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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 2 SUMÁRIO 1. Observações Gerais .............................................................................................................. 3 2. Procedimento Comum ........................................................................................................... 6 3. Petição Inicial ........................................................................................................................ 7 4. Contestação ........................................................................................................................ 43 5. Reconvenção ....................................................................................................................... 88 6. Réplica ............................................................................................................................... 100 7. Exceções de impedimento e suspeição ............................................................................ 108 8. Memoriais / Razões Finais Escritas .................................................................................. 119 9. Teoria Geral dos Recursos ............................................................................................... 123 10. Recursos Cabíveis no CPC/15 .......................................................................................... 141 11. Recurso Adesivo ............................................................................................................... 141 12. Apelação ............................................................................................................................ 145 14. Agravo de Instrumento ...................................................................................................... 183 15. Agravo Interno ................................................................................................................... 212 16. Embargos de Declaração – AULA COMPLEMENTAR EAD ............................................ 223 17. Recurso Ordinário – AULA COMPLEMENTAR EAD ........................................................ 235 18. Recurso Especial ............................................................................................................... 243 19. Recurso Extraordinário –AULA COMPLEMENTAR .......................................................... 268 20. Agravo em Recurso Especial e Extraordinário - AULA COMPLEMENTAR ..................... 281 21. Embargos de Divergência - AULA COMPLEMENTAR ..................................................... 288 22. Reperscussão geral e suspensão de todos os processos pendentes .............................. 296 23. Reclamação ....................................................................................................................... 307 24. Incidente de assunção de competência/IAC ..................................................................... 312 25. Procedimentos especiais - introdução .............................................................................. 313 26. Ação de consignação em pagamento ............................................................................... 314 27. Ação monitória ................................................................................................................... 327 28. Dissolução parcial da sociedade ....................................................................................... 343 29. Embargos de terceiro ........................................................................................................ 355 31. Homologação do penhor legal .......................................................................................... 390 32. Regulação de avaria grossa .............................................................................................. 397 33. Divisão e demarcação de terras particulares .................................................................... 404 34. Restauração de autos ....................................................................................................... 422 35. Ação de exigir contas ........................................................................................................ 429 36. Oposição ........................................................................................................................... 441 37. Habilitação ......................................................................................................................... 444 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 3 1. OBSERVAÇÕES GERAIS 1ª parte: Redação de peça profissional, valendo 5,00 (cinco) pontos, acerca de tema da área jurídica de opção do examinando e do seu correspondente direito processual. A peça será desenvolvida em, no máximo, cinco páginas sinalizadas, sendo o total de 150 linhas. O caderno de textos definitivos da prova prático-profissional NÃO PODERÁ SER ASSINADO, RUBRICADO E/OU CONTER QUALQUER PALAVRA E/OU MARCA que o identifique em outro local que não o apropriado (capa do caderno), sob pena de ser anulado. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos definitivos acarretará a anulação da prova prático-profissional e a eliminação do examinando. 01 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 4 Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com a extensão máxima definida na capa do caderno de textos definitivos; para a redação das respostas às questões discursivas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão. Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida. Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as respostas das questões discursivas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a palavra “ADVOGADO...”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída NOTA ZERO, por se tratar de identificação do examinando em local indevido. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 5 O texto da peça profissional e as respostas às questões discursivas serão avaliados quanto à adequação ao problema apresentado, ao domínio do raciocínio jurídico, à fundamentação e sua consistência, à capacidade de interpretação e exposição e à técnica profissional demonstrada, sendo que a mera transcrição de dispositivos legais, desprovida do raciocínio jurídico, NÃO ENSEJARÁ PONTUAÇÃO. Ou seja, você deve explicar a sua resposta, jamais meramente transcrever o artigo, súmula ou OJ. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 6 2. DO PROCEDIMENTO COMUM Hoje, com o advento do Código de Processo Civil de 2015 não existe mais o procedimento comum dividido em ordinário e sumário. Observar, neste caso, a previsão do artigo 1.049 do CPC/2015 quanto à aplicação do procedimento comum: Art. 1.049. Sempre que a lei remeter a procedimento previsto na lei processual sem especificá-lo, será observado o procedimento comum previsto neste Código. E se a lei remeter a procedimento sumário? Observar a previsão do parágrafo único do artigo 1.049 do CPC: Parágrafo único. Na hipótese de a lei remeterao procedimento sumário, será observado o procedimento comum previsto neste Código, com as modificações previstas na própria lei especial, se houver. NÃO ESQUECER: Não existe mais o processo cautelar. As cautelares estão reunidas dentro da tutela provisória de urgência. 02 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 7 3. DA PETIÇÃO INICIAL 3.1 Importância da petição inicial Segundo o princípio da inércia da jurisdição, o Poder Judiciário somente pode agir se for provocado, de forma que a demanda é o meio pelo qual o autor impulsiona a jurisdição. A demanda é proposta através da Inicial, sendo que a ação é considerada proposta quando a petição inicial for protocolada, consoante previsão do 312 do NCPC: Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. Segundo Viana (2018, p. 16), a petição inicial delimita o âmbito de defesa e os limites do qual o órgão jurisdicional atuará, conforme o princípio da congruência. 3.2 Dica para identificar se é petição inicial Se justamente a peça deve desencadear o processo. 3.3 Dos requisitos da petição inicial Considera-se proposta a demanda a partir do protocolo da petição inicial, dando, assim, início ao processo. Os elementos presentes no art. 319 do CPC/15 devem constar na petição inicial para desencadear o processo. A petição inicial estabelece o limite de conhecimento do magistrado, determinando os efeitos da coisa julgada. A petição inicial é apresentada por escrito, seja processo físico ou eletrônico e deve ser redigida na língua portuguesa (ATENÇÃO: Juizado Especial Cível tem como um dos critérios orientadores o princípio da oralidade). Mesmo nas hipóteses em que é permitida a apresentação da petição inicial de forma oral, deverá ser reduzida a termo, datada e assinada. 03 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 8 No CPC/15, a petição inicial deve preencher os requisitos estabelecidos no artigo 319. São requisitos da Inicial, conforme o art. 319: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Os requisitos do artigo 319 do CPC/15 devem ser cumpridos pelo Autor na petição inicial do processo de conhecimento que tramita pelo procedimento comum, não se tratando de uma faculdade, mas, sim, de uma obrigação. O art. 319 do CPC/15 é aplicável aos demais processos e procedimentos com algumas diferenças, se houver previsão nesse sentido. Consequência de não serem observados os requisitos do artigo 319 do CPC/15: juiz deverá ordenar a emenda da petição inicial, e se não for cumprida indeferimento da petição inicial e a extinção do processo sem resolução de mérito. Além dos requisitos do art. 319 do CPC/15, a petição inicial deve ser elaborada de forma clara e técnica, com raciocínio lógico, ou seja, ter INÍCIO, MEIO e FIM. 3.3.1 Quanto ao juízo que é dirigida a petição inicial (ENDEREÇAMENTO) Neste caso devem ser observadas as regras de competência para conhecer e processar a referida ação. O endereçamento é a indicação do juízo que receberá a inicial neste primeiro momento do processo. Jamais Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 9 haverá a indicação pessoal do juiz, apenas a indicação do juízo competente, mesmo sendo um único juiz na comarca. Lembre-se que a petição inicial poderá ser direcionada ao juízo de primeiro grau ou a ação poderá tramitar diretamente nos tribunais. O endereçamento deverá ser feito no cabeçalho da petição inicial. Para fazer o endereçamento correto na petição inicial, considerando que não há demanda anteriormente proposta, devem ser analisadas as regras de competência estabelecidas na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e no próprio Código de Processo Civil. Segundo Viana (2018, p. 118) se o juiz for absolutamente incompetente para julgar o processo (competência definida em razão da matéria e da função) deverá remeter os autos ao juízo competente. Porém, se o juiz for relativamente incompetente (competência definida em razão do valor da causa e do território) deverá aguardar que o réu alegue a incompetência em preliminar de contestação. Lembrando que hoje, ambas, tanto a incompetência absoluta quanto a relativa, são alegadas em preliminares de contestação. Então, sobre as consequências de se propor a ação no juízo que não é competente, Viana (2018, p. 118) esclarece: Se a inicial for distribuída para juízo absolutamente incompetente: o magistrado, de ofício, deverá remeter a ação ao juízo competente. Se assim não o fizer, o réu poderá alegar a incompetência absoluta em preliminar de contestação; Se a inicial for distribuída a juízo relativamente incompetente: o magistrado deverá aguardar que o réu alegue a incompetência relativa em preliminar de contestação. Se o réu assim não fizer o juiz tornar-se-á competente. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 10 EXEMPLOS DE ENDEREÇAMENTO (passo inicial da construção da peça processual): Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ...Vara Cível da Comarca de Santa Cruz do Sul – RS (ou Rio Grande do Sul) OU Douto Juízo da ...Vara Cível da Comarca de Santa Cruz do Sul – RS No exemplo acima, não se sabe onde a ação vai tramitar. Ou seja, onde há mais de um juízo competente, em que a petição inicial vai ser distribuída não é possível prever qual será a vara em que ação vai tramitar. Portanto, deve-se fazer o endereçamento de forma genérica. Então deve-se fazer de forma genérica, consoante seguem ainda os exemplos abaixo: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Cível da Comarca de Santa Cruz do Sul – RS. OU Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito de uma das Varas Cíveis da Comarca de Santa Cruz do Sul – RS. OU Douto juízo de uma das Varas Cíveis da Comarca de Santa Cruz do Sul – RS. É de destacar que para o correto endereçamento da petição inicial devem ser observadas as regras de competência. Ou seja, o candidato deve analisar a competência estabelecida na constituição federal, na constituição estadual, nas leis de organização judiciária, bem como no próprio CPC. Assim, deve-se: Verificar se é caso de competência originária dos tribunais. Caso não for: Verificar se se trata de justiça comum ou especial; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 11 Se for justiça comum Verificar se é justiça estadual ou federal; Verificar, ainda, qual a comarca ou subseção judiciária competente. Por fim, verificar dentro da comarca se há vara especializada. Verificar se a causa é caso de competência originária dos tribunais, ou seja, se a causa deve ser ajuizada diretamente nos tribunais ou não, como no caso do art. 108, I da CF, que estabelece a competência originária dos Tribunais Regionais Federais. Se não for caso de competência originária dos tribunais, verificar se se trata de justiça comum ou especializada. Então, em primeiro lugar: verificar se a ação deve ser proposta diretamente em um tribunal específico, em caso negativo, verificar se deve ser justiça comum ou especializada. JUSTIÇA COMPETENTE: se é justiça comum ou justiça especializada. A justiça especializada é dividida em justiça militar, eleitoral e do trabalho. A justiça comum pode ser estadual ou federal. Para verificar qual justiça competente, deve ser feita uma análise excludente: só será justiça comum se não for justiça especializada. E entre a justiça comum federal ou estadual, também será por exclusão: se não for competência da justiça federal, será da estadual. Para saber se se trata de justiça comum estadual ou federal, deve-se analisar o artigo 109, I da CF, no qual está estabelecida a competência da Justiça Federal. VERIFICAR QUAL O FORO COMPETENTE: onde deverá ser proposta a ação. Para saber onde deverá ser proposta a ação, deve-se observar as regras de competência estabelecidas no CPC. Arts. 46 a 53 do CPC: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 12 Art. 53. É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; OBSERVAR AINDA, O SIGNIFICADO DE ALGUMAS EXPRESSÕES: Portanto, de acordo com as regras da competência expostas, poderão ocorrer os seguintes endereçamentos: FÓRUM é apenas o prédio onde funciona o órgão jurisdicional Logo não será utilizado no endereçamento da petição inicial. FORO neste caso se refere à competência TERRITORIAL, ou seja, onde a demanda deverá ser proposta EXEMPLO: foro da comarca de Santa Cruz do Sul – RS. VARA OU JUÍZO se refere à competência de quem vai julgar a demanda dentro do foro. Exemplo: vara de família. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 13 a) No caso da Justiça Estadual com uma única vara: (o enunciado da peça processual deve informar expressamente que é vara única) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. OU EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. OU DOUTO JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. b) No caso da Justiça Estadual quando tiver mais de uma vara: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. OU EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. OU DOUTO JUÍZO DA ...VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA- PARANÁ. OU DOUTO JUÍZO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. c) No caso de Comarca (Justiça Estadual) com vara especializada: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ. Ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. Ou Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 14 DOUTO JUÍZO DA ...VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. d) No caso de Comarca (Justiça Estadual) com foros regionais: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO FORO REGIONAL DE SARANDI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE – RS. Ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DE SARANDI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE – RS. Ou DOUTO JUÍZO DA ...VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DE SARANDI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE – RS. e) No caso da Justiça Federal: EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA ... VARA CÍVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CRUZ DO SUL - RS. f) No caso do Juizado Especial Cível Estadual: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ... JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. OU DOUTO JUÍZO DO ... JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL – RS. g) No caso de Tribunal de Justiça: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 15 h) No caso de Tribunal Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO. (Como exemplo, o estado do Rio Grande do Sul pertence à 4º região, contudo, caso a problemática da FGV não informe a região a que pertence o Estado, o examinando não deverá informar, a fim de evitar a identificação de peça). i) No caso do STJ: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. j) No caso do STF: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Após o endereçamento, dá-se um espaço e inicia-se a qualificação das partes, conforme previsão do inciso II do artigo 319 do CPC. 3.3.2 Quanto à qualificação das partes Neste caso, indica-se o polo ativo (quem pede) e o polo passivo (em face de quem se pede). Ou seja, quem possui a legitimidade para ingressar com a ação e quem deve responder, cumprindo, assim, um dos requisitos do artigo 17 do CPC, que impõe a legitimidade da parte para postular em juízo. Previsão do art. 319, II, do CPC: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”. Neste caso o que se verifica é a qualificação das partes, sendo inovação no CPC de 2015 o endereço eletrônico. Inclusão também no que se refere à existência da União Estável, bem como o número de inscrição no Cadastro Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 16 de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Se, por exemplo, o autor não possua o endereço eletrônico (e-mail), nem disponha o endereço eletrônico da parte contrária, deve ser comunicado na qualificação, já que é exigência do inciso II. ATENÇÃO: Observar que no caso do Exame de Ordem aplicado pela FGV, não poderão ser inventados quaisquer dados. Devem ser indicados na peça somenteaqueles fornecidos pelo problema, sob pena de se considerar como identificação da peça. Os dados não indicados devem ser redigidos de forma genérica, conforme previsão do edital. Exemplo de qualificação das partes: FULANO DE TAL, nacionalidade..., profissão..., estado civil...(verificar no problema se há menção sobre união estável), portadora do RG nº..., e do CPF nº..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua..., nº..., bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por intermédio de seu advogado constituído (procuração em anexo), inscrito na OAB sob o nº..., endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, ajuizar, pelo procedimento comum (com fundamento no artigo...), a presente (....) Exemplo de qualificação das partes quando se tratar de incapaz: FULANA DE TAL, nacionalidade..., estado civil... (verificar se vive ou não em União Estável), profissão..., portadora do RG nº..., inscrita no CPF sob o nº..., menor absolutamente incapaz, nascida em..., neste ato representada (OBS: totalmente incapaz são representados e relativamente incapazes serão assistidos) por sua genitora (verificar problema), CICLANA DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portadora do RG nº..., e do CPF nº..., ambas residentes e domiciliadas na Rua..., nº..., bairro..., município de..., Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 17 Estado..., CEP..., e com endereço eletrônico..., por intermédio de seu advogado constituído (procuração em anexo), inscrito na OAB sob o nº..., endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, ajuizar, pelo procedimento comum com fundamento ... OBSERVAR AINDA QUANTO À DIFICULDADE DO AUTOR EM QUALIFICAR O RÉU De acordo com o art. 319, §1º, do CPC, se o autor não dispuser das informações quanto à qualificação do réu constantes no inciso II do art. 319, poderá requerer ao juiz diligências necessárias a fim de obter as informações exigidas pela lei. O §2º refere que não deverá ocorrer o indeferimento da Petição Inicial, se mesmo faltando informações exigidas pelo inciso II do art. 319, for possível realizar a citação do Réu. Ainda, o § 3o estabelece que a petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II do art. 319 se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. OBSERVAR TAMBÉM A CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS CASADAS E EM UNIÃO ESTÁVEL As pessoas casadas, para ajuizar ações que versem sobre direitos reais imobiliários, precisam do consentimento do outro cônjuge, o que se denominado outorga uxória ou marital art. 73 e 74 do CPC: Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 18 § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. OBSERVAR TAMBÉM A REPRESETAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS E DOS ENTES DESPERSONALIZADOS: Art. 75 do CPC: serão representados em juízo, ativa e passivamente: Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III - o Município, por seu prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII - o espólio, pelo inventariante; VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. Exemplo de qualificação das partes quando se tratar de pessoa jurídica: EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídicas (ou pode colocar CNPJ) sob o nº..., endereço eletrônico..., com sede na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representada nos termos do inciso VIII do artigo 75 do Código de Processo Civil por seu Diretor (ver conforme enunciado)..., (poderá qualificar o diretor) conforme Contrato Social (se for sociedade limitada, porque se for sociedade anônima será estatuto) em anexo, por intermédio de seu advogado constituído (procuração em anexo), inscrito na OAB sob o nº..., endereço eletrônico..., com endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 19 Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, ajuizar, pelo procedimento comum (ou com fundamento nos artigos...), a presente (...) OBSERVAR TAMBÉM A CAPACIDADE POSTULATÓRIA: É a capacidade para pleitear algo em juízo. No Brasil, os advogados, Defensoria Pública e o Ministério Público têm capacidade postulatória. A atuação do advogado no processo depende de procuração, que será DISPENSADA para evitar preclusão, decadência, prescrição e, ainda, para praticar ato considerado urgente, na forma do art. 104 do CPC. Esses casos admitem a juntada ulterior do mandato (prazo de 15 dias prorrogáveis por até 15 por despacho do juiz), na forma do art. 104, §1º, do CPC. 3.3.3 Dos fatos e fundamentos jurídicos Os fatos e fundamentos jurídicos constituem a causa de pedir e a razão pela qual se está postulando algo no poder judiciário. A causa de pedir, junto com as partes e pedidos constitui os elementos que identificam a ação. Nos fatos, o examinando deverá fazer a narração correspondendo aos fatos ocorridos que levam ao ajuizamento da demanda. É necessário descrever os fatos pertinentes e relevantes que constituem a relação jurídica. ATENÇÃO: para fins de avaliação da FGV, os fatos devem corresponder exatamente ao narrado no enunciado, não podendo o examinando inventar quaisquer dados, sob pena de identificação de peça.DICA: procure apresentar os fatos de forma lógica: com início, meio e fim, de forma clara e concisa. Não se estenda muito neste tópico sob pena de faltar espaço para redação dos fundamentos jurídicos e pedidos, que costumam ter maior pontuação envolvida. Os autores JOÃO AGUIRRE E RENATO MONTANS DE SÁ apresentam na sua obra PRÁTICA CIVIL 7. Ed. Saraiva: São Paulo, 2017, p. 31, o seguinte esquema para uma boa apresentação dos fatos na petição inicial, consoante segue em 3 passos: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 20 1º Descrever a relação jurídica: descrever a relação fática jurídica mantida entre as partes, da qual derivou o conflito. Assim, aqui deve ser descrita a situação de fato ou de direito que antecedeu o conflito ou com ele foi concomitante. Os autores citam exemplos: a) O fato de autor e réu estarem trafegando de automóvel na mesma via; b) O casamento entre o autor e a Ré; c) O contrato de compra e venda de determinado produto celebrado entre as partes; d) A doação feita pelo autor ao Réu; e) O fato de o Réu ter se obrigado a pintar um quadro; 2º Descrever o Fato Gerador: ou seja, o motivo principal que deu origem ao conflito. Aqui deve ser descrito o fato em si que deu origem à pretensão ou ao direito potestativo do autor. Exemplificam os doutrinadores acima: a) O fato de o réu ter, imprudentemente, abalroado a traseira do automóvel do autor; b) O fato de ter se tornado insuportável a continuidade da vida em comum; c) O fato de o produtor vendido conter um vício; d) O fato de o autor ter incorrido em erro escusável no momento da doação; e) O fato de o réu não ter entregue o quadro na data aprazada; 3º Descrever a conclusão: isto é, a consequência lógica e jurídica da união entre a relação e fato gerador, o que levará aos objetivos que o autor pretende com a ação. Aqui deve ser descrito o que se pretende com a ação. Exemplificam Aguirre e Sá da Seguinte forma: a) O autor deve ser indenizado pelo réu; b) A separação do casal; c) O réu deve trocar o produto viciado; d) O negócio jurídico deve ser anulado; e) O réu deve pintar o quadro, conforme pactuado; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 21 NOS ARGUMENTOS JURÍDICOS, o examinando deverá fazer a fundamentação que ensejou o pedido da ação, demonstrar os dispositivos legais aplicáveis, jurisprudências e entendimentos doutrinários acerca do tema objeto do litígio (no caso da OAB não se tem acesso à doutrina). OBSERVAÇÃO: na petição inicial esses requisitos são cumpridos da seguinte forma: I – DOS FATOS; II – DO DIREITO OU II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS. A partir dos fatos usar a nomenclatura correta para as partes, de acordo com o tipo de peça: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 22 3.3.4 Do pedido com as suas especificações O pedido é justamente o que o autor quer com a prestação jurisdicional. O pedido deve ser certo e determinado. O pedido tem dois aspectos: o imediato e o mediato. O PEDIDO IMEDIATO indica a espécie de prestação jurisdicional pretendida pelo autor. EXEMPLO DE PEDIDO IMEDIATO: sentença declaratória, constitutiva, etc. Pode se apresentar da seguinte maneira, por exemplo: Requer a Vossa Excelência a total procedência da ação com a CONDENAÇÃO DO RÉU... O PEDIDO MEDIATO, por sua vez, significa o bem da vida a ser atingido pela prestação jurisdicional. EXEMPLO: divórcio. Consiste na providência que se quer do Poder Judiciário. Acaba por delimitando os limites da prestação jurisdicional, de forma que esta não poderá ser infra, ultra ou citra petita. Assim, o pedido deve ser formulado de FORMA PRECISA. Darlan Barroso e Juliana Francisca Lettiére (2016) definem pedido mediato como os efeitos práticos, exemplificando como: o valor da coisa, o valor da obrigação... EXEMPLO DE PEDIDO MEDIATO: Requer a condenação do Réu ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos materiais. O artigo 322 do CPC/15 exige que o pedido deve ser certo, ou seja, deve constar expressamente na petição inicial o que se pretende do Judiciário. Deve ser expresso, explícito. Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 23 § 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Além disso, conforme previsão do artigo 324 do CPC, o pedido deve ser determinado, ou seja, de forma a estabelecer os limites do que pretende o autor. Art. 324. O pedido deve ser determinado. EXEMPLO: Requer a condenação do Réu ao pagamento de indenização por dano material no valor de R$ 5.000,00. NÃO se pode fazer genericamente: Requer a condenação do Réu ao pagamento da indenização por dano material. OBSERVAR QUANTO AO PEDIDO GENÉRICO: Previsão do §1º do art. 324 do CPC: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. § 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. Quanto aos incisos do artigo 324, Vian (2018, p. 127) ensina: I - Nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados: essas ações universais, segundo o autor mencionado, são aquelas que apresentam um conjunto de bens materiais demandados, tratando-se de uma “universalidade de bens”, como o que ocorre no caso do espólio. Cita o autor que, numa ação de petição de herança, por exemplo, o pedido é genérico uma vez que se refere a todos os bens que couberem ao quinhão; II - Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato: Vian (2018, p. 127) refere nesse inciso que pode ocorrer que os efeitos jurídicos do ato ou fato ilícito não foram efetivamente determinados e, em razão disso, o autor não conseguiu Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 24 determinar o quanto devido. Como exemplo, cita que em algumas ações de indenização não é possível indicar no momento da propositura da ação, com precisão, as consequências que a vitima sofreu. Ex: não sabe se a vítima está incapacitada temporária ou definitivamente. III - Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu: Vian (2018, p. 128) refere que existem situações em que, dependendo do comportamento do Réu, a extensão do pedido feito pelo autor poderá variar, citando como exemplo, a ação de exigir contas. Isso porque, o saldo credor poderá variar de acordo com as contas apresentadas pelo Réu, sendo impossível ao Autor, precisar na inicial o montante do saldo. OBSERVAR QUE OS PEDIDOS PODEM SER ALTERNATIVOS, SUBSIDIÁRIOS OU CUMULATIVOS; a) Do pedido alternativo – art. 325 do CPC/15 O pedido alternativo pode ser requerido quando há mais de uma forma de cumprir a obrigação pleiteada. ATENÇÃO:Não se trata de cumulação de pedidos, já que apenas um pedido é formulado na petição inicial, contudo, esse pedido pode ser adimplido por mais de um modo. DESTACA-SE: neste caso, os pedidos possuem a mesma hierarquia, sendo que o Réu poderá cumprir a obrigação por mais de um modo. Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. O art. 325, parágrafo único, menciona que quando por lei ou contrato, a escolha pelo modo de adimplemento da obrigação couber ao devedor, mesmo que o autor não tenha formulado pedido alternativo, o juiz assegurará o direito do devedor de cumprir a prestação de um ou outro modo. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 25 Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. Assim, se a escolha couber ao devedor a escolha pelo pedido será feita na contestação. Exemplo de pedido alternativo: Requer a condenação do Réu para que cumpra a obrigação de ...ou a obrigação de... b) Cumulação de pedidos A cumulação poderá ser própria ou imprópria. Ocorre cumulação própria quando o autor formula mais de um pedido, esperando que todos sejam atendidos. Ou seja, aqui o autor pede o acolhimento de ambos os pedidos. Exemplo de pedido com cumulação própria: Requer a condenação do Requerido para que cumpra a obrigação a obrigação de PAGAR DANOS MATERIAIS no valor de R$... E DANOS MORAIS no valor de R$.... Coloca-se ainda a possibilidade de pedido cumulativo sucessivo: apenas se passará a analisar o segundo pedido se o primeiro for procedente. EXEMPLO: Pedir o reconhecimento da paternidade e alimentos. Somente fixará alimentos se reconhecer a paternidade. Há quem chame apenas de pedido sucessivo há a formulação de um pedido principal e outro secundário, requerendo-se o acolhimento do pedido secundário se o principal não for acolhido. Na cumulação imprópria há a formulação de vários pedidos ao mesmo tempo de modo que apenas um deles seja atendido cumulação subsidiária ou cumulação eventual previsão do art. 326 do CPC: Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 26 Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. Na cumulação subsidiária: tenho o pedido principal, mas se ele não for atendido, quero o pedido subsidiário. Portanto, se difere do pedido alternativo, pois no alternativo não há hierarquia. O artigo 327 estabelece os requisitos para a cumulação de pedidos: Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. § 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326. Para haver a cumulação de pedidos, é necessário que todos os pedidos tramitem sobre o mesmo procedimento. Se houver procedimentos diversos para os pedidos, deverá tramitar no procedimento comum, sendo que ao final do §2º, verifica-se que o procedimento comum torna-se maleável. Porém, para tanto, não podem ser incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. c) Pedidos de Prestação periódica: Ocorre naquelas obrigações de trato sucessivo, ou seja, aquelas que não são cumpridas em um único momento. Exemplo: um carnê com vencimento mensal em 12 parcelas. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 27 OS PEDIDOS VÃO SER ESPECÍFICOS DE ACORDO COM OS TIPOS DE AÇÕES: Ação Declaratória: Busca conferir certeza para dizer se uma determinada relação ou situação jurídica existe ou não existe. Verbo a ser utilizado: DECLARAR. LOGO, O PEDIDO SERÁ DECLARATÓRIO. Ex: Requer que seja declarado... Ação Constitutiva: Objetiva criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Ex.: o divórcio. Verbo a ser utilizado: DECRETAR. Ação Condenatória: Busca a condenação do Réu a alguma obrigação. Verbo a ser utilizado: CONDENAR. EX: Requer a condenação do Réu... Ação Mandamental: Busca uma ordem do poder judiciário, substituindo a vontade por uma ordem judicial. Verbos a serem utilizados: DETERMINAR, ORDENAR. Ação Executiva: Objetiva a entrega de coisa ou obrigação de fazer ou não fazer. Verbos a serem utilizados: DETERMINAR, ORDENAR. EXEPLOS DE TIPOS DE PEDIDOS: Condenatório: Que o Réu seja condenado a cumprir o contrato, passando em definitivo o imóvel descrito na inicial para o nome do Autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da intimação da sentença, sob pena de multa cominatória diária no valor de R$... (CHACON, 2016, p. 41) Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 28 Que o Réu seja condenado ao pagamento de R$... (...) a título de danos morais, devidamente corrigidos e atualizados desde a data da prática do ato ilícito até a data do efetivo pagamento (CHACON, 2016, p. 41). Declaratório: Que seja declarada a anulação do casamento havido entre as partes, com a expedição dos mandados competente para as averbações necessárias no Cartório de Registro Civil. (CHACON, 2016, p. 42). Pedido Declaratório e Condenatório: Que seja declarada extinta a relação locatícia, com fundamento na falta de pagamento dos aluguéis e seus acessórios, condenando-se o Réu à desocupação voluntária, para que, no prazo legal, desocupe de pessoas e bens o imóvel, sob pena da decretação efetiva do despejo forçado. (CHACON, 2016, p. 42). Pedido Constitutivo: Que seja decretado o divórcio dos Requerentes, emitindo-se o competente mandado para o Cartório de Registro Civil, homologando-se os termos do acordo apontados na Inicial, por sentença, para que surta seus regulares efeitos. (CHACON, 2016, p. 42). ATENÇÃO: Observar que o pedido deverá ser formulado de acordo com o procedimento como no caso dos procedimentos especiais, em que os pedidos podem variar justamente de acordo com o tipo de procedimento. EXEMPLO: requerer o depósito no caso da ação de consignação em pagamento. 3.3.5 Valor da causa O valor da causa pode ser utilizado como critério a fim de determinar a competência, por exemplo. O valor da causa tem efeitos patrimoniais no processo, também no que se refere às verbas devidas pelas partes umas às Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora TatianeKipper 29 outras, à aplicação de multas e despesas no processo, para cálculo de custas judiciais, por exemplo. Trata-se, assim, de elemento essencial que deve constar na petição inicial, conforme art. 319, VI do CPC/15. Deste modo, o valor da causa sempre constará na petição inicial, independentemente se for procedimento contencioso ou voluntário, mesmo que a causa não tenha conteúdo econômico que seja imediatamente aferível, conforme previsão do art. 291 do CPC: Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. De acordo com o art. 291 do CPC/15, é possível que o valor da causa seja fixado de forma provisória, sendo ajustado ao final, com a sentença. Dessa forma, se não for possível de início apontar o valor certo, ao menos deve se atribuir um valor hipotético. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DA CAUSA: Previsão no art. 292 do CPC: Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. § 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. § 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 30 Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, deve-se levar em consideração o valor de umas e outras, sendo que o §2º estabelece os critérios para fixar o valor das prestações vincendas. Ou seja, se for em razão de um contrato com vencimento em 12 parcelas, mas foram pagas apenas 2, o valor da causa deverá considerar as 02 parcelas pagas, mais as 10 que irão vencer. 3.3.6 As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados Continuou mantido no inciso VI do art. 319, o pedido genérico de produção de provas, sem necessidade de especificação. De acordo com o Novo CPC, o autor deve provar o fato constitutivo do seu direito. Cabem tanto as provas típicas previstas no Novo CPC, quanto as não previstas, de forma que o art. 369 do CPC/15 permite que sejam empregados todos os meios de prova moralmente legítimos. O fundamento é o próprio artigo 320 do CPC que determina que o autor na petição inicial deve juntar as provas documentais essenciais à propositura da ação. Exemplo fornecido por CHACON (2016, p. 49) para petição de provas no rito ordinário: Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, principalmente juntada de novos documentos, prova oral e pericial, sem exceção de outros que possam ser indicadas no momento oportuno. 3.3.7 Quanto à realização da audiência de conciliação ou de mediação Previsão do inciso VII, do art. 319: “a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação”. Neste caso a opção do autor pela realização da audiência ou não de conciliação e ou medição vai ocorrer antes da resposta do réu, sendo que Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 31 somente será dispensada mediante expressa manifestação das partes – IMPORTANTE: Esse pedido é novidade do CPC/15. Exemplo de como fazer esse pedido: “Em atendimento ao art. 319, VII, do CPC/15, informa o Autor a opção pela realização da audiência de conciliação ou mediação”. 3.3.8 Dos demais requisitos que não estão expressos no art. 319 do CPC/15 Existem, ainda, outros pedidos a serem feitos, sendo que a doutrina por vezes denomina de requerimentos: a) Benefício da gratuidade da justiça (ou comprovante do recolhimento das custas iniciais): a depender se a parte possui direito ou não ao benefício da gratuidade da justiça. Exemplo de como fazer esse pedido: Requer a concessão do benefício da gratuidade da justiça, nos termos do art. 98 e 99 do CPC/15, eis que é pessoa pobre nos termos da lei, não podendo arcar com as custas, despesas e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 32 b) Pedido de tramitação preferencial ou prioridade no processamento da causa: No caso de parte com idade igual ou superior a 60 anos de idade (Lei 10.471/2003 – Estatuto do idoso, artigo 71 e inciso I do artigo 1.048 do CPC/2015). PRIORIDADE ESPECIAL: dentre os idosos, aqueles maiores de 80 anos terão prioridade especial, na forma do art. 71, §5º, do Estatuto do idoso. Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. § 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo. (...) § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017). Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 33 Concessão de preferência em caso de doença grave (previsão do inciso I do artigo 1.048 do CPC de 2015). Concessão de preferência no processamento da causa, quando regulada pelo Estatuto da Criança e Adolescente (previsão do inciso II do artigo 1.048 do CPC de 2015): Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Concessão de preferência em razão de indício de alienação parental, conforme previsão do artigo 4º, caput da Lei 12.318/2010: Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público,as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. c) Pedido de intervenção do ministério público: O artigo 178 do CPC prevê a intervenção do Ministério Público nas seguintes situações: Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público. d) Pedido de tutela provisória: verificar se é o caso de pedir tutela provisória na petição inicial. A tutela provisória está regulada nos artigos 294 a 311 do CPC; e) Pedido de condenação em custas e honorários advocatícios. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 34 f) Pedido de realização de atos de citação ou penhora fora do horário ordinário, conforme previsão do §2º do artigo 212 do CPC: Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. § 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. § 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal. O Código de Processo Civil de 2015 não prevê expressamente o pedido de citação do réu, sendo entendimento doutrinário (CHACON, 2016, p. 49) que, de acordo com o NCPC, tornou-se dispensável o pedido de citação do réu. Ou seja, a citação do réu não é mais apontada como requisito da petição inicial, pois decorre do dever de o magistrado dar andamento ao processo depois que foi provocado. (CHACON, 2016, p. 49). Assim, o objetivo da citação é justamente angularizar a relação processual (juiz, autor e réu), permitindo o contraditório e a ampla defesa, e poderá ter como consequência os efeitos da revelia e confissão. (CHACON, 2016, p. 49). Nesse sentido, a citação passa a ser opcional, mas a doutrina entende que em certos casos deverá, sim, aparecer entre os pedidos como um requerimento, “sobretudo, quando for preciso ilustrar, designar, indicar, esclarecer situações fora do padrão que digam respeito ao endereço, ao horário, ao ambiente onde deverá ser praticado o ato, sobretudo, quando se trata de ato de oficial de justiça” (CHACON, 2016, p. 50). O pedido de citação deve observar, segundo CHACON (2016, p. 50), a finalidade da citação. Para que? Exemplo: comparecer à audiência? Apresentar defesa? Executado citado para pagar a dívida no prazo? Na ação de consignação citado o réu para levantar o depósito efetuado ou apresentar sua defesa! Além disso, recomenda-se fazer o pedido de citação quando o Autor pretender que a citação seja realizada por uma das formas excepcionais, como Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 35 por edital, por exemplo: (CHACON, 2016, p. 51) A citação do réu, no endereço mencionado, por oficial de justiça, para, querendo, ofereça a defesa que tiver, no prazo legal, sob as penas da lei; (CHACON, 2016, p. 51). Poderão, ainda, haver outros pedidos dependendo do tipo de ação (ex.: juntada de determinado documento, principalmente se for documentos referentes à comprovação do fato). 3.4 Da instrução da petição inicial – art. 320 CPC/15 Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Regra é a produção probatória no momento da propositura da ação. Observar ainda a exigência do art. 287 do CPC JUNTADA DE PROCURAÇÃO. Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico. 3.5 Passo a passo da petição inicial Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 36 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 37 3.6 Modelo exemplificativo de petição inicial Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 38 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 39 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 40 3.7 Da emenda da petição inicial A emenda da petição inicial tem previsão no art. 321 do Código de Processo Civil: Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Caso o juiz verifique que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos pelos artigos 319 e 320 do CPC, ou ainda, que a petição apresenta defeitos e irregularidades que dificultam o julgamento de mérito, determinará que o autor emende ou complete a inicial no prazo de 15 dias. Ao determinar a emenda da petição inicial, o juiz deve indicar, com precisão, o que deve ser corrigido ou completado pela parte. Se o autor não emendar/completar a inicial, o juiz indeferirá a petição inicial. DICA: Como verificar que é a emenda à petição inicial na hora da PROVA? A peça processual será emenda a petição inicial quando o enunciado da FGV deixar evidente que a petição inicial deixou de atender os requisitos dos artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil e o juiz intimou o Autor para emendar / completar a petição inicial. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 41 3.8 Modelo exemplificativo da emenda a petição inicial Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 42 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 434. CONTESTAÇÃO Da mesma forma que é assegurada a garantia da Inafastabilidade da Jurisdição, do direito à ação, deve ser permitido ao Réu, no processo civil, o direito de se defender. Em razão dos princípios do contraditório e da ampla defesa é necessário que a parte Requerida tenha ciência do processo para que possa se manifestar, contestar, bem como se defender de forma ampla e efetiva. Portanto, proposta a ação pelo Autor, o Réu deve ser informado através da citação que existe uma demanda contra ele, consoante dispõe o artigo 238 do Código de Processo Civil. Logo, deve ser dada a oportunidade ao Réu de reagir à pretensão da parte contrária, dando ciência ao que foi descrito e comprovado pelo Autor na inicial. Observar que o novo CPC houve profundas transformações no que se refere à forma procedimental da apresentação da defesa pelo réu, com a sua simplificação e diminuição dos atos processuais. Ou seja, como exemplo, pode-se mencionar que a incompetência relativa, reconvenção e impugnação ao valor da causa que antes eram apresentadas em peças autônomas, pelo novo CPC passam a ser feitas na própria contestação. Conclui-se que com o advento do CPC/15, várias questões que no CPC/73 eram alegadas em petições apartadas (incompetência relativa, impugnação do valor da causa, impugnação à justiça gratuita) passam a ser matérias suscitáveis em alegação de preliminar de contestação, conforme previsão do art. 337 do CPC/15. A defesa do Réu deve ser efetiva e da mesma forma ampla, atingindo questões processuais ou de mérito, podendo ser dividida em direta e indireta. OU SEJA, PRELIMINARES E DEFESA DE MÉRITO. 04 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 44 4.1 Da defesa quanto às preliminares e quanto ao mérito: A defesa do réu pode incluir alegações de mérito e outas de índole meramente processual. Como exemplo, pode ser suscitada uma Ação de Indenização de Danos Materiais em razão de um acidente entre veículos automotores. No referido processo, o Autor pleiteia Danos Materiais no veículo no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme provas produzidas. Na defesa, se o Réu alegar a inépcia da Petição Inicial ou Litispendência, estaria atacando aspectos processuais, e assim, seria a chamada defesa quanto às preliminares. No entanto, quando no mérito (também chamada de defesa substancial), o Réu alegar que não foi o causador do acidente, ou que não houve os danos referidos, estar-se-ia praticando a defesa direta de mérito. Seria aconselhável ao Réu alegar apenas preliminares na Contestação, por exemplo? NÃO, pois é de se considerar que, em caso de eventual não acolhimento pelo magistrado de alguma preliminar suscitada pelo Réu o processo continua, sendo analisado o mérito da questão levantada pelo Autor. Assim, deverá o Réu, mesmo existindo evidente vício processual, apresentar impugnação também no que se refere à relação de direito material. Por isso, em sede de Contestação, as defesas quanto às preliminares devem ser apontadas antes, ou seja, em preliminares, justamente por serem analisadas antes do mérito da ação. Assim, o processo sendo extinto sem resolução do mérito por conta de uma preliminar. Logo: Há ainda a divisão da defesa de mérito em direta ou indireta. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 45 4.2 Conceito de contestação Contestação é o meio pelo qual o Réu oferece sua defesa em relação à demanda ajuizada pelo Autor. Considerada a principal manifestação do mesmo, haja vista que é neste meio processual que deverá impugnar as alegações trazidas na inicial, de maneira a buscar que a ação não continue ou que os pedidos deduzidos pela parte Autora sejam improcedentes. 4.3 Princípio da eventualidade Ao contrário do que ocorre com a inicial, a contestação é uma peça processual de redação livre, de forma que não precisam ser preenchidos requisitos, conferindo-se liberdade em termos de forma. Ou seja, deve haver a concentração da defesa na contestação, de forma que a contestação poderá, inclusive, conter teses em princípio incompatíveis entre si. Com isso, todas as argumentações devem ser reunidas, ainda que excludentes, devendo o magistrado levar em consideração a primeira e, caso essa não seja acolhida, analisará a segunda e assim sucessivamente. (LOURENÇO, 2017). EXEMPLO 1: “A” ingressou com uma ação de cobrança contra “B”. “B” na contestação afirma: (I) Que não celebrou o contrato com “A”; (II) Caso o juiz entenda que tenha celebrado, a dívida está prescrita; (III) Caso vossa excelência entenda que a dívida não está prescrita. EXEMPLO 2: que o réu não foi responsável pelo acidente, porém, caso condenado que não seja no valor requerido pelo autor. No entanto, apesar de haver tal entendimento, alguns pontos devem ser observados, como o endereçamento e indicação do número do processo, nome das partes (a qualificação se fará necessária se houver alguma retificação em relação ao apontado na inicial), requerimento de provas, conclusão ou pedido, requerimento da juntada de procuração. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 46 Além disso, a contestação é orientada pelo princípio da EVENTUALIDADE, previsto no art. 336 do Novo CPC, quando estabelece: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. O Réu, após a contestação, pode arguir novos argumentos, complementando a defesa? Somente pode ocorrer em caso de fato ou direito superveniente (questão surgida após a apresentação da contestação) quando o juiz puder conhecer de ofício ou quando se referirem a matérias que podem ser conhecidas a qualquer tempo e qualquer grau de jurisdição, pois não sujeitas à preclusão. Tal previsão encontra-se no art. 342 do Novo CPC: Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. Não obstante a obrigação do Réu de observar o princípio da eventualidade deve o mesmo apresentar sua defesa respeitando o denominado ônus da impugnação específica, a fim de que não haja presunção de fato não impugnado. 4.4 Ônus da impugnação especificada Segundo a previsão do ônus da impugnação especificada, o Réu não pode apresentar contestação genérica, de forma a se limitar a dizer de forma ampla que as alegações do Autor não merecem amparo. Ou seja, ao buscar a improcedência do pedido inicial deve referir as razões para tanto. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 47 Dessa forma, o Réu tem que enfrentar de forma específica aquilo que foi alegado pelo Autor e não se limitar a dizer que os argumentos não são verdadeiros. E se não for realizada a impugnação especificada? Ocorre a presunção dos fatos não rebatidos, o que autoriza o julgamento de forma antecipada. Nesse sentido é a previsão do art. 341 do Novo CPC: Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seurespeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Referente à previsão dos incisos do artigo 341 do CPC, Vian (2018, p. 209) pontua: I - Não for admissível, a seu respeito, a confissão: Vian (2018, p. 209) por exemplo, aqueles referentes aos direitos à personalidade. O autor cita como exemplo que uma pessoa não pode vender um órgão de seu corpo, mesmo que lhe pertence. Exemplifica ainda com as ações de alimentos, reconhecimento de paternidade, dentre outros. II – A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato: cita Vian (2018, p. 209) que neste caso, a norma está em conformidade com o que dispõe o artigo 405 do CPC. E cita como exemplo uma demanda que versa sobre a propriedade do terreno (ação reivindicatória), sendo que nestes casos, a petição inicial deverá vir acompanhada do instrumento público que comprove a propriedade do terreno; III - Estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto: Neste caso Vian (2018, p. 210) refere que ocorre quando o Autor desenvolve uma série de fatos na Inicial e o Réu impugna diretamente apenas alguns, porém desta impugnação feita pelo réu surge mesmo que de forma Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 48 implícita a rejeição dos demais fatos, por incompatibilidade lógica entre o que foi arguido e os acontecimentos não apreciados pelo Réu. Sobre as consequências da não impugnação especificada, haverá a presunção de veracidade dos fatos não rebatidos, autorizando o magistrado a julgar antecipadamente o processo, em vista da desídia do Réu. Logo, essa previsão traz como consequência de que não é possível a contestação por negativa geral EXCEÇÃO: previsão do parágrafo único do art. 341 do CPC tais sujeitos poderão fazer contestação por negativa geral; 4.5 Prazo O prazo para oferecimento da contestação é de 15 dias. Hoje, com o novo CPC, o prazo para contestação vai ter que observar a realização da audiência de conciliação ou mediação. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 49 Quanto ao termo inicial, devem ser observados os incisos do artigo 335 do Novo CPC: Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. No que tange ao inciso I, do art. 335, verifica-se que o prazo da contestação tem como termo inicial, ou seja, começa a fluir a partir da realização da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver a autocomposição. Caso ambas as partes manifestarem-se acerca da não realização de audiência de conciliação e/ou mediação, e, dessa forma, não sendo realizada, qual o prazo para defesa? Neste caso, vai ser aplicada a previsão do art. 335, II, segundo o qual, o termo inicial começa a correr do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo Réu. Ou seja, caso o Réu não tenha interesse na audiência de conciliação ou de mediação, o termo inicial para contestar contar-se-á da data do protocolo do pedido de cancelamento da referida audiência. DO DIA DO SEU PEDIDO DE CANCELAMENTO DA AUDIENCIA. O art. 335, II, CPC/15 é uma exceção, pois para que a audiência de conciliação não seja realizada é necessário que Autor se manifeste na Inicial e o Réu em petição própria. Este protocolo deverá ser feito com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. Observar o caso dos litisconsortes: § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. (BRASIL, 2015). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 50 O parágrafo primeiro do art. 335 faz referência ao 6º do artigo 334 do NCPC. Cabe assim esclarecer que o artigo 334 do CPC/15 estabelece a realização de audiência de conciliação ou mediação, sendo que o parágrafo 6º prevê a desistência de tal audiência por parte dos litisconsortes: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...) § 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. Dessa forma deve haver a unanimidade entre os litisconsortes réus. Quando houver mais de um réu, é necessário que todos manifestem recusa à audiência de conciliação para que esta não seja realizada. A partir de cada recusa começa a fluir o prazo para contestação, de forma que o prazo não vai ser comum, mas individualizado para cada réu. Porém, se apenas um, por exemplo, se manifestar pela não realização da audiência, está se realizará. Assim, por uma questão de isonomia, o prazo para contestar para todos será contado da audiência, conforme entendimento doutrinário. Quanto ao termo inicial para apresentação da contestação, conforme previsão do inciso III do art. 335 do CPC/15, tal dispositivo prevê a aplicação subsidiária do artigo 231 do CPC/15, a depender da forma que foi realizada a citação. O artigo 231 do Novo CPC assim dispõe: Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 51 devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; (...). Então, por exemplo, de acordo com o previsto no inciso I do art. 231 do CPC/15, o prazo da contestação é de quinze dias, tendo como termo inicial a juntada do mandado de citação ou Aviso de Recebimento (AR) aos autos. Já, se a citação for realizada por edital, a apresentação da resposta começa a fluir depois do encerramento do prazo nele fixado. Observar ainda a previsão do §2º do artigo
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