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DO EMPRÉSTIMO – COMODATO E MÚTUO 1. Conceitos: 1.1 Empréstimo: - É o negócio jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma coisa a outra, de forma gratuita, obrigando-se esta a devolver a coisa emprestada ou outra de mesma espécie e quantidade. a) Comodato: - empréstimo de bem infungível e inconsumível, em que a coisa emprestada deverá ser restituída findo o contrato; - “empréstimo de uso”; b) Mútuo: - empréstimo de bem fungível e consumível, em que a coisa é consumida e desaparece, devendo ser devolvida outra de mesma espécie e quantidade; -“empréstimo de consumo”. 2. Características: a) Unilateral; b) Gratuito (benéfico); c) Comutativo; d) Informal; e) Real – tradição está no plano da validade e não no plano da eficácia; 3. Do Comodato: 3.1 Conceito: - contrato unilateral, benéfico e gratuito em que alguém entrega a outra pessoa uma coisa infungível, para ser utilizada por um determinado tempo e devolvida findo o contrato; 3.2 Objeto: - Bens móveis ou imóveis, uma vez que ambos podem ser infungíveis (insubstituíveis); OBS: doutrina entende que bens fungíveis utilizados em enfeite e ornamentação podem ser objeto de comodato (por exemplo, cesta de frutas exóticas, ou mesmo garrafas de uísque), pois, findo o comodato, deve-se restituir a mesma coisa que foi emprestada; 3.3 Partes: a) Comodante – é aquele que empresta a coisa; b) Comodatário – é aquele que recebe a coisa; 3.4 Características: a) Intuito Personae – baseado na fidúcia, na confiança do Comodante em relação ao comodatário; b) Informal – não se exige forma escrita; c) Não solene – não se exige ato solene para seu aperfeiçoamento; 3.5 Natureza jurídica: - Contrato real – art. 579; * quando não há a entrega da coisa, a doutrina entende que estar-se-ia diante de um contrato preliminar, isto é, promessa de comodato; 3.6 Limitação da celebração: - art. 580; 3.7 Contrato temporário – art. 581: - fixado com prazo determinado em indeterminado; - Quando não tem prazo convencional (indeterminado) será presumido para o uso concedido; - Em regra, antes de findo o prazo (determinado) ou do uso concedido (indeterminado), não poderá o comodante reaver a coisa; - Efeitos: perdas e danos; 3.8 Obrigações do comodatário: - Art. 582, 1ª Parte; a) Obrigação de fazer – guardar e conservar a coisa; b) Obrigação de não fazer – não desviar o uso da coisa; 3.9 Não devolução do bem: - art. 582, 2ª Parte. OBS: Quanto ao aluguel fixado pelo comodante, geralmente quando da notificação, este tem o caráter de penalidade, não sendo o caso de se falar em conversão do comodato em locação. Trata-se, na verdade, de fixação de “aluguel-pena”. Aplicação do art. 575, parágrafo único do CC/02; 3.10 Responsabilização por eventos imprevisíveis e inevitáveis: - art. 583; 3.11 Recobrança das despesas com uso e gozo: - Art. 584, CC/02; - Ressalta o caráter gratuito do contrato; OBS: Em relação às benfeitorias, doutrina e jurisprudência divergem. A corrente a favor se pauta no art. 1.219 do CC/02, enquanto a corrente contrária se vale na norma insculpida no art. 584 CC/02; 3.12 Pluralidade de Comodatários: - art. 585; - Responsabilidade solidária; OBS: Se a coisa se perder por culpa de um dos devedores-comodatários, todos responderão pelo seu valor, mas pelas perdas e danos somente responde o comodatário culpado, nos termos do art. 279 do CC/02. 4. Do Mútuo – arts. 586/592 4.1 Conceito: - Empréstimo de coisas fungíveis; 4.2 Partes: a) Mutuante – aquele que cede a coisa; b) Mutuário – aquele que recebe a coisa; 4.3 Características: - Em regra, trata-se de contrato unilateral e gratuito (exceção feita para o mútuo oneroso), comutativo, real, temporário e informal; 4.4 Objeto: - APENAS bens móveis, uma vez que somente esses podem ser fungíveis, consoante art. 85 do CC/02; 4.5 Translativo de propriedade – arts. 586 e 587: - a coisa é transferida a outrem e consumida, sendo devolvida outra de mesmo gênero, qualidade e quantidade; 4.6 Mútuo feito a menor de 18 anos: - art. 588; - Obrigação natural, isto é, a dívida existe, mas não há correspondente responsabilidade; - Trata-se de caso de ineficácia do negócio; 4.6.1 Exceções: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. 4.7 Direito de garantia: - art. 590; - quando o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica; - espécie de exceção do contrato não cumprido; 4.8 Mútuo feneratício; - é o mútuo oneroso, comum no empréstimo de dinheiro; - art. 591; - Limite de 12% ao ano, conforme lei de usura, à exceção das instituições bancárias; 4.9 Prazos do Contrato de Mútuo: - Aplicam-se os prazos constantes do art. 592 quando não haja previsão no instrumento;
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