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UNIÃO DE ENSINO DO SUDOESTE DO PARANÁ – UNISEP FACULDADE EDUCACIONAL DE FRANCISCO BELTRÃO – FEFB CURSO DE FARMÁCIA ANA CLAUDIA APARECIDA LOPES EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO EXTRATO ALCOÓLICO E INFUSÃO DE Bauhinia forticata EM RATOS COM DIABETES INDUZIDO COM ALOXANA MONOIDRATADA FRANCISCO BELTRÃO - PR (2014) ANA CLAUDIA APARECIDA LOPES EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO EXTRATO ALCOÓLICO E INFUSÃO DE Bauhinia forticata EM RATOS COM DIABETES INDUZIDO COM ALOXANA MONOIDRATADA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Farmácia da Faculdade Educacional de Francisco Beltrão FEFB - mantida pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Orientador: Prof. Msc. Caroline Lermen FRANCISCO BELTRÃO - PR (2014) ii DEDICATÓRIA Á Deus pela presença constante em minha vida, о qυе seria dе mіm sem а fé qυе еυ tenho nele. A meu pai que esteve presente em espirito em todos os momentos. A minha mãe, meu irmão, minha irmã е a toda minha família que, cоm muito carinho е apoio, nãо mediram esforços para qυе еυ chegasse аté esta etapa dе minha vida. Amo todos vocês. Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. (Charles Chaplin) AGRADECIMENTOS Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer. Ao meu pai Rubem que mesmo não estando presente em matéria na minha vida, sempre esteve presente em espirito, sei que quando sentia aquela força interior e inexplicável, era você me ajudando, quando sentia aquela brisa perto de mim, era você me abraçando, quando sentia aquela alegria imensa do mais uma etapa concluída, sei que você estava ali ao meu lado sorrindo. Sei que nos momentos de dificuldade você me deu força, paciência e sabedoria para que eu pudesse passar por mais essa fase da vida, esteve sempre iluminando o meu caminho e guiando os meus passos, e aonde você esta agora, sei que esta feliz com a minha vitória, eu te amo muito. A minha mãe Carme, eu só estou aqui hoje, porque tive esta heroína ao meu lado. Obrigada por toda a parceria com que me acompanhou e lutou junto comigo nessa longa jornada. Obrigada pelo incentivo e pela admiração desse curso que agora tenho o orgulho de concluir. Obrigado pelas inúmeras noites que me esperou acordada para ouvir, atenta, as novidades que a faculdade proporcionava a cada livro novo que eu lia; a cada trabalho entregue, ter comemorado junto comigo cada semana de prova concluída. Obrigada por estar ao meu lado e ter me apoiado nos momentos da pesquisa em que tudo parecia dar errado, ter me dado animo para seguir meu ideal. Obrigado mãe pelos sacrifícios que você fez em razão da minha educação. Você é minha base, meu alicerce, minha mãe, meu pai, minha amiga, minha companheira, minha conselheira, você é meu tudo, obrigada por ser MINHA mãe. Esta conquista também é sua, te amo incondicionalmente. Ao meu irmão Fernando e minha irmã Leticia pela paciência e carinho, pelo amor que me deram todo esse tempo, Amo vocês. Ao professor Rogerio Felix Blanco, que foi a primeira pessoa que acreditou no meu trabalho, me apoiando para que eu pudesse seguir essa pesquisa, pelo mestre e exemplo de pessoa que foi para mim. iv A minha orientadora, professora e amiga Caroline Lermen pela paciência, dedicação, sugestões, carinho. Por ter me acolhido como orientanda, por ter acreditado no meu potencial, ter confiado nos meus ideiais, ter me auxiliado nessa caminhada, que com sabedoria soube dirigir-me os passos e os pensamentos para o alcance de meus objetivos, pelo tempo gasto comigo sem medir qualquer esforço para me ajudar. Obrigado pela devoção, paciência e sabedoria. A Coordenadora do curso e professora Katiane Cella Gabriel, pelo convívio, pеlо apoio, pеlа compreensão е pela amizade. A professora Ieda Volkweis Langer, cujo caminho cruzou com o meu e à partir de então sempre foi um exemplo pra mim como profissional e como pessoa, obrigada pela cobrança, tudo isso me ensinou que podemos ser sempre melhores. A professora e amiga Fabíola Mundstock, pelo carinho e paciência para me ajudar, tirando minhas duvidas, e me auxiliando sempre que tive necessidade. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos. A todos os meus amigos e colegas, pеlаs alegrias, tristezas е dores compartilhadas. Cоm vocês, аs pausas entre υm parágrafo е outro dе produção melhora tudo о qυе tenho produzido nа vida. A UNISEP, sеυ corpo docente, direção е administração qυе oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro υm horizonte superior, eivado pеlа acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes. Obrigada a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o meu sucesso, para essa vitória e para o meu crescimento! SUMÁRIO pág. LISTAS DE FIGURAS............................................................................... 07 LISTAS DE QUADROS............................................................................. 08 LISTAS DE ABREVIAÇÕES..................................................................... 09 RESUMO................................................................................................... 10 1.0 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11 2.0 OBJETIVOS.............................................................................................. 13 2.1 Geral.......................................................................................................... 13 2.2 Específicos................................................................................................. 13 3.0 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 14 3.1 Diabetes Mellitus........................................................................................ 14 3.1.1 Classificação da Diabetes Mellitus............................................................ 15 3.1.2 Diagnóstico laboratorial............................................................................. 16 3.1.3 Tratamento................................................................................................. 17 3.2 Aloxano...................................................................................................... 19 3.3 Tratamento com plantas medicinais......................................................... 19 3.1.3 Bauhinia forticata....................................................................................... 20 4.0 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 23 4.1 Caracterização da pesquisa...................................................................... 23 4.2Preparação do extrato alcoólico da planta seca e fresca.......................... 23 4.3 Obtenção da infusão e das soluções de extrato seco e metformina......... 24 4.4 Indução de diabetes................................................................................... 24 4.5 Obtenção dos níveis glicêmicos................................................................ 25 5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 26 6.0 CONCLUSÃO............................................................................................ 31 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 32 ANEXOS.................................................................................................... 37 LISTA DE FIGURAS pag. Figura 01 Animais 7 dias após a indução do diabetes mellitus por aloxana monohidratada..................................................................................... 26 Figura 2 Perfil glicêmico dos animais no decorrer dos 30 dias de tratamento em mg/dL............................................................................................. 27 LISTA DE QUADROS pag. Quadro 01 Classificação e mecanismos de ação dos hipoglicemiantes orais............................................................................................... 18 LISTA DE ABREVIAÇÕES ALT - Alanina Aminotransferase AST - Apartato Aminotransferase CEP - Comitê de Ética em Pesquisa DM - Diabetes Mellitus DM 1 - Diabetes Mellitus tipo 1 DM 2 - Diabetes Mellitus tipo 2 GAD - Ácido Glutâmico GJ - Glicemia Jejum HbA1C - Hemoglobina Glicada MS - Ministério da Saúde OMS - Organização Mundial da Saúde RENISUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes SBEM - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia SUS - Sistema Único de Saúde TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná TOTG – Teste de tolerância à glicose RESUMO LOPES, A.C. A Efeito hipoglicemiante do extrato alcoólico e infusão de Bauhinia forticata em ratos com diabetes induzido com aloxana monoidratada. 2014. 38f. Francisco Beltrão. Trabalho de Conclusão do Curso em Farmácia da Faculdade de Educação – FAFB – União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP – Francisco Beltrão-PR. O diabetes é uma doença crônica com múltiplos fatores, considerada um problema de saúde pública um dos mais graves problemas mundiais, e está associada com a grande morbidade, mortalidade e perda da qualidade de vida que a doença vem apresentando. Caracteriza-se por distúrbios no metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas. Diante disto, muitos métodos alternativos de tratamento vêm sendo procurados, como o uso de plantas medicinais. O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito do extrato alcoólico e infusão (planta fresca e seca) de Bauhinia forticata (pata de vaca) sobre a glicemia de ratos diabéticos. Os animais foram divididos em seis grupos, todos os grupos diabéticos, porém cada um com tratamento diferenciado, sendo esses: metformina (M), extrato alcoólico da planta fresca (T1), extrato alcoólico da planta seca (T2), infusão da planta fresca (T3), infusão da planta seca (T4), e um grupo não tratado (C). O diabetes nos animais foi induzido com aloxano. Após a indução do diabetes, os animais apresentaram os níveis de glicose capilar variando de 193,0 a 220,0 mg/dL. Durante o experimento os animais apresentaram redução nos níveis de glicose capilar do 1º ao 30º dia de tratamento: grupo M de 200,6 para 180 mg/dL, grupo T1 de 201,8 para 180,4 mg/dL, grupo T2 de 201,6 para 181,2 mg/dL, grupo T3 de 200,8 para 191,0 mg/dL, grupo T4 de 201,4 para 191,6 mg/dL e o grupo C apresentou um aumento dos níveis glicêmicos de 204,4 para 211,0 mg/dL. Com esses resultados, pode-se concluir que os animais diabéticos dos grupos tratados com extrato alcoólico T1 e T2 tiveram uma redução maior nos níveis de glicose, semelhante ao grupo metformina durante o tempo da experimentação, não podendo desconsiderar que os grupos tratados com infusão T3 e T4 também tiveram uma redução, porém menos expressiva. Palavras-Chave: Diabetes, aloxano, pata de vaca, Bauhinia forticata. 1.0 – INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) atualmente é configurado como uma epidemia mundial, causando grande desafio pra os sistemas de saúde mundiais. O número de indivíduos diabéticos esta aumentando devido à crescente prevalência de obesidade, sedentarismo, estilo de vida pouco saudáveis, bem como a maior sobrevida dos pacientes com diabetes. A doença acomete, aproximadamente mais de doze milhões de pessoas no Brasil, além de mais de trezentos e cinquenta milhões no mundo, e de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos deve duplicar nos próximos vinte anos. O diabetes é uma doença crônica e complexa, com múltiplos fatores, e está associada com a grande mortalidade, morbidade e perca de qualidade de vida. É caracterizado por distúrbios no metabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas, geralmente ocasionados por defeitos na produção, secreção e ação do hormônio insulina, hormônio responsável pelo transporte da glicose até as células para formar energia. Esses defeitos são causados por patogenias específicas, como distúrbios na eliminação da insulina, destruição das células beta do pâncreas, resistência da ação de insulina, entre outros. Essas patologias podem ser desenvolvidas por uma doença autoimune, predisposição genética, gestação, fatores ambientais e má qualidade de vida. Todos esses fatores desencadeiam em um efeito primário, principal e comum para todas as etiologias, o aumento dos níveis de glicose no sangue, pela deficiência absoluta ou relativa da insulina. Portanto, o açúcar adquirido na ingestão de alimentos, não é utilizado pela célula como energia, e acumula-se na circulação. Trata-se de uma doença silenciosa, e o aumento dos níveis de glicose circulante faz com que ocorra o desenvolvimento de sérias complicações cardiovasculares e neuropáticas. É um dos maiores causadores de morte cardíaca, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, causando danos em longo prazo, como nos olhos, nervos e amputações dos membros inferiores. 12 Diante de todas as complicações e o aumento desordenado de casos, o DM é um alvo interessante para a busca de novos métodos de tratamento, com a possibilidade de uso de varias espécies de plantas medicinais. Estudos demonstram que há muito tempo a Bauhinia forticata, conhecida popularmente como pata de vaca, vem sendo utilizada para o tratamento de DM. Pacientes relatam o uso empírico da infusão com as folhas da planta, e estudos relatam o uso do extrato alcoólico das folhas para o tratamento de DM. Muitos fatores são citados para este efeito, mas o principal são os flavonoides presentes na planta. Diante disso a Bauhinia forticata já está cadastrada na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde (RENISUS), porém pela falta de estudos relacionados á sua toxidade, eficácia e controle de qualidade, a planta ainda não pode ser prescrita como medicamento de receita livre. Neste trabalho propõe-se investigar o efeito hipoglicemiante da infusão e extrato alcoólico das folhas da Bauhinia forticata, secas e in natura, em ratas hiperglicêmicas, induzidas com aloxana monohidrata, e por consequência verificar se a indução de diabetes por este agente químico é realmente eficaz.2.0 - OBJETIVOS 2.1 - Geral Avaliar o efeito hipoglicemiante do extrato alcoólico e infusão da Bauhinia forticata fresca e seca em ratos diabéticos induzidos por aloxana monohidratada. 2.2 – Específicos Preparar extrato alcoólico da planta seca e fresca. Obter a infusão e as soluções do extrato seco e da metformina. Induzir a diabetes nos ratos sadios, com aloxana monohidratada. Verificar os níveis de glicemia dos ratos antes do início do tratamento, e medir os níveis de glicemia dos ratos diabéticos, por aparelho glicosímetro comercial durante o tratamento com a planta (30 dias). Comparar os resultados obtidos do primeiro ao ultimo dia da pesquisa. 3.0 - REVISÃO DE LITERATURA 3.1 - Diabetes mellitus Diabetes Mellitus é uma doença crônica, uma desordem metabólica absoluta ou relativa, que apresenta como principal característica a deficiência na produção de insulina nas células beta do pâncreas, ou falha no reconhecimento e utilização da insulina produzida. Sendo assim, por consequência, desencadeia a elevação dos níveis glicêmicos (IDF, 2012; SALGUEIRO, 2013). O Diabetes Mellitus afeta o metabolismo de carboidratos, gordura e proteínas, sendo apontada como uma das principais ameaças para a saúde humana no século XXI (NEGRI, 2005). A insulina é um hormônio produzido e secretado pelas células beta do pâncreas em resposta ao aumento dos níveis de glicose circulante. A função mais importante da insulina é aumentar a captação da glicose pelos tecidos, principalmente muscular e adiposo. Esses tecidos apresentam em sua membrana plasmática das células, receptores insulínicos, que são sensibilizados e mobilizam transportadores intracelulares específicos para a captação da glicose (CAVALHEIRA, ZECCHIN; SAAD, 2002). Os sintomas clássicos do diabetes são os “4 Ps”: Poliúria, devido ao aumento de produção de urina pelos rins; Polidispia, com a eliminação excessiva de líquidos o organismo necessita repor, ocasionando sede intensa; Perda de peso involuntária, devido a perda excessiva de calorias pela urina; Polifagia, para compensar a perda de calorias o individuo tem necessidade de alimentar-se constantemente (OLIVEIRA et al., 2004). Além destes, outros sintomas também podem ocorrer como, fadiga, fraqueza e letargia, e também os sintomas á longo prazo, que são complicações microvasculares e macrovasculares. As microvasculares são retinopatias, nefropatias e neuropatias, mais frequentes em portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1). Já as macrovasculares, consiste em alterações ateroscleróticas, doença arterial coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, mais relacionadas ao Diabetes Melittus tipo 2 (DM2) (SOUZA, 2007). 15 Os principais fatores de risco para o DM segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) são: idade superior a 45 anos, histórico familiar de DM, excesso de peso, sedentarismo, colesterol HDL baixo e triglicerídeo elevado, hipertensão arterial, doença coronariana, DM gestacional e o uso de medicações hiperglicemiantes. O diabetes além de ser um problema de saúde, torna-se também problema socioeconômico, pois mundialmente os custos diretos ao atendimento de diabetes variam de 2,5 a 15% dos gastos nacionais em saúde. Um indicador macroeconômico é que o DM cresce mais desordenadamente em países pobres e em desenvolvimento, resultando em um impacto de forma negativa, devido à morbimortalidade precoce, representando assim carga adicional à sociedade, com perda na produtividade no trabalho (BRASILIA, 2006). Segundo Shaw, Sicree e Zimmet (2010) existem cerca de 350 milhões de diabéticos no mundo, e estima-se que em 2030, haverá 439 milhões de pessoas com DM. No Brasil os dados mais recentes, relatam que existam mais de 12 milhões de pessoas com a doença. 3.1.1 - Classificação de Diabetes Mellitus Os tipos mais frequentes de diabetes são dois, o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) que compreende 10% do total, e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) que compreende 90% dos casos. Outros tipos de diabetes são encontrados com menor frequência, e suas etiologias ainda não são bem definidas, como a diabetes gestacional (SBD, 2000). A classificação atual do DM é baseada nos conhecimentos fisiopatológicos, incluindo quatro classes: Diabetes mellitus tipo1; Diabetes mellitus tipo 2; Diabetes mellitus gestacional e outros tipos específicos de diabetes. Mesmo com a diferenciação das etiologias, a consequência primaria é a mesma, aumentos dos níveis glicêmicos (SBEM, 2004). O DM tipo 1 caracteriza-se como o tipo mais agressivo, desencadeia-se na infância e adolescência, causando emagrecimento rápido. Ocorre devido a destruição das células beta do pâncreas, por anticorpos contra ilhotas, contra insulina e/ou contra ácido glutâmico (GAD), conhecido como um processo auto imune. Porém pode estar associada a outras doenças autoimunes, tireoidite de 16 Hashimoto, doença de addison e miastenia grave. Resultando sempre em deficiência absoluta de insulina (LUCENA, 2007). Já o DM tipo 2 Lucena (2007) e Brasilia (2006) classificam como uma doença mais lenta, diagnosticada na vida adulta. Causada principalmente pelo estilo de vida não saudável, pacientes com excesso de peso, distribuição central de gordura, sedentarismo, hipertensão e outras doenças bases. Diante da extrema utilização da insulina, ela perde sua afinidade com o receptor na célula do tecido, assim não podendo realizar sua função. Ocorre defeito na secreção da insulina e na receptação deste pela célula, sendo classificada como resistência a insulina. DM gestacional é quando ocorre qualquer grau de tolerância à glicose detectada na gestação, isto devido ao aumento de hormônios contra reguladores da insulina, pelo estresse fisiológico sofrido na gravidez e a soma de outros fatores de risco (SBEM, 2006). Outros tipos de diabetes podem ser observados em qualquer idade, e ocorrem devido a quaisquer outras etiologias não citadas acima, sendo os principais: defeitos genéticos das células betas, não ação da insulina, doenças de pâncreas exócrino, endocrinopatias, diabetes quimicamente induzida por drogas e outras síndromes genéticas. Como resultado a deficiência absoluta ou relativa de produção e/ou secreção de insulina (SBEM, 2004). 3.1.2 - Diagnóstico laboratorial O diagnóstico para DM pode ser realizado com a análise dos resultados de três exames indispensáveis. Glicemia em jejum (GJ), onde sua dosagem é realizada no plasma ou sangue do paciente, depois de 8 a 12 horas de jejum sólido. Teste de tolerância a glicose (TOTG), para a realização deste, o paciente recebe 75g de dextrose via oral e a glicose será dosada 0 á 120 minutos após a ingestão. Hemoglobina glicada (HbA1C), dosagem no sangue do paciente que pode identificar os níveis glicêmicos de ate 120 dias anteriores ao dia do exame, e este é muito utilizado pelos médicos para acompanhar a glicemia dos pacientes (BRASIL, 2006). Dentro da classificação para diagnóstico de distúrbios do excesso de glicose, existem quatro categorias. 1) Glicemia nomal, quando a GJ for inferior a 100mg/dL, o TOTG inferior a 140 mg/dL e a HbA1C inferior a 5,7%, sendo o paciente caracterizado como normal, sem qualquer tipo de distúrbio relacionado a glicose. 2) 17 Glicemia alterada, o paciente apresenta GJ 100-125 mg/dL, o TOTG inferior a 140 mg/dL e a HbA1C 5,7-6,4%, este deve entrar em estado de alerta, se não apresenta um estilo de vida saudável pode ser um forte concorrente a desencadear diabetes. 3) Tolerância diminuída a glicose, quando o GJ inferiora 100 mg/dL, o TOTG entre 140-199 mg/dL e a HbA1C 5,7-6,4%, este paciente também deve ficar em alerta, pois uma tolerância a glicose pode ser a porta de entrada para diabetes. 4) Diabetes, níveis de GJ superiores a 126 mg/dL, TOTG acima de 200 mg/dL e a HbA1c superior a 6,5%, quando apresentar estes valores o paciente deve ser encaminhado ao médico, pois já é diagnosticado como DM (SOUZA et al., 2012). 3.1.3 - Tratamento Quando o paciente é diagnosticado com DM 2, a primeira recomendação é a alteração dos hábitos de vida, incentivando uma vida mais saudável, antes mesmo de iniciar a medicação. O paciente deve ser instruído para mudança de vida, como: 1) ajuda nutricional e elaboração de uma dieta ideal, que corresponda a necessidade do paciente e com redução de carboidratos, gorduras e açúcares. 2) indicação de atividades físicas leves e regularmente. 3) interrupção do uso de álcool, cigarro e drogas. 4) assistência aos cuidadores e a familiares, explicações sobre a doença e a importância da aderência correta ao tratamento. O tratamento medicamentoso somente é iniciado quando essas etapas não resultarem no efeito esperado e os níveis glicêmicos não diminuírem (OLIVEIRA; MILECH, 2006). No DM 1, indica-se também a aderência ao estilo de vida mais saudável como auxiliar no tratamento, porém é necessário o uso de insulinoterapia, já que o paciente não tem produção deste hormônio. Normalmente a terapia insulínica intensiva, com varias aplicações diária ou a bomba de difusão, promovem níveis adequados de glicose. Um dos maiores problemas do DM 1 é que a dose de insulina pode ser excessiva e causar hipoglicemia, o que também pode ser grave e causar danos a saúde do paciente (PIRES; CHACRA, 2008; SILVA; RIBEIRO; CARDOSO, 2006). No DM gestacional a melhor escolha, além dos hábitos saudáveis, é o uso da insulina humana em comparação com a animal, visto que a primeira é menos imunogênica e previne a formação de anticorpos que ultrapassam a barreira placentária (DODE; SANTOS, 2009). 18 Na escolha dos hipoglicemiantes orais deve ser levado em consideração os aspectos individuais de cada paciente, como: idade, peso, níveis glicêmicos, aspectos clínicos de resistência e deficiência de insulina. Atualmente, existem muitos hipoglicemiantes orais que são utilizados, porém os mais utilizados são cinco classes que serão explicadas e diferenciadas diante de seu mecanismo de ação no Quadro 1 (SBD, 2007). Quadro 1 - Classificação e mecanismos de ação dos hipoglicemiantes orais. Medicamento Mecanismo de ação Sulfoniluréias (Glibenclamida, Clorpromamida, Glimepirida, Repaglinida e Nateglinda). Estimulam a secreção de insulina, ligando-se ao receptor especifico das células beta pancreáticas, fechando os canais de potássio (K) dependentes de ATP, e despolarizando a célula. Biguanidas (Metformina). Aumentam a sensibilidade da insulina nos tecidos periféricos, aumentando a captação de glicose nos tecidos, principalmente no fígado. Diminuindo a produção hepática de glicose e a absorção de carboidratos no intestino delgado. Inibidores da alfa-glicosidase (Ascarbose). Agem no intestino por inibição competitiva das enzimas alfa-glicosidase retardando a digestão e a absorção de carboidratos, diminuindo a entrada de glicose no sangue. Glinidas (Repaglinida e Nateglinida). Ligam-se aos receptores das células beta diferente dos receptores das sulfonilureias, despolarizam a membrana pela entrada de cálcio (Ca), estimulando a secreção de insulina na presença de glicose. Tiazolidinadionas (Pioglitazona, Troglitazona e Rosiglitazona). Aumentam a sensibilidade à ação da insulina no tecido muscular, hepático e adiposo, e também a diminuição da gliconeogênese. Fonte: (SBEM – TRATAMENTO MEDICAMENTOSO, 2004; BRASILIA, 2006; LUCENA, 2007; SBD, 2000; OLIVEIRA, 2008). 19 3.2 - Aloxano A aloxana monohidratada é um agente químico, que apresenta citotoxidade especifica para a célula beta do pâncreas. Essa droga causa insuficiência insulínica primaria no pâncreas, provocando uma reposta trifásica nos níveis de glicose durante as primeiras horas, e depois estabelece diabetes permanente (LERCO et al., 2003). Contudo Lima et al., (2001) classifica a aloxana como uma pirimidina, e relata que suas propriedades diatogênicas com ação seletiva e destrutiva das células beta do pâncreas, estão relacionadas a formação de radicais superóxidos e hidroxila (radicais livres) que são tóxicos específicos para essas células, ocasionando sua destruição e morte definitiva. E em outro momento cita que estudos mencionam que a inibição da secreção de insulina por aloxana é causada por uma interferência com as proteínas citoplasmáticas que contém sulfidril e dissulfide. Para que ocorra o estabelecimento do diabetes, existem duas etapas. A primeira etapa é seguida da administração, pode-se observar uma hiperglicemia inicial pela resposta adrenérgica, diminuição dos níveis plasmáticos de insulina, e aumento dos níveis de glucagon e cortisol. Na segunda etapa observa-se uma hipoglicemia associada ao aumento dos níveis plasmáticos de insulina, atribuída à liberação desta pela destruição das células beta, resultando em diabetes permanente após 7 dias da administração (MAZZANTI et al., 2003). 3.3- Tratamento com plantas medicinais O conhecimento do homem primitivo não pode ser deixado de lado, pois desde os tempos antes de cristo o homem explora a natureza, principalmente plantas e animais para se alimentar, medicar, construir abrigos e roupas. As plantas têm sido utilizadas como medicamento desde os primórdios, e acredita-se que mais de 70% dos medicamentos derivados de plantas foram desenvolvidos com base nos conhecimentos folclóricos (SANTOS; NUNES; MARTINS, 2012). O Conselho Nacional de Saúde já em 1975 referia-se à importância da medicina alternativa, mencionando que a medicina popular era constituída por praticas paralelas à medicina oficial dominante. Sendo assim a Organização Mundial da Saúde (OMS) em reconhecimento a importância do uso de fitoterápicos sugeriu 20 ser uma alternativa para países em desenvolvimento devido ao seu baixo custo (REZENDE; COCCO, 2002). Nacionalmente a Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), apresentam objetivos em comum, visando a garantia e segurança ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). Diante desses fatos o Ministério da Saúde (MS) visando ampliar o espectro de fitoterápicos que atualmente são financiados pelo Governo Federal, divulgou em 2009 a Relação Nacional de Plantas Medicinais de interesse do SUS (RENISUS), para direcionamento das pesquisas com 71 espécies vegetais com potencial farmacológico (BRASIL, 2009). No tratamento de DM diversos fitoterápicos e espécies vegetais vem sendo utilizados para tratar os sintomas, revelando-se uma alternativa diante do alto custo dos fármacos sintéticos, porém, esse uso baseia-se apenas em dados empíricos, e pode causar uma série de reações adversas e efeito tóxico (NEGRI, 2005). Neste ponto a OMS esta desempenhando um papel ativo, incentivando a investigação sobre a segurança, eficácia e qualidade de drogas vegetais (OMS, 2002). Segundo Volpato et al. (2002) e Negri (2005) um grande espectro de plantas tem efeito hipoglicemiante confirmado experimentalmente, contudo, inúmeras não foram validadas como medicinais, via protocolo científico relativo a controle de qualidade e grau de toxidade,assim a maioria não pode ser aceita como medicamento ético de prescrição livre. 3.3.1 - Bauhinia forticata A Bauhinia forticata, popularmente conhecida como pata de vaca, é a espécie que apresenta o maior número de estudos relacionados à atividade hipoglicemiante. É considerada pela comunidade rural, a pata de vaca verdadeira, sendo muito usada em forma de chás e outras preparações fitoterápicas. Muitos estudos como de Carnella (1942), ressaltava que o extrato de B. forticata devia ser administrado, não somente para o tratamento de DM, com também para distúrbios endócrinos (SILVA; CECHINEL-FILHO, 2002). Antes da produção de insulina exógena e dos hipoglicemiantes orais, o uso de plantas medicinais era a principal forma de controle de diabetes, pois existem 21 importantes fontes de substâncias potencialmente terapêuticas (DORNAS et al., 2009). Dentre as espécies vegetais utilizadas como medicinais e que desempenham o interesse para produzir fitoterápicos, encontra-se a Bauhinia forticata, que se destaca pela sua relevância terapêutica para o tratamento de DM e por ser encontrada na RENISUS de 2009 divulgada pelo MS (MARQUES et al., 2013). Segundo Rodrigues et al. (2012) em uma pesquisa realizada na região sul do Brasil, a planta mais utilizada pra o DM, pelo seu potencial hipoglicemiante é B. forticata. Esta planta pertence ao gênero Bauhinia, família Caesalpinieideae e subfamília Fabeaceae (SILVA et al., 2012). As plantas do gênero Bauhinia consistem em cerca de 300 espécies e são espécies nativas da América do Sul, principalmente da Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil, sendo que no Brasil, são encontradas principalmente nas regiões do Rio de Janeiro a Rio Grande do Sul (PIZZOLATTI et al., 2003). Juliane (1929), demostrou através de ensaios realizados em pacientes diabéticos os primeiros relatos da atividade antidiabética de B. forticata (LIMA, 2009). A partir de então os extratos aquosos de suas folhas, raízes e caules, tem sido muito utilizado ao longo do tempo em diversos países (SILVA et al., 2012). Diante deste, muitos estudos científicos foram realizados para avaliar a propriedade hipoglicemiante e antidiabética da planta. Assim muitos compostos extraídos já foram isolados e identificados, porém ainda pouco se sabe sobre a atividade farmacológica da maioria dessas substâncias (SILVA; CECHINEL-FILHO, 2002). Marques et al. (2012), relata que a composição química das folhas de B. forticata apresentam flavonoides, alcaloides, mucilagens, óleos essenciais, taninos, catecois, esteroides, heterosideos cianogênios e saponinas, como também substancias de caráter antioxidante. Conforme Sousa et al. (2004), um dos mais de 33 flavonoides que são encontrados na planta, é a canferitrina, responsável pela atividade hipoglicemiante. Ele sugere então que o mecanismo possa estar relacionado com a inibição do catabolismo da insulina, reabsorção de glicose pelos rins e/ou estimulo de captação de glicose pelos tecidos periféricos. 22 Já Pepato et al. (2002), sugere que a atividade antidiabética seja pela inibição da gliconeogênese e redução de hormônios contra regulatórios, mecanismo semelhante as biguanidas. Outro resultado considerado importante é o obtido por Cazarolli et al. (2006), referente ao efeito do canferol, pois diferente da canferitrina, esse composto não resultou na diminuição da glicemia, demonstrando que a presença dos açúcares ligados a aglicona é essencial para a atividade. Estudos mais recentes relatam que a diminuição dos níveis glicêmicos pela planta é devido a inibição da alfa-glicosidase, que é a enzima responsável por catalisar a glicose no processo final da digestão, essa ação pode ser decorrente da presença de derivados quercetinicos (FERRERES et al., 2012). Silva e Cechinel-Filho (2002) indicam que a dose letal (DL50) do extrato bruto de B. forticata administrado em ratos intraperitoneal, é em 2,85 g/Kg. Porém por via oral, não foi observado qualquer ação toxica nas doses de 0,5 a 5,0 g/Kg, mas nas doses acima de 2,7 g/Kg foi possível observar alguns efeitos na musculatura lisa e sistema nervoso central. Durante o tratamento oral com o decocto das folhas de B. forticata, em ratos normoglicêmicos e hiperglicêmicos por 33 dias, não foi verificado toxidade tecidual, isso foi observado devido ao monitoramento de biomarcadores, sendo eles: amilase pancreática, creatina quinase muscular, lactato desidrogenase muscular e hepático, bilirrubinas do ducto biliar e hepáticas e enzima conversora das angiotensinas renal e de microcirculação renal (PEPATO, 2004). Contudo nos estudos de Picoli, (2006), após o tratamento oral em ratos normoglicêmicos por 30 dias, a infusão das folhas da planta apresentou danos hepáticos, pois resultou em um aumento de níveis séricos da enzima aspartato aminotransferase (AST), porém os níveis de alanina aminotransferase (ALT) não tiverem aumento. Sabendo que os flavonoides são os compostos majoritários no vegetal, diversos fatores podem modificar a rota metabólica e alterar a composição para a produção de medicamentos, alterações ambientais como: sazonalidade, ritmo circadiano, radiação, temperatura, atitude e umidade (GOBBO-NETO; LOPES, 2007). 4.0 - MATERIAL E MÉTODOS 4.1 - Caracterização da pesquisa Inicialmente a pesquisa é de caráter descritivo, exploratório e bibliográfico. Descritivo, pois apresenta correlações do assunto estudado. Exploratório, pois necessita de pesquisa e busca todas as opiniões sobre o determinado fenômeno. E por fim bibliográfica, pois descreve o que os outros autores já classificaram e determinaram sobre o assunto (VERGARA, 2000). Em um segundo instante, devido à abordagem metodológica utilizada no trabalho, esta pesquisa foi classificada como experimental de caráter quantitativa, seguida de uma análise qualitativa, devido o embasamento científico utilizado, tratando-se de uma pesquisa que consiste em determinar um objeto de estudo físico, e após selecionar as variáveis capazes de influenciá-lo vir a definir as formas de controle e observação dos efeitos produzidos (GIL, 2009). Este trabalho foi realizado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da União de Ensino do Sudoeste do Paraná (CEP-UNISEP), através do certificado de aprovação n° 0001/2014. 4.2 - Preparação do extrato alcoólico da planta seca e fresca As folhas da Bauhinia forticata, foram colhidas no mês setembro de 2013, na comunidade de Linha Poço Preto, na cidade de Renascença-PR para a preparação do extrato alcoólico da planta. O material biológico coletado foi transferido para o Laboratório de fitoquímica da Unisep Campus de Francisco Beltrão, onde foi separado, limpo, e as folhas foram devidamente selecionadas e higienizadas. Posteriormente, partes das folhas foram secas em estufa à 25ºC, até obter peso constante. A outra parte foi utilizada in natura para a obtenção do extrato alcoólico. No preparo do extrato alcoólico, foram utilizadas 100g de folhas frescas, trituradas e colocadas em um cartucho para a extração em soxhlet, com 300 mL de álcool absoluto. A extração foi realizada por esgotamento da planta, foram aproximadamente 12 horas de extração. Posteriormente foi realizada a retirada do 24 solvente, utilizando para isto um evaporador rotativo. Após a concentração, restou somente um extrato seco que foi armazenado em frasco âmbar e mantido em temperatura ambiente. Esse mesmo procedimento foi realizado para as folhas secas (SOUZA et al., 2007). 4.3 - Obtenção da infusão e das soluções de extrato seco e da metformina.A infusão e as soluções dos extratos secos e da metformina necessitavam ser feitas diariamente, minutos antes da administração nos animais. A infusão foi obtida com o aquecimento de água a 100º C e depois a planta era colocada dentro do recipiente por 5 minutos. Para todas as soluções foram utilizadas dosagem padrão utilizando 1g para 10 mL de água (p:v). 4.4 - Indução da diabetes Os animais utilizados foram ratas da linhagem Wistar, obtidos do Biotério Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR), com peso entre 82 a 103g, os quais foram alojados em gaiolas de polipropileno, com cama de maravalha trocada diariamente, respeitando sempre o ciclo de 12 horas de claro e 12 horas de escuro. Os animais foram alimentados com ração e água potável á vontade, por um período de adaptação de 7 dias. A dieta dos animais foi à mesma para todos os grupos pesquisados. Após este período, as ratas foram mantidas em jejum por um período de 24 horas para indução do diabetes pelo Aloxano (Aloxano Monohidratdo Sigma – Aldrich, A7413 – 10G) ®. A solução de aloxana monoidratada foi preparada minutos antes da aplicação por meio da diluição do fármaco em solução salina 0,9%, em uma concentração de 60mg/mL. O preparo da solução foi realizado em ambiente escuro, utilizando frasco âmbar envolvido por papel alumínio para evitar contato com a luz, visto que o composto é fotossensível. Além disso, após a diluição, o frasco foi mantido refrigerado até o momento da aplicação. Os animais receberam única dose de 60mg/kg de aloxana via intraperitoneal (OLIVEIRA, 2012). Após a administração de aloxana por 24 horas a única fonte hídrica dos animais foi solução de glicose a 10%, e 1 hora após receberam alimentação. 25 4.5 - Obtenção dos níveis glicêmicos Os animais que sobreviveram à indução, após 7 dias do procedimento, foram submetidos a um jejum de 12 horas, para verificação do nível glicêmico com o aparelho glicosímetro portátil (G-tech), sendo coletada uma gota de sangue da cauda dos animais. Os animais que receberam a injeção de aloxano e apresentaram glicemia superior a 180mg/dL foram considerados diabéticos, já os animais que apresentaram glicemia abaixo de 180mg/dL foram excluídos do experimento. Os animais diabéticos foram divididos em seis grupo de 5 animais cada, todos os grupos são diabéticos, o que diferencia cada um é o tratamento recebido, sendo (C) grupo controle tratado somente com o veiculo das soluções, (M) tratado com solução de metformina, hipoglicemiante oral mais utilizado, (T1) tratado com o extrato alcoólico seco da planta fresca, (T2) tratado com o extrato alcoólico seco da planta seca, (T3) tratado com infusão da planta fresca, (T4) tratado com a infusão da planta seca, todas as soluções administrada sempre na mesma dose 1g/kg de peso do animal. Diariamente os animais foram submetidos a 12 horas de jejum sólido para que antes de administração do tratamento fosse realizado o teste de glicemia capilar com o aparelho glicosímetro portátil (G-tech), acompanhando assim a evolução ou não dos animais, o experimento foi realizado durante um período de 30 dias. 5.0 – RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a indução do DM por aloxana monohidratada no total de 40 ratas, 4 animais não foram considerados diabéticos sendo assim descartados da pesquisa, pois não obtiveram o valor de glicemia superior a 180 mg/dl. 6 dos animais entraram em óbito, e os demais foram considerados diabéticos, estes resultados são demostrados na figura 01 e posteriormente separados nos seis grupos. Figura 01 - Animais 7 dias após a indução do diabetes mellitus com aloxana monohidratada. CAVALLI et al., (2007) utilizaram dose de 42mg/kg dos animais por via endovenosa, porém somente 28 dos 60 animais, desencadearam diabetes mellitus. Isso justifica o que Oliveira (2012) cita que a dose a ser administrada do animal na maioria das vezes é mais importante do que a via de administração da mesma, ou seja, quanto maior a dose da aloxana, maior o seu efeito toxico ao pâncreas, desencadeando destruição elevada de células, e o diabetes mellitus. SILVA (2013) utilizou o dobro da dose do atual estudo, sendo 120mg/kg do animal, por via intraperitoneal, teve 13 óbitos dos 21 animais, e 7 que desencadearam o diabetes mellitus. Os óbitos são resultados da pancreatite desenvolvida pelo agente químico ou pela hiperglicemia elevada, o que alguns animais não suportam, pode também ser resultado da morte das células beta do pâncreas, que levam a uma liberação excessiva de insulina, resultando em hipoglicemia severa, que pode levar o animal ao coma e morte. 27 No decorrer dos 30 dias de tratamento, foi determinado o perfil glicêmico dos grupos, apresentado na Figura 02, e os resultados completos com a média por grupo no Anexo 01. Figura 02 - Perfil glicêmico dos animais no decorrer dos 30 dias de tratamento em mg/dL, C – controle, M – metformina, T1- extrato alcoólico da planta fresca, T2 – extrato alcoólico da planta seca, T3 – infusão da planta fresca e T4 infusão da planta seca. Na interpretação dos resultados pode-se observar que no grupo controle, tratado somente com solução fisiológica, os níveis glicêmicos mantiveram-se acima de 200 mg/dL. Isso comprova a manutenção da doença, certificando-se que a indução do diabetes foi correta, e se obtiver redução da glicemia, será devido ao tratamento. Além dos níveis de glicose elevados observados nos animais após a indução de diabetes, outros sinais clínicos foram observados nos 30 dias de experimento, como: polifagia, polidispia, e poliúria, sinais característicos do DM. No grupo C esses sinais continuaram durante todo o tratamento, observando também a perda de peso dos animais, diferente dos grupos M, T1 e T2 que apresentaram aumento de peso normal, e redução dos sinais clínicos, assim como a redução dos níveis de glicose. Nos grupos T3 e T4 o aumento de peso já não foi tão significativo, e não ocorreu redução dos sinais clínicos. No grupo M, tratado com metformina, medicamento hipoglicemiante oral mais utilizado pelos pacientes diabéticos (SANTOS et al., 2010), obteve-se a diminuição dos níveis de glicemia de 200,6 para 180 mg/dL, ou seja, uma redução de 10%. Quando este é comparado com o grupo T1, tratado com o extrato alcoólico da planta 28 fresca, e o T2, tratado com o extrato alcoólico da planta seca, observou-se uma diminuição de 201,8 para 180,4 mg/dL, redução de 11% e de 201,6 para 181,2 mg/dL, redução de 11%, respectivamente. Tais resultados demonstram uma redução na taxa de glicemia semelhante entre o medicamento químico e os extratos de planta seca e fresca. Sabe-se que quando é retirada a água de uma planta como no caso da secagem, junto com a evaporação da mesma, pode-se arrastar o princípio ativo, principalmente quando este tem afinidade de polaridade com a água (BARBOSA et al., 2001). Pode-se dizer que isso não ocorreu no presente trabalho, pois as plantas secas e frescas apresentaram resultados semelhantes. Souza et al. (2007), testou o extrato alcoólico de duas espécies de Bauhinia, sendo elas a Bauhinia forficata e Bauhinia variegata na concentração de 1g/kg do animal, que recebiam glicose na dose de 2g/kg, realizando a curva glicêmica do animal em 30, 60, 90 e 120 minutos após o tratamento. Os resultados obtidos foram diferentes do atual estudo, pois a B. forticata, não apresentou redução tão significativa dos níveis de glicose, diferente da outra espécie que apresentou resultados mais significativos, porém os dois foram inferiores ao estudo atual. Mesmo a concentração de extrato sendo a mesma,o método de indução de diabetes foi diferenciado, o que pode ter resultado na divergência entre os resultados para o extrato de B. forficata. Os animais foram submetidos a uma ingestão de grande quantidade de glicose por via oral e posteriormente o tratamento com o extrato, o que pode ter levado a uma interferência na absorção. Lino et al. (2004), realizaram o tratamento com extrato alcoólico nas concentrações de 200 e 400 mg/kg em ratos diabéticos induzidos por aloxano. Após os 7 dias de tratamento intenso, os resultados foram satisfatórios apresentando redução de 42 e 55% nas doses respectivamente, quando comparados com o grupo controle. Esses resultados são semelhantes aos desta pesquisa, pois mesmo as concentrações de extrato utilizadas sendo inferiores, o tratamento foi mais intensivo, o que pode ter efeito mais rapidamente. Em contra partida os resultados obtidos para o T3 (tratado com infusão da planta fresca) e o T4 (tratado com a infusão da planta seca) mostraram uma diminuição de 200,8 para 191 mg/dL, redução 5% e 201,4 para 191,6 mg/dL redução de 5%, respectivamente. Embora esse resultado seja inferior ao obtido nos grupos T1 e T2, são considerados satisfatórios quando comparados com o grupo controle. 29 Esse menor efeito da planta quanto utilizada em forma de infusão deve-se a forma de preparação, pois se sabe que na infusão utiliza-se água como solvente, e essa não tem a capacidade de extrair todos os componentes da planta. Também, neste método a temperatura não é tão elevada, chegando no máximo a 100ºC, o que diminui a quantidade de compostos extraídos. Já no extrato alcoólico, utiliza-se como solvente o álcool etílico, capaz de levar a planta a exaustão retirando todos os seus componentes (MACIEL, PINTO, VEIGA, 2002). Soares, Costa, Cecim (2000), realizaram 2 experimentos, sendo o primeiro com ratos diabéticos com hiperglicemia moderada, os quais receberam a infusão de B. forticata ad libitum, apresentando diminuição dos níveis glicêmicos em 19,9%. No segundo estudo, utilizando ratos diabéticos com hiperglicemia severa, estes receberam o mesmo tratamento, porém por 40 dias e foi observada uma redução de 6,8%. O estudo apresenta resultados mais expressivos pelo fato que os animais ingeriam de única fonte hídrica a infusão da planta, as concentrações não eram controladas, e possivelmente a ingestão de principio ativo diariamente eram maiores que o presente estudo, e o tratamento utilizado pelos autores foi mais intensivo. Mas comprova que a infusão tem efeito hipoglicemiante, no atual estudo as concentrações foram mais brandos, devido a isso os resultados foram menores. Em estudo realizado por Damasceno (2000), utilizando ratas diabéticas prenhas, estas foram tratadas com a infusão de B. forticata em doses crescentes nos 20 dias de tratamento. Porém os resultados obtidos não foram satisfatórios, visto que não apresentaram redução nos níveis glicêmicos. Sendo estes resultados confirmados por Volpato (2001) onde testou a infusão da B. forticata em ratas diabéticas e não diabéticas prenhas, com as mesmas doses em 20 dias de tratamento. Observando que as não diabéticas não apresentaram mudanças nos níveis glicêmicos. O fato da não redução dos níveis de glicose nos dois estudos acima citados possivelmente seja relacionado a inúmeros fatos, dentre eles o principal é o estado de gravidez das ratas. Compreendendo que nessa fase torna-se mais difícil a redução da glicose, e o tempo em que foi administrada a concentração máxima foi curto, o que poderia ter sido prolongado e talvez apresentando resultados no perfil glicêmico. Porém pode-se observar que além de ajudar na diminuição de anomalias possivelmente pelo seu feito antioxidante, também não apresentou efeito toxico ao feto (VOLPATO 2001). 30 O estudo mais recente com a utilização de infusão da B. forticata, foi realizado com pacientes diabéticos. Sendo que o grupo aderiu ao uso da infusão da planta como tratamento coadjuvante sem quaisquer mudanças de hábitos, e comparando com um grupo não tratado. Os que utilizaram a infusão diariamente apresentaram uma redução de 6% na glicemia, sendo que o grupo não tratado não apresentou alterações significativas nos níveis glicêmicos (MORAES et al., 2010). Este estudo utilizou cobaias humanas, porém apresentou resultados semelhantes a este experimento, que foi de 5% tanto para o grupo T3 como para o T4. 6.0 – CONCLUSÃO Após a realização desta pesquisa é possível concluir que os animais submetidos à indução por aloxano apresentaram níveis glicêmicos elevados e constantes o que comprovaram o diabetes, demonstrando desta forma a eficácia do procedimento. Os animais diabéticos tratados com extrato alcoólico da planta seca e fresca apresentaram em média uma diminuição dos níveis de glicose semelhante à redução dos animais tratados com metformina, o que evidencia que no presente estudo o extrato alcoólico da planta teve efeito hipoglicemiante semelhante ao medicamento químico. Já os animais diabéticos tratados com infusão da planta seca e fresca, tiveram efeito menor, porém significativo quando comparados com o grupo controle, tratado somente com solução fisiológica. Pode-se evidenciar também que nessa planta a retirada da água para a secagem não interfere na quantidade de principio ativo, visto que tanto a planta seca como a fresca apresentaram resultados muito semelhantes. Os resultados obtidos neste estudo também mostram que a planta Bauhinia forticata, tem efeito sobre ratos diabéticos induzidos por aloxano. Contudo mais estudos devem ser realizados, pois a planta não apresentou a normalização da glicemia e sim a redução. Estudos de segurança e toxidade também são importantes quando se propõe a síntese de um medicamento fitoterápico. 7.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, W. L. R. et al., Manual para analise fitoquímica e cromatográfica de extratos vegetais. Universidade Federal do Pará, Centro de ciências da saúde, Departamento de Farmácia. 19f. Belém- PA, 2001. BRASIL. Decreto Nº 5.813, de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. 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ANEXOS 38 ANEXO 01 DIAS C M T1 T2 T3 T4 1º 204,4 200,6 201,8 201,6 200,8 201,4 2 º 203,8 200,8 201,8 201,6 200,8 201,4 3 º 203,0 201,6 201,8 200,2 200,8 201,8 4 º 203,8 201,0 201,0 199,8 200,6 202,0 5 º 204,4 200,6 201,2 200,2 200,4 202,0 6 º 205,0 200,2 200,6 199,8 200,2 201,8 7 º 205,2 200,0 200,0 199,2 200,2 201,6 8 º 205,2 199,2 199,4 198,6 199,8 201,4 9 º 205,4 198,6 198,8 197,8 199,4 201,0 10 º 205,6 197,8 198,0 197,2 199,0 200,6 11 º 205,8 197,0 197,4 196,6 198,6 200,2 12 º 206,0 196,2 196,6 196,6 198,4 199,8 13 º 206,2 195,3 195,8 195,4 198,0 199,4 14 º 206,0 194,4 195,0 194,4 197,6 199,0 15 º 206,4 192,4 193,2 192,3 197,2 198,6 16 º 206,2 190,4 191,2 191,2 196,6 198,0 17 º 206,0 189,6 190,2 190,3 196,0 197,4 18 º 206,4 188,2 189,0 189,2 195,4 196,8 19 º 206,8 187,0 187,6 187,5 194,8 196,2 20 º 207,0 185,8 186,2 186,4 194,2 195,4 21 º 207,0 184,6 185,0 185,0 193,6 194,8 22 º 207,0 184,0 184,4 184,8 193,2 194,4 23 º 207,0 183,2 184,0 184,2 192,3 194,2 24 º 208,4 182,6 183,4 183,6 192,4 193,4 25 º 208,6 182,2 183,0 183,2 192,2 193,0 26 º 209,0 182,0 182,4 182,6 192,0 192,8 27 º 210,6 181,6 182,0 182,2 191,6 192,4 28 º 211,0 181,2 181,6 181,6 191,2 192,0 29 º 211,0 180,6 181,0 181,2 191,0 191,6 30 º 211,0 180,0 180,4 181,2 191,0 191,6
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