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portifólio servico social Nações: suas desigualdades e seu desenvolvimento sócio econômico

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SISTEMA DE ENSINO SEMIPRESENCIAL CONECTADO
Serviço Social
Argelino Conteratto Furtado
Lussiane Botelho Horner
Nice Cristina F. P. Silva
Nívia Cristiane Ferreira
Nações: suas desigualdades e seu desenvolvimento sócio econômico
Jaguarão
2016
Argelino Conteratto Furtado
Lussiane Botelho Horner
Nice Cristina F. P. Silva
Nívia Cristiane Ferreira
Nações: suas desigualdades e seu desenvolvimento sócio econômico
Trabalho apresentado ao Curso Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplinas de Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social I, Filosofia, Ciência Política e Sociologia.
Prof. Rosana Malvezzi
José Adir Machado
Mariana Lopes
Sérgio Barboza
Jaguarão
2016
INTRODUÇÃO:
O trabalho é por excelência uma forma de buscar meios mais coesos de elucidar aspectos relacionados com as desigualdades sociais, tanto em âmbito nacional (Brasil) quanto em âmbito mais abrangente, mundial.
A dissertação tem por objetivo principal estimular o senso crítico, juntamente com o olhar crítico, e promover a habilidade de fazer conexões entre as alusões teóricas, comumente expostas em artigos e livros, os conceitos já consolidados e a realidade prática do cotidiano.
O texto busca fazer uma correlação interdisciplinar entre algumas discussões relacionadas às desigualdades sociais, valores materiais, valores culturais, sistemas de comércio e geração de riquezas, meio ambiente e sustentabilidade.
DESENVOLVIMENTO
A desigualdade social, dentre tantos problemas que afligem a sociedade como um todo, afetam a maioria dos países na atualidade, tanto economicamente quanto culturalmente.
Uma boa definição de desigualdade é dada pela correlação entre “algo diferente” e a própria desigualdade propriamente dita, citada pelo historiador brasileiro José D’Assunção Barros. Algo é “diferente” quando sua essência se difere da essência do outro – seja no todo ou em algum aspecto particular. A “desigualdade”, no entanto, não se refere a essências distintas, mas sim a uma circunstância que privilegia algo ou alguém em relação ao outro – independentemente de os dois serem iguais ou diferentes. A diferença pode ser tanto nata e natural como cultural. Já a desigualdade – as circunstâncias que privilegiam alguns – é construída socialmente. E, muitas vezes, implica a ideia de injustiça (MARTINS, 2011).
O conceito de desigualdade social remete a um guarda-chuva que compreende diversos tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo (CAMARGO, 2016).
O princípio da desigualdade social originava-se dentro de todo o aspecto histórico brasileiro e as respectivas formas de desigualdades. Primeiro com os indígenas que aqui já viviam, pois desconsideraram a legitimidade destes como donos das terras brasileiras, e, posteriormente com os negros, os quais eram descriminados e tratados como raça inferior (YONEZAWA, 2015). As relações de poder e riqueza, além de todos os aspectos culturais e políticos, estão diretamente ligadas a origem e desenvolvimento das desigualdades sociais. Devido ao grande número de mão de obra existente na época da revolução industrial, o salário pago era irrisório de modo a nem comtemplar as necessidades básicas do indivíduo e de sua família, fazendo assim com que a disparidade entre as classes aumentasse ainda mais.  Dessa forma, somente a elite possuía condições para uma moradia e educação de qualidade, enquanto a outra classe encontrava-se trabalhando para tentar sobreviver.
No Brasil, a colonização por Portugal ocorreu através da monocultura o que acentuou ainda mais as disparidades sociais. A mão de obra utilizada era mão de obra escrava, em sua maioria de negros, os quais não possuíam menores condições de vida digna, já que não eram considerados humanos. Nesse período só tinha acesso ao estudo aqueles que possuíam condições de ir para Europa, já que no Brasil não haviam escolas, nem faculdades (JANEGITZ, 2015).
Visto isso, elucidamos que a desigualdade social, principalmente a econômica, se mostra, em primeiro momento, de forma espontânea e natural perante a sociedade brasileira. Por outro lado, ao decorrer dos anos, juntamente com a nova ordem mundial (neocapitalismo) a desigualdade social tornou-se uma ferramenta premeditada, muitas vezes, pelas grandes corporações, tanto nacionais quanto internacionais, e também pela falta de ações intervencionistas de regionais, tais como incentivo a educação, cultura, especialização profissional, entre outros.
O Brasil é rico, pois possui um território gigantesco, com mais de oito milhões quinhentos mil quilômetros quadrados, imensas reservas e recursos naturais de causar inveja aos outros povos. Produz desde café, soja, cacau e exporta automóveis, aviões, minérios de ferro, é o primeiro país do globo em reservas de nióbio, um metal especial. Enquanto outros povos sofrem com a falta de água, o Brasil ainda se dá ao luxo de desperdiçar água. Apesar do desmatamento irresponsável, as nossas florestas ainda são enormes. Há uma grande produção de leite, carne bovina, frango e cereais que são exportados aos milhões de toneladas. É um país onde a sua cultura é diversificada, além de conter um rico e variado folclore. Entretanto, por mais esforços que tenham sido feitos pelos governos, o povo, em sua grande maioria ainda é pobre economicamente e intelectualmente, ao ponto de existir no País em torno de dezessete milhões de analfabetos (D´CÂMARA, 2009).
O Japão não possui recursos naturais, importa desde minérios até carnes e é a segunda economia mundial. A Suíça, por exemplo, não produz cacau, mas é reconhecida como a melhor fabricante de chocolate do mundo. Isso pode ser explicado em decorrência do tempo de existência dessas nações e de uma economia mais consolidada. Entretanto a relação “tempo x dinheiro” não está unicamente associada ao tempo de existência dos países, como é o exemplo da Índia e o Egito que são povos milenares e mesmo assim são nações pobres economicamente. O Brasil, com mais de quinhentos anos de existência, ainda é pobre em sua economia, enquanto que países novos, como Austrália, Nova Zelândia e Canadá detém uma maior riqueza bruta (D´CÂMARA, 2009).
[...] Cobre é uma riqueza natural altamente valorizada por sua importância nas indústrias. A Zâmbia tem uma das três maiores reservas mundiais de cobre, que representa 90% de suas exportações. Além disso, é grande produtora de esmeraldas, açúcar, milho e outros cereais. No entanto, mais de 64% de sua população vive abaixo da linha da pobreza. Com menos de um dólar por dia. O PIB (produto interno bruto) médio nacional é de 1.700 dólares anuais. E o desemprego em 2012 chegava a 17%. No ranking de Desenvolvimento Humano da ONU, a Zâmbia ocupa o 164º lugar entre 187 nações. A expectativa de vida é de apenas 48 anos. 45% das crianças do país são desnutridas (EÇA, 2014, p.s/n).
Como um país tão rico em cobre pode ter um povo tão pobre economicamente? Em fins do século passado, a Zâmbia estava arruinada, mas a privatização das suas más administradas empresas, 80% delas estatais, despertava esperanças num futuro melhor. Para socorrer um país sem condições de pagar suas dívidas, o FMI (fundo monetário internacional) e o Banco Mundial impuseram a liquidação dessas empresas. Pressionado, o governo zambiano teve de vender rápido suas empresas. Com isso o setor mineiro foi comprado por empresas estrangeiras por insignificantes 443 milhões de dólares, que nos anos seguintes elas lucraram bilhões em cima das mesmas. As demais empresas em conjuntosaíram por valores irrisórios. Todo o recurso perdido atualmente para as multinacionais atuantes no país somam, em média, o equivalente a metade do PIB do próprio país (EÇA, 2014).
A experiência socialista do passado foi um desastre e Zâmbia precisa do capital estrangeiro para desenvolver o país. Porém atualmente o governo do país tenta arrumar soluções para extirpar as ações decorrentes das multinacionais que ainda atuam minerando, extraindo e “roubando” as riquezas naturais da nação. De um lado, a Zâmbia negocia novas leis que impeçam esse jogo voraz de custos inflados e exportações rebaixadas, visando minimizar lucros e impostos perante as multinacionais. De outro lado, precisa do apoio e da solidariedade da União Europeia e o reconhecimento pelo Banco Europeu de Investimento de que está sendo roubada pode ajudar em muito sua causa junto aos poderes do Velho Mundo (EÇA, 2014).
Com o crescimento da população e da economia global nos dois últimos séculos, o mundo vem passando por grandes transformações climáticas em um curto período de tempo jamais visto, tendo o grande desafio de crescer e suprir as necessidades humanas sem prejudicar os recursos naturais do planeta. Tudo indica que nosso país crescerá em ritmo chinês nos próximos anos. O desafio é fazer isso sem destruir o meio ambiente, como aconteceu na China anteriormente.
É possível manter esse desempenho vigoroso de forma sustentável? Em outras palavras, sem agredir a natureza nem arruinar os recursos naturais do país. O crescimento econômico só tem vantagens. Promove o aumento do emprego, da renda e dá dignidade à vida de um povo. Se o preço a pagar por isso, contudo, for a degradação do ambiente em que vivemos, o prejuízo será duplo: a perda de nossa qualidade de vida e um futuro incerto para as próximas gerações. A história é pouco animadora no que diz respeito a crescer sem degradar. Desde que o Homohabilis construiu as primeiras ferramentas de pedra, há 2 milhões de anos, a ordem natural foi submetida à vontade humana (CARELLI, 2010).
Os desafios brasileiros para crescer e, ao mesmo tempo, se adequar a esse novo modelo sustentável de mundo são enormes. Será preciso expandir a agropecuária sem desmatar a Amazônia, suplementar a geração de energia, investir bilhões em infraestrutura — desde a básica, como saneamento, até a modernização de portos e aeroportos. Uma das chaves para que tudo isso ocorra de forma sustentável é a inovação tecnológica. “Inovação tecnológica só existe se há aumento do consumo, aumento da produção e da riqueza de um país. Nenhuma nação em frangalhos tem condições de promover a inovação, muito menos sustentabilidade”, diz Maílson da Nóbrega (CARELLI, 2010).
Segundo Marx, a exploração do homem pelo homem ocorre através da alienação dos meios de trabalho, da força de trabalho e do produto do trabalho, imposta por um dos homens sobre o outro, e se concretiza com o capitalismo. Como consequência dessa forma de produção, baseada na exploração do trabalhador pelo empregador, a sociedade capitalista que se forma tende a separar cada vez mais os homens, sendo que o detentor dos meios de produção se tornará cada vez mais rico, e o trabalhador explorado será cada vez mais explorado, dando início a um ciclo vicioso.
Atualmente, muitos foram os casos descobertos no Brasil de exploração do trabalho, isso também em crianças, com pessoas enganadas e que tiveram que trabalhar recebendo muito pouco. Sem qualquer direito trabalhista, muito menos carteira assinada, essas pessoas acabam nas mãos de exploradores que as iludem e as fazem pensar que o que estão fazendo é justo. Pensar que muitos precisam se submeter a trabalhar de forma desumana, nos faz pensar que alguma coisa está errada – em pleno século XXI. Apesar de algumas melhoras, as questões sociais que retratam as mais diversas realidades do nosso país ainda são alarmantes, um olhar mais atento para os direitos sociais e a forma como as riquezas estão distribuídas de forma tão desigual são fatores que precisam de questionamentos.
Muito se debate sobre aspectos de produção e inter-relações sobre cadeias produtivas de formas lineares. Quando citados métodos de produção mais eficazes, velozes e rentáveis temos a obrigação de correlacionarmos juntamente a isso os Estados Unidos, que por sua vez, no novo milênio se tornou o maior e mais importante, economicamente, país com poder de afetar diretamente as diversas cadeias de produção pelo mundo.
Dado o exposto no documentário “A origem das Coisas”, a grande parte das mercadorias que são produzidas no mundo atualmente são feitas em decorrência de um método produtivo antiquado e retrógado.
No início da suba da escala produtiva comercial, meados da revolução industrial, o modelo produtivo que se tornou vigente foi a linha produtiva de escalas como, por exemplo, o método fordista de produção, onde cada funcionário das fabricas detinham apenas uma função com o intuito de aumentar o número final de itens produzidos. Essa forma de produção, por sua vez, perdurou durante muito tempo se consolidando como método primário de qualquer produção de escala seja ela é média ou grande.
Com a mudança do último século esse método fordista foi alterado dando origem ao que chamamos hoje e entendemos como cadeias lineares de produção. Muitos se perguntam qual a mudança efetiva entre dois modelos, sendo que a real diferença se dá pelo fato do modelo linear ter seu foco no comercio como um todo.
No mundo finito em recursos em que vivemos, o método de produção linear explorativo e impulsivo não tem mais validade. Isso se dá em decorrência de que a destruição econômica, cultural, social e ambiental feita no início da cadeia produtiva como, por exemplo, exploração de minério, esgotamento de rios e águas e desmatamentos abusivos, não são revertidos de maneira sustentável em empregos melhores, aumentos de salários, melhores condições de vida, redução da poluição, diminuição do consumo de matérias primas, entre outros.
Mediante ao exposto, nota-se uma crescente demanda de ideias e atitudes que tracem o caminho da sustentabilidade, fazendo com que os modelos atualmente ultrapassados sejam contorcidos formando um ciclo autossustentável e que cumpra as suas funções mediante a população, podendo trazer consigo inúmeras vantagens e harmonizando a relação entre destruição do planeta e consumo, lembrando sempre de manter o setor do consumo ativo.
Inúmeros são os motivos para exemplificar o real motivo que estabeleceu os Estados Unidos como a principal potência mundial, porém o fato que mais se torna plausível é o estabelecimento da nova ordem mundial em meados dos anos 80. James Petras e Henry Veltmeyer em “A hegemonia dos Estados Unidos no novo milênio” definem 3 pontos que levaram o país a esse patamar, são eles: a economia, a ideologia estratégica e a política, propriamente dita. No primeiro ponto os autores analisam como o capitalismo tem causado tantos estragos à América Latina. Já no segundo ponto são trabalhados os mecanismos ideológicos utilizados pelo império estadunidense para dominar o Terceiro Mundo, sem rebeliões, o chamado "ajuste estrutural". Na terceira citação eles descrevem temas mais políticos, tais como a democracia imperialista implantada forçadamente (RAMPINELLI, 2000).
CONCLUSÃO
Dado o exposto, nota-se, com excelência, a necessidade de buscar, dentre inúmeros fatores, a auto sustentabilidade de riquezas naturais, buscando soluções inteligentes que balanceiem exploração e renovação. Juntamente a isso, verifica-se uma enorme necessidade de se estabelecer novas diretrizes no que diz respeito as relações intersociais e interpessoais.
Logo, deve-se almejar divergentes ideias de formas críticas e coesas que contemplem as diferentes áreas sociais e econômicas, para tentar sanar as desigualdades sociais do mundo atual.
REFERÊNCIAS:
CAMARGO, Orson. "Desigualdade social"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/classes-sociais.htm>. Acesso em 30 de outubro de 2016.
CARELLI,Gabriela. “O Brasil pode crescer sem agredir o ambiente?” Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/brasil-pode-crescer-ritmo-chines-agredir-ambiente-615008.shtml>. Acesso em 29 de outubro de 2016.
D´CÂMARA, Olavo. “Brasil: País Rico, Povo Pobre. Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI”. Disponivel em: <http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/6140/brasil_pais_rico_povo_pobre>. Acesso em: 30 de outubro de 2016.
EÇA, Luiz. “Zâmbia: pobre nação rica.”; Disponível em: <http://www.olharomundo.com.br/zambia-pobre-nacao-rica/>. Acesso em 30 de outubro de 2016.
FREE RANGE STUDIOS. The History of Stuff. Versão Brasileira Permacultura, 2005. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em 28 de outubro de 2016.
JANEGITZ, Mariana Sampaio Bassi. “A origem das desigualdades sociais no Brasil”; Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/a-origem-das-desigualdades-sociais-no-brasil/135879>. Acesso em 18 de outubro de 2016.
MARTINS, Fernando. “A diferença entre desigualdade e diferença.”; Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/colunistas/fernando-martins/a-diferenca-entre-desigualdade-e-diferenca-aa15w92ahq47jo9egvcvpb1vy>. Acesso em 30 de outubro de 2016.
RAMPINELLI, Waldir José. Resenha crítica de “Hegemonia dos Estados Unidos no novo milênio”. De PETRAS, James & VELTMEYER Henry. Universidade Federal de Santa Catarina, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbh/v21n40/a16v2140.pdf>. Acesso em 28 de outubro de 2016.
YONEZAWA, Fernanda. “As Desigualdades Sociais Dentro Do Contexto Histórico Brasileiro”; Disponível em < http://www.artigos.com/artigos-academicos/18955-as-desigualdades-sociais-dentro-do-contexto-historico-brasileiro>. Acesso em 18 de outubro de 2016.

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