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LINGUISTICA APLICADA A LINGUA INGLESA

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Prévia do material em texto

2017
Linguística apLicada à 
Língua ingLesa i
Profª. Pâmela Freitas Pereira Toassi
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Profª. Pâmela Freitas Pereira Toassi
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
428.07
T627l Toassi; Pâmela Freitas Pereira 
 Linguística aplicada à língua inglesa I / Pâmela Freitas 
Pereira Toassi: UNIASSELVI, 2017.
 
 247 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0063-7
 1.Língua Inglesa – Estudos e Ensino. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
apresentação
A disciplina de Linguística Aplicada à Língua Inglesa é fundamental 
no Curso de Letras, principalmente, na formação de professores de inglês 
como língua estrangeira, pois tem como objetivo levantar questões a respeito 
da linguagem e do ensino/aprendizagem de língua estrangeira.
A disciplina introduz um dos eixos mais importantes da formação na 
área de Letras: a Linguística. A partir dessa disciplina você poderá refletir 
sobre diversas questões teóricas que embasam a disciplina de Linguística 
e de Linguística Aplicada. Você poderá também ampliar sua visão sobre a 
linguagem. 
Trata-se de uma disciplina teórico-reflexiva em que você poderá refletir 
sobre diferentes concepções de linguagem e analisar como essas concepções 
influenciam o uso da linguagem no dia a dia e também na sala de aula. 
A disciplina também tem um caráter prático, do ponto de vista 
que permite a você conhecer as diferentes áreas do conhecimento em que 
a Linguística Aplicada pode atuar. Você verá que questões envolvendo a 
linguagem permeiam diversas atividades da vida do ser humano, afinal, a 
linguagem é fundamental para a comunicação. Dessa forma, a Linguística 
Aplicada pode auxiliar na melhoria de questões de comunicação.
Essa disciplina é fundamental para a sua formação como um 
profissional licenciado em Letras, pois a partir das reflexões levantadas, nessa 
disciplina, você poderá se sentir mais confiante como um profissional da área, 
tendo respaldo científico para suas decisões e para a escolha de abordagens 
de ensino.
Bem-vindo à Linguística Aplicada à Língua Inglesa!
Profª. Pâmela Freitas Pereira Toassi
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 – A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS......... 1
TÓPICO 1 – LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA .................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE É LINGUÍSTICA? ................................................................................................................... 3
3 A CONSOLIDAÇÃO DA LINGUÍSTICA MODERNA ................................................................ 5
4 O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO .......................................................................................... 8
5 O SIGNO LINGUÍSTICO ................................................................................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA ........................................... 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 O SURGIMENTO DO FUNCIONALISMO .................................................................................... 17
3 PRESSUPOSTOS FUNCIONALISTAS ............................................................................................ 20
4 O SIGNO LINGUÍSTICO NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA ........................................... 23
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 27
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 28
TÓPICO 3 – AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE 
 LÍNGUA ESTRANGEIRA ............................................................................................... 29
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 29
2 AS VISÕES FUNCIONALISTA E GERATIVISTA SOBRE A AQUISIÇÃO DA 
 LINGUAGEM ........................................................................................................................................ 29
3 TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE SEGUNDA LÍNGUA ................................................................. 30
3.1 BEHAVIORISMO ............................................................................................................................. 31
3.2 GERATIVISMO ................................................................................................................................ 31
3.3 A TEORIA DO MONITOR ............................................................................................................. 32
3.4 A HIPÓTESE DA PRODUÇÃO DE SWAIN ................................................................................ 33
3.5 A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA ......................................................................................... 34
4 METODOLOGIAS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ............................................... 34
4.1 GRAMÁTICA E TRADUÇÃO ....................................................................................................... 34
4.2 MÉTODO DIRETO .......................................................................................................................... 35
4.3 AUDIOLINGUALISMO .................................................................................................................. 35
4.4 ABORDAGEM COMUNICATIVA ................................................................................................ 36
4.5 ENSINO BASEADO EM TAREFAS ..............................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41
TÓPICO 4 – A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA .............................................................. 45
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45
2 A MOTIVAÇÃO PARA O SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA APLICADA .......................... 45
3 O ESTABELECIMENTO DA LINGUÍSTICA APLICADA .......................................................... 47
4 A EXPANSÃO DA LINGUÍSTICA APLICADA ............................................................................. 49
VIII
5 O OBJETO DE ESTUDO DA LA ....................................................................................................... 50
6 A LINGUÍSTICA APLICADA E A LINGUÍSTICA ....................................................................... 52
7 CONCEPÇÕES FORMALISTA E FUNCIONALISTA E A LA .................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56
TÓPICO 5 – AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LINGUÍSTICA APLICADA .................................. 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LINGUÍSTICA APLICADA ............................................................. 58
2.1. ENSINO DE SEGUNDA LÍNGUA E LINGUÍSTICA TRANSCULTURAL ........................... 58
2.2. LÍNGUA(GEM) NO CONTEXTO DE USO E A ANÁLISE DO DISCURSO ......................... 60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61
2.3. MANUTENÇÃO DA LÍNGUA(GEM), LÍNGUAS AMEAÇADAS E DIALETOS ................ 62
2.4. GÊNERO ORAL E ESCRITO ......................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63
2.5 LEITURA ........................................................................................................................................... 63
2.6. LINGUÍSTICA CLÍNICA ............................................................................................................... 63
2.7 LINGUÍSTICA FORENSE ............................................................................................................... 64
2.8 TRADUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2.9 PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO ................................................................................................ 65
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 66
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 67
TÓPICO 6 – A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA .......................................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 PRINCIPAIS PERIÓDICOS NA ÁREA DE LINGUÍSTICA APLICADA ................................. 72
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 72
3 PRINCIPAIS TEMAS NA ÁREA DE LA NO CENÁRIO INTERNACIONAL ......................... 73
4 A LINGUÍSTICA APLICADA NO BRASIL .................................................................................... 77
5 PRINCIPAIS TEMAS NA ÁREA DE LA NO CENÁRIO NACIONAL ..................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 6........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 82
UNIDADE 2 - UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A 
 APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ................................................ 83
TÓPICO 1 - ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES 
 LINGUÍSTICAS ................................................................................................................ 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 CONHECIMENTO DO SISTEMA DE SONS DA LÍNGUA ....................................................... 86
3 CONHECIMENTO SOBRE AS PALAVRAS ................................................................................... 88
4 CONHECIMENTO SOBRE AS SENTENÇAS ................................................................................ 92
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 92
5 CONHECIMENTO SOBRE A GRAMÁTICA DA LÍNGUA ....................................................... 93
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 97
6 COMO ENSINAR A GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ......................................... 98
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 99
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 101
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 102
IX
TÓPICO 2 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES 
 COGNITIVAS .................................................................................................................... 103
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 103
2 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: COMPREENSÃO AUDITIVA ................................. 105
3 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: COMPREENSÃO LEITORA .................................... 108
4 PRODUÇÃO DA FALA ....................................................................................................................... 111
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 116
TÓPICO 3 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: 
 QUESTÕES SOCIAIS ....................................................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 121
2 O CONTEXTO SOCIAL .....................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 123
3 CULTURA ............................................................................................................................................... 125
4 FATORES SOCIOLINGUÍSTICOS ................................................................................................... 126
5 A INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SOCIAL NA APRENDIZAGEM DE L2 ............................. 129
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 133
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 134
TÓPICO 4 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES 
 AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS .............................................................. 137
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 137
2 O MODELO DE KRASHEN: O FILTRO AFETIVO ....................................................................... 137
3 IDENTIDADE ....................................................................................................................................... 139
4 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................................ 141
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 141
5 CRENÇAS ............................................................................................................................................... 142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 142
6 ESTILOS DE APRENDIZAGEM ....................................................................................................... 142
7 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS ........................................................................................................... 144
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 147
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 148
TÓPICO 5 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: 
 QUESTÕES INTERACIONAIS .................................................................................... 149
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 149
2 O PAPEL DA INTERAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE LE ........................................................ 149
3 A TEORIA SOCIOCULTURAL .......................................................................................................... 153
4 A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL ........................................................................ 156
5 RETORNO/CORREÇÃO ..................................................................................................................... 158
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 162
UNIDADE 3 – O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO 
 ATUAL ............................................................................................................................. 167
TÓPICO 1 – A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO 
 ESCOLAR NO BRASIL ................................................................................................... 169
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 169
2 O PERCURSO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO BRASIL: DAS LÍNGUAS CLÁSSICAS 
 ÀS LÍNGUAS MODERNAS .............................................................................................................. 169
X
3 AS REFORMAS NA EDUCAÇÃO E AS LDBs ............................................................................... 173
4 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) ....................................................... 175
5 O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA DE ACORDO COM OS PCN ................................ 177
6 ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO (OCEM) ................................ 178
7 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) ................................................................. 180
8 QUESTÕES ATUAIS SOBRE A EDUCAÇÃO ................................................................................ 184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 185
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 186
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 187
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 189
TÓPICO 2 – A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES .......................................... 195
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 195
2 WORLD ENGLISHES ........................................................................................................................... 196
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 200
3 A GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................................. 201
4 A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA............................................................................................. 205
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 210
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 212
TÓPICO 3 – O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS 
 LINGUÍSTICOS ................................................................................................................ 217
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 217
2 QUESTÕES LINGUÍSTICAS DA APRENDIZAGEM DO INGLÊS COMO LÍNGUA 
 ESTRANGEIRA POR FALANTES NATIVOS DE PORTUGUÊS .............................................. 217
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 219
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 222
3 QUESTÕES SOBRE O SISTEMA DE SONS DO INGLÊS AMERICANO QUE PODEM 
 CAUSAR DIFICULDADES PARA FALANTES NATIVOS DE PORTUGUÊS 
 BRASILEIRO ........................................................................................................................................ 225
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................234
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 236
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 238
1
UNIDADE 1
A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA 
APLICADA: ORIGEM E STATUS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dessa unidade, você será capaz de:
• conhecer o percurso histórico da Linguística e da Linguística Aplicada (LA);
• perceber o estabelecimento da Linguística e da LA como ciência;
• definir língua, linguagem e fala dentro das perspectivas formalista e fun-
cionalista;
• identificar o objeto de estudos da LA;
• relacionar as concepções de língua(gem) às diferentes metodologias de en-
sino de língua estrangeira (LE);
• conhecer os diferentes campos de atuação da LA;
• identificar situações concretas de uso da linguagem que podem se benefi-
ciar da LA.
Esta unidade está dividida em seis tópicos. Ao final de cada um deles, você 
terá atividades para ajudá-lo a refletir sobre os assuntos abordados.
TÓPICO 1 – LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
TÓPICO 2 – LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
TÓPICO 3 – AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS 
 DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
TÓPICO 4 – A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA
TÓPICO 5 – AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LÍNGUÍSTICA APLICADA
TÓPICO 6 – A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico do nosso Caderno de Estudos da disciplina de 
Linguística Aplicada à Língua Inglesa I, vamos definir alguns conceitos importantes. 
O primeiro deles é o termo “linguística”. Vamos brevemente falar sobre a origem 
dessa ciência para então refletirmos sobre os conceitos de linguagem, língua e fala. 
Você já parou para pensar sobre qual é a importância desses conceitos – linguagem, 
língua e fala – dentro de um curso de Letras? De acordo com Aronoff e Rees-Miller 
(2002), tendo em vista que todas as pessoas falam pelo menos uma língua, estas 
pessoas possuem forte visão sobre as suas próprias línguas. Você concorda? Quais 
são os preconceitos que você possui sobre cada um desses termos? Propomos que 
você reflita um pouco sobre isso antes de iniciar a leitura do material didático. E, 
ao longo dessa unidade, contraste suas ideias iniciais sobre esses conceitos com o 
que será apresentado.
É importante que você reflita sobre isso e saiba conceituar cada um 
desses termos-chave dentro da área de Letras. Portanto, trabalharemos com esses 
conceitos ao longo da Unidade 1. Neste primeiro tópico, você será apresentado à 
origem e a uma possível definição para a Linguística. E será também apresentada 
a visão estruturalista da linguagem. Para que você entenda melhor, vamos fazer 
uma breve retrospectiva histórica, iniciando pela origem dos estudos linguísticos, 
tais como temos hoje.
2 O QUE É LINGUÍSTICA?
Antes de conceituarmos língua, linguagem e fala, convido você a pensar 
sobre o que é a linguística. Aronoff e Rees-Miller (2002) argumentam que 
linguistas se veem como cientistas que estudam a linguagem. E em que grande 
área do conhecimento essa ciência da linguagem se insere? Aronoff e Rees-Miller 
(2002) explicam que nas universidades, os departamentos de Linguística podem 
se encontrar tanto nas ciências humanas quanto nas sociais. Ainda de acordo com 
os autores, a definição da linguística como uma ciência da linguagem pode ser 
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
4
datada de 1869, quando da publicação da obra The Science of Language, de 1869, 
publicada por Max Mueller.
Agora você deve se perguntar quando se começou a estudar a linguagem, 
ou melhor, quando iniciaram os estudos linguísticos. De acordo com Campbell 
(2002), é difícil delimitar o início da Linguística, porque esse início se confunde 
com a história intelectual em geral, visto que os primeiros desenvolvimentos da 
Linguística eram comumente considerados parte da filosofia, retórica, lógica, 
psicologia, biologia, pedagogia, poética e religião.
No entanto, os estudos linguísticos iniciaram-se de maneira distinta da 
qual a conhecemos hoje, visto que, até o século XV, o que se podia entender como 
o estudo da linguagem era a elaboração de gramáticas, nas quais, comumente, o 
foco das análises linguísticas era buscar a perfeição da língua. Em relação a essa 
questão, Saussure (apud BALLY, SECHEHAYE, 2006, p. 13) afirma que: 
A matéria da Linguística é constituída inicialmente por todas as 
manifestações da linguagem humana, quer se trate de povos selvagens 
ou de nações civilizadas, de épocas arcaicas, clássicas ou de decadência, 
considerando-se em cada período não só a linguagem correta e a “bela 
linguagem”, mas todas as formas de expressão.
Como você pode perceber, essa definição do objeto de estudo da 
Linguística, apresentada por Saussure, vai contra o fato de os estudos linguísticos 
inicialmente buscarem a perfeição da língua. Com esta afirmação, Saussure inclui 
tanto a linguagem dita correta quanto as outras formas de expressão como objeto 
de análise da Linguística.
A partir do século XVI iniciou-se o método comparativo, no qual era 
comum estabelecer-se uma lista de coleções de palavras para comparações entre 
línguas (CAMPBELL, 2002). De acordo com Saussure (apud BALLY; SECHEHAYE, 
2006), a história da Linguística se divide em três fases. Ele assim define o início da 
Linguística (apud BALLY; SECHEHAYE, 2006, p. 7):
Começou-se por fazer o que se chamava de “Gramática”. Este estudo, 
inaugurado pelos gregos, e continuado principalmente pelos franceses, 
é baseado na lógica e está desprovido de qualquer visão científica e 
desinteressada da própria língua; visa unicamente a formular regras 
para distinguir as formas corretas das incorretas; é uma disciplina 
É importante salientar que ao mencionarmos essa obra não estamos nos 
referindo ao início da Linguística Moderna tal qual a conhecemos hoje (esse assunto será 
tratado logo mais neste tópico), estamos falando sobre as primeiras menções feitas à linguística 
como uma ciência da linguagem.
NOTA
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
5
normativa, muito afastada da pura observação e cujo ponto de vista é 
forçosamente estreito.
Esta então seria a primeira fase da Linguística apontada por Saussure. Já a 
segunda fase consistiria do estudo da Filologia, que se concentrava em “comparar 
textos de diferentes épocas, decifrar e explicar inscrições redigidas numa língua 
arcaica ou obscura” (BALLY; SECHEHAYE, 2006, p. 7-8). O terceiro período 
apontado por Saussure seria o da Gramática Comparada. Nesse contexto, Franz 
Bopp “compreendeu que as relações entre línguas afins podiam tornar-se matéria 
duma ciência autônoma” (apud BALLY; SECHEHAYE, 2006, p. 8).
Saussure critica o estudo da Gramática Comparativa: “Esse método 
exclusivamente comparativo acarreta todo um conjunto de conceitos errôneos, 
que não correspondem a nada na realidade e que são estranhos às verdadeiras 
condições de toda linguagem” (BALLY, SECHEHAYE, 2006, p. 10).
No século XIX houve uma divisão de perspectivas entre os linguistas, na qual 
alguns consideravam a Linguística parte das Ciências Naturais e, outros, parte das 
Ciências Humanas (CAMPBELL, 2002). O fato de a visão da Linguística pertencer 
às Ciências Naturais ter prevalecido justifica em parte a concepção estruturalista 
da língua, como você verá a seguir. Isso porque, ao classificar a Linguística dentro 
do grupo das Ciências Naturais, todo o aspecto humano, sentimental e cultural 
inerente à linguagem foi deixado de lado. Na próxima seção você verá como a 
Linguística Moderna, tal como a conhecemos hoje, se originou.
3 A CONSOLIDAÇÃO DA LINGUÍSTICA MODERNA
Ferdinand de Saussure é considerado o pai da linguística moderna 
(FARACO, 2009). Antes de Saussure, o estudo da língua se dava de forma diacrônica,isto é, o foco dos estudos linguísticos estava em analisar as mudanças que a língua 
sofria ao longo do tempo. Adicionalmente, como você viu, os estudos linguísticos, 
na fase anterior a Saussure, concentravam-se em comparações entre uma língua e 
outra, sendo comuns, naquela época, estudos de gramática comparativa.
A Gramática Comparada consistia em se estabelecer relações entre as línguas. 
Por exemplo, Franz Bopp (1816 apud BALLY; SECHEHAYE, 2006) publicou uma obra intitulada 
Sistema de Conjugação do Sânscrito, na qual ele analisou as relações entre o sânscrito e o 
germânico, o sânscrito e o latim, o sânscrito e o grego, entre outras. Através de estudos desse 
tipo, pôde-se perceber que as línguas possuíam afinidades e que pertenciam a uma mesma 
família. Ou seja, através do estudo da Gramática Comparada foi possível explicar uma língua 
através da outra (BALLY; SECHEHAYE, 2006).
NOTA
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
6
FIGURA 1 - SAUSSURE
FONTE: Disponível em: <http://www.simandan.com/saussure%E2%80%99s-
influences-on-intertextuality/>. Acesso: 26 nov. 2016.
Ferdinand de Saussure (1857-1913) dedicou-se a analisar criticamente os 
princípios e métodos estabelecidos pela Linguística no seu tempo. Lecionou três 
cursos de Linguística Geral na Universidade de Genebra (de 1906 a 1911), onde 
pôde divulgar suas ideias (BALLY, SECHEHAYE, 2006). No entanto, ele não 
deixou registros escritos de suas ideias. Considerado como um dos estudiosos 
mais influentes na Linguística no século XX CAMPBELL, 2002), Saussure não 
publicou muitas obras sobre o assunto que é mais conhecido – a Linguística. Em 
1878, publicou um trabalho sobre as vogais do indo-europeu, sob a influência do 
trabalho neogramático, e em 1881, sua tese de doutorado sobre o caso genitivo no 
sânscrito. A sua obra mais influente na Linguística, que é considerada um marco 
que divide a Linguística moderna da passada, o Curso de Linguística Geral (1916), 
foi publicada postumamente, por seus alunos, da Universidade de Genebra, que 
reuniram suas anotações de aula para confeccionar a obra.
A partir de Saussure iniciam os estudos sincrônicos da linguagem, isto é, 
estudar a língua dentro de um recorte histórico, como a língua é naquele instante, 
sem se preocupar com as questões de evolução. A Linguística Aplicada surge de 
um recorte da Linguística posterior a Saussure. 
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
7
A contraposição diacronia versus sincronia pode ser explicada como histórica 
(diacrônica) e não histórica (sincrônica). A Figura 2 ilustra essa contraposição.
FIGURA 2 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DA SINCRONIA E DIACRONIA
FONTE: Bally; Sechehaye (2006, p. 95)
A figura acima mostra que o eixo x (AB) representa o eixo das 
simultaneidades, no qual a análise vista nesse eixo exclui a intervenção do tempo. 
Ou seja, AB representa os estudos sincrônicos da linguagem. Já o eixo y (CD) 
representa o eixo das sucessões, a partir do qual se pode analisar apenas uma coisa 
por vez. Ou seja, esse eixo equivale à diacronia nos estudos da linguagem. Para 
que esses conceitos fiquem mais claros para você, observe a figura a seguir.
ESTUDOS FU
TUROS
Veremos o surgimento da Linguística Aplicada no Tópico 4. 
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
8
FIGURA 3 - SINCRONIA E DIACRONIA LINGUÍSTICA
Século XV
Século XVI
Século XVII
Século XVIII
Século XIX
Século XX
Século XXI
FONTE: A autora
4 O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO
Após Saussure, houve uma preocupação em descrever o sistema linguístico. 
Os linguistas que seguem esta vertente são denominados estruturalistas, pois 
têm como foco do seu estudo a estrutura da língua. Por tratarem a língua como 
estrutura, forma, são também conhecidos como formalistas. 
Como você pôde ver na Figura 3, a linha horizontal representa o estudo 
sincrônico da linguagem, na qual podemos fazer um recorte de um período 
histórico para realizar uma análise da língua. Por outro lado, a linha vertical 
representa o estudo diacrônico da linguagem, a partir da qual a evolução histórica 
da língua é analisada. Como você viu, a partir de Saussure estabeleceram-se os 
estudos sincrônicos da linguagem. Na próxima seção você verá mais informações 
sobre os estudos linguísticos pós-Saussure.
D
IA
C
R
Ô
N
IC
O
sincrônico
Veja o estudo de Monguilhott (2009) para você entender melhor a perspectiva 
sincrônica e diacrônica. Nesse estudo foi feita uma análise da concordância verbal da terceira 
pessoa do plural do português comparando amostras de falantes de português europeu e 
brasileiro (perspectiva sincrônica). Também foram analisadas peças de teatro de autores 
brasileiros e portugueses dos séculos XIX e XX (análise diacrônica).
NOTA
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
9
FIGURA 3 - SINCRONIA E DIACRONIA LINGUÍSTICA
Essas visões opostas em relação à linguagem – formalistas x funcionalistas 
– são muito importantes no campo da linguística e vão influenciar desde a nossa 
concepção de linguagem até a maneira como vemos o ensino e aprendizagem 
de língua em geral e de língua estrangeira, em específico, sendo este último 
extremamente significativo para o curso de Letras-Inglês refletir sobre o ensino e a 
aprendizagem do inglês como língua estrangeira. 
Voltando à nossa retrospectiva, Ferdinand de Saussure propôs uma 
distinção entre língua e fala, sendo língua o sistema, e fala os possíveis usos desse 
sistema (ILLARI, 2009). Para Saussure, o objeto de estudo da linguística seria o 
sistema (ILLARI, 2009), ou seja, a língua e não a fala (distinção entre langue (língua) 
e parole (fala)). A fala, dentro dessa perspectiva, por ser uma prática social, seria 
muito difícil de ser analisada. 
Você concorda com essa afirmação de que é mais fácil sistematizar 
o estudo da língua (sistema) do que da fala (uso da língua)? Vamos pensar na 
seguinte situação: você já teve algum problema de comunicação devido a uma 
má interpretação da sua fala? E você pensou: Não era essa a minha intenção. Ou 
seja, a forma como você se expressou, seja de forma oral ou escrita, fez com que a 
mensagem fosse recebida pelo interlocutor como tendo um propósito comunicativo 
distinto daquele que você intencionava? Acredito que isso seja um fato comum 
no nosso dia a dia, isso porque a fala é um processo complexo que envolve não 
apenas a intenção do locutor (que profere a fala), mas também o contexto no qual 
a mensagem é recebida pelo interlocutor. Na linguagem oral, muitos aspectos 
poderão influenciar a interpretação de uma frase, tais como a entonação, ênfase, 
a forma como a frase é articulada. Além disso, questões contextuais impactarão 
na recepção da mensagem. Por vários desses fatores, a fala foi considerada pelos 
estruturalistas como complexa para permitir uma sistematização ao seu estudo. 
No entanto, você não deve pensar que Saussure menosprezou a fala. Ele inclusive 
sugere a existência de uma linguística da fala, porém, seus estudos se concentram 
na sistematização da língua.
A língua, por sua vez, é vista pelos estruturalistas, que seguem essa 
perspectiva saussuriana, como um jogo de xadrez, e o que interessa para o estudo 
da língua é entender a funcionalidade desse jogo, ou seja, entender as regras desse 
jogo. Para Saussure, nesse ‘jogo de xadrez’ não são “os atributos físicos das peças 
que definem o jogo, mas a relação entre uma peça com as outras no sistema” 
(CAMPBELL, 2002, p. 78, nossa tradução). Isso quer dizer que o que importa dentro 
da língua é a relação que os elementos têm um com o outro, a interdependência 
dos itens linguísticos e não a função independente de cada item.
ESTUDOS FU
TUROS
Ao longo desta unidade você verá, com frequência, o emprego dos termos 
estruturalista e formalista, em contraposição à visão funcionalista, que veremos mais adiante.
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
10
Dessa forma, de acordo com Saussure (BALLY, SECHEHAYE, 2006), temos 
as seguintesdefinições para:
Língua: é um sistema constituído de regras. A língua é um contrato social 
definido culturalmente. Para Saussure, a língua é um fato social e não mental ou 
psicológico. Veja a definição retirada da obra Linguística Geral, que contém a 
compilação de suas ideias:
Mas o que é a língua? Para nós ela não se confunde com a linguagem; 
é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. 
É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem 
e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social 
para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos (BALLY, 
SECHEHAYE, 2006, p. 17).
Fala: trata-se do uso individual que o ser humano faz da língua. Portanto, 
possui variações de acordo com seu uso. Nesse trecho, Saussure distingue a língua 
da fala: “A fala, ao contrário, um ato individual de vontade e inteligência, no qual 
convém distinguir 1º, as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua 
no propósito de exprimir seu pensamento pessoal; 2º, o mecanismo psicofísico que 
lhe permite exteriorizar essas combinações” (BALLY, SECHEHAYE, 2006, p. 22).
Linguagem: trata-se de uma capacidade inata dos seres humanos para 
aprender uma língua. Você pode perceber essa característica inata, natural 
da linguagem no seguinte trecho: “... o exercício da linguagem repousa numa 
faculdade que nos é dada pela Natureza, ao passo que a língua constitui algo 
adquirido e convencional...” (BALLY, SECHEHAYE, 2006, p. 17).
Na próxima seção você vai ver uma questão muito importante dentro do 
saussurianismo: a definição do signo linguístico.
5 O SIGNO LINGUÍSTICO
Você alguma vez já se perguntou o motivo de certos objetos, ou conceitos 
abstratos terem o nome que têm? Por exemplo, por que usamos a palavra cadeira 
em português para designar um objeto sobre o qual nos sentamos, enquanto em 
inglês usamos a palavra chair? Caso você já tenha pensado sobre isso, saiba que 
essas questões intrigam o ser humano desde a Grécia antiga: a questão controversa 
relacionada às palavras e seu significado. Ou seja, a controvérsia era se as palavras 
foram originadas naturalmente ou por convenção. A suposição de que as coisas 
seriam nominadas por natureza significaria que o nome imitaria o seu significado 
(o que observamos, por exemplo, nas onomatopeias). 
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
11
Já a nomeação por convenção implica que os nomes foram inventados, 
seja por intenção humana ou divina. Essa controvérsia é levantada por Saussure, 
que entende o signo linguístico como sendo arbitrário, ou seja, para Saussure, os 
nomes são convencionados, não havendo uma relação lógica entre o nome e o 
conceito que o representa (BALLY, SECHEHAYE, 2006).
Para Saussure, um dos conceitos mais importantes da língua é o do signo 
linguístico. Este, seria composto por um significante e por um significado. Essa é 
outra importante dicotomia estabelecida por Saussure. O significante corresponde 
à forma ou imagem acústica, enquanto o significado seria o conceito que representa 
essa forma, conforme você pode ver na Figura 4. 
FIGURA 4 - SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO
FONTE: Bally; Sechehaye (2006, p. 80)
Como você pode observar na figura acima, o conceito é o significado e a 
imagem acústica é o significante. Para explicar essa dicotomia (significante versus 
significado), Saussure valeu-se da metáfora da folha de papel: não podemos 
rasgar apenas um dos lados da folha. Ou seja, os dois lados da folha de papel 
são independentes, porque podemos escrever em apenas um dos lados, mas 
indissociáveis, pois não é possível rasgar a folha de papel apenas de um dos lados 
(BALLY, SECHEHAYE, 2006). Da mesma forma, o signo linguístico seria composto 
por duas faces: o significante e o significado. Você pode observar um exemplo de 
signo de árvore e cavalo na figura a seguir.
Onomatopeias são figuras de linguagem. Constituem imitações de sons, tais 
como barulho de animais, de fenômenos da natureza, de instrumentos musicais, entre outros. 
Exemplo: din-don da campainha (FONTE: Disponível em: <http://www.figurasdelinguagem.
com/onomatopeia/>. Acesso em: 16 fev. 2017), o tic-tac do relógio, o barulho do grilo: 
cri-cri (FONTE: Disponível em: <http://www.professoresdeplantao.com.br/blog/post/10/
onomatopeia-exemplos>. Acesso em: 16 fev. 2017).
NOTA
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
12
FIGURA 5 - O SIGNO LINGUÍSTICO
ARVORE
CAVALO
FONTE: Adaptado de Bally; Sechehaye (2006, p. 79) 
Você pode ver na figura acima que a palavra “árvore” seria o significante, 
enquanto a representação mental do desenho da árvore, ou seja, desse conceito, 
seria o significado. Na Figura 6 você pode visualizar melhor a composição do 
signo linguístico proposta por Saussure (BALLY, SECHEHAYE, 2006).
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
13
FIGURA 6 - O SIGNIFICANTE E O SIGNIFICADO
FONTE: Bally; Sechehaye (2006, p. 81) 
Na figura acima você pôde observar a imagem acústica de “árvore” 
(significante) e seu conceito (significado). O significado (conceito) está representado 
pelo desenho, indicando a imagem mental da palavra. Você verá, ao longo dos seus 
estudos, que a visão estruturalista da linguagem foi muito influente na Linguística, 
tendo repercutido também no desenvolvimento de diversas metodologias de 
ensino, algumas usadas até hoje, por exemplo, o método Gramática e Tradução, 
que você estudará no Tópico 3. 
14
Neste tópico você estudou:
• A origem da Linguística como uma ciência da linguagem. 
• Você viu que os estudos linguísticos se iniciaram através da elaboração de 
gramáticas. 
• Na fase inicial da Linguística, a busca pela língua perfeita era um objetivo comum.
 
• A Linguística se desenvolveu com base no método da Gramática Comparada. 
• A Linguística se estabeleceu como a ciência da linguagem que conhecemos hoje 
a partir dos estudos de Ferdinand de Saussure, o qual deu início aos estudos 
sincrônicos da linguagem e ao estruturalismo. 
• Você estudou as definições de língua, fala e linguagem na concepção estruturalista, 
estabelecida a partir de Saussure, em que a língua é considerada um sistema, 
a fala, por sua vez, é o uso desse sistema e linguagem se refere à capacidade 
humana de aprender uma língua. 
• Um conceito importante apresentado por Saussure é o do signo linguístico, o 
qual é composto por um significante e um significado: o significante é a palavra 
ou imagem acústica, e significado é o conceito que esta palavra representa.
RESUMO DO TÓPICO 1
15
1. Conforme você estudou neste tópico, antes de Saussure a Linguística diferia 
da ciência que conhecemos hoje. A respeito da Linguística antes de Saussure, 
veja as seguintes afirmações:
I – A Linguística era parte da filosofia.
II – A Linguística era parte da religião.
III – Os estudos da linguagem tinham como base a elaboração de gramáticas.
IV – O foco das análises linguísticas era buscar a perfeição da língua.
V – A Gramática Comparativa consistia em se estabelecer relações entre as 
línguas.
Agora assinale a alternativa correta:
a) ( ) Todas as afirmações são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, II, III e IV são verdadeiras.
d) ( ) I, II e IV são verdadeiras.
e) ( ) I e II são verdadeiras.
2. São premissas do estruturalismo de Saussure:
I – Língua é um sistema constituído de regras.
II – Linguagem é um termo que abarca as definições de língua e fala.
III – A língua é um ato social.
IV – As dicotomias de significante e significado que constituem o signo 
linguístico.
V – As dicotomias de sincronia e diacronia.
Agora assinale a alternativa correta:
a) ( ) Todas as afirmações são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, II, III e IV são verdadeiras.
d) ( ) I, II e IV são verdadeiras.
e) ( ) I, IV e V são verdadeiras.
AUTOATIVIDADE
16
17
TÓPICO 2
LINGUAGEM NA PERSPECTIVA 
FUNCIONALISTA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, você foi apresentado à perspectiva estruturalista daLinguística, 
com base em Saussure, que definia a língua como um sistema composto por regras 
e a fala como o uso desta língua. No Tópico 2, você conhecerá outra perspectiva e 
outra forma de definir língua(gem), a perspectiva funcionalista. Nessa perspectiva, 
a linguagem é analisada no seu uso, o que importa é a função de comunicação 
que a linguagem nos permite exercer. A escrita ambivalente para língua(gem) 
será adotada neste tópico, tendo em vista que na perspectiva funcionalista não 
há distinção nos conceitos de língua e linguagem, diferentemente do que você 
viu no Tópico 1, em que a língua, de acordo com a perspectiva estruturalista, era 
um sistema, e linguagem se referia à capacidade inata de adquirir a língua. Na 
perspectiva funcionalista não há esta distinção, tendo em vista que a língua(gem) 
é analisada no uso, na sua função comunicativa.
Para iniciar a nossa discussão sobre língua(gem) na perspectiva 
funcionalista, vamos começar com o seguinte raciocínio: se você tivesse que 
responder à pergunta: Qual é a função da linguagem humana? E sua resposta for 
comunicação, então ela se enquadra nos preceitos da perspectiva funcionalista. Mas 
o que viria a ser comunicação? Van Valin Jr. (2002) define comunicação como a 
transmissão de pressuposições da mente de um interlocutor para outros. Tendo em 
mente essa perspectiva da língua(gem) com foco na função comunicativa, convido 
você à leitura do Tópico 2. Ao longo deste tópico veremos como esta perspectiva 
funcionalista se consolidou na Linguística, veremos os principais proponentes 
desta linha de pensamento, veremos também a concepção do signo linguístico 
nesta perspectiva. Convido você à leitura deste tópico.
2 O SURGIMENTO DO FUNCIONALISMO
A perspectiva estruturalista de Saussure adquiriu muitos adeptos, mas 
também alguns opositores. A partir dos anos 70 iniciou-se um movimento contrário 
às ideias estruturalistas extremamente influentes até então, desencadeando o 
desenvolvimento da teoria funcionalista. O funcionalismo, em contraposição 
ao estruturalismo, vê a linguagem como um instrumento de comunicação e de 
interação social (PEZATTI, 2009). 
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
18
De acordo com Pezatti (2009), os pressupostos funcionalistas já existiam 
antes mesmo de Saussure, quando já havia estudiosos que viam a língua(gem) 
com a finalidade principal da comunicação. Dessa forma, a teoria funcionalista 
não é tão recente quanto possa parecer, ela apenas ganhou força e tornou-se mais 
influente na Linguística recentemente. A respeito da origem da teoria funcionalista, 
Pezatti (2009, p.166-167) explica:
O ponto de vista funcional pode ser encontrado também na Escola 
Linguística de Praga, a partir de seu início nos anos vinte até os 
dias atuais. Um dos expoentes desse período e um funcionalista 
verdadeiramente pioneiro é Roman Jakobson, que estendeu a noção 
de função da linguagem, restrita apenas à referencial na teoria 
estruturalista, a outras funções que levam em conta os participantes 
da interação, como a emotiva, a conativa e a fática, e outros fatores da 
comunicação, como a mensagem (função poética) e o próprio código 
(função metalinguística).
Alguns dos nomes importantes mencionados por Pezatti (2009) na 
consolidação da teoria funcionalista são Sapir, conhecido pela hipótese de Sapir-
Whorf; Hymes, conhecido pela noção de ‘competência comunicativa’, e Halliday, 
conhecido pela Gramática Sistêmica-Funcional.
A hipótese de Sapir-Whorf prevê que o pensamento é moldado pela 
língua(gem), ou seja, a cultura na qual a pessoa está inserida fará com que ela 
pense de uma forma diferente de uma pessoa de uma língua e cultura diferente, 
como você pode ler no trecho a seguir:
Human beings do not live in the objective world alone, nor in the world of 
social activity as ordinarily understood, but are very much at the mercy of 
the particular language which has become the medium of expression for 
their society […] we see and hear and otherwise experience very largely 
as we do because the language habits of our community predispose 
certain choices of interpretation (SAPIR, 1929, p. 207).
ESTUDOS FU
TUROS
No Tópico 3, você saberá mais sobre a competência comunicativa, quando 
tratarmos da abordagem comunicativa de ensino de LE.
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
19
O trecho acima, retirado da obra Language, de Sapir (1929), mostra a hipótese 
Sapir-Whorf, que prevê que a cultura e a língua(gem) moldam o pensamento do 
ser humano. 
A partir dos anos 70 o funcionalismo se difundiu nos Estados Unidos, 
reunindo um grande número de linguistas, dentre os quais podemos citar John 
DuBois, Lakoff e Langacker. Devido à grande diversidade de pensadores seguidores 
dessa teoria, existe também uma grande variedade de modelos teóricos que se 
denominam funcionalistas, não sendo possível definir uma teoria única para o 
funcionalismo (PEZATTI, 2009). Neste tópico nos concentraremos nos pressupostos 
funcionalistas que se diferenciam das concepções de língua(gem) estruturalistas 
estudadas no Tópico 1, visto que um dos pressupostos que é consenso entre os 
funcionalistas é a oposição ao estruturalismo e ao formalismo. Você verá críticas 
em relação à concepção da língua como estrutura e ao papel secundário relegado à 
fala na perspectiva estruturalista. 
Os seres humanos não vivem sozinhos no mundo objetivo, nem no mundo da 
atividade social, como ordinariamente entendido, mas estão muito mais à mercê 
da língua particular a qual se tornou o meio de expressão para a sua sociedade ... nós vemos e 
ouvimos e de outra maneira experimentamos muito em grande parte como nós fazemos por 
causa dos hábitos da língua da nossa comunidade que nos predispõem a certas escolhas de 
interpretação (SAPIR, 1929, p. 207, tradução da autora).
NOTA
DICAS
Se você quiser saber mais sobre essa hipótese muito interessante e amplamente 
discutida na literatura, pode, além de ler a própria obra, assistir a um filme bastante recente: A 
chegada (Arrival), dirigido por Denis Villeneuve.
O formalismo é uma teoria que segue os pressupostos do estruturalismo e surgiu 
a partir dos anos 50 com os pressupostos de Noam Chomsky. Chomsky trouxe de volta a 
concepção mentalista da linguagem e a concepção de competência (CAMPBELL, 2002).
NOTA
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
20
3 PRESSUPOSTOS FUNCIONALISTAS
Ao contrário da visão formalista que distingue língua e fala, na perspectiva 
funcionalista não há separação entre sistema e uso, ou seja, língua e fala são uma 
mesma entidade; a linguagem é vista como uma ferramenta que exerce uma função 
comunicativa. Dessa forma, não há sentido em analisar a linguagem desprovida de 
seu contexto de uso. Portanto, na visão funcionalista não há distinção entre língua 
e fala, tampouco entre língua e linguagem.
Um dos críticos da visão formalista que se destaca é Mikhail Bakhtin, o 
qual se posiciona de forma contrária à concepção de linguagem como um sistema 
de regras, argumentando que a visão formalista despreza a perspectiva social e 
ideológica da linguagem.
FIGURA 7 - MIKHAIL BAKHTIN
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/
imgres?imgurl=http%3A%2F%2Fwww.isfp.co.uk%2Fimages%2Fmikhail_
bakhtin.jpg&imgrefurl=http%3A%2F%2Fwww.isfp.co.uk%2Frussian_
thinkers%2Fmikhail_bakhtin.html&docid=-_W1jewwhoIlyM&tbnid=Os-
5iH2-ByH42M%3A&vet=1&w=236&h=327&bih=651&biw= 
1366&ved=0ahUKEwiIjpqGjcfQAhUJjJAKHdfhAJsQMwgrKAIwAg&iact=mrc&uact=8>. 
Acesso: 26 nov. 2016.
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
21
Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) foi um pensador russo 
interessado em assuntos culturais da linguagem humana. A obra de referência 
de Bakhtin que causa impacto na visão da linguística é Marxismo e filosofia da 
linguagem, de 1929 (MORATO, 2009). Nessa obra, Bakhtin critica a concepção 
estruturalista da língua(gem), proposta por Saussure. De acordo com Bakhtin, a 
visão da língua(gem) como umsistema de regras despreza a perspectiva social e 
ideológica da língua(gem).
Bakhtin critica o papel secundário dado à fala, na visão saussuriana da 
língua(gem), conforme você viu no Tópico 1, e apresenta uma visão dialógica 
da linguagem. Ou seja, de acordo com Bakhtin, a linguagem se estabelece na 
sociedade a partir do diálogo entre seus interlocutores. Na visão de Bakhtin, a 
linguagem se dá na interação com o outro através de significação verbal e não 
verbal. Outra proposição importante da teoria de Bakhtin é a visão da enunciação, 
na qual a linguagem, por ser uma atividade social, é também ideológica. Ou seja, na 
função comunicativa, as ideologias por trás do uso da linguagem são vistas como 
importantes. Você lembra que no Tópico 1 vimos que para Saussure a fala era algo 
individual? Na visão bakhtiniana a fala é algo social. Para Bakhtin, o processo de 
construção da enunciação é mais importante do que o produto, que é o enunciado 
em si. Além disso, Bakhtin é também contrário à visão da língua(gem) como 
sendo uma atividade mental individual, conforme preconizam os pressupostos 
chomskyanos (BAKHTIN, 1929/2002).
Passamos agora a outro aspecto importante defendido na perspectiva 
funcionalista e relegado na perspectiva formalista: a interação: A concepção 
defendida por Bakhtin da linguagem como atividade social, que se constrói 
na interação com o outro e vai ao encontro da teoria sociointeracionista de 
Vygotsky, cujo principal pressuposto é o de que a interação é fundamental para a 
aprendizagem, como você vai ver a seguir. 
Você já consegue perceber as diferenças entre essas concepções de língua(gem), 
estruturalista e funcionalista? Você as considera contraditórias ou complementares? Você 
percebeu que ao contrário de Saussure, que coloca a fala em um papel secundário nos estudos 
da linguagem, Bakhtin a coloca como o principal objeto de estudo? Isto ocorre porque Bakhtin 
defende que a língua(gem) é social, fruto da interação, e não individual, conforme defendiam 
os estruturalistas.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
22
FIGURA 8 - LEV VYGOTSKY
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https
%3A%2F%2Fupload.wikimedia.rg%2Fwikipedia%2Fen%2F7%2F7e%2FLev_V
ygotsky.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fen.wikipedia.org%2Fwiki%2FLev_V
ygotsky&docid=2eyLTZpVj8pGPM&tbnid=5iS83e7z6vdf_M%3A&vet=1&w=
780&h=1077&bih=530&biw=1093&ved=0ahUKEwiIyfWEhsnQAhXDipAKHc
tyBqIQMwgyKAAwAA&iact=mrc&uact=8>. 
Acesso em: 26 nov. 2016.
Lev Vygotsky (1896-1934) foi um psicólogo da União Soviética que 
influenciou muito o que se pratica hoje na educação em geral. Ficou mundialmente 
conhecido por sua teoria interacionista de aprendizagem, que ressaltava o papel 
do conhecimento prévio e a importância da mediação, ou seja, da instrução para o 
desenvolvimento da aprendizagem. Um dos princípios de sua teoria, amplamente 
difundido na literatura, é o conceito da zona de desenvolvimento proximal, ou 
scaffolding, em inglês. Sua teoria influenciou a disseminação do construtivismo, 
presente até hoje nas escolas.
Para Vygotsky, a linguagem é uma prática social histórica e culturalmente 
situada. Vygotsky vê a linguagem como uma ferramenta para a comunicação 
com o mundo. Em sua obra Thought and Language (1934), Vygotsky estabelece 
uma relação importante entre a linguagem e a organização do pensamento, mais 
especificamente, a formação de conceitos (VYGOTSKY, 1962/1998).
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
23
4 O SIGNO LINGUÍSTICO NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
Você estudou no Tópico 1 que Saussure definiu o signo linguístico 
como sendo formado por um significante e um significado. Ou seja, na visão 
estruturalista, o signo linguístico tem um significado apenas, e este é estático. 
Bakhtin, por outro lado, proporá outra forma de analisar o signo linguístico, 
preconizando que o signo adquire seu significado no momento da enunciação. 
Ou seja, um mesmo significante pode possuir diferentes significados dependendo 
da situação comunicativa, que inclui, por exemplo, o usuário e o contexto, entre 
outros fatores. Para Bakhtin, o signo linguístico ganha sentido a partir do uso da 
língua. Para exemplificar essa visão bakhtiniana, vamos analisar as tirinhas das 
figuras a seguir, que ilustram a questão da definição do signo linguístico escola. 
Você consegue perceber que na visão formalista a análise linguística é puramente 
descritiva, e o aspecto linguístico mais importante é a sintaxe? Já na perspectiva funcionalista, 
o aspecto linguístico mais importante é a pragmática.
IMPORTANT
E
A sintaxe pode ser definida como a combinação de palavras para formar sentenças 
bem estruturadas (ARONOFF; REES-MILLER, 2002). Baker (2002, p. 205) define a sintaxe da 
seguinte forma: “…syntax can be defined as the branch of linguistics that studies how the words 
of a language can be combined to make larger units, such as phrases, clauses, and sentences”.
 “ … a sintaxe pode ser definida como a área da Linguística que estuda como as palavras 
da língua podem ser combinadas de maneira a formar unidades maiores, tais como frases, 
orações, e sentenças” (BAKER, 2002, p. 205, tradução da autora).
Já a pragmática pode ser definida como a lacuna entre o uso da linguagem e o seu significado, 
o que implica que as palavras têm muito mais implicações do que o seu significado (KEMPSON, 
2002). Exemplo (KEMPSON, 2002, p. 307): 
(A) Can you cook?
(B) I know how to put a kettle on.
A resposta para a pergunta em (A) deveria ser Yes ou No. Porém, a afirmação de (B) significa 
mais do que não, pode significar que a única coisa que (B) já fez na cozinha foi colocar uma 
chaleira no fogo, pode ainda significar que (B) não gosta de cozinhar. Ou seja, a linguagem 
sendo usada para expressar diferentes significados que vão além do sentido literal das palavras. 
Na próxima seção você verá o conceito do signo linguístico na perspectiva funcionalista.
NOTA
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
24
Primeiramente, defina qual é o significado do signo linguístico “escola” 
para você. Na sequência, analise as figuras a seguir e pense no significado de escola 
em cada uma dessas tirinhas.
FIGURA 9 - REPRESENTAÇÃO DO SIGNO LINGUÍSTICO ESCOLA
FONTE: Disponível em: <https://cronicasurbanas.wordpress.com/2008/10/15/mafalda-e-a-
escola/>. Acesso em: 27 nov. 2016.
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
25
FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO DO SIGNO ESCOLA
FONTE: Disponível em: <https://mundodesalienado.wordpress.com/tag/montessori/>. Acesso 
em: 27 nov. 2016.
A sua análise deve ter sido a de que na primeira tirinha a escola é um 
lugar onde o aluno é cliente, portanto, deve ser agradado. Já na segunda tirinha, 
você deve ter observado que a escola representa um lugar onde o aluno não 
participa do processo de aprendizagem (onde não há espaço para a dialogicidade, 
coconstrução do aprendizado), onde as práticas pedagógicas excluem o aluno do 
processo (alunos são vistos como depositários de conhecimento). Ou seja, nas duas 
tirinhas podemos ver dois significados diferentes para o mesmo significante. E 
ainda é possível que a sua definição inicial de escola tenha sido diferente dessas 
duas representadas nas tirinhas. Isso mostra que um significante pode ter mais de 
um significado de acordo com o contexto. E é isso que defende Bakhtin.
Ainda em relação às diferentes vertentes de pensamento em relação à 
língua(gem), Martins (2006) afirma que a filosofia da linguagem se divide em 
três caminhos: (i) realista, (ii) mentalista, e (iii) pragmático. Martins (2009, p. 442) 
define esses caminhos da seguinte forma: “(i) identifica parcelas da realidade; 
(ii) representa acontecimentos mentais compartilhados por falantes e ouvintes; e 
(iii) é usada ou vivenciada no fluxo das práticas e costumes de uma comunidade 
linguística, histórica e culturalmente determinada”.
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS26
Diante da discussão empreendida nos Tópicos 1 e 2, você consegue 
visualizar em quais desses caminhos cada concepção de linguagem estudada se 
encaixa? O caminho mentalista podemos relacionar às concepções chomskyanas 
da língua(gem), ou seja, a linha de pensamento formalista, que é, por sua vez, 
derivada do estruturalismo de Saussure. Por sua vez, o caminho pragmático se 
alinha à concepção funcionalista da língua(gem), no qual a intenção comunicativa é 
mais importante do que a estrutura. No Tópico 3, você verá como essas concepções 
influenciam as teorias de aquisição da linguagem e os métodos e abordagens de 
ensino de LE.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou:
• Que a definição de língua, fala e linguagem não é tão simples, tendo em vista 
que as concepções relacionadas a esses termos podem variar de acordo com a 
corrente de pensamento que baseia essa definição. 
• Nas visões estruturalistas/formalistas, a língua é considerada um sistema; a fala, 
por sua vez, é o uso desse sistema. Linguagem se refere à capacidade humana 
de aprender uma língua. O principal proponente da visão estruturalista foi 
Saussure.
• De acordo com a corrente funcionalista, não há distinção entre língua, fala e 
linguagem, sendo que o principal propósito da linguagem é a função da 
comunicação. 
• Na perspectiva funcionalista, a linguagem é analisada de acordo com a função 
que determina em um dado contexto de uso. 
• Na visão funcionalista temos Bakhtin como destaque.
• Na visão formalista, a língua é vista como algo individual, enquanto na visão 
funcionalista a linguagem é vista em uma perspectiva social.
• A definição de signo linguístico também está sujeita à corrente filosófica sob a 
qual a conceituamos. 
• Para Bakhtin, um significante pode ter mais de um significado dependendo do 
contexto de uso. 
• A teoria sociointeracionista de Vygotsky, altamente influente ainda nos dias de 
hoje na educação e no ensino de LE, preconiza que o conhecimento prévio e a 
mediação são fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem.
28
1 Responda à questão seguinte, retirada do ENADE 2011, com base nas 
discussões empreendidas neste tópico. 
Muito se tem falado sobre o ensino linguístico-discursivo da Língua 
Portuguesa desde a publicação dos PCN-LP (BRASIL, 1998). Essa visão é 
extremamente adequada às novas concepções de ensino de línguas no mundo, 
que precisa, cada vez mais, de um ser humano apto a atuar socialmente em 
termos de linguagem. Essa forma de ver também se afina aos novos estudos 
do letramento, que enfatizam a necessidade de trazer, para dentro da escola, as 
demais práticas sociais. Essa perspectiva é:
a) ( ) Recorrente na tese inatista de Chomsky, segundo a qual a faculdade da 
linguagem é um esquema formal e abstrato. 
b) ( ) Complementar aos ensinamentos vygotskyanos, que revelam evidências 
de que a língua é uma atividade social, global e cooperativa.
c) ( ) Divergente da tese construtivista de Piaget, segundo a qual o 
conhecimento é resultado de atividades estruturadoras dos indivíduos.
d) ( ) Contrária à explicação sistêmica-funcionalista de Halliday, para quem 
a linguagem, ao ser proferida em contexto, possui sempre uma função 
social.
e) ( ) Inerente à tese inatista expressa em Lennemberg, que postula que falar é 
natural como andar e considera natural a aprendizagem da leitura e da 
escrita.
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/
LETRAS.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2017.
AUTOATIVIDADE
29
TÓPICO 3
AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E 
AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA 
ESTRANGEIRA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos 1 e 2 desta unidade nos debruçamos sobre as concepções de 
língua(gem). Você viu que definir língua(gem) pode não ser tão simples, visto 
que as concepções mudam dependendo da vertente em que nos baseamos. Neste 
tópico veremos porque é tão importante que você saiba se posicionar diante dessa 
discussão filosófica.
Você já parou para pensar sobre quais concepções de língua(gem) embasam 
as escolhas metodológicas dos professores de língua estrangeira? Depois do 
conteúdo trabalhado nos tópicos 1 e 2, quando você pensa na sua experiência de 
aprendiz de LE, as metodologias mais tradicionais lhe fazem lembrar de qual escola 
de pensamento? E as metodologias mais comunicativas? Estas serão as questões 
abordadas neste Tópico 3. Você verá que cada metodologia de ensino tem como 
base uma concepção de língua(gem) e é muito importante que você, como futuro 
professor de inglês como LE, tenha ciência dessas concepções teóricas para que 
possa tomar decisões metodológicas com segurança.
2 AS VISÕES FUNCIONALISTA E GERATIVISTA SOBRE A 
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Nos tópicos anteriores você foi apresentado às concepções de linguagem 
estruturalista e funcionalista. Nesse momento convido você a refletir sobre como 
essas concepções podem ser estendidas às teorias de aquisição da linguagem. 
Discutiremos como as visões funcionalista e gerativista (proposta por Chomsky) 
podem informar a aquisição da linguagem.
Teorias funcionalistas preconizam que há uma ligação estreita entre a 
estrutura e a função da língua(gem) (GEE, 2002). Dessa forma, segundo esta 
teoria, as formas linguísticas se desenvolveram cultural e historicamente para 
servir funções comunicativas e interativas (GEE, 2002). Portanto, de acordo 
com esta visão, para que uma forma linguística seja adquirida, é crucial que se 
conheça as funções para as quais aquela forma linguística serve. Para as teorias 
funcionalistas, o mais importante para a aquisição da língua(gem), seja de língua 
materna ou estrangeira, é a socialização e não a questão biológica. Como você viu 
30
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
no Tópico 2, uma das teorias de aprendizagem que seguem esta linhagem é a teoria 
construtivista de Vygotsky.
Diferentemente da perspectiva construtivista de Vygotsky, também há 
a teoria gerativista, proposta por Chomsky, que pressupõe a existência de um 
aparato biológico responsável pela aquisição da língua(gem), que ficou conhecido 
como LAD – Language Acquisition Device. Dessa forma, a biologia seria mais 
determinante na aquisição da língua(gem) do que o meio. Um dos argumentos 
defendidos pelos gerativistas para esta questão é o de que o insumo linguístico ao 
qual a criança é exposta até os dois anos de idade não é suficiente para explicar 
o rápido desenvolvimento da língua(gem), portanto, a criança já deveria nascer 
com uma predisposição para a aquisição dela. A teoria gerativista também não vê 
uma relação estreita entre a forma e a função da linguagem, restringindo-se mais 
à análise da forma (BORGES NETO, 2009). De acordo com Borges Neto (2009, p. 
96-97), são pressupostos principais da teoria gerativa:
1. os comportamentos linguísticos efetivos (enunciados) são, ao menos 
parcialmente, determinados por estados da mente/cérebro;
2. a natureza dos estados da mente/cérebro, parcialmente responsáveis 
pelo comportamento linguístico, pode ser captada por sistemas 
computacionais que formam e modificam representações.
3 TEORIAS DE AQUISIÇÃO DE SEGUNDA LÍNGUA
Nesta seção você conhecerá algumas teorias de aquisição de segunda 
língua, iniciando com o Behaviorismo, uma teoria baseada na visão estruturalista 
da língua(gem). Seguindo a mesma perspectiva teórica, você verá a teoria do 
gerativismo. Na sequência será apresentada a teoria do monitor, que também 
é de base formalista (chomskyana). Baseado em outro ponto de vista, o de que 
a língua(gem) serve a funções/propósitos, você verá a hipótese de produção de 
Swain. Por último, você será apresentado à teoria sociointeracionista, de Vygotsky.
É importante observar que, embora reconheçamos a distinção entre os termos 
aquisição e aprendizagem, sendo que aquisição se refere à língua materna, e o termo 
aprendizagem é mais usado para se referir à LE, ao longo do caderno de estudos você encontrará 
os dois termos (aquisição e aprendizagem)sendo empregados de forma intercambiável, assim 
como o termo Second Language Acquisition, em inglês é comumente empregado para 
designar esses dois processos.
NOTA
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
31
3.1 BEHAVIORISMO
Uma das teorias de aquisição de segunda língua muito influentes na 
Linguística foi o Behaviorismo. Esta teoria tem como base o comportamento e vê 
a aprendizagem de uma língua estrangeira como a aquisição de um novo hábito. 
São pressupostos importantes dessa teoria a imitação, a repetição e o reforço para 
a aquisição da língua(gem). Na teoria behaviorista, a aprendizagem de LE é vista 
como uma aquisição de hábitos e não é diferenciada da aprendizagem de nenhuma 
outra habilidade. O principal proponente desta teoria foi Skinner. Conceitos 
importantes nessa teoria dizem respeito ao condicionamento, reforço e punição. 
Reforço serve para respostas positivas e punição para os erros, respostas negativas. 
A aprendizagem de uma segunda língua é vista como a transferência de hábitos de 
uma língua para a outra. De acordo com esta teoria, por exemplo, a aprendizagem 
de cognatos seria facilitada, pois ocorreria uma transferência positiva, já falsos 
cognatos ocasionariam uma transferência negativa, causando dificuldade. Um 
exemplo de um falso cognato é o verbo pretend em inglês, que indica fingir e não 
pretender, como pode parecer 
(Fonte: Disponível em: <http://www.englishexperts.com.br/forum/falsos-cognatos-to-pretend-
and-to-intend-t5696.html>. Acesso em: 18 fev. 2017).
3.2 GERATIVISMO
Outra teoria de aquisição de língua muito influente foi o Gerativismo, 
proposto por Chosmky. De acordo com essa teoria, a criança nasce com um 
dispositivo para aquisição da língua(gem) e o meio irá apenas definir a marcação 
dos parâmetros dela. A teoria pressupõe a existência de uma Gramática Universal 
– (GU), na qual todos os princípios linguísticos já estão definidos desde o 
nascimento da criança. A Gramática Universal (GU) pode ser entendida como um 
sistema universal de princípios, os quais interagem com os parâmetros lexicais 
de cada língua (BAYONA, 2009). Veja a explicação a seguir de Bayona (2009, p. 
1) sobre a GU: “This UG, that is proper to humans only, is presumed to provide 
the child with a capacity to fully acquire the grammar of his L1 regardless of the 
poverty of stimulus encountered. The child subsequently develops the ability to 
gradually restructure such innate UG principles according to different parameter 
of the input”.
Esta GU, que é própria apenas dos humanos, presume-se fornecer à criança a 
capacidade completa de adquirir a gramática da sua L1 independentemente 
da pobreza do estímulo encontrada. A criança, subsequentemente, desenvolve a capacidade 
de gradualmente reestruturar esses princípios inatos da GU de acordo com os diferentes 
parâmetros do insumo (BAYONA, 2009, p. 1, tradução da autora).
NOTA
32
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Por exemplo, se a criança for exposta ao português, marcará o parâmetro 
sujeito nulo positivamente, já que em português é possível uma frase como: Fomos 
ao cinema. Já se a criança for exposta ao inglês como língua materna, por exemplo, 
irá marcar esse parâmetro negativamente, visto que em inglês essa mesma frase 
requer o uso do sujeito: We went to the movies. A questão que fica para a aquisição 
da segunda língua é se esses parâmetros já definidos pela língua materna (L1) 
serão restabelecidos ou se os parâmetros da L1 serão transferidos à L2 (segunda 
língua ou língua estrangeira). Dessa forma, a teoria gerativista, quando analisada 
em relação à aquisição de uma segunda língua, permite quatro hipóteses:
(1) Total acesso à GU.
(2) Acesso parcial à GU.
(3) Acesso indireto à GU, mediado pela L1.
(4) Nenhum acesso à GU.
De acordo com a primeira hipótese, todos os parâmetros estariam 
disponíveis ainda para a aquisição da LE. Já a segunda hipótese prevê que alguns 
parâmetros estarão disponíveis e outros não. A terceira hipótese prevê que o acesso 
à GU será através da L1, ou seja, alguns parâmetros já definidos para a língua 
materna terão que ser apagados ou redefinidos. Já a quarta hipótese prevê que 
os parâmetros não estão mais disponíveis quando da aquisição da LE (BAYONA, 
2009).
3.3 A TEORIA DO MONITOR
Vejamos agora uma teoria de aquisição de segunda língua, de base inatista, 
chomskyana: a teoria do Monitor, proposta por Stephen Krashen (1981). Esta teoria 
é composta por cinco hipóteses:
(1) Hipótese da aquisição e aprendizagem:
 De acordo com esta hipótese, a aquisição seria um processo natural e 
espontâneo, semelhante ao que ocorre quando da nossa língua materna. Ou seja, 
a aquisição, de acordo com Krashen (1981), se refere a um processo implícito. Já 
a aprendizagem aconteceria de forma explícita, por meio de instrução. Porém, 
um aspecto importante desta distinção é que, de acordo com Krashen (1981), o 
que é aprendido não se transforma em conhecimento automático, não havendo, 
para ele, uma relação direta entre aquisição e aprendizagem.
(2) Hipótese do monitor:
 A hipótese do monitor prevê que o conhecimento explícito, aprendido, teria 
a função de monitorar o uso da LE, quando fosse necessário que o falante 
consultasse as regras da língua. Ou seja, de acordo com esta hipótese, o falante 
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
33
monitoraria seu uso da LE para ver se está gramaticalmente correto ou não. 
Exemplo: você ouviu alguns amigos usarem a expressão ‘I ain’t going’, mas 
ao tentar reproduzi-la, o seu monitor faz você utilizar a forma gramatical ‘I’m 
going’ (estou indo) 
(FONTE: Disponível em: <http://www.languagesurfer.com/2013/10/04/part-iv-the-monitor-
hypothesis/>. Acesso em: 18 fev. 2017).
(3) Hipótese da ordem natural:
De acordo com esta hipótese, haveria uma ordem natural para a aquisição das 
regras gramaticais da língua que não dependeria da complexidade do item ou 
da instrução. Ou seja, a aprendizagem dos itens gramaticais só aconteceria nessa 
ordem naturalmente preestabelecida. Ainda que houvesse instrução a respeito 
desse item, a aquisição não aconteceria. Exemplo: de acordo com esta hipótese, 
crianças aprendendo o inglês como língua materna adquiririam o morfema -ing do 
gerúndio (He is driving – Ele está dirigindo) antes do morfema -s relativo à terceira 
pessoa do singular (He drives – ele dirige) 
(FONTE: Disponível em: <https://www.teachingenglish.org.uk/article/natural-order>. Acesso em: 
18 fev. 2017). 
(4) Hipótese do insumo compreensível:
 Esta hipótese preconiza que, para que ocorra aprendizagem, é necessário 
que o insumo seja compreensível, mas também haja um aumento no grau de 
complexidade, no qual o insumo compreensível seria representado por i, e o 
insumo necessário para o desenvolvimento da LE seria i+1. Ou seja, um nível de 
dificuldade acima daquele que o aprendiz se encontra. Presume-se que o insumo 
compreensível esteja relacionado a algo que o aprendiz consegue entender, 
mas ainda não consegue reproduzir. É difícil citar um exemplo específico, 
pois esse conceito está atrelado a questões contextuais de uso da língua e não 
necessariamente a questões de vocabulário e gramática.
(5) Hipótese do filtro afetivo:
 Esta hipótese tem como fundamento o fato de o aprendiz precisar se sentir 
confortável no ambiente de aprendizagem para que ocorra aquisição da 
língua(gem). Ou seja, o aprendiz precisa estar com um baixo filtro afetivo 
para que ocorra a aprendizagem (KRASHEN, 1981). A motivação é um fator 
importante, diretamente relacionado a um baixo filtro afetivo.
3.4 A HIPÓTESE DA PRODUÇÃO DE SWAIN
De acordo com a hipótese de produção de Swain (1995), a produção da 
língua(gem) serve a três funções: (1) função de notar; (2) função de testar; (3) função 
metalinguística. A função de notar se refere a quando o aprendiz percebe certos 
aspectos da sua LE que ele ainda precisa desenvolver, ou seja,

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