicionário de Linguística, de Dubois et al. (1973, p. 133, 
grifo dos autores): “Chama-se comunidade linguística um grupo de seres 
humanos que usam a mesma língua ou o mesmo dialeto, num dado 
momento, e que podem se comunicar entre si”. Ou seja, uma comunidade 
linguística é aquela que compartilha as mesmas experiências linguísticas.
3 A CIÊNCIA DA LINGUAGEM E A DELIMTAÇÃO 
DA SOCIOLINGUÍSTICA
Ao percebermos que língua e sociedade são, de fato, indissociáveis, podemos 
estranhar o porquê da necessidade de existir um campo específico para o estudo dos 
fatos linguísticos, pois, se são, assim, ligados, por que a Linguística não se estruturou, 
inicialmente, já com essa compreensão em seu horizonte? Ainda, nas palavras de 
Alkmim (2011, p. 21), “[...] por que existe uma área, dentro da Linguística, para tratar, 
especificamente, das relações entre língua e sociedade – a Sociolinguística? A linguagem 
não seria, essencialmente, um fenômeno de natureza social?”
Para respondermos a essas indagações, Alkmim (2011) destaca que é preciso 
compreender o contexto histórico no qual a Linguística foi proposta como a ciência da 
linguagem, ou seja, as próprias circunstâncias sociais do estabelecimento da ciência da 
linguagem permitem compreender os motivos que levaram os estudiosos a descreverem 
e a analisarem o fenômeno linguístico, separadamente, dos fenômenos sociais. Dito de 
outro modo, o momento da proposição da Linguística, como a ciência que se propõe a 
estudar a língua por ela mesma, é, exatamente, fruto da sua época, tendo em vista que 
os estudiosos da linguagem estavam inseridos em uma conjuntura que valorizava o 
saber cientificista, ou seja, aquele que (per)segue uma lógica vinculada àquilo que pode 
ser testado e comprovado com o mínimo de influência do contexto, ou seja, o que pode 
ser estudado dentro de parâmetros, claramente, delimitados.
7
Sobre isso, Alkmim (2011, p. 23) coloca que
a relação entre linguagem e sociedade, reconhecida, mas nem 
sempre assumida como determinante, encontra-se, diretamente, 
ligada à questão da determinação do objeto de estudo da Linguística. 
Isto é, embora se admita que a relação linguagem sociedade seja 
evidente por si só, é possível privilegiar uma determinada óptica, e 
essa decisão repercute na visão que se tem do fenômeno linguístico, 
da natureza e da caracterização dele.
Isso quer dizer que a definição do objeto de estudo de uma ciência, como 
da Linguística, foi delimitada a partir de uma visão específica que enfatiza um modo 
específico de delimitar aquilo que é percebido como parte dos estudos linguísticos. 
Assim, a partir da observação dos eventos linguísticos e do modo através do qual eles 
são observados, será feita a compreensão daquilo que foi observado. Para exemplificar 
isso, observe o seguinte esquema:
QUADRO 1 – EXEMPLO DE VISÕES DIFERENTES SOBRE O MESMO FENÔMENO LINGUÍSTICO
Fenômeno: a existência de muitas línguas no mundo
Estruturalismo Gerativismo Variacionismo
A língua é um sistema 
subjacente à fala, e, 
socialmente, adquirido 
através do convívio 
entre os falantes de 
determinada língua. Ou 
seja, a estrutura de cada 
língua será adquirida 
através do contato, mas 
esse contato não é o foco 
dos estudos da linguagem, 
pois estes deverão 
se pautar no estudo 
dos caráteres formal e 
estrutural da língua.
A língua é um sistema 
mental que nasce com 
os seres humanos, tendo 
parâmetros universais 
que são ativados, ou não, 
de acordo com a língua 
específica. Ou seja, as 
línguas são diferentes 
porque cada uma delas 
aciona, ou não, um 
parâmetro da Gramática 
Universal interna da mente 
dos seres humanos.
A língua é uma 
propriedade da 
comunidade de fala, 
existindo diversas 
variedades que sofrem 
diversas pressões internas 
e externas, causando 
variações que, com o 
tempo, podem vir a se 
tornar outras línguas, de 
acordo com o status que 
atingem, a comunidade 
linguística de falantes e a 
complexidade estrutural.
FONTE: Os autores
O esquema anterior apresenta um exemplo simples de como três teorias 
diferentes percebem, de modos, também, diversos, um mesmo fenômeno linguístico. 
Desse modo, a escolha de qual será a centralidade da teoria delimitará como ela se 
desenvolverá e quais serão os rumos das pesquisas realizadas dentro dessa perspectiva 
teórica. Dito de outro modo, o mesmo fenômeno linguístico terá compreensões 
diferentes a partirda lente teórica que for utilizada pelo pesquisador, pois cada pesquisa 
se inscreve em um contexto teórico que prioriza certas compreensões em detrimento 
de outras, e essas compreensões diferenciadas abrem diversos percursos de pesquisa.
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Ademais, como já discutimos, as teorias se estabelecem a partir do momento 
histórico e das correntes de pensamento da época. Assim, quando Saussure (1981) 
propõe que a língua, em oposição à fala, seja o objeto da Linguística, ele dá origem à 
visão estruturalista da língua, opondo-se aos estudos históricos e filológicos anteriores 
a ele, e à visão que percebia a língua como resultado de substâncias naturais do cérebro 
e do aparelho fonador, ou seja, aproximava a compreensão linguística do entendimento 
biológico. Logo, quando Saussure (1981) afirma que o objeto de estudos da Linguística é 
a língua em sua forma e estrutura, ele transforma o pensamento linguístico da época e 
inaugura toda uma vertente de estudos sobre a linguagem (ALKMIM, 2011).
Para explicar a que linguística a sua teoria se vincula, Saussure (1981) divide a 
Linguística em Linguística Interna e Linguística Externa, divisão que, ainda, mantém-
se no campo dos estudos linguísticos, mesmo na contemporaneidade: a Linguística 
Interna se ocupa das estruturações formais, e a Linguística Externa estuda as relações 
contextuais. Por isso, as áreas a que a Linguística está relacionada, a outros campos 
de estudo, encontram-se inseridas na Linguística Externa, como a Sociolinguística, a 
Etnolinguística, a Psicolinguística, dentre outras (ALKMIM, 2011).
Antes de seguirmos adiante, com a história da delimitação do campo de 
estudos da Sociolinguística, é interessante chamar a atenção para o fato de que a 
maioria das discussões sobre Linguística parte dos estudos de Saussure (1981). Isso 
acontece porque ele foi o pesquisador que estabeleceu a Linguística como uma área do 
conhecimento independente das demais, pois, até aquele momento, os estudos sobre 
a linguagem ficavam, sempre, subordinados a outras áreas, como história e biologia, 
ou, então, tinham um cunho descritivo de regras, registro de sentidos ou de estudo de 
textos muito antigos. Assim, Saussure (1981) foi o teórico que estruturou a Linguística 
como a conhecemos, e, por isso, tem, sempre, lugar nas discussões sobre a língua(gem).
Neste subtópico, debatemos a respeito de a Sociolinguística ser um campo 
específico dentro da área de estudos da Linguística, devido a fatores históricos e 
culturais que influenciaram a delimitação do campo de estudos. Além disso, também, 
discutimos que cada perspectiva teórica apresenta a própria compreensão do fenômeno 
linguístico, e, por isso, terá uma visão particular desse objeto, delimitada, teoricamente, 
através da perspectiva. Nos próximos subtópicos, estudaremos a delimitação específica 
da Sociolinguística como campo de estudos; brevemente, alguns dos nomes mais 
conhecidos entre os estudiosos que se dedicam a estudar a relação entre língua e 
sociedade; e, em linhas gerais, como cada um deles percebeu o fenômeno linguístico 
pela ótica da língua e sociedade.
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3.1 HISTÓRIA DA DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDOS DA 
SOCIOLINGUÍSTICA
Segundo Alkmim (2011), o termo Sociolinguística foi estabelecido em 1964, e isto 
se deu a partir do Congresso feito na UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), 
organizado por William Brigth. A esse evento, compareceram muitos pesquisadores 
que acreditavam na estruturação desse campo de estudos interdisciplinar. Ao fazer a 
publicação dos anais desse Congresso, o organizador escreve um texto introdutório 
chamado de “As dimensões da Sociolinguística”, a partir do qual ele delimita o campo de 
estudos e caracteriza a nova área de pesquisas. O autor afirma que a Sociolinguística 
pretende “[...] demonstrar a covariação sistemática das variações linguística e social. E, 
talvez, até mesmo, demonstrar uma relação causal numa e noutra direção” (BRIGTH, 
1964, p. 17). Assim, as pesquisas, nessa área, partem do pressuposto de que as 
línguas variam e que essa variação pode ser relacionada às características específicas 
percebidas na estrutura social, pela qual os falantes dessas línguas circulam. Logo, 
essa compreensão observa como as estruturas linguísticas são modificadas a partir dos 
diferentes contextos sociais nos quais as línguas estão inseridas.
NOTA
O conceito de interdisciplinaridade pressupõe a relação entre áreas do conhecimento, 
sendo que uma delas estabelece o rumo da pesquisa com o suporte dado pelas demais 
áreas envolvidas, ou seja, a coordenação das ações se dá a partir de uma das áreas 
envolvidas. No caso da Sociolinguística, a ideia é, exatamente, a de que a discussão da 
relação entre língua e sociedade se fixe dentro do campo das discussões linguísticas. 
Assim, a Sociolinguística é um campo interdisciplinar no qual as discussões se darão 
a partir do estudo da língua e da sociedade, mas com a coordenação dos estudos da 
linguagem. A figura a seguir demonstrará, graficamente, o que foi explicado:
ESQUEMA ILUSTRATIVO INTERDISCIPLINARIDADE
FONTE: Castro (2010, p. 4)
Observe que a área que está no nível mais acima coordena esforços com as demais, 
pois as flechas são nos dois sentidos, logo, essa cooperação não acontece, apenas, de 
cima para baixo, mas ela se estabelece entre os níveis estruturantes, mesmo que uma 
das disciplinas envolvidas esteja, hierarquicamente, posicionada em um estágio acima 
das demais.
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Ainda, nesse mesmo texto fundador da área de pesquisas, Brigth (1964) delineia 
um conjunto de elementos definidos socialmente, os quais ele acredita estarem, 
diretamente, vinculados às variações observáveis na diversidade linguística, ou seja, 
o autor desenha aquelas que, para ele, são as possibilidades de estudo vinculadas à 
língua(gem), abarcadas pelas perspectivas teórica e metodológica da Sociolinguística. 
De acordo com Alkmim (2011, p. 28-29), as possibilidades citadas pelo autor são:
a) Identidade social do emissor ou falante.
b) Identidade social do receptor ou ouvinte.
c) Contexto social.
d) O julgamento social distinto que os falantes fazem do próprio 
comportamento linguístico e sobre o dos outros, isto é, as 
atitudes linguísticas.
Desse modo, percebe-se que as possibilidades de pesquisa estão vinculadas, 
exatamente, a esse modo interdisciplinar da Sociolinguística de perceber o fenômeno 
linguístico, pois estão relacionadas à identidade dos usuários da língua, ao contexto social 
e às discussões a partir das quais a língua é compreendida, como forma de estabelecer 
distinções de poder. Isso quer dizer que as pesquisas, nesta área, observarão como a 
língua e as pessoas interagem e se relacionam.
 Acadêmico, nem na vida nem na Linguística, as coisas surgem do 
nada, como já diria Bakhtin (1990), tudo, na língua, é resposta! Assim, tudo parte do 
conhecimento desenvolvido até aquele momento, confirmando ou contrariando a 
tradição. Seja um adolescente ou uma corrente teórica, todas as modificações partem 
daquilo que veio antes e do que está acontecendo no momento, em direção a algo que 
interage com o que já existe.
Desse modo, os estudos sobre língua e sociedade não nasceram em 1964, mas 
foi, naquele momento, que vários pesquisadores encontraram o campo de atuação 
deles, a partir das perspectivas interdisciplinar, antropológica e social que tinham sido 
desvinculadas no início do século XX, da Linguística, por Saussure, que reconhece o 
aspecto social, mas que diz que, dele, a ciência da linguagem não se ocupará. Ainda, 
dos estudiosos que não concordavam com a perspectiva da Gramática Gerativa de 
Chomsky, que percebia a faculdade da linguagem como uma característica mental 
nascida com o ser humano.
Tendo isso em vista, podemos destacar que, de um lado, a Sociolinguística 
abarcou uma tradição de estudos da Antropologia Linguística, vertente a partir da 
qual “[...] linguagem, cultura e sociedade são considerados fenômenos inseparáveis, 
linguistas e antropólogos trabalhavam ladoa lado, e, mesmo, de modo integrado” 
(ALKMIM, 2011, p. 29). Por outro lado, ela traz a definição específica de um campo de 
estudos interdisciplinar que funciona no interior da Linguística, em que linguistas 
e estudiosos do campo das Ciências Sociais serão atuantes. Em outras palavras, a 
Sociolinguística traz, para a centralidade dos estudos linguísticos, as relações entre 
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língua(gem), cultura e sociedade, a partir de uma perspectiva interdisciplinar que refuta 
a noção de língua como entidade autônoma, apenas, estrutural ou mental, mas, ao 
mesmo tempo, reconhece a Linguística como o lugar de debate do fenômeno linguístico 
com diferentes dimensões e entrecruzamentos.
Assim, neste subtópico, foi apresentado como o campo de pesquisa da 
Sociolinguística foi delimitado, além do momento do estabelecimento dele como área de 
estudos. Brevemente, vimos que ele se inscreve na tradição da Antropologia Linguística, 
ao mesmo tempo em que coloca a relação entre língua e sociedade no interior da 
discussão da ciência da linguagem, refutando a noção estruturalista de Saussure e a 
teoria inatista de Chomsky.
Acadêmico, no próximo subtópico, veremos alguns dos estudiosos que 
relacionaram língua(gem) e sociedade nas pesquisas deles.
ESTUDOS FUTUROS
No último tópico desta unidade, apresentaremos alguns exemplos de 
trabalhos a partir das perspectivas da Sociolinguística e dos Estudos Surdos, 
por isso, apenas, citamos os fatores linguísticos, sem abordar detalhes 
quanto aos estudos específicos.
NOTA
Nesta unidade, estamos usando o termo língua(gem) quando queremos 
fazer referência aos conceitos de língua e de linguagem ao mesmo tempo. 
Quando a ideia é remeter ao conceito de língua como entidade mais 
específica, usamos, apenas, essa palavra, porém, quando é necessário fazer 
referência à capacidade de simbolizar, utilizaremos linguagem.
3.2 ESTUDIOSOS EM LINGUAGEM E SOCIEDADE
Neste espaço, o objetivo é que você seja apresentado, mesmo que, brevemente, 
a alguns dos estudiosos que pautaram as pesquisas deles sobre língua e linguagem. 
Com certeza, toda a seleção é complicada, mas procuramos apresentar aqueles que se 
tornaram referências básicas na área da Sociolinguística.
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É necessário destacar que a fixação do campo de estudos da Sociolinguística 
tem um evento e uma data específicos, contudo, não quer dizer que os estudiosos e 
os pesquisadores da relação entre língua e sociedade existiram, apenas, a partir desse 
momento, ao contrário, foi, exatamente, a existência de trabalhos que conectavam os 
estudos da linguagem e os estudos da sociedade que acabou por provocar o surgimento 
de um campo de pesquisas interdisciplinar dentro da Linguística, que abrangia 
essa compreensão dos fenômenos linguísticos. Dito de outro modo, não é a área do 
conhecimento que faz surgirem estudos, mas é a quantidade, a qualidade e a divulgação 
dos estudos que fazem com que um campo de pesquisas seja delimitado. Contudo, 
é inegável que, depois do estabelecimento do campo de pesquisas, a divulgação 
e a estruturação darão origem a mais divulgação, assim, isso levará mais pessoas a 
conhecerem esse modo de compreender os fatos da língua, logo, surgirão estudiosos e 
serão feitas mais pesquisas dentro da mesma compreensão, e tentando refutar aquilo 
que a área de pesquisas menciona, ou seja, muita gente entende o fenômeno de jeito 
semelhante, e isso faz com que se estabeleça uma perspectiva teórica que dará origem 
a diferentes compreensões que podem ser reunidas sob o mesmo entendimento, ou, 
podem, inclusive, provocar dissidências que darão origem a outras áreas de pesquisa.
A seguir, colocaremos os nomes de alguns dos pesquisadores que estudaram 
as questões linguísticas, fazendo conexões com os fatores sociais envolvidos. Esses 
nomes foram selecionados a partir de Alkmim (2011):
• Meillet (1928 apud ALKMIM, 2011): ele foi aluno de Saussure e estudava a diacronia 
dos estudos linguísticos, ou seja, os estudos dele eram na direção de observar a língua 
ao longo da história dela. Defendia que a língua não era uma entidade autônoma, 
pois ela, apenas, ganha existência a partir dos indivíduos que a utilizam, por isso, a 
realidade da língua era, ao mesmo tempo, linguística e social.
• Bakhtin (2014): para ele, todo o enunciado é resposta a outro enunciado em uma 
cadeia infinita de respostas, pois a interação verbal é a verdadeira realidade da língua, 
e não um sistema abstrato estruturado ou uma enunciação monológica. Dito de outro 
modo, toda a utilização da língua está vinculada às utilizações que a precederam 
e àquelas que serão posteriores a ela, pois não é possível desvincular o fenômeno 
linguístico da interação verbal. A compreensão do diálogo e da enunciação verbal é 
entendida, pelo autor, inclusive, nas obras literárias, pois, para ele, o diálogo escrito, 
sempre, está inserido em uma discussão ideológica em grande escala, respondendo, 
confirmando, contrariando, enfim, respondendo a algo. Por isso, é estudado na 
linguística e na Teoria Literária.
• Jakobson (1974): este pesquisador parte do processo comunicativo de modo amplo, 
e, desse modo, evidencia os aspectos funcionais da linguagem. Ele nomeou e difundiu 
os termos específicos do ato da comunicação verbal, os quais são estudados até 
hoje: remetente, mensagem, destinatário, contexto, canal e código. Na figura a seguir, 
poderá ser visto o modo através do qual esses elementos se relacionam no momento 
da comunicação, de acordo com o autor:
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FIGURA 2 – ESQUEMA DA COMUNICAÇÃO VERBAL DE JAKOBSON
FONTE: Zambillo (2014, p. 3)
É interessante perceber que, embora relacionados, diretamente, à mensagem, 
o contexto, o contato, ou canal, e o código precisam ser compartilhados pelo emissor 
e pelo receptor, para que a mensagem seja, efetivamente, compartilhada pelos 
participantes do evento de comunicação. Além disso, ele coloca que cada um dos fatores 
pode ter predominância na mensagem, e que determinará a estrutura verbal utilizada. 
Para exemplificar isso, Alkmim (2011, p. 25) observa que “[...] a predominância do fator 
remetente configura a função emotiva ou expressiva, a qual exprime a atitude de quem 
fala em relação àquilo de que está falando, e se evidencia, dentre outros procedimentos, 
pelo uso de interjeições, pela alteração de duração de vogais (por exemplo, grande)”. 
Em Libras, poderíamos ilustrar isso com o modo de sinalização de sinais com maior ou 
menor amplitude, ou com o uso de expressões não manuais que dão ênfase a aspectos 
específicos em um diálogo sinalizado.
• Cohen (1956 apud ALKMIM, 2011): em 1956, o autor publicou a obra Por uma 
Sociologia da Linguagem (título original em francês “Pour une sociologie de langage”). 
Neste livro, ele defende a necessidade de que as ciências humanas dialoguem 
para a compreensão do fenômeno linguístico, a principal contribuição dele, para a 
delimitação do campo de pesquisa da Sociolinguística, é que ele estabelece, segundo 
Alkmim (2011, p. 26):
[...] um repertório de tópicos de interesse para um estudo das relações 
entre as divisões sociais e as variedades da linguagem, que permite 
abordar temas, como: a distinção entre variedades rurais, urbanas e de 
classes sociais, os estilos de linguagem (variedades formais e informais), 
as formas de tratamento, a linguagem de grupos segregados (jargão de 
estudantes, de marginais, de profissionais etc.).
Assim, o autor destaca tópicos que enfatizam os estudos das variações da 
linguagem, de acordo com as características dos grupos sociais observados, de modo 
que a análise procure perceber quais são as variedades da linguagem específicas de 
cada conjunto de indivíduos observados. É interessante chamar a atenção para uma 
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característica muito importante das pesquisas em Sociolinguística: a necessidade de 
recolhimento de dados para a análise, ou seja, é um tipo de pesquisa que é feito a 
partir do estudo das formas de uso na sociedade, e, para isso, faz-se preciso captar as 
informações para analisar com a própriasociedade.
• Benveniste (1968 apud ALKMIM, 2011): para ele, a língua só existe no interior de 
uma organização linguística específica e em uma sociedade, também, específica, 
assim, não se pode compreender a língua sem a sociedade, e vice-versa. O estudioso 
reconhece que a língua e a sociedade são dimensões estruturais diferentes, mas, 
ao mesmo tempo, elas têm características que as aproximam: “[...] são realidades 
inconscientes, representam a natureza, são, sempre, herdadas, e não podem ser 
abolidas pela vontade do homem” (ALKMIM, 2011, p. 27). Ou seja, ao mesmo tempo em 
que funcionam em organizações diferentes, essas duas grandezas são aproximáveis, 
devido às peculiaridades que têm em comum. Para o autor, a língua é uma ferramenta 
de análise da sociedade, pois, no interior da língua, está contida a sociedade, por 
isso, esta última pode ser interpretada através da primeira, ou seja, a língua é um 
estruturante da sociedade, através de designações e fenômenos linguísticos ligados 
às questões vocabulares. Desse modo, a língua é a maneira pela qual o indivíduo se 
localiza na natureza e na sociedade, pois, através dela, podem ser observados os 
usos específicos que cada grupo, ou classe social, faz através da língua. Assim, o ser 
humano, e, por consequência, a sociedade, estruturam-se por e através da língua, de 
maneira indissociável.
• Hymes (1962 apud ALKMIM, 2011): este autor propõe uma área de estudos 
interdisciplinares chamada de Etnografia da Comunicação, a qual envolve a Etnologia, 
a Psicologia e a Linguística. No artigo no qual propõe esse modo de organizar os 
estudos da linguagem, o autor, também, destaca que a ideia desloca o estudo 
linguístico da compreensão de código e estrutura e joga o foco para “[...] descrever e 
interpretar o comportamento linguístico no contexto cultural [...]”. Com esse objetivo, 
ele propõe a definição das “[...] funções da linguagem a partir da observação da fala e 
das regras sociais próprias de cada comunidade” (ALKMIM, 2011, p. 30).
• Labov (1963 apud ALKMIN, 2011): este pesquisador foi o responsável por estabelecer 
as bases teórico-metodológicas da Sociolinguística Variacionista. O trabalho dele, a 
respeito da comunidade de Martha’s Vineyard, tornou-se célebre, devido ao modo 
através do qual ele “[...] sublinha o papel decisivo dos fatores sociais na explicação 
da variação linguística, isto é, da diversidade linguística observada” (ALKMIM, 2011, p. 
30). Assim, ele relaciona as especificidades da pronúncia de determinados fonemas, 
em inglês, dos habitantes, às categorias de idade, sexo, ocupação, origem ética e 
atitude. Isso ocorre porque “[...] as pressões sociais estão operando, continuamente, 
sobre a língua, não de algum ponto remoto no passado, mas como uma força social 
imanente agindo no presente vivo” (LABOV, 2008, p. 21). Assim, os estudos dele 
têm uma perspectiva sincrônica, pois estudam a relação entre a língua e como as 
pressões sociais sofridas por ela geram variações, socialmente, determináveis.
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Assim, nós vimos, de modo sintético, alguns dos pesquisadores que relacionaram 
língua(gem) e sociedade, de maneira a compreender o fenômeno linguístico e o fenômeno 
social como pares indissociáveis. Alkmim (2011) chama atenção para a obviedade e a 
complexidade de se estabelecer uma relação entre o linguístico e o social. No próximo 
subtópico, trataremos das vertentes, ou das correntes teóricas de compreensão dessa 
relação, de modo a entender como se estruturam os estudos na Sociolinguística. 
4 CORRENTES DE ESTUDO RELACIONADAS 
À SOCIOLINGUÍSTICA
Acadêmico, talvez, você esteja se perguntando como as infinitas possibilidades 
de relacionar língua e sociedade podem ser estruturadas em pesquisas dentro do 
campo de estudos da Sociolinguística. Isso porque, como visto anteriormente, existe 
uma infinidade de rumos que a pesquisa pode tomar e inúmeras maneiras de se 
compreender o fenômeno linguístico sob a perspectiva a partir da qual ele se estabelece 
com o fenômeno social.
Então, para observar os fatos da língua, o que as áreas do conhecimento 
fazem, é estabelecer grupos de percepções que são passíveis de conexões, ou seja, 
mesmo que os fenômenos sejam infinitos, as lentes sob as quais eles são observáveis 
conseguem estabelecer semelhanças que permitem o agrupamento de estudos que 
apresentam características análogas. Tendo isso em vista, serão apresentadas as três 
principais correntes, ou vertentes de estudo, relacionadas às pesquisas no campo da 
Sociolinguística. Assim, como objetivo desta parte do Tópico 1, percebemos, não apenas, 
quais são as tendências dos estudos relacionadas à Sociolinguística, mas, também, 
quais são os fenômenos percebidos em cada uma delas.
4.1 DIALETOLOGIA
A dialetologia, ou, também, geografia linguística, faz parte daqueles estudos 
anteriores à fixação do campo da Sociolinguística, os quais estudavam a relação entre 
língua e sociedade. De acordo com Dubois et al. (1973), ela é a disciplina que assumiu 
a tarefa de descrever, comparativamente, os diferentes sistemas, ou dialetos, a partir 
dos quais uma língua se diversifica no espaço, além de estabelecer limites. Para 
compreender essa afirmação, precisamos, primeiramente, definir o que é um dialeto, 
após, retomaremos essa citação.
16
Ainda, segundo Dubois et al. (1973, p. 185), dialeto é
uma forma de língua que tem os próprios sistemas léxico, sintático 
e fonético, e que é usada em um ambiente mais restrito do que a 
própria língua. É um sistema de signos e de regras combinatórios da 
mesma origem que outro sistema considerado, como a língua, mas 
que se desenvolveu, apesar de não ter adquirido os status cultural e 
social dessa língua, independente daquela.
Dessa maneira, o dialeto tem a mesma origem da língua, mas é utilizado em 
contextos específicos, porém, não é reconhecido, cultural e socialmente, como uma 
língua independente, às vezes, por, ainda, apresentar muitas semelhanças com a língua 
da qual é apontado como dialeto. Então, voltando à definição da dialetologia (agora, já 
tendo uma noção do que seria um dialeto), podemos afirmar que essa área pesquisa as 
variantes regionais de uma língua e delimita como essas variantes dialetais se estruturam 
em um dado contexto social. Ainda, a respeito dos estudos da Sociolinguística e da 
Dialetologia, nesta questão de dialeto, McCleary (2009, p. 14) coloca que:
Os dialetos são idênticos às línguas do ponto de vista linguístico. Eles 
têm tudo o que as línguas têm. Não são menores ou mais simples, 
ou menos perfeitos. Os dialetos, do ponto de vista linguístico, são 
línguas. Mas do ponto de vista da sociolinguística, são línguas que 
não atingiram a autonomia na imaginação popular.
Assim, a delimitação entre língua e dialeto não é algo muito simples, pois engloba 
elementos que fogem da percepção linguística em si mesma, ou seja, é, exatamente, 
o assunto de estudos dessa área que envolve língua e sociedade, pois são elementos 
de percepção das leis, da sociedade e da compreensão dos falantes que acabam por 
estabelecer a diferença entre língua e dialeto.
Segundo Strobel e Fernandes (1998), o fato de a Libras possuir diferentes 
dialetos regionais é uma comprovação do status de língua natural que lhe cabe, ou seja, 
não é um problema, mas uma característica das línguas naturais.
Ainda, com relação às discussões dialetais, McCleary (2009, p. 15, grifo do autor) 
exemplifica a questão que envolve língua e dialeto a partir da noção de que o português 
brasileiro e o português europeu são considerados dialetos da Língua Portuguesa, porém, 
mesmo que, muito semelhantes na escrita, a fala apresenta diferenças que dificultam 
a compreensão entre eles. Por isso, “os linguistas consideram que, atualmente, as duas 
variedades são tão diferentes que constituem dois sistemas linguísticos distintos, ou 
seja, que são duas línguas diferentes”. O português brasileiro e o português europeu, 
ainda, apresentam traços que permitem perceber a proximidade entre eles, contudo,os sistemas deles são, reconhecidamente, distintos, e, por isso, percebidos como duas 
línguas diferentes. Com relação à Libras, o mesmo autor coloca o seguinte:
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A libras é um dialeto da ASL (língua de sinais americana)? É um dialeto 
da língua de sinais francesa? Qual é o grau de inteligibilidade entre as 
três? Historicamente, a libras e a ASL são línguas irmãs (duas "filhas" 
da língua de sinais francesa), mas cada uma tem sua autonomia, e, 
portanto, são consideradas línguas diferentes (MCCLEARY, 2009, p. 
15, grifo do autor).
Assim, historicamente, a Libras é uma língua que se desenvolveu a partir da 
Língua de Sinais Francesa (Langue de Signes Fançaise – LSF). De modo semelhante, 
a Língua de Sinais Americana (American Sign Language – ASL), também, tem origem 
a partir da LSF, logo, a Libras e a ASL são línguas que derivam de uma mesma origem, 
mas já se distanciaram dela de modo a terem sistemas autônomos diferentes e serem 
reconhecidas, politicamente, como línguas diferentes da língua-mãe, a LSF.
Por fim, podemos afirmar que a Dialetologia é uma área de estudos que tem uma 
história particular e específica como campo de estudos, anterior à fixação do campo da 
Sociolinguística. Para delinear a relação entre elas, Macêdo (2012, p. 36-37) coloca que 
“[...] a dialetologia tem, como base de descrição, a localização espacial, configurando-
se como, eminentemente, diatópica. A Sociolinguística, por sua vez, centra-se na 
correlação entre os fatos linguísticos e os fatores sociais”. Ou seja, a Dialetologia se 
preocupa mais com fatores geográficos, e, a Sociolinguística, com fatores sociais, mas 
ambas estudam como esses fatores influenciam a língua. Além disso, a autora chama 
a atenção para o fato de que as duas disciplinas têm o mesmo propósito de estudar a 
língua e as forças sociais que a modificam, porém, utilizam métodos diferentes para a 
análise desse objeto de estudos.
Acadêmico, como vimos, a Dialetologia e a Sociolinguística têm semelhanças e 
diferenças, mas ambas estudam a língua e as variações sociais dela, inclusive, alguns 
autores as colocam, até certo ponto, como sinônimas (CARDOSO, 2010). Por isso, neste 
material, escolhemos manter a inserção da Dialetologia como uma das correntes, ou 
vertentes, vinculadas à Sociolinguística, pois ambas tratam da língua e da relação entre 
os elementos geográficos, culturais e sociais que a pressionam ou a influenciam. Apenas, 
escolhemos trazer, mesmo que, brevemente, esse debate, pois, ora a Dialetologia 
aparece nos materiais disponíveis como vertente, ora, como disciplina autônoma 
relacionada à Sociolinguística, logo, é interessante que você tenha a informação de que 
esse entendimento diferente poderá aparecer nas suas pesquisas.
4.2 SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA
A Teoria da Variação se desenvolveu a partir dos estudos de Labov (1972), e deu 
origem à vertente mais conhecida da Sociolinguística: a linha de pesquisa variacionista. 
Aqui, veremos, apenas, algumas linhas gerais dessa teoria, pois os demais tópicos desta 
unidade falarão, especificamente, dela.
18
Conforme Coelho et al. (2010, p. 22), a visão laboviana, acerca da relação 
entre língua e sociedade, é a de que “não existe uma comunidade de fala homogênea, 
nem um falante-ouvinte ideal. Pelo contrário, a existência de variação e de estruturas 
heterogêneas nas comunidades de fala é um fato comprovado”. Dito de outro modo, é 
uma realidade da língua a diversidade de usos, incluindo a organização estrutural nos 
grupos linguísticos de fala, assim, a pluralidade linguística faz com que não exista um 
padrão homogêneo de usuário da língua.
No interior das comunidades linguísticas, é uma realidade a existência da 
“variação inerente”, ou seja, “[...] como o sistema linguístico é heterogêneo, (i) a variação 
é uma propriedade regular do sistema; (ii) o falante tem competência linguística para 
lidar com regras variáveis”, segundo Coelho et al. (2010, p. 22). Dito de outro modo, a 
mutabilidade do sistema linguístico é uma característica constante do sistema, assim, 
a mudança é um traço, sempre, presente. A variação é certeza no sistema linguístico. 
Além disso, o usuário proficiente da língua consegue operar, linguisticamente, dentro 
das normas variáveis, ou seja, o falante/sinalizante que sabe a língua consegue 
compreender e operar mesmo dentro das regras variáveis que agem dentro da língua.
Essas variações, e a compreensão do que foi dito, ficam bem evidentes quando 
se compreende que a comunicação acontece mesmo não havendo “[...] dois falantes 
que se expressam do mesmo modo, nem mesmo um falante que se expresse da mesma 
maneira em diferentes situações de comunicação”, conforme Coelho et al. (2010, p. 22). 
Para ilustrar isso, pense em duas pessoas sinalizando o sinal de OI em Libras. O modo 
de articular o léxico poderá variar, de acordo com a personalidade e com a situação na 
qual está interagindo: com o chefe, com os amigos, sóbrio, bêbado, feliz, triste, em uma 
entrevista de emprego. Cada uma dessas possibilidades poderá interferir na sinalização, 
pois mudará o modo através do qual a língua é utilizada.
Em sua teoria, Labov (1972), também, delimita como a pesquisa, na 
Sociolinguística Variacionista, deverá perceber o fenômeno linguístico. De acordo com 
Coelho et al. (2010, p. 22):
A busca por julgamentos intuitivos homogêneos é falha. Os linguistas 
não podem continuar a produzir teoria e dados ao mesmo tempo. 
Para lidar com a língua, é preciso olhar para os dados de fala do dia 
a dia e relacioná-los às teorias gramaticais o mais criteriosamente 
possível, ajustando a teoria de modo que ela dê conta do objeto.
Desse modo, as pesquisas linguísticas, de acordo com os estudos da 
Sociolinguística Variacionista, deverão partir do pressuposto da heterogeneidade da 
língua e do estudo consciente e planejado da língua, pois os estudiosos da linguagem 
deverão pautar as próprias pesquisas em dados coletados pela fala cotidiana, e, partindo 
de critérios claros e pensados, relacionar o corpus coletado às teorias gramaticais, 
fazendo ajustes na teoria, para que ela dê conta do que ficou aparente nos dados 
19
obtidos. Dito de outro modo, Labov (1972) afirma que é necessário observar a língua em 
uso através da coleta de dados, pois os pesquisadores precisam perceber aquilo que 
acontece no uso da língua, assim, os fenômenos linguísticos observáveis darão o rumo 
das descobertas teóricas.
NOTA
A palavra corpus é um termo que remete a todo o conjunto de materiais 
para a análise linguística, ou seja, o conjunto de dados para a investigação 
em uma pesquisa.
Desse modo, a teoria da variação apresenta, em seu cerne, a preocupação com a 
metodologia da pesquisa da Sociolinguística Variacionista, pois Labov (1972 apud COELHO 
et al., 2010) se preocupa em detalhar o modo através do qual o olhar do pesquisador deverá 
se voltar ao objeto de estudos, e faz reflexões acerca do modo como a teoria deverá ser 
norteada a partir de dados verificáveis e da observação criteriosa destes.
A partir dessas discussões propostas pelo autor, Veloso (2014, p. 3) apresenta a 
divisão das três ondas, ou das tendências de prática analítica, pela Teoria da Variação. 
Elencadas por Eckert (2012), essas tendências são modos de perceber o fenômeno 
linguístico a partir da perspectiva teórica da variação, e “[...] não se sucedem ou se 
substituem, mas, apenas, correspondem à maneira característica com que esses 
modelos lidaram/lidam com a variação linguística ao longo das décadas de estudo”. Isso 
quer dizer que essas são percepções utilizadas para a análise do corpus coletado para a 
pesquisa linguística, ou seja, não se sobrepõem ou substituem, podendo ser utilizadas 
de acordo com os objetivos da pesquisa, do pesquisador, dentre outras variáveis.
Para sintetizar as três tendências de análise na Sociolinguística Variacionista, 
elaboramos um quadro-resumo no qual são apresentadas.
20
QUADRO 2 – RESUMO DAS TRÊS ONDAS DE ANÁLISE NA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTAOndas Tendência 
analítica
Características das pesquisas
Primeira onda Desenvolvimento 
do grande quadro
• Grandes estudos de levantamento de 
comunidades, geograficamente, definidas. 
• Hierarquia socioeconômica como um mapa 
do espaço social. 
• Variáveis, como marcadores de categorias 
sociais primárias, e carregando traços de 
prestígio/estigma.
• Estilo, como atenção prestada à fala, e 
controlado pela orientação em direção ao 
prestígio/estigma.
Segunda onda Desenvolvimento 
do quadro local
• Estudos etnográficos de comunidades 
definidas geograficamente. 
• Categorias locais como elo para as 
demográficas. 
• Variáveis, como indicadores de categorias, 
localmente, definidas.
• Estilo como atos de filiação.
Terceira onda Perspectiva 
estilística
• Estudos etnográficos de comunidades de 
prática.
• Categorias locais construídas através de 
posições comuns.
• Variáveis, como indicadores de posições, 
atividades, características.
• Estilo como construção da persona.
FONTE: Adaptado de Veloso (2014)
Ao observarmos as três tendências apontadas pela autora, podemos perceber 
um movimento analítico que sai do geral para o individual, pois, na primeira onda, são 
detalhadas características de pesquisas que observam o panorama língua e sociedade 
de modo mais abrangente, pois os estudos pretendem delimitar macroestruturas 
comunitárias ou linguísticas que envolvem a forma através da qual o todo social é 
percebido ou se percebe o todo, pois os objetivos são observar e desenhar as comunidades 
de fala, as variáveis mais ou menos prestigiadas da sociedade e as variáveis atreladas 
às características socioeconômicas. Já na segunda onda, aparecem estudos nos 
quais a prioridade é a delimitação de características menos gerais, com comunidades 
linguísticas localizadas em lugares específicos, estilo linguístico, e modo de estabelecer 
o pertencimento a um grupo específico. Na terceira tendência de análise, as pesquisas 
são mais voltadas à estilística, ou seja, percebe-se uma preocupação em compreender 
como se dá a dinâmica de construção individual a partir do uso da linguagem. De acordo 
com Freitag et al. (2012, p. 922), “os estudos de terceira onda incorporam a dinamicidade 
21
da estrutura, ou seja, como a estrutura se molda no cotidiano, com os condicionamentos 
sociais impostos e as relações de poder estabelecidas atuando sobre ela”. Assim, a 
terceira onda dos estudos da Sociolinguística Variacionista, proposta por Eckert (2012 
apud VELOSO, 2014), está relacionada à compreensão de como a estrutura da língua 
varia em uso estilístico e de que modo isso influencia no uso diário dessa mesma língua 
a partir das forças externas sociais que a pressionam.
Para compreendermos melhor a noção de estilística, segundo Veloso (2014, 
p. 5), a delimitação do conceito de estilo, dentro da perspectiva apresentada, é a de 
que “estilo diz respeito ao modo como os falantes combinam modos distintivos de fala 
[sinalização], e, por meio deles, constroem a própria identidade social, uma vez que esta 
depende, efetivamente, da linguagem, para se conceber e se consolidar. Os estilos de 
fala estão, intimamente, associados às categorias identitárias”. Assim, essa proposta 
da terceira onda está conectada à compreensão de como o indivíduo utiliza a língua a 
partir da própria identidade social, por e através da língua. Para exemplificar, uma pessoa 
surda, que tenha nascido surda, terá um estilo de uso da Libras diferente de um surdo 
que perdeu a audição quando adulto e aprendeu a língua de sinais após já ter adquirido a 
língua oral-auditiva. Assim, esses indivíduos terão a identidade social delimitada a partir 
da relação deles com a língua e o modo como se movimentam através das relações 
linguísticas estabelecidas a partir da Libras.
Tendo isso em vista, debatemos, brevemente, as características da Sociologia 
Variacionista. Além disso, conhecemos as três tendências analíticas das pesquisas 
realizadas nesse campo de estudos e compreendemos a noção de estilo dentro da 
perspectiva teórica.
4.3 SOCIOLINGUÍSTICA INTERACIONAL
A partir da perspectiva da Sociolinguística Interacional, ou Sociointeracionismo, 
o estudo do fenômeno linguístico, a partir da relação entre língua e sociedade, é pensado 
a partir da Análise do Discurso. De acordo com Gumperz (2015, p. 9):
A Sociolinguística Interacional (SI) é uma abordagem de análise de 
discurso que tem sua origem na busca de métodos replicáveis de 
análise qualitativa que explicam nossa capacidade de interpretar o 
que os participantes pretendem transmitir na prática comunicativa 
cotidiana. É sabido que os conversadores, sempre, confiam no 
conhecimento que, além da gramática e do léxico, faz-se ouvir. 
Contudo, como esse conhecimento afeta a compreensão, ainda, não 
é, suficientemente, compreendido.
Assim, o objetivo do Sociointeracionismo é perceber como os envolvidos em uma 
conversação conseguem interpretar aquilo que é transmitido para além das palavras/
sinais e da estrutura das normas gramaticais postas em uso durante a interação entre 
indivíduos. Nesta teoria, as informações subentendidas são parte da trama linguística 
22
que sustenta as relações entre os usuários da língua. Segundo Witkowski (2013, p. 90), 
“nesse processo, a intenção comunicativa é a questão principal, e, para acessá-la, os 
interlocutores devem ir além do que está aparente, e se concentrar, não apenas, no que 
é dito, mas nas suposições que sustentam a negociação”. Assim, o objetivo é perceber 
esses pressupostos que estão subjacentes à comunicação, além de observar como 
eles são, socialmente, compartilhados, de modo a ser um problema quando os falantes/
sinalizantes não compartilham os mesmos códigos subjacentes.
Dentro dessa teoria, são estudados os conceitos de posto (aquilo que é, 
expressamente, dito), pressuposto (aquilo que aparece como sugestão durante a 
comunicação) e subentendido (aquilo que o indivíduo precisa deduzir a partir da 
interpretação), por exemplo, na sentença:
Pedro deixou de fumar.
Posto: Pedro não fuma mais.
Pressuposto: Pedro fumava.
Subentendido: Pedro vai engordar novamente.
Observe que, no exemplo dado, o pressuposto fica claro pelo léxico utilizado, pois 
quem não fuma mais é porque era fumante, mas o subentendido depende de informações 
que não se ancoram no posto nem no pressuposto, pois partem da dedução feita pelo 
indivíduo para quem a frase foi dita, podendo estar relacionada ao senso comum de 
que todo mundo que para de fumar engorda e do conhecimento compartilhado, com 
o interlocutor, de que Pedro era gordo. Assim, a Sociolinguística Interacional pretende 
estudar como se dá o processo de construção dessas informações subjacentes e como 
elas afetam o processo de compreensão do que foi dito.
Acadêmico, essa síntese apresentada, apenas, relatou, brevemente, o objeto 
de estudo de cada uma das vertentes, ou correntes de estudos da Sociolinguística, 
porém, o objetivo era, exatamente, o de que você tivesse um panorama geral quanto 
a esse campo de pesquisa e a possibilidades teóricas e metodológicas dele. Nos 
próximos tópicos, estudaremos alguns dos conceitos imprescindíveis para os estudos 
em Sociolinguística. Até breve!
NOTA
Para acesso aos links dos materiais disponíveis on-line, 
serão colocados, ao longo do livro, QR-Codes, basta 
apontar a câmera do seu smartphone através de um 
dos aplicativos de leitura desses códigos que você será 
encaminhado, diretamente, ao site do material. Além 
disso, as referências completas estão colocadas no fim 
de cada unidade.
23
INTERESSANTE
O artigo Reflexões Sociolinguísticas sobre a Libras (Língua Brasileira de Sinais), de Rodrigues 
e Silva, apresenta uma síntese muito interessante a respeito do estudo da Libras na 
perspectiva da Sociolinguística, por isso, sua leitura, na íntegra, está colocada neste livro 
didático, dividida em dois momentos distintos como Leitura Complementar, divididos de 
acordo com os elementos abordados ao longo do texto. Aqui, no fim do Tópico1, está 
posta a parte do texto dos autores que discutem os aspectos abordados neste tópico. 
No fim do Tópico 2, será colocado o restante dos autores, desse modo, retomando 
os conceitos e os debates efetuados no Tópico 2 e inserindo a temática abordada ao 
longo do Tópico 3. Assim, o texto tem, exatamente, a ideia de, não apenas, acrescentar 
elementos às discussões apresentadas, mas, também, de servir como uma forma de 
síntese do caminho teórico estabelecido ao longo desta unidade. Boa leitura!
REFLEXÕES SOCIOLINGUÍSTICAS SOBRE A LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA 
DE SINAIS)
Angelica Rodrigues 
Anderson Almeida da Silva
Resumo
O objetivo, neste artigo, é discutir questões caras à Sociolinguística, como variação 
e mudança linguística, heterogeneidade e contato linguístico, tendo a Libras (Língua 
Brasileira de Sinais) em perspectiva. Para isso, será necessário remeter a aspectos da 
gramática da Libras, e da comunidade de falantes, isto é, da sócio-história. Partimos 
dos pressupostos teóricos desenvolvidos pela Sociolinguística que, embora sejam mais 
explorados, tendo em vista as línguas faladas, devem ser considerados em discussões 
cujo objetivo seja desconstruir paradigmas a respeito das concepções de língua, de 
contato linguístico e de variação e mudança linguística nas línguas sinalizadas.
Palavras-chave: Sociolinguística; Libras; contato linguístico; variação e mudança linguística.
Sociolinguistics reflections on Libras – Brazilian Sign Language
[...]
Introdução
Se a linguística pode ser considerada uma ciência nova, a linguística das línguas de sinais é 
ainda mais recente e pouco conhecida até mesmo entre os linguistas que historicamente 
têm se voltado mais fortemente para a análise de línguas faladas. No Brasil, os estudos 
linguísticos de línguas sinalizadas ganharam força nos anos 1990, depois dos trabalhos 
pioneiros de Ferreira-Brito (1984, 1995), Felipe (1989) e mais recentemente Quadros 
(2003) e Quadros e Karnopp (2004), que publicaram, dentre outros, dissertações, teses e 
livros sobre a língua dos surdos brasileiros.
Nesse contexto, a Libras tem ganhado, a partir da última década, principalmente, destaque 
nos debates voltados para questões tanto pedagógicas quanto linguísticas relativas à 
educação de surdos. No entanto, no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem de 
Libras por surdos e ouvintes, é possível encontrar referências às noções de "erro" e 
aos conceitos de "certo" e "errado" como um reflexo tanto do sentimento dos próprios 
falantes em relação a sua própria língua quanto de práticas pedagógicas tradicionais 
que elegem um padrão de língua a ser seguido por todos os membros da comunidade 
de fala. Esse "sentimento" e esse debate não divergem do observado em contextos de 
ensino e aprendizagem da língua oral, todavia, para o português, esses "pré-conceitos" 
24
são amplamente discutidos na literatura, inclusive nos PCN, há mais de três décadas. Por 
ser uma língua silente, não sonora, muitos acreditam que as línguas de sinais estariam 
de certa forma “imunes” aos efeitos da estigmatização de formas linguísticas largamente 
estudados nas línguas orais, principalmente a partir de Labov (2008). Portanto, neste 
artigo, que é um resumo das ideias apresentadas no minicurso Reflexões sociolinguísticas 
sobre a Libras (Língua Brasileira de Sinais) durante o 64º.Seminário do GEL, nossa 
intenção é destacar, a partir da revisão dos pressupostos clássicos da Sociolinguística, os 
processos relacionados à variação e mudança presentes nas línguas de sinais, visando, 
sobretudo, apontamentos que possam fomentar trabalhos futuros nesse campo.
O artigo está organizado do seguinte modo: inicialmente, defenderemos a legitimidade 
da Libras como língua natural a partir de pressupostos sociolinguísticos, buscando 
destacar sua natureza heterogênea. Num segundo momento, discutiremos a realidade 
sociolinguística da Libras num contexto de bilinguismo português e Libras. Finalmente, 
abordaremos a temática da variação e da mudança linguística aludindo, principalmente, 
a questões de ensino e aprendizagem da Libras por surdos e ouvintes. As conclusões e 
as referências bibliográficas serão apresentadas no final do artigo.
O que é língua?
Uma das principais demandas das comunidades surdas é o reconhecimento das línguas 
de sinais como línguas naturais, assim como as línguas orais. Esse reconhecimento é 
fundamental porque apenas com a legitimação de sua língua e, consequentemente, de 
sua cultura, os surdos podem ter garantidos seus direitos relacionados à sua identidade 
linguística.
A história dos surdos é marcada por períodos de avanço no reconhecimento de 
seus direitos e capacidades, mas também por períodos de total desrespeito, o que 
determinou, inclusive, a proibição das línguas de sinais por aproximadamente um século, 
desde o congresso de Milão em 1880 até meados de 1980. Em nome da brevidade, 
não exploraremos esse aspecto da história dos surdos e nos concentraremos mais 
especificamente na história da Linguística das Línguas de Sinais, buscando enfatizar as 
contribuições da linguística para a legitimação das línguas de sinais (daqui em diante, 
LS) como línguas naturais. Nesse sentido, destacamos as pesquisas de W. Stokoe (1960) 
que foram extremamente importantes para a legitimação das línguas sinalizadas. Ao 
propor inicialmente três parâmetros para descrever a estrutura sublexical da Língua de 
Sinais americana, o autor consegue mostrar que, assim como as línguas orais, as línguas 
sinalizadas possuem estrutura gramatical que pode ser analisada segundo diferentes 
níveis, como fonologia, morfologia e sintaxe. Por essa razão, o trabalho pioneiro de Stokoe 
(1960) é recorrentemente usado para legitimar as línguas de sinais que são julgadas, 
muitas vezes, como mímicas ou pantomimas.
Considerados um marco no desenvolvimento da linguística das LS, os estudos de 
Stokoe (1960) se desenvolveram dentro do paradigma estruturalista, que partia de uma 
concepção de língua marcada pelo pensamento saussuriano de que língua é um sistema 
(langue) que se opõe à fala (parole). Uma vez que é a partir de Saussure (2002) que, ao 
discutir, pela primeira vez, o objeto de estudo da linguística, a língua, temos a proposição 
da linguística como ciência, os estudos estruturalistas sobre as LS concentraram-se na 
descrição das línguas sinalizadas como um sistema estruturado, tal como proposto pelo 
linguista genebrino.
Embora a língua seja descrita como um fato social no Curso de Linguística Geral (SAUSSURE, 
2002), a metodologia da pesquisa estruturalista retira da língua tudo o que é social, 
concentrando as análises nos fatos de língua que podem ser usados para demonstrar a 
sistematicidade da língua, como o sistema de oposições fonológicas, por exemplo.
25
É fato pacífico que não há língua sem gramática, isto é, não há língua em que não se 
possam depreender aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos. Todavia, é preciso 
refletir sobre uma questão fundamental: nosso entendimento daquilo que seria uma 
língua está restrito à descrição de sua estrutura gramatical? O que é, afinal, a língua?
Saussure, ao formular os pressupostos daquilo que passaria a ser reconhecido como 
a ciência da linguagem, afirma que, na linguística, diferente de outras ciências, é a visão 
do pesquisador que define o objeto de estudo. Desse modo, o objeto de estudo da 
linguística, isto é, a língua, será definido de diferentes maneiras a partir da perspectiva 
do analista.
Os pressupostos estruturalistas são repensados a partir do desenvolvimento de 
outras duas correntes de pensamento, a saber, gerativismo e funcionalismo. Embora 
a concepção de língua no modelo gerativista não se afaste consideravelmente daquela 
proposto em Saussure, é no desenvolvimento do funcionalismo que encontramos uma 
nova concepção de língua e, consequentemente, uma nova linguística, em que não se 
discute oposições entre langue e parole (SAUSSURE, 2002) nem entre competência e 
desempenho (CHOMSKY, 1965).
O

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