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PROCESSO ADMINISTRATIVO

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PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
1. Sindicância e processo administrativo disciplinar
- A sindicância (procedimento) e o processo administrativo público (processo com contraditório e a ampla defesa) são processos de responsabilização do servidor público.
- Art 121 lei 8112/90 responsabilidade administrativa para ver se ocorreu um ilícito administrativo, sob pena de sanção administrativa, art 127: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentaria, destituição da função e destituição de cargo em comissão.
Essa responsabilização se dá em razão do poder disciplinar da adm pública que é, na verdade, um dever – responde por omissão, art 143.
O ilícito adm se dá em razão de o servidor ter violado um dever ou que o servidor ocorreu em uma proibição, art 117. Os deveres são condutas de menor gravidade, ensejam penas mais leves. Já as proibições são condutas mais graves que ensejam aplicações de penas mais graves.
Seja violando condutas ou proibição é instaurado processo administrativo disciplinar, em que é garantido contraditório e ampla defesa.
Não é sindicância, que é um procedimento que serve para averiguar a materialidade do fato, se é regular ou não, e se há indícios de autoria. Para isso, adm instaura comissão sindicante para que os servidores apurem os fatos tido como reprováveis. A comissão tem um prazo, podendo ser prorrogado. Se entender que não há indícios e materialidade, faz um relatório opinando pelo arquivamento. Se entender que há, faz um relatório pedindo instauração do processo disciplinar. A autoridade pode acatar ou não o relatório.
Havendo a necessidade da instauração do processo disciplinar, a autoridade competente instaura por portaria, resolução, vai instituir uma NOVA comissão, uma comissão processante, não pode ser a mesma que participou da sindicância (não pode ser a mesma, porque não haveria imparcialidade, e um julgamento mais objetivo) e os membros da comissão tem de ter um nível de escolaridade igual ou superior ao do servidor acusado. Então no processo disciplinar já há uma acusação, necessidade de contraditório. A partir disso, há a instrução do processo que coleta provas que vão fundamentar a decisão. Concluída a instrução, a comissão vai lavrar um termo de indiciamento ou indiciação ou não – se entender que as provas produzidas não levam a caracterização de um ilícito, arquivamento. Se lavrar termo de indiciamento, abre prazo para defesa e faz alegações finais. E aí a comissão faz o seu relatório conclusivo quanto a materialidade e autoria, se estiverem materialidade e autoria presentes já sugere aplicação de pena. E aí processo administrativo é aplicado a autoridade competente para julgar, essa autoridade pode acatar ou não o que a comissão conclui, mas tem que fundamentar, motivar, tanto se rejeitar ou acatar o relatório conclusivo.
Competência de aplicação multa: penas mais graves só podem ser aplicadas pela autoridade superior hierárquica, penas mais leves podem ser feitas por autoridades inferiores hierarquicamente do órgão.
- Prescrição:
A CF veda aplicação de pena de caráter eterno, por isso há uma duração razoável do processo. 
Art 142: a prescrição é diferente de acordo com a gravidade das penas: de 5 anos (mais graves), 2 anos (intermediárias), 180 dias (mais leves).
E o prazo da prescrição começa a correr quando o prazo é conhecido pela administração, mas é debatido pela doutrina. 
A instauração do processo administrativo interrompe a prescrição. Por quanto tempo interrompe? A comissão processante tem um prazo de 60 dias que pode ser prorrogado por igual período. A autoridade competente após recebido o relatório conclusivo tem o prazo de 20 dias para julgar, punir. Então, o prazo total é de 140 dias.
Mas qual a consequência se o processo administrativo não cumprir esse prazo? O não cumprimento do prazo estabelecido para a Administração tem duas consequências: a necessidade de averiguação da conduta da comissão, podendo haver responsabilização dos membros da comissão, e a reabertura do prazo prescricional.
Pelo princípio da razoável duração do processo, o prazo não pode ficar interrompido pra sempre. Ministro Marco Aurélio já decidiu no STF que após os 140 dias da instauração do processo administrativo, o prazo prescricional começa, de novo, a fluir.
A comissão é instituída pela autoridade administrativa depois que ela toma conhecimento do ato irregular, na maioria de vezes pela sindicância, mas não necessariamente pela sindicância.
Quando a adm pública escolhe a comissão isso viola o princípio da objetividade, impede um juízo objetivo. E, por conta da desigualdade jdca (adm pública que decide e é parte), é preciso ser ainda mais objetivo. Para assegurar a imparcialidade é sugerido comissões permanente de sindicância e de processo disciplinar. 
- As penalidades se submetem ao princípio da tipicidade? 
Os tribunais tem decidido que as portarias não precisam ser motivadas, basta que a administração descreve os fatos. Mas a tipicidade administrativa, é um desdobramento do princípio da legalidade e nenhum servidor administrativo deve ser punido por algo que não cometeu e isso deve ser definido, necessidade da motivação, enquadração. Então a tipicidade é uma garantia do servidor que só será punido se o seu ato for irregular.
O relatório conclusivo é encaminhado pra autoridade competente que vai decidir pela aplicação da penalidade. A decisão da autoridade tem de ser comunicada ao servidor. E o recurso será interposto no prazo de 30 dias e é aplicado subsidiariamente a lei 9784 de 99 que trata o procedimento do recurso. O recurso é interposto perante a autoridade que proferiu a decisão que poderá mudar a decisão, se não voltar atrás, manda para uma autoridade superior. Não havendo previsão expressa da lei 8112, o prazo do recurso é o da lei 9784 que é o de 10 dias.
PRÍNCIPIOS APLICAVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Se submete aos princípios gerais da administração pública, mas também princípios específicos.
- Princípio da oficialidade:
	Implica a instauração de oficio, mas também a impulsão de oficio do processo. Ou seja, a administração independente da iniciativa dos interessados, tem de dar continuidade ao processo. A lei federal do processo administrativo, que regula o procedimento, consagra expressamente no artigo 48 e 49 da lei o dever de decidir da administração pública. O servidor tem direito de receber uma decisão, favorável ou não, para poder recorrer.
	Uma vez encerrada a instrução, há um prazo de 30 dias para administração decidir, podendo ser prorrogado.
- Princípio do formalismo moderado:
	Estabelece que a Adm não deve fazer exigências absurdas, que sejam impertinentes para aquele processo. Adoção de formas mais simples, céleres. Simplicidade do procedimento deve ser observada pela Administração
- Principio da verdade material:
	O julgador, comissão, tem de estar atrelado na busca da verdade material. Isto é, investigar a forma com que os fatos realmente aconteceram. Esse princípio está diretamente ligado ao da oficialidade, ex: parte desiste do processo, mesmo assim adm tem que continuar buscando a verdade material.
- Principio do contraditório:
	Necessidade de motivação do ato instaurador é uma garantia do contraditório. Desde início do processo o servidor tem de ter condições claras para reagir. Então todo ato do processo, é preciso de paridade de armas.
ex: na instrução o servidor é intimado para apresentar testemunhas, comissão tem outras testemunhas. Primeiro ouvir testemunhas do servidor e quando for ouvir as testemunhas da comissão o servidor é intimado para ouvir, podendo fazer perguntas para as testemunhas. 
	O interrogatório do servidor é direito do contraditório. É um direito do servidor de ser ouvido. Se ele não compareceu, ele pode pleitear que a comissão remarque, porque essa interação física entre o acusado e o julgado é importante – influencia no julgamento.
- Principio da ampla defesa:
	O direito de recorrer é inerente ao princípio da ampla defesa.
	Além do dever de motivação, é permitidouma adequada e suficiente resistência a uma pretensão que lhe seja oposta. Ou seja, o servidor se defender adequada e suficiente de uma acusação.
	A ampla defesa tem carácter prévio: antes de cortas verbas de aposentadoria tem de avisar, para que possa se defender.
OBS: com o processo disciplinar, não há mais pela adm pública o monopólio da decisão.
	Como desdobramento da ampla defesa, há a defesa técnica: em defesa prévia se o servidor não comparece tem de ser designado alguém para defender o servidor, esse alguém tem de ser um advogado? Só o advogado tem condições de fazer uma defesa adequada e eficaz. Então para a professora, não é feito a ampla defesa se não tem advogado. E se a falta do servidor não está prevista em uma lei e ainda assim é aplicado uma pena, o ato administrativo é viciado, vício insanável, que é a ausência de motivo. O STJ decidiu que a defesa técnica, com súmula, é nulo processo que não tenha defesa técnica. Mas o STF entendeu que a ausência de defesa técnica não é condição de invalidade do processo e fez uma súmula vinculante número 5. OAB já se pronunciou, porque a ausência da defesa técnica viola o princípio da ampla defesa.
18/03/14
LEI 9.784/99
- Marco legal do processo administrativo
	É o marco legal do processo administrativo, por regular disciplinar os atos do processo. Duplo objetivo do processo administrativo: limitar as prerrogativas estatais e de garantia de direitos
	A lei, no geral, tem uma redação mais simples, para ser mais acessível para o cidadão.
	
a) uniformização das decisões da AP
	Foi um dos principais objetivos dessa lei. Aproximar o cidadão da administração, na medida de ao regulamentar o rito processual estabelece os direitos do cidadão. A lei veio disciplinar o processo e de quando e como instaurar o processo e desenvolver atos processuais da decisão do processo. Até porque a administração decidia como instaurar e como decidir, e agora há prazo para administração decidir.
b) limitação dos poderes estatais
	
c) garantia de direitos dos particulares
	Para ministro Celso de Mello a lei federal administrativa é um meio de concretizar os direitos dos particular. E na medida que assegura os direitos, limita os poderes estatais.
	A presença do advogado postulando a defesa do cidadão é facultativa, a não ser que a lei expressamente, em um caso, preveja a presença do advogado.
- Âmbito de aplicação: artigo 1º e 2º
	A administração pública federal: direta e indireta.
	E o estado que não tem lei de processo administrativo? E o município?
	Não é uma lei nacional, e a lei não diz que ela é uma lei geral do processo administrativo. 
	A lei de licitações é a lei geral de licitação, então se aplica a estados e municípios.
	Mas e a lei 9784? Artigo 2, I, é o princípio da juridicidade de acordo com Ministra. Artigo 2, III trata da impessoalidade
Artigo 53: poder de aututela: capacidade do Estado de rever seus próprios atos, através dos institutos: revogação, anulação. A revogação quando ocorre SÓ a própria administração pode fazer, o Judiciário não pode, o ato perde interesse, que se dá por critérios de conveniência e oportunidade que só o agente pública pode fazer, retira o ato válido. O objeto da revogação é sempre um ato válido, em que a administração tem a faculdade de retirá-lo. E a anulação se dá quando há vício no ato administrativo, por que a administração retira o ato? Se o ato é viciado, em última medida, ele é ilegal. E a administração não pode conviver com ato ilegal, pelo princípio da legalidade.
A anulação é ato vinculado. A própria administração ou o poder judiciário podem anular o ato ilegal. 
Efeitos: os atos administrativos são produzidos para expedir efeitos no mundo jurídico. Expedido o ato ele produz efeitos. Se a administração verificar que o ato não é mais conveniente e oportuno, ainda que legal, o revoga. Preserva-se os atos que se passaram, a revogação tem efeitos EX NUNC. Mas se o ato que produziu efeitos tiver um vício a administração deve invalidar. A administração expede um novo ato que vai extinguir o ato e, por força do princípio da legalidade, os efeitos da anulação retroagem. Mas isso acontece sempre? Não.
Em situações excepcionais, pelo ato administrativo gozar da presunção de legalidade, o particular que confia na presunção foi alçado em uma situação jurídica de vantagem que não pode ser desconstiuída unilateralmente – tem de ser instaurado o processo administrativo. Há situações que se pode demonstrar que já se decorrer um lapso temporal e, pelo princípio da segurança jurídica e da boa-fé, esse ato jurídico pode ser anulado, mas fica preservado os efeitos passados que não são anulados também. Então, não retroage os efeitos, em casos excepcionais: há o temperamento dos efeitos da invalidação. Mas quando que é esse tempo? Para temperar os efeitos, qualquer tempo ocorrido. Pelo princípio da segurança jurídico, decorre a prescrição. Estado tem um tempo para exercer a prerrogativa da autotutela. 
A lei federal administrativo diz que quando já ultrapassado o prazo de 5 anosdecadencialda data que foi expedida o ato, a administração não pode mais invalidar. Salvo quando há má-fé, artigo 54.
Então, pelo princípio da segurança jurídica e da boa-fé, há temperamento de efeitos e o prazo decadencial de 5 anos.
E isso se aplica na esfera estadual? Pelos princípios serem de nível constitucional, tem que ser aplicado. Mas essa aplicação desses dispositivos se dá por analogia, porque se tratam de princípios constitucionais.
Então, nos dispositivos que a lei vincula princípios constitucionais, a regra vira regra GERAL e se aplica a entes federativos que não tenham lei. E é assim que tem se decidido os Tribunais. 
Nisso engloba o dever de decidir em 30 dias, o prazo decadencial de 5 anos.
E licença para advogar outro estado? OAB não decide, OAB é autarquia federal. Advogado entra com a ação e ele pede pro judiciário mandar a OAB expedir a licença ou o Poder Judiciário pode emitir? Licença é ato vinculado, porque preenchidos os requisitos previstos na lei a Administração tem o dever de conceder a lei e se não concede esse ato é ilegal. O Judiciário pode conceder, porque não há análise discricionário, então o Judiciário corrige o ato, suprime a omissão. Agora se for uma autorização para exercer um serviço é ato discricionário, então o Judiciário não pode fazer isso. A decisão sobre o deferimento ou não da autorização isso é só a administração. 
- Direitos e deveres do particular: artigo 3ºe 4º
	Deveres: tem de agir com lealdade e boa-fé, não pode agir de forma temerária. A lei estabelece o direito fundamental ao processo e, também, os deveres fundamentais.
	Tem o dever de contribuir a lucidar determinados fatos, para que a administração alcance a verdade material.
	No âmbito federal se aplica a lei do processo administrativo
- Início do processo: artigo 5ºe 8º artigo 50.
	Começa com a instauração. Em situações a instauração é obrigatória. Quanto a requerimento da parte há a obrigatoriedade de instauração do processo, o que irá implicar o dever da administração de decidir.
	Em situações que a instauração é obrigatória decorre não só da lei, mas também da CF: artigo 37, II, XXI,
	Artigo 50: trata da motivação dos atos administrativos. Atos administrativos que precisam ser motivados. Não há nenhum ato da administração que não deva ser motivado. Todo e qualquer ato que implica situação de litigância e conflito tem de ser motivado. E essa motivação só é adequadamente exposta no processo administrativo. 
- Interessados: artigo 9º e 10º
	A lei trata quem é o interessado e quais direitos o interessado tem.
	Terceiro só pode intervir no processo se tiver interesse jurídico na decisão.
	Artigo 13º competência.
- Impedimentos e suspeições artigo 18 a 21
	Estabelecem a possibilidade de impedimento ou suspenção. Antes dessa lei, era aplicado por analogia o disposto no CPC para aplicar no processo administrativo.
	Lei estabelece quais hipóteses de impedimento e suspeição.
	Em caso de impedimento é DEVERda autoridade de declarar o seu impedimento. Se a autoridade não declarar, ela será responsabilizada administrativamente.
	Já a declaração da suspeição por parte da autoridade é facultativa. Professora entende que é dever, mas a lei trata como faculdade.
- Forma/tempo e lugar dos atos processuais: artigo 22 e prazo no artigo 66.
	A lei diz que o processo não tem uma forma específica, mas tem que ser autuado, todos os atos tem que ser reduzidos a termos, folhas numeradas, narração de forma lógica. Então, não há forma específica, mas pela necessidade de documentação, o procedimento deve ocorrer de forma que os atos tenha forma cronológica nos autos do processo.
	Contagem do prazo, artigo 66: é contado o prazo a partir da intimação oficial, mas de acordo com a regra processual: exclui-se o dia de início, inclui-se o dia do fim.
	Artigo 26: estabelece prazo mínimo para o cidadão: quando a adm tem de fazer uma intimação para o servidor fazer algo, essa intimação tem de ser feita com 3 dias úteis de antecedência.
2. Instrução: artigo 29 e seguintes, artigo 44 alegações finais
	Na fase de instrução mais ampla participação do cidadão, verificando-se ampla defesa e contraditório.
	Fase em que é colhido todos os elementos para formar convicção para elaborar decisão.
	O interessado do processo deve participar de todos os atos.
	Ao ser encerrada a instrução, deve abrir prazo para o cidadão/interessado apresentar suas alegações finais (artigo 44).
3. Decisão: artigo 48/49
	A administração tem o prazo de 30 dias para decidir. Com isso, pode-se ver em qual momento a omissão caracteriza uma violação.
	A partir de encerrada a instrução começa a correr o prazo. Esse prazo é prorrogável por igual período.
4. Recurso: artigo 56 e seguintes.
	É interposto perante a autoridade que proferiu a decisão no prazo de 10 dias e não terá efeito suspensivo. Mas a administração, a requerimento da parte, pode conferir efeito suspensivo se demonstrar que a demora da decisão pode trazer prejuízo grave para a parte que está recorrendo.
	Esse prazo de 10 dias só se aplica quando não houver lei específica.

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