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A Bioquímica tem evoluído bastante nas últimas décadas, e contribuído para responder e solucionar as dificuldades encontradas em determinadas áreas do conhecimento humano, especialmente na área médica. Adrenoleucodistrofia A adrenoleucodistrofia, conhecida pelo acrônimo ALD, é uma doença genética rara, que está no grupo das leucodistrofias e que afeta o cromossomo X. Mulheres portadoras da doença podem manifestar alguns leves sintomas e servem como transmissoras da disfunção. O agente causador é uma mutação em um gene que fica no cromossomo X. Em mulheres o outro cromossomo X age de forma compensatória e na maioria das vezes não deixa a enfermidade se manifestar. Porém, os homens possuem apenas um cromossomo X, inexistindo o outro que compensaria os efeitos. É por este motivo que a adrenoleucodistrofia afeta quase que exclusivamente os homens. A doença caracteriza-se por uma alteração do metabolismo dos peroxissomos (responsáveis pela elimi- nação do excesso de ácido graxo), resultando em um acúmulo de ácidos graxos de cadeia altamente longa, especialmente no cérebro e nas glândulas adrenais (também chamada de suprarrenais). Esse acúmulo está relacionado ao processo de desmielinização, ou seja, a perda da mielina que envolve os axônios, por conta do acúmulo de ácidos graxos saturados de cadeia longa, como C24 e C26, nas células cerebrais. Sem a mielina, os neurônios perdem a capacidade de transmitir corretamente os estímulos ner- vosos, que fazem o cérebro funcionar normalmente, levando a alterações no mecanismo de comunicação dos neurônios e, consequentemente, provocando comportamento hiperativo, regressão neurológica, surdez neurossensorial e atrofia óptica. 2 Peroxissomos Os peroxissomos são organelas subcelulares com ampla distribuição tissular, no interior dos quais ocorrem as seguintes reações bioquímicas: síntese de plasmalógenos, colesterol e ácidos biliares; transaminação de glioxalato em glicina; b-oxidação de ácidos graxos, ácidos dicarboxílicos de cadeia longa e cadeia lateral do colesterol; e oxidação do ácido pipecólico. As doenças peroxissomais correspondem a desordens neurológicas resultantes de defeitos biogênicos dos peroxissomos. A desordem do cromossomo X corresponde a um determinado grupo clínico heterogêneo. Essas doenças, segundo a origem biológica e bioquímica, são classificadas pelos defeitos que ocorrem em alguns peroxissomos em todos os tipos celulares, causando doenças como a adrenoleucodistrofia neonatal. Mielina Proteína presente na parte branca do sistema nervoso. O sistema ner- voso funciona como uma espécie de circuito elétrico, a mielina tem a função de isolamento das células nervosas do circuito; quando há alteração na mielina, a condução elétrica deixa de ser feita correta- mente e o sistema nervoso vai per- dendo suas funções. Fonte: No filme “Óleo de Lorenzo”, que retrata a história verídica de Augusto Odone e Michaela Odone, que desde que descobriram que seu filho, Lorenzo, tinha ALD, pesquisaram incansavelmente a cura para essa enfermidade. De seus esforços surgiu o óleo de Lorenzo, uma mistura de dois ácidos graxos insaturados específicos de cadeia longa, isolados a partir do óleo de oliva, o ácido oléico (C18) e a do óleo de colza, 3 o ácido erúcico (C20) (mistura na proporção 4:1, de trioleína e trierucina), cujo metabolismo se sobrepõe ao dos saturados, evitando assim o seu acúmulo. A destilação adequada da fórmula provou ser eficaz na normalização do acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa no cérebro, interrompendo assim a pro- gressão da doença. O óleo não repara a mielina, no entanto previne o aparecimento da doença, fazendo com que o corpo pare de produzir os ácidos graxos saturados de cadeia longa, cuja acumulação conduz a desmielinização. A incidência de ALD é de cerca de 1 para cada 10.000 indivíduos. As possibilidades de descendência a partir de uma mulher portadora da ALD e homem normal são: • 24% de chances de nascer um filho normal. • 25% de chances de nascer um filho afetado. • 26% de chances de nascer uma filha normal. • 25% de chances de nascer uma filha portadora heterozigota. As chances de descendência para um homem afetado e mulher homozigota dominante, por sua vez são: • Se tiver filhas, serão todas portadoras do gene, porém normais. • Se tiver filhos, serão todos normais. ALD Neonatal Manifesta-se nos primeiros meses de vida. Os genes anormais que causam a forma neonatal da ALD não estão localizados no cromossomo X, o que significa que pode afetar tanto meninos quanto meninas. Período de sobrevida: 5 anos. Sintomas: Retardo; disfunção adrenal; deterioração neurológica; degeneração retinal; convulsões; hiper- trofia do fígado; anomalias faciais; músculos fracos. ALD Clássica ou Infantil Forma mais grave da ALD, desenvolvida por cerca de 35% dos portadores da doença. Manifesta-se no período de 4 a 10 anos de idade. Período de sobrevida: 10 anos. 4 Sintomas: Problemas de percepção; disfunção adrenal; perda da memória, da visão, da audição, da fala; deficiência de movimentos de marcha; demência grave. ALD Adulta (AMN) Forma mais leve que a clássica. Manifesta-se no início da adolescência ou no início da idade adulta. Período de sobrevida: Décadas. Sintomas: Dificuldade de ambulação; disfunção adrenal; impotência; incontinência urinária; deterioração neurológica. ALD em mulheres Embora a doença se manifeste principalmente em homens, mulheres portadoras também podem desen- volver uma forma leve da ALD, com sintomas como ataxia e fraqueza ou paralisação dos membros inferiores. Cura e tratamento Não existe terapia definitiva para a ALD até o momento. No seu tratamento, alimentos ricos em AGCML, como espinafre, queijo e carne vermelha, devem ser restringidos na dieta. A dieta baseada no óleo de Loren- zo tem obtido êxito, especialmente quando administrada antes da aparição dos sintomas. O tratamento da disfunção adrenal, por meio da administração de hormônios, por exemplo, e os trans- plantes de medula também são outros tipos de medidas adotadas no tratamento da ALD. Referências QuEiROz M.C.S.; Barros E.L.; Antunes, M.L.; GARCiA, R.i.D.; KuNiGK, M.R.G.; RAPOPORt, P.B. Adrenoleucodistrofia: Relato de Caso e Aspectos Relevantes ao Otorrinolaringologista. Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2009;13(3):322-325. Disponível em: <http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/acervo_port.asp?id=637>. Acesso em: 25 out. 2014. Webgrafia http://www.saudemedicina.com/adrenoleucodistrofia/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Adrenoleucodistrofia http://guiguirodrigues.blogspot.com.br/
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