Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1. Corpo Rígido O corpo rígido mantém sua forma inalterada durante o movimento. A rigor, nenhum corpo é perfeitamente rígido, sempre haverá pequenas deformações durante o movimento. Contudo, na prática, os sólidos aproximam-se muito da idealização de um corpo rígido. O movimento de um corpo rígido pode ser decomposto em translação e rotação. Translação: Todas as suas partículas sofrem o mesmo deslocamento, em qualquer intervalo de tempo considerado. Rotação: As partículas descrevem trajetórias circulares cujos centros situam-se sobre uma mesma reta, denominada eixo de rotação. No presente curso analisaremos apenas a rotação em torno um eixo que mantém sua direção inalterada. 2. Cinemática da Rotação 2.1 Deslocamento angular e posição angular Para um movimento ocorrendo exclusivamente em torno de um eixo fixo, podemos definir a posição angular, que será o deslocamento angular em relação a uma linha de referência. Tem-se que r s = . Em uma rotação, o deslocamento angular será o mesmo para todas as partículas do corpo. Na convenção usual, um deslocamento angular no sentido anti-horário é positivo e um deslocamento no sentido horário é negativo. A unidade para deslocamento angular e posição angular é o radiano, uma grandeza adimensional. 2.2 Velocidade angular A partir da definição de posição angular e deslocamento angular, podemos definir a velocidade angular . Velocidade angular média t méd = . Velocidade angular instantânea dt d = . Da relação r s = , tem-se que r v = . Onde v é o módulo da velocidade. No SI, a unidade para velocidade angular é o radiano por segundo, rad/s. 2.3 Aceleração angular De modo análogo, pode-se definir a aceleração angular . Aceleração angular média t méd = . E a aceleração angular instantânea dt d = . Da relação r v = , tem-se que r aT= . Onde Ta é a aceleração tangente. No SI, a unidade para aceleração angular é o radiano por segundo ao quadrado, rad/s2. 2.4 Correspondência entre grandezas angulares e lineares Como as definições de velocidade e aceleração angulares são formalmente idênticas às definições de velocidade e aceleração lineares para o movimento em uma dimensão, haverá uma perfeita correspondência entre estes dois conjuntos de grandezas e, também, entre as relações deduzidas a partir de suas definições. Cinemática em uma dimensão Rotação em torno de um eixo fixo )(2)0()( )()0()( )( 2 1 )0()0()( )()0()( 22 2 constasavtv constaatvtv constaattvsts constvvtsts dt dv a dt ds v =+= =+= =++= =+= = = )(2)0()( )()0()( )( 2 1 )0()0()( )()0()( 22 2 constt consttt constttt consttt dt d dt d =+= =+= =++= =+= = = ra rv rs = = = 2.5 Período e frequência O Período é definido como o tempo que o corpo leva para executar uma revolução completa. Se a velocidade angular de rotação for constante, o período também permanecerá inalterado. Temos que T 2 = , que equivale a 2 =T , A frequência é definida como o número de revoluções executadas durante uma unidade de tempo. A frequência é o inverso do período T f 1 = , donde f 2= . No SI, a unidade de frequência será o Hz que é o mesmo que s-1. Exercício Na acima, quatro polias estão conectadas por duas correias. A polia A (raio igual a 15 cm) é a polia motriz e gira a 10 rad/s. A polia B (raio igual a 10 cm) está conectada a polia A pela correia 1. A polia B´ (raio igual a 5 cm) é concêntrica à polia B e está rigidamente ligada a ela. A polia C (raio igual a 25 cm) está conectada à polia B’ pela correia 2. Calcule: a) a velocidade linear de um ponto na correia 1; b) a velocidade angular da polia B; c) a velocidade angular da polia B’; d) a velocidade linear de um ponto na correia 2; e) a velocidade angular da polia C. 2.6 Grandezas angulares tratadas como vetores 2.6.1 Deslocamento angular O deslocamento angular não é um vetor, porque a soma não comuta. Podemos ter 1221 ++ . A soma de vetores deve satisfazer a propriedade comutativa, logo não podemos tratar o deslocamento angular como um vetor. 2.6.2 Vetor velocidade angular Vimos que de uma forma geral deslocamento angulares não podem ser tratados como vetores. No entanto, esta restrição não vale para deslocamentos infinitesimais, que podem ser tratados como vetores. Deste modo é possível definir o vetor velocidade angular t = → 0 lim . Por definição, o vetor velocidade angular terá a direção do eixo de rotação e o seu sentido é dado pela regra da mão direita. Para uma partícula executando um movimento circular, a relação entre o vetor velocidade e o vetor velocidade angular é dada por rv = , conforme podemos ver na figura acima. 2.6.3 Vetor aceleração angular A partir do vetor velocidade angular, pode-se definir o vetor aceleração angular dt d = . Da relação rv = , tem-se que ( )rra vra dt rd r dt d a += += += O primeiro termo da soma pode ser identificado como a aceleração tangencial, enquanto o segundo será a aceleração centrípeta; isto é, ( )ra ra C T = = 3. Dinâmica de rotação 3.1 Momento angular Em um movimento de rotação, a resultante das forças sobre o sistema não pode ser nula, pois existe aceleração centrípeta no movimento circular. Por conseguinte, o momento linear não é conservado mesmo com velocidade angular constante, a direção da velocidade varia. Contudo, o momento angular é conservado, sendo definindo, para uma partícula, como . Conforme pode ser visto na figura acima, para cada partícula, o módulo de r e p fica inalterado, assim como o ângulo entre eles. Como o momento angular de cada partícula fica constante durante o movimento de rotação, o momento angular total será conservado, �⃗� 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = �⃗� 𝐴 + �⃗� 𝐵+. . . +�⃗� 𝑁. prL = Da definição de momento angular para uma partícula, decorre que dt pd rp dt rd dt Ld += , Frpv dt Ld += . Porém 0= pv e =Fr (torque). Logo dt Ld = . Pode-se provar que a equação acima permanece válida para um sistema de partículas. Totalres L dt d = (sistema de partículas) onde = extres O torque externo resultante res atuando sobre um sistema de partículas é igual à taxa de variação temporal do momento angular total do sistema. Essa equação é conhecida como a equação fundamental para a dinâmica de rotação. A partir dela, pode-se provar formalmente a conservação do momento angular. .0 constLTotalres == if LLconstL == . 3.2 Momento de inércia Na seção 2.6.2, foi visto que 𝑣 = �⃗⃗� × 𝑟 . Também foi visto que �⃗� = 𝑟 × 𝑚𝑣 . Combinando as duas relações acima, obtém-se �⃗� = 𝑟 × 𝑚(�⃗⃗� × 𝑟 ). Substituindo a identidadevetorial 𝑎 × (�⃗� × 𝑐 ) = (𝑎 ⋅ 𝑐 ) �⃗� − (𝑎 ⋅ �⃗� ) 𝑐 na última equação, tem-se que �⃗� = 𝑟2𝑚�⃗⃗� − 𝑚(𝑟 ∙ �⃗⃗� )𝑟 . Em geral 𝑟 ∙ �⃗⃗� não é nulo. No entanto, se o centro da circunferência for tomado como origem, o vetor posição será perpendicular ao vetor velocidade angular, resultando em 𝑟 ∙ �⃗⃗� = 0 Portanto, �⃗� = 𝑚𝑑2�⃗⃗� onde d é a distância ao eixo de rotação. A quantidade md2 é chamada de momento de inércia e usualmente denominada por 𝐼, o que resulta em �⃗� = 𝐼�⃗⃗� De fato, nem sempre os vetores �⃗� e �⃗⃗� terão a mesma direção e sentido permitindo que o momento de inércia seja tratado como um escalar. Em casos mais gerais o momento de inércia é representado por um operador. Entretanto, quando o eixo de rotação está fixo (mantém sua direção inalterada), é sempre possível considerar o momento de inércia como uma grandeza escalar. Para um sistema composto de N partículas, como massa mi e raio de curvatura di, a definição de momento de inércia pode ser generalizada 𝐼 = ∑𝑚𝑖𝑑𝑖 2 Para um corpo rígido o somatório na definição do momento de inércia tenderá para uma integral, 𝐼 = ∫𝑑2𝑑𝑚 Observe que o momento de inércia irá depender • da forma do corpo • da massa do corpo e de sua distribuição • do eixo de rotação O momento de inércia será diferente para cada eixo de rotação, contudo, existe uma relação entre o momento de inércia em torno de um eixo qualquer e o momento de inércia em tordo do eixo paralelo que passa pelo centro de massa. 2MhII CM += onde: I é o momento de inércia em torno de um eixo qualquer; CMI é o momento de inércia em torno do eixo paralelo que passa pelo centro de massa; M é a massa total do corpo; h é a distância entre os eixos. Com o momento de inércia desempenhando o papel equivalente ao da massa, é possível fazer uma analogia completa entre a dinâmica de translação e rotação. Translação Rotação Relação m (massa) I (momento de inércia) 𝐼 = { ∑𝑚𝑖𝑑𝑖 2 ∫𝑑2𝑑𝑚 v (velocidade) (vel. angular) rv = a (aceleração) (ac. angular) ( )r ra + = P (momento linear) L (momento angular) vmP = IL = F (força) (torque) dt Pd F = dt Ld = if PPF == 0 (conservação do momento linear) if LL == 0 (conservação do momento angular) amF = I= prL = Fr = 3.3 Exemplos de conservação do momento angular Rotação de um planeta A força de atração do Sol não produz torque sobre a terra, portanto o momento angular é conservado. Isso explica o porquê dela não parar de girar em torno do seu próprio eixo mantendo a velocidade angular de rotação constante. Salto Ornamental Como não há torques aplicados em relação ao centro de massa do mergulhador, )( IL = é constante. Ao juntar braços e pernas, I diminui e, portanto, aumenta Helicóptero Se não houvesse o rotor na cauda, o corpo do helicóptero tenderia a girar no sentido contrário ao da hélice quando a mesma sofresse uma aceleração angular. Em helicópteros de hélices duplas as mesmas rodam em sentidos contrários mantando o momento angular constante independe da velocidade de rotação. Como não há aumento do momento angular quando há aceleração angular, não é necessário o rotor na cauda. Giroscópio O giroscópio consiste em um disco girante, com liberdade para mudar o seu eixo de rotação. O arranjo é construído de modo a ter o torque total sobre o sistema igual a zero. Como não há torque externo, o vetor momento angular permanecerá constante.
Compartilhar