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Aula 1: Conceitos de Contabilidade 1) Distinguir os conceitos iniciais envolvidos na Contabilidade; 2) Estabelecer o conceito de Contabilidade; 3) Relacionar as áreas de atuação do contador; 4) Definir os usuários da Contabilidade; 5) Identificar os Princípios Contábeis. Introdução: Pode-se afirmar que a Ciência Contábil surgiu juntamente com o homem, pois desde os primórdios da vida humana os indivíduos sentem necessidade de controlar, de alguma forma, o seu patrimônio. Necessitam mensurar, ou seja, medir o quanto ganham, quanto o patrimônio aumenta e o destino dos seus bens. A evolução da Contabilidade como ciência ocorreu com o florescimento do comércio. Nessa época, o controle do patrimônio tornou-se essencial. Surgiram as primeiras formas realmente organizadas de empresa e era preciso, mais do que nunca, controlar o que acontecia com estas entidades. Analisaremos nesta aula como a Ciência da Contabilidade passou a mensurar, controlar, estudar e verificar o patrimônio das entidades, visando fornecer informações sobre a situação da empresa a todos os interessados ― proprietário, funcionários e fornecedores. Vamos estudar também o conceito de Contabilidade, seu objeto de estudo, finalidade e as situações em que pode ser aplicada. Você já ouviu falar no método das partidas dobradas? É o método considerado, até hoje, como base para a Contabilidade, que afirma que toda a origem de capital deverá ter sempre uma aplicação de igual valor. ASSISTIR VÍDEO - Partidas Dobradas Você notou que o vídeo esclarece que neste método todo débito corresponde a um crédito com valor igual ao do débito e vice-versa, isto é, para cada crédito deverá haver um débito de valor igual ao do crédito? Essa regra tem como base a natureza das contas de Ativo e Passivo. E o que seria Ativo e Passivo? Por que o contador antigamente era conhecido como guarda-livros? “Há muito tempo, em uma terra não muito distante, os contadores eram chamados de ‘guarda-livros’. A origem desse estranho nome era proveniente da sua principal função que, até então, era a de escriturar e manter em boa ordem os livros mercantis das empresas comerciais”. Evolução da Contabilidade A contabilidade passou a se desenvolver a partir da necessidade de tornar a área contábil mais compreensível e dinâmica. No Brasil, por exemplo, a construção da contabilidade vem evoluindo desde o surgimento das escolas de contabilidade e das regulamentações contábeis. Vamos acompanhar como aconteceu esta evolução? Mas afinal, o que é Contabilidade? Definida como a ciência responsável pelo estudo dos fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, a Contabilidade é a responsável, portanto, pelo registro, classificação e demonstração dos fatos ocorridos no patrimônio das entidades, através da escrituração contábil (Técnica que consiste em registrar de forma ordenada tudo o que ocorre nas empresas). A Contabilidade também fornece informações para a análise e interpretação dos fatos obtidos mediante a escrituração contábil, e possibilita que sejam evidenciadas, ou seja, que sejam conhecidas as variações através dos períodos em que houve alteração no patrimônio. No que diz respeito ao patrimônio das entidades, pode-se dizer que a Contabilidade atua em três campos: ECONÔMICO: Imagine a seguinte situação: Uma empresa que compra sempre à vista e realiza suas vendas sempre a prazo acaba por ter sua operação de geração de capital: ( )Prejudicada, pois não consegue gerar capital em função de vendas a prazo e pagamentos à vista; (X) Favorecida, pois não parcela, nem cria dívidas em cima das suas compras. Parabéns, você acertou! Na apuração dos resultados a empresa perceberá que a forma como se comporta acaba fazendo com que o capital não seja gerado. Toda vez que uma entidade apura o seu resultado do exercício, ela faz um resumo de sua situação econômica, e isso não necessariamente reflete em uma boa situação patrimonial. FINANCEIRO: Acredite Mesmo que uma entidade tenha prejuízo, ou seja, acabe vendendo por menos do que comprou, ela pode ter dinheiro em caixa suficiente, oriundo de outras operações bem sucedidas, para pagar suas contas. PATRIMONIAL: Estes três elementos representam a entidade como um todo, ou seja, o que ela tem como patrimônio. BENS: Você pode entender por bens todas aquelas coisas que são capazes de atender às necessidades das pessoas físicas ou jurídicas e que podem ser mensuradas, ou seja, têm valor econômico. Veremos detalhadamente na aula 2 as diversas formas de classificação dos bens. DIREITOS: Direitos podem ser entendidos como os valores que determinada entidade tem a receber de terceiros. O exemplo mais comum neste grupo são os clientes, que são indivíduos para quem a empresa vendeu, garantindo, assim, no futuro, o direito de receber o pagamento. OBRIGAÇÕES: As obrigações, ou passivos exigíveis, são dívidas que a empresa assumiu com terceiros, ou seja, com pessoas alheias à entidade. O patrimônio é a garantia de todo o desenvolvimento e até mesmo da continuidade da entidade. Pessoa física: Considera-se pessoa física toda pessoa natural que é registrada em cartório e que possui bens, direitos e obrigações junto ao Estado. A pessoa física responde individualmente por seus atos e só terá fim quando decretada a sua morte. Pessoa jurídica: Trata-se da composição de uma ou mais pessoas físicas, por meio de um contrato que deverá ser registrado em cartório, na Receita Federal ou junta comercial. Mas se a pessoa jurídica é formada por uma ou mais pessoas físicas, por que devemos considerar que entidade é igual à pessoa jurídica? Na verdade os responsáveis pela pessoa jurídica são as pessoas físicas que a formaram e seu término será dado por um acordo entre estas pessoas ou por decisão judicial. No caso de constituição por pessoa física, os dois tipos mais comuns são as sociedades limitadas e as sociedades anônimas, sendo que para as limitadas o documento de nascimento é o Contrato Social e para as anônimas é o Estatuto Social. Existem dois aspectos que podem ser observados em relação ao patrimônio das entidades: Quantitativo: Diz respeito à expressão monetária. Aqui no Brasil a moeda em que o Balanço deve estar expresso é o Real Qualitativo: Com relação ao aspecto qualitativo do patrimônio é possível citar as nomenclaturas que são utilizadas para descrever cada elemento: • Bens: representados pelo caixa; • Direitos: representados pelos clientes; e • Obrigações: representadas por contas diversas a pagar. E quanto ao patrimônio líquido, qual é a sua funcionalidade? Patrimônio líquido nada mais é do que a soma de tudo o que a empresa tem (bens), tudo o que ela tem para receber (direitos) menos as suas obrigações. Desta forma, o que sobra no caso de liquidação de dívidas é o que realmente é da propriedade. Para entender melhor, voltemos ao que já foi dito sobre Ativo e Passivo. EXEMPLO: Você já ouviu falar em Contrato Social e Estatuto Social? ESTATUTO SOCIAL O Estatuto Social é o documento pelo qual são constituídas as sociedades anônimas. No caso destas sociedades, é feita uma assembleia que deverá representar, no mínimo, metade do capital social, ou seja, o capital da empresa. •Nome; •Prazo de duração; •Localização da empresa; •Objeto social (ou seja, o que ela terá como atividade); •Seu capital social; e •Outros dados primordiais para o nascimento da entidade. CONTRATO SOCIAL O Contrato Social é o documento de nascimento de uma entidade com fins lucrativos e não anônima. Este documento não pode conter nenhum tipo de emendas, rasuras ou qualquer tipo de entrelinha. Além disso, o documento deverá designar o objeto da sociedade e o nome desta. É possível que você esteja se perguntando, já que o objeto da Contabilidade é o patrimônio das entidades, onde eu, profissional da área de Contabilidade, posso atuar? Atualmente há uma lista ampla e bem diversificada de áreas em que você poderá atuar. Vamos ver alguns exemplos: 1- Contador: É a forma independente que assume a contabilidade. Atualmente, o profissional que deseja trabalhar nesta área precisa fazer o exame de suficiência do CRC e obter o registro junto ao órgão para exercer a profissão. Um profissional que deseja atuar como contador pode ter seu próprio escritório, desenvolvendo funções generalistas com relação a uma empresa. O contador pode ser também analista ou assistente, atuando na área tributária, de custos, gerencial, de controladoria, entre outras. 2- Perito Contábil: A profissão de perito contábil é prerrogativa exclusiva do contador, ou seja, somente o bacharel em Ciências Contábeis, devidamente habilitado (com CRC), poderá atuar nesta área. Este profissional atua com a indicação de juízes ou partes envolvidas em processos e é responsável pela elaboração de laudos que serão utilizados para a tomada de decisão judicial, em casos de dissolução de entidades, pensão alimentícia, recálculo de encargos financeiros com Sistema Financeiro Habitacional, com bancos em geral, entre outros. 3- Controller: É aquele profissional que atuará como gestor de uma determinada entidade, trabalhando para fazer a gestão de forma eficaz. 4- Tributarista: Levando-se em conta a complexidade do sistema tributário brasileiro, esta é uma área que possui uma vasta demanda de profissionais. O contador pode trabalhar de forma independente, ou seja, oferecendo consultoria nesta área, ou atuar dentro de uma empresa, planejando quais as melhores formas de tributação para aquela entidade. A figura do leão faz referência a um das mais famosas tributações: o imposto de renda. 5- Auditor: Assim como o perito contábil, somente o profissional formado em Ciências Contábeis, devidamente habilitado, poderá atuar como auditor. Este profissional é responsável por analisar as demonstrações contábeis, bem como trabalhar para que os controles internos sejam respeitados e para que isso seja feito de forma eficiente. Lembrando que a auditoria está dividida em duas modalidades: • Auditoria interna: que é aquela realizada dentro das entidades para a verificação dos procedimentos internos; e • Auditoria externa: que é aquela normalmente requerida por uma sociedade anônima para a verificação da veracidade de suas demonstrações contábeis. 6- Contador Público: É aquele profissional que prestou concurso e trabalha na área pública. As entidades públicas por possuírem patrimônio também são objeto da Contabilidade. 7- Pesquisador e Professor: Assim como em todas as profissões, o profissional graduado em Ciências Contábeis poderá atuar na área da docência ou pesquisa. Mas, se você não se encaixou em nenhum desses perfis, não se desespere. Além das áreas citadas, existem outras possibilidades de atuação para o profissional contábil. Porém, antes de escolher a área que se deseja atuar, é muito importante entender que o objetivo da Contabilidade é fornecer informações sobre a composição do patrimônio e como funcionam as suas variações. A partir daí, é possível pensar na área que se quer seguir. Outro ponto que pode ajudar na decisão da carreira a seguir é o pensamento voltado para as finalidades da Contabilidade, pois, atualmente, a sua principal função é o planejamento que serve de base para a análise de situações futuras e o controle do que acontece com as instituições. Você consegue imaginar quem são os possíveis usuários da contabilidade? Qual o interesse destes na informação contábil? Os usuários da contabilidade são divididos em dois tipos: Agentes internos: Os agentes internos podem ser apresentados aos usuários que têm algum tipo de relação direta com a entidade e que, por consequência, têm facilidade de acesso às informações contábeis. Os interessados e seus respectivos interesses são: • Gerentes – utilizam a informação para tomar decisões; • Funcionários – utilizam as informações da empresa para saber se receberão ou não seus salários, férias e benefícios, quando definidos na política da empresa. Os agentes externos são aqueles que não possuem uma relação direta com a entidade, mas que, mesmo assim, mantém algum tipo de relacionamento com esta. Bancos Utilizam a informação contábil para a concessão ou não de financiamentos, empréstimos e créditos em geral. Concorrentes Utilizam a formação para tornarem-se competitivos nos mercados cada vez mais acirrados. Governo É o principal interessado, pois está sempre buscando informações relativas às despesas e receitas. São elas que geram o resultado para atingir o objetivo do governo: a tributação das entidades. Fornecedores Seu principal interesse é a capacidade de pagamento das entidades, ou seja, querem saber se poderão continuar ou não vendendo a prazo e se vão continuar recebendo. Clientes Apesar de não ser uma informação percebida diretamente da Contabilidade, os clientes têm interesses ligados aos prazos de recebimento de suas compras, ao tipo de atendimento e querem detalhes de como podem fazer a devolução de um produto, por exemplo. Investidores No caso das sociedades de capital aberto, o principal interesse é o desempenho das entidades em que investem, para saber se podem manter seu dinheiro nelas. No caso de investidores que ainda não investiram, o maior interesse é saber se vale a pena investir seu dinheiro e deixá-lo aplicado em determinada entidade, o que ela trará de retorno e como estão as perspectivas dessa entidade para o futuro. Você já parou para pensar como seria se cada um fizesse as coisas do jeito que quisesse? Se não houvesse normas para executar cada tarefa? E na Contabilidade? Como seria se cada um fizesse o registro das informações contábeis do jeito que quisesse? Se cada um decidisse o que deveria ou não registrar? A resolução de nº 750/93, emitida pelo Conselho Federal de Contabilidade, definiu alguns princípios contábeis com o intuito de padronizar a Contabilidade. Alguns autores dividem os princípios contábeis em três categorias: Postulados: Conhecido como “Pilares da Contabilidade”, os Postulados são considerados a base da teoria contábil e se divide em Postulados Entidade e Postulados da Continuidade, onde o primeiro estabelece o patrimônio como sendo o objeto da Contabilidade e o segundo prevê que o processo contábil deve ser considerado sem prazo estimado de duração. Princípios: É a padronização das técnicas contábeis adotadas pela maioria dos profissionais, com o intuito de normatizar os lançamentos e relatórios, para um melhor controle do patrimônio da entidade. No Brasil, os princípios contábeis são os estabelecidos pela Resolução CFC 750/93. Tais princípios servem como padrões a serem seguidos na contabilização dos fatos contábeis. Convenções Contábeis: Conceitos que servem como um guia para o profissional da área contábil, normatizando padrões de conduta na hora de escriturar os fatos contábeis, tais como: objetividade, conservadorismo, materialidade e evidenciação. ATENÇÃO: O mais comum é a utilização da padronização com base na Resolução nº 750/93, atualizada pela Resolução nº 1.282/10, sem a separação por categorias. Aula 2 – Conceitos de patrimônio Objetivo da aula: 1) Diferenciar o conceito de bens, direitos e obrigações; 2) Relacionar os diversos tipos de bens; 3) Distinguir o que é situação gráfica do patrimônio; 4) Identificar as representações gráficas patrimoniais; 5) Avaliar a formação do patrimônio. Você já parou para pensar em tudo que possui? Já percebeu que isso faz parte do seu Patrimônio? Muitas pessoas acham que só os bens que elas possuem fazem parte do patrimônio, mas é preciso lembrar que o que elas têm a receber, ou seja, os direitos, e o que elas têm a pagar também fazem parte do conjunto denominado Patrimônio. Outro aspecto importante é compreender como funcionam as movimentações no patrimônio, ou seja, como este aumenta, diminui ou sofre qualquer tipo de movimentação. É importante saber também quais as possíveis situações patrimoniais, o que demonstra e como o balanço pode ser configurado. Na primeira aula, você aprendeu que a palavra chave da contabilidade é PATRIMÔNIO, Mas será que você lembra como se constitui o patrimônio de uma entidade ou de uma pessoa? Vivemos de sonhos, não é mesmo? O sonho do carro novo, da casa própria, do negócio próprio, enfim, de adquirir muitos bens para o nosso conforto. Se você tivesse a grande oportunidade de se tornar o seu próprio patrão, que tipo de negócio você escolheria? Como proprietário, você precisará gerenciar os bens, os direitos e as obrigações da sua loja. Seja bem-vindo ao PetShop! Já pensou que existem bens que não podem ser tocados? E qual seria a classificação desses bens? Sua loja é um exemplo de bem material, um bem material é aquele que possui corpo ou pode ser tocado. Dentro dos bens materiais, existem dois subgrupos: os bens móveis e bens imóveis. O Código Civil brasileiro distingue os bens em: Bens imóveis, aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos, como por exemplo: edifícios, construções, árvores etc. Bens móveis, aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas, como por exemplo: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias etc. Fonte: http://www.aplicms.com.br/contabilidade2.htm "Os gatos preferem Whiskas" Whiskas é a mais famosa marca de ração para gatos do mundo. A sua linha de produtos compreende uma variedade de alimentos com sabores e tipos diferentes. Como vimos, os bens imateriais são bens intangíveis, ou seja, não têm matéria, não podem ser tocados. A marca Whiskas, por exemplo, é um bem imaterial. Enquanto marca ela não pode ser tocada, certo? Mesmo assim, pode ser avaliada economicamente, isto é, possui valor econômico sem que possamos pegá-la ou transportá-la. Outro exemplo de bens imateriais são as Patentes, que nada mais são do que registros de invenções de uma pessoa ou empresa. Nesse caso, a pessoa ou empresa tem o direito de explorar os benefícios advindos daquela determinada invenção. Conforme o que já foi estudado na primeira aula, os bens são todas as coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e que podem, de alguma forma, ser mensuradas, medidas economicamente, ou seja, que podem ter algum valor atribuído de algum jeito. Observe que no interior da sua loja, por exemplo, teríamos inicialmente três categorias de bens: bens de uso da loja, bens de troca e bens de consumo. Alguns desses bens estão em destaque no interior da loja. Selecione a categoria que você considera adequada para cada um deles: Os bens de uso da loja são todos aqueles utilizados pela empresa para a exploração da sua atividade principal, como os móveis onde ficarão expostos os produtos. Fazem parte dos bens de troca os produtos que formam a base da atividade da empresa, como os produtos à venda. Já os bens de consumo estão relacionados aos bens que serão consumidos, como as caixas e sacolas para embalar os produtos, materiais de escritório, ou seja, tudo aquilo que não é durável na entidade. Quais são suas obrigações no dia a dia da sua empresa? Compra de mercadoria Pagamento de impostos Pagamento de salário dos funcionários Encargos sociais a pagar Nas entidades é comum realizar algumas a prazos, como, por exemplo, a compra de mercadoria ou, ainda, operações que têm uma determinada data de vencimento que não significa desembolso, ou seja, retirada de dinheiro imediata do caixa (como as contas de salários a pagar, impostos a pagar, energia elétrica a pagar, entre outras que obedecem ao regime de competência). Os empréstimos e financiamentos, que são maneiras da empresa obter dinheiro ou bens com prazos diferenciados para pagamento, também são outros exemplos de obrigações. Regime de competência: Como já visto, as despesas desse tipo têm seus valores reconhecidos no mês em que ocorreram, mas só são efetivamente pagas no outro mês. Até este ponto conhecemos o conceito de bens, direitos e obrigações. Para que você entenda, vamos retomar alguns conceitos estudados na primeira aula. Só que dessa vez, usando a terminologia contábil. A igualdade entre Bens, Direitos e Obrigações é possível? E se o equilíbrio não acontecer? É neste ponto que surge um novo elemento na equação patrimonial denominado Patrimônio Líquido, que nada mais é do que a diferença entre o Ativo e o Passivo, ou seja, é o valor líquido resultante da seguinte equação: Bens + Direitos – Obrigações Outra definição que pode ser dada ao Patrimônio Líquido é a de que este é o grupo que representa o valor referente aos acionistas ou a que estes pertencem. São exemplos de contas de patrimônio líquido, conforme a Lei nº 11.638/07: • Lucro Social; • Reservas de Capital; • Ajustes de Avaliação Patrimonial; • Reservas de Lucros; • Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Lembrando que em nossos estudos as contas mais vistas serão as de Lucro Social, Reservas de Lucro ou Prejuízos Acumulados. No balanço patrimonial, o dinheiro “entra” pelo lado do Passivo. Você sabe de que forma isso ocorre? Analise o quadro: Lembre-se: as origens de recursos correspondem às obrigações e podem ser divididas em dois tipos: De terceiros – são recursos provenientes de entes alheios à companhia ou que não fazem parte diretamente desta, como, por exemplo, os fornecedores, o governo através dos impostos, financiamentos, salários a pagar, entre outras dívidas. De recursos próprios – recursos provenientes de capital dos sócios, do capital social ou, ainda, de lucros e reservas que são valores decorrentes das atividades normais da empresa. Obs.: Em uma Situação Patrimonial podem ser apresentados mais Bens e Direitos do que Obrigações, mais Obrigações do que Bens e Direitos ou ainda Ativo e Passivo iguais. Agora, vamos trabalhar algumas formas de apresentação do Patrimônio e como elas podem ser entendidas mediante o uso de ilustrações. A maneira mais simplificada para que sejam demonstradas as situações possíveis em relação à estrutura patrimonial é a utilização de balanças no lugar dos gráficos. ... Mas como? Com valores iguais para o Ativo e para o Passivo, o equilíbrio estará alcançado. Isso é fácil de perceber. Porém, normalmente, o Ativo e o Passivo apresentam valores diferentes e esta balança virtual penderá para um dos lados. Você deve buscar sempre o equilíbrio. O peso (valor) que se utiliza para se alcançar este equilíbrio é chamado Patrimônio Líquido e, por lógica, estará no lado do menor valor, compensando, assim, a diferença. Na balança, você colocará a quantidade de peso que represente a fórmula exibida. Existem dois pesos para cada função, representada da seguinte forma: Veja o EXEMPLO e observe que na tabela demonstramos a forma de distribuição dos pesos que você indicará na balança. Observação: Não consideraremos aqui a situação de Ativo igual a zero, em que o Patrimônio Líquido (PL) é igual ao Passivo (P), pois essa circunstância é muito improvável. Ela apenas é citada na situação hipotética de uma empresa que apresente prejuízos consecutivos, gerando um Patrimônio Líquido Negativo e, posteriormente, liquidando todo o seu Ativo sem conseguir liquidar todas as suas Obrigações. Forma correta de representação: Note que esta situação traz valores iguais para Ativo (A) e Passivo (P), o que revela a inexistência de riqueza própria (representada pelo Patrimônio Líquido), como, por exemplo, acontece com o indivíduo ou empresa que possui bens à sua disposição, mas tem dívida junto a terceiros de igual valor. Essa situação também é possível quando a empresa tem exatamente o mesmo valor de capital social e de prejuízo, o que acaba fazendo com que ela fique com o Patrimônio Líquido igual a zero. Com valores idênticos, fica fácil verificar que o Ativo e o Passivo representam o mesmo peso, fazendo com que a empresa possua um Patrimônio Líquido igual a zero. Forma correta de representação: Nesta situação é fácil identificar que o valor é maior no lado do Ativo (A), ocasionando a criação do Patrimônio Líquido (PL). Note que aqui a empresa possui um valor superior a zero. Isso revela a existência de riqueza própria, sendo justificada pela diferença positiva entre o Ativo (A) e o Passivo (P). Esta situação é a mais comum e a mais desejada pelas empresas. Forma correta de representação: Forma correta de representação: Afinal de contas, como o Patrimônio se movimenta? O que o faz aumentar ou diminuir? Prestando atenção na tabela é possível entender como o fluxo de dinheiro entra pelo Passivo. Neste caso, o dinheiro entrou pelo investimento dos sócios e se aplicou no Ativo, que aqui é o Caixa. Resposta Correta. Neste exemplo, a empresa teve suas atividades iniciadas com dinheiro. R$100.000,00 de capital ― originados no Capital Social que foi captado de um ou mais sócios ― foram aplicados no Ativo no Caixa da empresa. Na segunda operação, imagine que seja feita a compra à vista, em dinheiro, de um veículo por R$15.000,00 e uma compra de mercadorias também à vista. O dinheiro para esta compra saiu do Patrimônio Líquido. Resposta correta. Verifique que mais uma vez a igualdade foi mantida e só houve uma troca de valores no Ativo. Aqui, especificamente, o dinheiro saiu do Caixa da empresa e foi para a compra de Mercadorias e Veículos. Agora a empresa fez uma compra de R$20.000,00 em mercadorias a prazo. Note que o valor do balanço subiu para R$120.000,00 nos dois lados. No lado direito, surgiu uma obrigação com fornecedores, que foi aplicada na conta de veículo. Resposta correta. A empresa não desembolsou dinheiro para executar essa compra, pois ela não foi à vista. Entretanto, seguindo o método das partidas dobradas, mesmo sendo a prazo, o valor terá que ter uma contrapartida, que no caso será representada pelos fornecedores. Por isso, o valor do balanço subiu para R$120.000,00 nos dois lados, o que fez aparecer do lado direito uma nova obrigação com fornecedores, aplicada na conta de mercadorias. Em outro momento, a empresa comprou um prédio, no valor de R$50.000,00, a prazo, para a manutenção de suas atividades. Dessa forma, foi possível manter a igualdade dos dois lados, pois o método das partidas dobradas está sendo respeitado em todas as operações. Resposta correta. Por causa da compra, o valor total do balanço foi alterado novamente, já que a empresa aumentou o seu patrimônio ao adquirir um imóvel. Porém, também aumentou as suas dívidas, quando fez essa compra a prazo. Outra operação comum nas empresas é o pagamento de fornecedores, certo? Neste exemplo, a operação aumentou os valores dos dois lados devido ao pagamento de R$10.000 aos fornecedores. Resposta correta. Neste exemplo, foi pago o valor de R$10.000,00 aos fornecedores, o que fez com que o valor dos dois lados diminuísse, resultando também na diminuição do valor da dívida e do caixa . Chegamos ao final de mais uma aula e para encerrar vamos a mais uma atividade de fixação. Imagine que você tenha a seguinte situação: Uma casa no valor de R$100.000,00; Um veículo no valor de R$25.000,00; Direitos a receber de uma venda de um terreno que você fez no valor de R$20.000,00; e Uma patente registrada, daquela brilhante invenção, no valor de R$10.000,00. Em contrapartida, você tem: Um financiamento de R$80.000,00; Um empréstimo de R$20.000,00; e Dívidas, em geral, no valor de R$5.000,00. Dica de resolução: Para apurar o valor dos bens, direitos e obrigações é necessário fazer a diferenciação entre os conceitos: primeiro com relação aos bens é preciso lembrar que é tudo o que possuo e que pode me gerar benefício futuro, no caso dos direitos é que tudo o que se tem a receber e com relação às obrigações é só lembrar que é tudo aquilo que deverá ser pago. Por fim, a riqueza líquida será a comparação dos bens mais os direitos e menos as obrigações, ou seja, o que realmente sobra de patrimônio. Nesta aula, você: Relacionou os principais elementos do Patrimônio; Avaliou os conceitos de Bens, Direitos e Obrigações; Identificou as situações patrimoniais e sua representação gráfica Aula 3 – Conceito e classificação de conta Objetivo desta aula: 1) Identificar o conceito e classificação de contas; 2) Reconhecer a origem do débito e do crédito; 3) Distinguir conceito e organização das contas; 4) Estabelecer os conceitos relativos ao plano de contas. Introdução: Depois de estudarmos alguns conceitos de contabilidade, já entendemos que existem bens, direitos e obrigações e verificamos que o registro que modifica esses elementos ocasiona alterações no patrimônio e, assim, cada elemento deverá ser devidamente identificado. É neste momento que surge o conceito de conta ― nome que irá definir cada elemento da contabilidade. O plano de contas, por sua vez, será uma lista organizada de como são essas contas, ou seja, de como estes elementos patrimoniais, devidamente organizados, deverão aparecer na contabilidade. O plano de contas é, por isso, um elemento essencial no dia a dia do contador e apresenta as contas de acordo com a sua codificação e classificação devidas. Quando você pensa em conta, qual das opções abaixo lhe vem primeiro à cabeça? Contas a pagar Conta bancária Operação matemática Difícil decidir, não é? Todas fazem parte do nosso dia a dia. Mas você reparou que mesmo com significados bem variados o conceito de conta nesses três casos está ligado a um elemento que representa valores monetários? Será que isso acontece também em Contabilidade? Não é bem assim... Justamente em Contabilidade, conta perde esse aspecto generalizado e ganha um significado bastante específico. Conta Nome técnico do elemento que representa o fato contábil, que se divide em: Contas patrimoniais: São aquelas que representam os elementos patrimoniais, ou seja, aquelas que compõe o patrimônio. Tais contas demonstram a posição do patrimônio em certo momento. Além disso, também são contas patrimoniais aquelas que representam o patrimônio líquido das entidades, ou seja, a riqueza líquida das entidades. Pode-se afirmar, então, que as contas patrimoniais são aquelas que demonstram a posição financeira da entidade, pois representam valores monetários. Contas de resultados: As contas de resultado, ainda pouco exploradas por nós, são aquelas que aparecem durante o exercício social ― período em que as empresas têm o seu ciclo de operações (normalmente um ano), que deverão ser encerradas no final desse tempo. Estas contas estão divididas em Receitas e Despesas e, mediante o confronto destas, é obtido o Lucro ou Prejuízo de um determinado período. Você deve estar se perguntando: Como foram definidos os conceitos de contas? Em Contabilidade, existem as chamadas teorias patrimoniais, a função delas é explicar como os elementos são representados por contas. Entre elas destacam-se: Teoria Personalista: Nesta teoria as contas são comparadas a pessoas e essas pessoas mantêm relação com a entidade em que atuam. Assim, o débito de uma dessas pessoas representará uma dívida e o crédito desta mesma pessoa representará um direito. Com isso, cada débito do proprietário será um crédito dos agentes consignatários e dos agentes correspondentes e vice-versa. Existem três grupos nesta teoria: Contas dos proprietários – é o titular do patrimônio que se relaciona diretamente com os agentes consignatários. O patrimônio líquido, bem como as receitas e despesas, é uma conta que representa o proprietário. Contas dos agentes consignatários – são as contas guardadas pelo proprietário, ou seja, os bens da empresa, como, por exemplo, caixa, bancos (contas devedoras). Contas dos agentes correspondentes – agentes correspondentes são aquelas pessoas que não pertencem à empresa e as contas deles são aquelas com que o empresário mantém débitos ou créditos. No caso dos direitos, correspondem aos créditos no Ativo, como duplicatas ou clientes. No passivo, representam obrigações, como duplicatas a pagar e fornecedores. Teoria Materialista: Na Teoria Materialista, como o próprio nome já diz, as contas representam relação material com as instituições. Assim, os bens (contas patrimoniais), os direitos e as obrigações são chamadas de Contas integrais. Já o patrimônio líquido e suas variações do resultado são conhecidos como Contas diferenciais. Teoria Patrimonialista: Esta é a teoria mais adequada à legislação societária brasileira e tem como objetivo principal a administração das entidades, separando os elementos em Contas Patrimoniais (Ativo e Passivo) e Contas de Resultado (Receitas e despesas). Um pouco mais de Teoria Patrimonialista O vídeo trata da Teoria Patrimonialista, umas das correntes de estudos da Contabilidade que defendeu o Patrimônio como um dos objetos da Ciência Contábil. Assista ao vídeo para reforçar o conceito da teoria que você acabou de conhecer. Por que as contas são importantes? Para que elas servem? Segundo Ribeiro (2009), é por meio das contas que a contabilidade desempenha o seu papel, que nada mais é do que registrar e controlar os acontecimentos que modificam o patrimônio das entidades. A conta serve para que a contabilidade reconheça a alteração em cada elemento patrimonial e isto, por consequência, trará alterações na estrutura contábil de uma empresa como um todo. Assim, todos os acontecimentos que ocorrem na empresa são registrados por meio de contas e depois anotados em livros próprios para que sejam disponibilizados aos usuários interessados. Para ter Razão... A representação gráfica das contas é o respectivo registro em folhas ou fichas individuais. O conjunto destes registros forma o livro contábil chamado Razão, onde cada ficha é utilizada para uma conta específica e os elementos mínimos necessários para cada registro são os valores a débito e a crédito, a data, o histórico e o saldo da conta. Um modelo de Razão utilizado largamente pelas empresas é especificado conforme o seguinte quadro: Observação: Existe outra forma para que sejam corretamente evidenciados os saldos das contas no livro Razão, chamada de razonete ou de “conta em T”. Essa maneira é apenas uma simplificação da ficha vista no quadro, onde apenas são evidenciados o título da conta e duas colunas, sendo uma para os débitos (coluna da esquerda) e outra para os créditos (coluna da direita). Para que seja obtido o saldo de cada conta, deve-se realizar o cálculo da soma de cada coluna. A diferença será o saldo da conta. E o que são despesas? O que elas representam? Como elas podem ser diferenciadas das contas patrimoniais? Pode-se dizer que as despesas são bens e serviços consumidos para a geração de receitas. Essas contas são responsáveis pela diminuição do patrimônio, uma vez que são gastos efetuados todos os meses e que saem da empresa. Elas se diferenciam das contas patrimoniais facilmente porque estas são contas que permanecem no patrimônio (como os veículos, móveis, contas a pagar), ou seja, essas contas são geradas todos os meses e zeradas no final do período para a apuração do resultado. Você sabe o que é receita? Chama-se de receita todas aquelas contas que representam o resultado do sacrifício da empresa, ou seja, o que ela ganha com a venda de mercadorias ou a prestação de serviço. As receitas ocorrem em um número menor do que as despesas e podem ser representadas pela receita com vendas ou prestação de serviços, juros ganhos com aplicação financeira ou com duplicatas recebidas em atraso, bem como descontos obtidos. Para que sejam feitos lançamentos contábeis, ou seja, movimentações nas contas utilizando a técnica do débito e do crédito, é preciso utilizar o seguinte raciocínio: No Ativo Na entrada ou aumento de uma conta do grupo do Ativo (bens e direitos), deverá ser debitada a respectiva conta. A saída de bens e direitos será feita mediante um crédito na respectiva conta. No Passivo Quando da entrada ou aumento de uma obrigação ou conta do patrimônio líquido, deverá ser feito um crédito na respectiva conta. No caso de baixa, pagamento ou reclassificação de algum valor referente a este grupo deverá ser feito um débito na respectiva conta. É preciso lembrar que cada lançamento fará com que haja movimentação em, pelo menos, duas contas, pois deverá ser respeitado o princípio das partidas dobradas. Imaginando a constituição de capital da empresa, o lançamento ficará da seguinte forma, se feito sob a forma de razão: Percebeu que quando os lançamentos são efetuados no razonete é identificado o nome do elemento, ou seja, da conta ― no caso, a conta caixa e a conta capital social, o valor a débito ou a crédito e o saldo da conta. • As contas de natureza devedora, ou seja, as contas de Ativo deverão ter o saldo que é a diferença entre os débitos e créditos do lado devedor; e • As contas do Passivo e do patrimônio líquido deverão ter seu saldo dado pela diferença entre débitos e créditos do lado credor, seguindo sua natureza. Você já conheceu o que é uma conta e para que ela serve, mas já parou para imaginar como elas ficam organizadas na contabilidade? Elas ficam organizadas por um elemento conhecido como Plano de Contas. Para que o plano de contas seja elaborado é necessário, inicialmente, que sejam observados alguns pontos. Veja: • A legislação da empresa em que o plano de contas será implantado, pois, por exemplo, o plano de contas de uma indústria possui diferenças do de uma prestadora de serviços; • As normas da legislação societária, Lei nº 6.404/76, nº 11.638/07 e nº 11.941/09; • Os Princípios Contábeis (PC) estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). * A estrutura do planos de conta deverá respeitar a legislação societária. Conheça agora os elementos do Plano de contas 1- Elenco de contas Depois de seguidos os requisitos como observação da legislação societária e especificidade da entidade deverão ser escolhidas as contas que serão utilizadas. 2- Manual de contas No manual de contas estão descritas as explicações para o bom uso de cada elemento do grupo. Neste manual, deverão ser discriminadas a função e o funcionamento de cada conta. As contas de resultados estão divididas em dois grupos (receitas e despesas) e o resultado do exercício será apresentado a partir do confronto desses grupos. Mas de que forma isso acontece? O resultado é apurado pela diferença entre a soma das despesas e das receitas e após isso é feita a transferência dos resultados para uma conta (apresentada no plano de contas modelo) chamada de Resultado do Exercício, em que finalmente é obtido o lucro ou prejuízo da empresa no período. Para que serve então o plano de contas? O plano de contas permite a existência de um manual de consulta que será usado toda vez que for realizada a escrituração contábil e para que não haja dúvidas nesse processo. Os códigos de forma resumida são apresentados da seguinte forma: Para efeito de Plano de Contas, indique, seguindo a numeração abaixo, quais são as contas do Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido e as de Resultados. No plano de contas, para que não haja confusão das contas com os grupos, deverá ser utilizado apenas um código numérico para cada conta. Esse código é composto por um ou mais algarismos que farão a identificação de cada conta ao longo do plano de contas, que serve para diferenciar as contas de resultado das contas patrimoniais e, no caso de registro feito via sistema, substituir o nome da conta pelo seu título. Além disso, esse processo facilita a organização e o bom entendimento das contas na hora de seu registro. Assim, em resumo, o plano de contas serve para padronizar os procedimentos que deverão ser adotados na escrituração contábil, para delimitar os títulos, funcionamento e função das contas, bem como a classificação de acordo com a sua natureza. Serve também como um guia que orientará a pessoa responsável pela contabilização dos dados de uma empresa e permitirá que sejam entendidas e vistas as relações entre as contas. Lembre-se de que o plano de contas apresentado é apenas um modelo simplificado do que é realmente utilizado nas empresas. Não esqueça também que cada plano de contas, como já comentado anteriormente, apresenta particularidades próprias ao tipo de atividade que a empresa executa. Então, o plano de contas de uma empresa industrial apresentará mais contas do que um de uma empresa prestadora de serviços, devido à complexidade do tipo de atividades da entidade. É preciso observar por último que os diversos setores da economia, como financeiro, secundário e outros necessitarão de adaptações no plano de contas. Nesta aula, você: Identificou o que é uma conta e qual a sua função dentro da contabilidade; Investigou como as contas são organizadas; Examinou um plano de contas e compreendeu que ele é um elenco de contas e serve como um importante auxiliar do contador. Aula 4 – Conceito de Escrituração Objetivo desta aula: 1) Descrever como ocorrem as mudanças no patrimônio das entidades; 2) Identificar os atos administrativos; 3) Avaliar os fatos administrativos; 4) Estabelecer o que é escrituração contábil; 5) Reconhecer os principais livros. Introdução: Agora que você já sabe identificar os elementos patrimoniais, ou seja, os bens, direitos e obrigações e também entendeu como estes são classificados de acordo com o plano de contas, é necessário que entenda o funcionamento e o registro dos atos e fatos contábeis. Além disso, você precisará compreender como estes elementos são contabilizados durante o exercício social, ou seja, como ocorre o seu registro na contabilidade, que é feito pela escrituração contábil. Dessa forma, ficará claro que os registros contábeis que possibilitam a visualização e o entendimento lógico das informações nascem deste fato. Como o patrimônio se altera? Quais são os fatos que provocam modificações e como elas se configuram? Você já parou para pensar nisso? Para compreender como os fatos fazem com que o patrimônio se altere é preciso abordar o tópico atos administrativos e fatos contábeis. Atos Administrativos: Os atos administrativos são aqueles que ocorrem nas entidades e não provocam nenhum tipo de alteração no patrimônio. Podemos citar como exemplo a contratação de um funcionário e a movimentação de um móvel dentro da empresa, entre outras ações que não provocam nenhuma alteração contábil. Esses são, portanto, atos meramente administrativos que não provocam nenhum impacto contábil. Porém, existem alguns atos administrativos que no futuro gerarão alterações no patrimônio. Entre eles está a contratação de seguros que gerará despesas ou custos para a empresa ― se for a prazo gerará um Passivo e se for à vista um desembolso do caixa ou bancos. Outro exemplo é quando a empresa avaliza, ou seja, quando ela se compromete a pagar dívidas de terceiros. Fazendo isso, ela pode arcar no futuro com uma dívida que não é dela e isso impactará no patrimônio da mesma. Atos Contábeis: Os atos contábeis são aqueles que alteram o Patrimônio da entidade, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido. Eles estão classificados em três tipos distintos: • fatos permutativos São aqueles que provocam mutações entre contas do Ativo, ou do Ativo e do Passivo, sem provocar mudanças no Patrimônio Líquido. Existe também a permutação entre elementos de Ativo e do Passivo e esta pode ocorrer de duas formas, chamadas de aumentativo e diminutivo. • fatos modificativos ou quantitativos Os fatos modificativos ou quantitativos são aqueles que envolvem despesas e receitas, que são elementos que aumentam ou diminuem o patrimônio das entidades pela apuração do lucro ou prejuízo. Esses fatos também estão divididos em: • fatos mistos Envolve simultaneamente um fato permutativo e um modificativo, ocorrendo aumento no Ativo, Passivo ou Patrimônio Líquido, simultaneamente ou não. Podem ser de dois tipos: • Aumentativos mistos - quando envolvem duas ou mais contas de patrimônio e uma de resultado (receita), como o recebimento com juros; e • Diminutivos mistos - que envolvem duas ou mais contas patrimoniais e uma ou mais contas de despesa, como pagamentos com juros, por exemplo. Escrituração Contábil A escrituração contábil é a técnica responsável pelo registro de todos os fatos contábeis de uma entidade, segundo os princípios e normas contábeis, com o objetivo de evidenciar a situação econômica, financeira e patrimonial das entidades que estão submetidas a ela, além dos resultados obtidos em um determinado período de tempo, o qual é denominado exercício social. (MARION, 2009) Tem como objetivo principal o estudo, o controle e a geração de informações e orientações acerca do estado patrimonial e de suas variações. Para que sejam efetuados todos os registros dos atos e fatos que figurarão no patrimônio empresarial e no Balanço Patrimonial contábil é utilizada a técnica do registro contábil por meio do método das partidas dobradas. Método das partidas simples É necessário, inicialmente, que seja compreendido o método das partidas simples, que é o registro único dos fatos contábeis, em que apenas um elemento patrimonial é utilizado, ou seja, um valor no débito contábil ou um valor no crédito contábil, sem a necessidade de registro de outros componentes patrimoniais. Pela evidente deficiência, não permitindo o controle amplo do patrimônio, não é mais usado nos dias atuais. Versus X Método das partidas dobradas Já o método das partidas dobradas, pelo seu mecanismo simplificado, é um método largamente utilizado e que possui como princípio fundamental o fato de que o registro de qualquer operação financeira implica em débito contábil em uma ou mais contas, gerando a necessidade de semelhante crédito de igual valor também em uma ou mais contas. Método das partidas simples versus Método das partidas dobradas Sendo assim, a soma dos valores debitados deve ser sempre igual à soma dos valores creditados. O que vai definir o saldo final de cada conta contábil é a diferença entre os valores debitados e creditados nela. É importante destacar que o sistema de escrituração contábil se utiliza de distintas maneiras para registrar os fatos contábeis que evoluíram na escrituração contábil com o passar do tempo. Nesse contexto, temos o sistema manual e o sistema eletrônico. Para que servem os Livros de escrituração? Para que as informações sejam registradas é necessário que sejam utilizados livros específicos que variam de acordo com a forma jurídica, o porte e também o ramo de atividade em que a empresa atua. Os livros deverão conter a numeração mecânica em suas páginas, bem como termos de abertura e fechamento, registro de acordo com o órgão fiscalizador competente e a forma de encadernação. O profissional responsável pelo preenchimento deverá evitar rasuras, borrões e emendas. Além disso, o livro deverá ser organizado em ordem cronológica e sem nenhum tipo de registro nas entrelinhas e margens. Existem diversos livros na contabilidade, entre eles os contábeis, os auxiliares, os societários, os fiscais e os trabalhistas. Dentre os principais destacam-se: Livro diário Obrigatório, de acordo com o Código Civil. Registra as transações que ocorrem dia a dia e que afetam a situação patrimonial. O Diário tem a seguinte estrutura: Livro razão Apresenta o registro de cada conta em uma folha separada, contendo os valores a débito e a crédito, sendo possível ver o saldo da conta a qualquer momento. É de apresentação obrigatória. O razão possui a seguinte estrutura: Além disso, de acordo com a Legislação Societária (Lei nº 6.404/76), os seguintes livros são exigidos: • Atas de assembleias; • Atas de reuniões da diretoria; • Atas de parecer do conselho fiscal. Já segundo a legislação tributária podem ser citados os seguintes livros: • Apuração do IPI; • Apuração do ICMS; • Registro de inventário. E de acordo com Legislação trabalhista: • Registro de empregados. Qual é a finalidade de utilizar livros de escrituração no mundo informatizado? Veja o vídeo Escrituração Informatizada e descubra. Nesta aula, você: Compreendeu como ocorrem as mudanças no patrimônio das entidades; Diferenciou o que são atos e fatos administrativos e qual o impacto destes na contabilidade; Entendeu o que é a escrituração contábil e quais são os livros utilizados e exigidos de acordo com a legislação. Aula 5 – Lançamentos Objetivo desta aula: 1) Reconhecer os elementos necessários a um lançamento contábil; 2) Estabelecer os lançamentos contábeis; 3) Identificar as possíveis fórmulas de lançamento; 4) Aplicar lançamentos contábeis. Introdução: Você já parou para pensar em tudo que possui? Já percebeu que isso faz parte do seu Patrimônio? Muitas pessoas acham que só os bens que elas possuem fazem parte do patrimônio, mas é preciso lembrar que o que elas têm a receber, ou seja, os direitos, e o que elas têm a pagar também fazem parte do conjunto denominado Patrimônio. Outro aspecto importante é compreender como funcionam as movimentações no patrimônio, ou seja, como este aumenta, diminui ou sofre qualquer tipo de movimentação. É importante saber também quais as possíveis situações patrimoniais, o que demonstra e como o balanço pode ser configurado. Como os fatos são registrados? Como nascem os registros na Contabilidade? Partidas simples: Método que registra somente o controle de um elemento contábil. Podemos considerar como exemplo o controle do livro caixa em que são registradas as entradas e saídas de dinheiro, sem a preocupação de evidenciação do controle dos outros elementos patrimoniais, lucro ou prejuízo. Este método é incompleto e não evidencia as mutações de forma global no patrimônio. Partidas dobradas: Este método, que já foi rapidamente abordado, está baseado na seguinte premissa: A soma de todos os débitos é igual à soma de todos os créditos. Inicialmente, você vai precisar se preocupar com alguns detalhes como: • O fato que ocorreu e que vai ser registrado; • Se é débito ou crédito; e • Qual conta será afetada. Para que o lançamento seja efetuado em livro Diário é preciso também que sejam observados alguns elementos: • Local; • Data de ocorrência do fato; • Conta que deverá ser debitada; • Conta que deverá ser creditada; • Histórico; e • Valor. Veja um exemplo: Observe a nota fiscal da compra à vista de um carro no valor de R$30.000,00 e confira os passos para um lançamento de compra deste tipo: Fórmulas de lançamento O lançamento anteriormente abordado era um lançamento denominado de primeira fórmula, ou seja, um débito para um crédito. Agora, de forma resumida, abordaremos os lançamentos de segunda, terceira e quarta fórmula. Segunda fórmula: quando existe um débito e mais de um crédito. O exemplo abaixo corresponde à compra de mercadorias em São Paulo, em 25/05/2012, conforme nota fiscal 01 da Cia Brasil Ltda., no valor de R$15.000,00, sendo 50% à vista e 50% a prazo, em 30 dias: Note que foi debitada a conta mercadorias e posteriormente foi creditada, pois existe um “a” na frente da palavra diversos, precedida do histórico da operação. Isso indica que existiram diversos créditos. Assim, foram creditadas a conta Caixa, no valor de R$15.000,00, e a conta Fornecedores, no valor de R$15.000,00, demonstrando que metade da compra foi à vista e metade foi a prazo. Veja os seguintes lançamentos que teríamos em razonete: Terceira fórmula: quando existe mais de um débito e apenas um crédito. Um bom exemplo para se entender essa situação é a criação de uma empresa, isto é, quando o dinheiro é colocado na entidade pelos sócios. Suponha que uma empresa foi criada com capital social de R$100.000,00, que foram integralizados, ou seja, colocados na empresa da seguinte forma: R$50.000,00 em dinheiro; e R$50.000,00 em móveis e utensílios. Este fato ocorreu em São Paulo, no dia 25 de maio de 2012, na Cia Ltda. Observe que agora a palavra diversos não vem precedida da letra “a”, o que indica que ela representa múltiplos débitos que serão posteriormente detalhados. O crédito ficou restrito à conta “Capital Social”, que possui um breve histórico de como esse capital foi integralizado. Posteriormente, são apresentados os dois débitos: um referente ao valor que entrou em dinheiro e outro referente a móveis e utensílios. Quarta fórmula: quando existe mais de um débito e mais de um crédito. Essa situação pode ser exemplificada por uma compra de móveis e utensílios no valor de R$10.000,00 e um computador de R$2.000,00, 50% a prazo e 50% à vista. A compra foi efetuada no dia 08 de abril de 2012, na cidade da São Paulo, na Cia Sul Ltda., conforme nota fiscal 003. Note que a palavra diversos aparece duas vezes, sendo que na primeira vez aparece sozinha e na segunda precedida da letra “a”. Isso quer dizer, inicialmente, vários débitos e depois vários créditos. Depois de fazer todos os passos, temos os dois primeiros débitos, em móveis e utensílios e no computador, representando a entrada do bem. Posteriormente, existem dois créditos, a saída de caixa e o registro das compras a prazo em duplicatas a pagar. Você foi designado(a) para contabilizar as modificações em uma empresa e ocorreram os seguintes fatos no mês: FATOS: • Recebimento de clientes no valor de R$5.000,00; • Compra de Veículo no valor de R$5.000,00 à vista; • Pagamento de contas no valor de R$5.000,00; • Compra de mercadorias no valor de R$10.000,00 a prazo. Tendo em vista os fatos descritos, represente nesta tabela a forma como ficará o balanço patrimonial apresentado: Aprenda mais: Portal da Contabilidade: http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/lancamcont.htm MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Fácil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ______. Contabilidade Fundamental. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Nesta aula, você: Entendeu como funciona na prática o método das partidas dobradas; Visualizou os lançamentos contábeis. BONUS: LANÇAMENTOS CONTÁBEIS O lançamento contábil é o registro do fato contábil. Todo fato que origina um lançamento contábil deve estar suportado em documentação hábil e idônea. Os lançamentos contábeis podem ser: a) lançamento de primeira fórmula; b) lançamento de segunda fórmula; c) lançamento de terceira fórmula; d) lançamento de quarta fórmula. O lançamento contábil não se resume a “débito e crédito”, mas deve possuir também: 1. O valor (ou valores); expresso em moeda nacional. 2. Data do lançamento. 3. Histórico. LANÇAMENTO DE PRIMEIRA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve uma conta devedora e outra conta credora. Exemplo: Depósito bancário com recursos do caixa: Data do lançamento: 21.10.2007 D – Banco Bradesco S/A (Ativo Circulante) Histórico: N/depósito em dinheiro em 21/10/2007 R$ 10.000,00 C – Caixa (Ativo Circulante) Histórico: N/depósito em dinheiro no Bradesco S/A R$ 10.000,00 LANÇAMENTO DE SEGUNDA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve uma conta devedora e mais de uma conta credora. Exemplo: Depósito bancário, em parte com recursos do caixa (dinheiro) e parte de cheques pré- datados de clientes (conta cheques a cobrar): Data do lançamento: 22.10.2007 D – Banco Bradesco S/A (Ativo Circulante) Histórico: N/depósito em 22/10/2007 R$ 10.000,00 C – Caixa (Ativo Circulante) Histórico: Parte de n/depósito em 22/10/2007, em dinheiro, Bradesco S/A R$ 1.000,00 C – Cheques a Cobrar (Ativo Circulante) Histórico: Parte de n/depósito em 22/10/2007, em cheque, Bradesco S/A R$ 9.000,00 LANÇAMENTO DE TERCEIRA FÓRMULA É o registro do fato contábil envolvendo mais de uma conta devedora e apenas uma conta credora. Exemplo: Venda de mercadoria, sendo uma parte à vista e outra a prazo. Data do lançamento: 26.10.2007 D - Caixa (Ativo Circulante) Histórico: Vl. Recebido parte da NF 00676, de J.Silva S/A. R$ 10.000,00 D - Duplicatas a Receber (Ativo Circulante) Histórico: Vl. parte da NF 00676, de J.Silva S/A. R$ 50.000,00 C - Vendas de Mercadorias (Resultado) Histórico: Vl. NF 00676, de J.Silva S/A. R$ 60.000,00 LANÇAMENTO DE QUARTA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve mais de uma conta devedora e mais de uma conta credora. Exemplo: Compra, na mesma nota fiscal, de mercadorias e material de consumo, sendo parte pago no ato e o saldo a ser pago em 30 dias: Data do lançamento: 20.10.2007 D – Estoque de Mercadorias (Ativo Circulante) Histórico: Vl. Parte NF 9701 de Distribuidora Mercantil Ltda. R$ 10.000,00 D – Estoque de Materiais de Consumo (Ativo Circulante) Histórico: Vl. Parte NF 9701 de Distribuidora Mercantil Ltda. R$ 2.000,00 C - Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) Histórico: Cheque 009766 – Distribuidora Mercantil Ltda. R$ 4.000,00 C – Fornecedores (Passivo Circulante) Histórico: Vl. Saldo NF 9701 de Distribuidora Mercantil Ltda. R$ 8.000,00 HISTÓRICO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL Histórico é a descrição do fato contábil. A boa técnica exige que o histórico seja feito com a máxima clareza, evidenciando de forma analítica o registro da operação. Assim, o histórico do fato contábil deve ser inteligível e objetivo. Exemplo: Histórico contábil incompleto: Nossa compra de um veículo nesta data O histórico deveria ser como segue: Valor relativo n/aquisição de um veículo, marca XXX, mod. XXX, chassis xxxxxxxxxxx, conforme nota fiscal nº xxxxxx, de xx/xx/xx, de José Silva Veículos Ltda. ABREVIATURAS DO HISTÓRICO CONTÁBIL Admite-se a utilização de abreviaturas no histórico contábil. Algumas mais comuns são: Cfe. = Conforme Ch. = Cheque Dep. = Depósito Dp. = Duplicata Fat. = Fatura NF = Nota Fiscal N/ = Nosso, nossa, nesse Pg. = Pago Ref. = Referente Transf. = Transferência Vl. = Valor
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