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Instituições e Organização do Estado Aula 2 Marcos da Cunha e Souza INTRODUÇÃO Na aula anterior você teve a oportunidade de estudar o Estado e a sociedade sob o ponto de vista das instituições. Certamente percebeu o quanto a adoção de uma instituição (boa ou ruim) pode auxiliar ou prejudicar o desenvolvimento dos povos. Notou também como algumas instituições foram incorporadas à Constituição Federal brasileira, dando ao nosso sistema econômico contornos marcadamente capitalistas. Contudo, a existência de Estados não é algo necessariamente “natural”. Há quem imagine formatos totalmente diferentes de vida em sociedade, inclusive com ausência de Estado. Veremos então algumas teorias que, não apenas buscaram legitimar a existência do Estado, como também serviram de base doutrinária para outras instituições reconhecidas por nós, como a propriedade privada e as sociedades empresárias. Isto ajudará você a compreender de forma mais detalhada os temas da aula anterior, como também abrirá caminho para questões mais profundas, como a refutação do Estado, da propriedade privada dos meios de produção e das classes sociais. Muita polêmica pela frente! Afinal de contas, o mundo em que vivemos não é o único possível. Ele é fruto de ideias adotadas e testadas no passado e está em constante transformação. Um exemplo disto, visto na aula anterior, deu-se quando a modernidade separou a religião da sociedade civil (DOMENACH, 1995, p.82). Como empreendedor, é sempre importante conhecer o chão em que se pisa e compreender a lógica predominante na sociedade onde se deseja investir e trabalhar. Então, vamos em frente! PROBLEMATIZAÇÃO Os brasileiros vivem, inegavelmente, em uma economia de mercado. Grande parte da população mundial experimenta este estilo de vida e de organização econômica, com maior ou menor intensidade. Existem países que evitam influir no funcionamento do mercado, enquanto que outros nele atuam com frequência. O governo brasileiro, como vimos na aula passada, exercia inúmeras atividades econômicas, em concorrência com empresas privadas, entre as décadas de 1940 e 1980. Embora esta tendência tenha diminuído, outras questões se tornaram relevantes nas últimas décadas, levando à regulamentação das atividades econômicas para a proteção do Meio Ambiente e do consumidor. Após refletir sobre tudo isto, escreva uma vantagem e uma desvantagem sobre a regulamentação das atividades econômicas pelo Estado. Para os partidários do liberalismo econômico é difícil encontrar vantagens na intervenção do Estado, ainda que seja pela simples regulamentação. Mas para a maior parte dos estudiosos, a regulamentação em uma medida adequada (não exagerada) é necessária. Na área do Meio Ambiente, a falta de regulamentação leva alguns empresários a desprezar soluções ecológicas de descarte de resíduos como forma de redução de custos e obtenção de vantagens competitivas. Em uma outra linha de raciocínio, existem aqueles que acreditam na necessidade de uma economia altamente regulamentada. É o que vemos hoje na Argentina, que restringe enormemente as importações pagas em moedas estrangeiras, apenas para citar um exemplo. O excesso de regulamentação leva a deformações do processo de oferta e procura, criando preços artificiais e desabastecimento de produtos. JUSTIFICANDO O ESTADO NA TEORIA POLÍTICA MODERNA A humanidade experimentou ritmos e formas diferentes de evolução social e política. A sociedade brasileira foi muito influenciada pela cultura europeia, dado que nosso país foi colonizado por Portugal. Assim, quando falamos em Idade Média, em influência da Igreja, em Renascimento, estamos nos referindo a uma visão eurocêntrica do mundo. A China, a Índia e a África Subsaariana, apenas para citar alguns exemplos, tiveram evoluções muito diversas. Feita esta advertência, percebemos na aula anterior a grande influência que a Igreja cristã teve sobre a política europeia durante a Idade Média, de modo que os reis tiveram sua autoridade muitas vezes colocada em dúvida por decisões dos papas e de outros príncipes da Igreja. Em virtude disto, as teorias políticas de então eram, direta ou indiretamente, teocráticas (CHAUI, 2010). O poder do monarca teria sua origem em Deus. Em fins do século XIV a Europa foi sacudida por um movimento cultural que viria a ser conhecido como Renascimento ou Renascença. Nele, o homem passa a ser o centro das preocupações e o mundo passa a ser regido pela racionalidade. Dentro deste novo cenário, surge a figura de Nicolau Maquiavel que, em 1513, vem a escrever o livro que seria a origem do pensamento político moderno: “O Príncipe” (CHAUI, 2010, p.458). Nele o autor abandona a argumentação baseada na religião e desenvolve suas teorias sobre a observação da realidade, dos fatos do seu tempo. Sua linguagem é crua e o seu príncipe perfeito está longe de ser um santo. Tanto que uma das passagens mais famosas do seu livro é a seguinte: Chegamos assim a uma questão: a de saber se é melhor ser amado do que temido, ou o inverso. Eu respondo que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é bem difícil, é muito mais seguro ser temido do que amado, se for preciso optar. (MACHIAVEL, Nicolau. Le Prince et autres textes. Paris: Gallimard, 1980, p. 104.) Este e outros pensamentos deram origem ao adjetivo “maquiavélico”, que aponta aquela pessoa capaz de ferir qualquer valor ético para alcançar seus objetivos. Mas sua doutrina, ainda assim, tinha aspectos virtuosos. Ainda que partidário de soluções extremas para problemas extremos, ele era contrário à tirania e ao despotismo e somente via como legítimo “o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo de particulares” (CHAUI, 2010, p. 461). O Estado não seria mais obra de Deus, mas da sociedade, do homem. Mas por que o homem criou o Estado? Em que momento da sua organização social isto ocorreu? Qual foi o processo desta criação? Provavelmente nunca saberemos, até porque o desenvolvimento do Estado deve ter tido evoluções diferentes, em função de cada povo, de cada condição econômica e geográfica. Mas, a partir do século XVI, muitos filósofos buscaram desenvolver teorias sobre este assunto. Este esforço intelectual não resultava de uma mera curiosidade, mas também tinha aplicações práticas, como justificar o poder dos reis e o sistema econômico e social vigente. Dentre as teorias desenvolvidas, destacaram-se neste período as teorias contratualistas. Os contratualistas partem de uma hipótese de que, no início, os seres humanos viviam em um estado de natureza, pré-político. Nele, segundo Thomas Hobbes e Spinoza, as pessoas viviam em constante conflito, sem leis, inseguros e dominados pelas paixões. Ali o homem era o lobo do homem (STRECK; MORAIS, 2001, p. 32), experimentando uma existência “solitária, pobre, sórdida, brutal e breve” (HOBBES, apud HEYWOOD, 2010a, p. 49). Bem diferente era a visão de Jean-Jacques Rousseau, pensador do século XVIII. Para ele os indivíduos em estado de natureza viviam isolados pelas florestas, vivenciando a “felicidade original”, na condição de “bons selvagens” inocentes (CHAUI, 2010). De uma forma ou de outra, os homens de então eram livres e iguais entre si. Assim, foi de livre e espontânea vontade que, em um determinado momento, aceitaram firmar uma espécie de “contrato social” onde abriram mãode uma parcela da sua liberdade em favor de um indivíduo ou de um grupo com poderes para governa-los. Nas palavras de Marilena Chaui (2010, p. 465/466): Em nome da segurança e da paz, os indivíduos transferem ao soberano o direito exclusivo ao uso da força e da violência, da vingança contra os crimes, da regulamentação dos contratos econômicos, isto é, a instituição jurídica da propriedade privada e de outros contratos sociais (como, por exemplo, o casamento civil, a legislação sobre a herança, etc). Embora filósofos como Hobbes, Locke e Rousseau estivessem de acordo sobre a existência de um contrato social situado entre o estado de natureza e o Estado Civil, existem grandes divergências quanto ao conteúdo do contrato. Para Thomas Hobbes (1588–1679), o poder e a soberania pertencem “de modo absoluto ao Estado, que, por meio das instituições públicas, tem o poder para promulgar e aplicar as leis, definir e garantir a propriedade privada e exigir obediência incondicional dos governados, desde que respeite dois direitos naturais intransferíveis: o direito à vida e o direito à paz” (CHAUI, 2010, p.466). Por conta disto, é considerado um dos teóricos do Absolutismo. Bem diferente é a visão de John Locke (1632-1704), cujas formulações ajudariam a fundamentar valores fundamentais do Estado Liberal. Para ele, os homens, ao firmarem o contrato social, abrem mão do direito de fazer justiça com as próprias mãos, mas conservam seus direitos naturais fundamentais: vida, propriedade e liberdade. O Estado nasce com poderes limitados, tanto que o cidadão conserva um “direito de resistência” contra ele. O próprio rei (titular do Poder Executivo) deve se submeter ao Parlamento (Poder Legislativo). Para Locke, a propriedade, como um direito natural, encontrava sua justificativa na utilização dos bens de forma produtiva e lucrativa. Assim, um proprietário ou empreendedor disposto a realizar os melhoramentos justificava seu direito de propriedade ainda que pela exploração produtiva da sua terra pelo trabalho de outras pessoas. Por fim, para Jean-Jacques Rousseau (1712–1778), o que dá legitimidade ao poder é a vontade geral. Assim, é a vontade geral que deve dirigir as forças do Estado, com vistas a cumprir sua finalidade, que é o bem comum. Para ele, cada um deve renunciar aos seus próprios interesses em favor da coletividade. Dentre as renúncias, ele inclui a renúncia ao direito de propriedade (STRECK; MORAIS, 2001, p. 38/40). A ideia de um “contrato social” ainda se encontra na base da maioria dos discursos que buscam, direta ou indiretamente, justificar a existência e as funções do Estado. Contudo, segue sendo uma construção teórica, uma hipótese. O polonês Ludwig Gumplowicz e o tcheco Karl Kautsky, no início do século XX, traçaram imagens menos idealizadas. Para eles, povos instalados em vales férteis, tornaram-se tão ligados à terra e à agricultura que perderam parte de suas habilidades guerreiras. Acabaram sendo subjugados por povos nômades, ainda habituados à caça e ao combate com outros nômades em terras onde os recursos eram escassos. Neste panorama, os guerreiros formaram a classe dominante, cobrando tributos dos agricultores em troca de proteção contra outras tribos guerreiras. (KAUTSKY, 1994). Karl Kautsky (1854–1938) era marxista. Para os marxistas o Estado existe apenas para possibilitar e legitimar a opressão de uma classe social sobre a outra. Daí porque eles preveem o seu desaparecimento após o estabelecimento do comunismo. De tudo isto, você agora pode perceber que as teorias sobre a origem do Estado não são discussões estéreis. Todas elas serviram e ainda servem para legitimar ou apenas explicar o Estado em diferentes partes do mundo. Sugestão de leitura STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 35/40 (2.2.3 Estado Civil) AS INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS DA SOCIEDADE DE MERCADO O mercado e sua origem Nos primeiros agrupamentos humanos, havia uma divisão do trabalho entre os homens e as mulheres. Eles caçavam animais e elas coletavam frutos e outros alimentos disponíveis na natureza. Conforme novas tecnologias foram sendo desenvolvidas e as primeiras cidades foram sendo fundadas, a divisão do trabalho foi se tornando mais complexa. Os seres humanos foram se tornando sofisticados e passaram a demandar produtos e serviços desconhecidos pelos seus antepassados. Surgiram artesãos para produtos variados. Neste panorama, uma pessoa que tinha especial habilidade para fazer sandálias de couro preferia não perder tempo tentando fazer cestos de vime ou utensílios de bronze. Era muito mais eficiente e barato para ela trocar o excedente das sandálias que produzia com outras pessoas que haviam se especializado na produção de cestos e utensílios de metal (por exemplo). Nestas circunstâncias, a troca era um ato voluntário e benéfico para as partes envolvidas. E como cada um podia se dedicar à sua vocação, a produção das sandálias, dos cestos e dos utensílios ganhava em quantidade e qualidade. Com o passar do tempo, certos povoados passaram a ficar famosos pela produção de um ou outro bem de consumo e rotas comerciais acabaram surgindo naturalmente. Nas praças das grandes cidades da Antiguidade, longas linhas de tendas eram montadas para o comércio de produtos que vinham do campo, ou que eram fabricados por artesãos locais, mas também para produtos que haviam sido transportados por centenas de quilômetros. As caravanas comerciais eram valorizadas e desejadas pelos pequenos reinos que floresciam no Oriente Médio há 4 mil anos atrás. Tanto que os reis de Kanesh, rica cidade localizada na Turquia de hoje, ofereciam indenizações para as caravanas que fossem atacadas e assaltadas em seus domínios. O resultado disto é visível nas escavações arqueológicas da cidade de Mari, hoje localizada no norte da Síria. Ali foram encontrados vasos fabricados no Egito, vestígios de utensílios de couro da ilha de Creta, âmbar do Danúbio (rio da Europa), obsidiana da Grécia, armas do planalto da Anatólia e joias feitas de lápis lazuli (uma pedra azul que existe apenas no Afeganistão). (MILES, 2011). Este processo de divisão do trabalho e de especialização das cidades e das nações foi evoluindo ao longo dos séculos, apesar de alguns retrocessos momentâneos. No século XVIII, com a Revolução Industrial, ele se intensificou enormemente. Atualmente as pessoas se dedicam a trabalhos muito específicos e são incapazes de produzir por conta própria a enorme maioria das coisas que consumimos. Sobre este aspecto Milton Friedman (2014, p. 16), prêmio Nobel de Economia, afirma que: A especialização das funções e a divisão do trabalho não iriam longe se a derradeira unidade de produção fosse o domicílio. Na sociedade moderna, fomos muito mais longe. Desenvolvemos empresas que atuam como intermediários entre os indivíduos, nas condições de intermediários de serviços e como compradores de bens. E, do mesmo modo, a especialização das funções e a especialização do trabalho não iriam muito longe se ainda dependêssemos do escambo. Em consequência, desenvolveu-se o dinheiro como meio de facilitar trocas e possibilitar compras e vendas isoladas, entre diferentes partes. Foi justamente a existência de um excedente de produção, somado à divisão e especialização do trabalho, que permitiu o surgimento e o desenvolvimento do mercado. Na linguagem econômicamuito se fala no termo “mercado”, ora em sentido amplo, ora em sentido específico (como “mercado de imóveis” ou “mercado de carros usados”). Contudo, em sentido geral, o termo mercado designa: um grupo de compradores e vendedores que estão em contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem as condições de compra e venda dos demais. Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e serviços estão em contato com vendedores destes mesmos bens e serviços. Deste modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia. Concretamente, ele é formado pelo conjunto de instituições em que são realizadas transações comerciais (feiras, lojas, Bolsas de Valores ou de Mercadorias etc.). (SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999) Uma das virtudes do mercado está em favorecer o surgimento de uma grande variedade de produtos, acompanhando as necessidades, os desejos – isto é, as demandas – dos consumidores. Assim, se uma pessoa com espírito empreendedor percebe que a sociedade demanda um produto ou serviço que não vem sendo ofertado em quantidade ou qualidade suficiente, ele poderá se ocupar em satisfazer este desejo coletivo, na medida da sua capacidade. Atrás de cada objeto que encontramos em nossas casas, seja um livro, um aspirador de pó ou um computador, existe a figura do empreendedor e do mercado. Assim, a vida do empreendedor depende bastante da liberdade do mercado. Lima (2008, p.18-19), ao tratar da “lei da oferta e da demanda”, explica o seguinte: O preço e a quantidade não são decididos e impostos pelo vendedor e muito menos pelo comprador. É necessário que haja interação entre eles, ofertantes e demandantes, para que surja no mercado um consenso que leve à decisão de compra e venda. Assim, é o mercado que determina o preço e a quantidade comprada e vendida, e não a vontade de um ou outro participante. Se o empreendedor tem liberdade para criar, produzir e vender, sem depender da autorização dos governantes, mais e mais empresas podem surgir. Para o consumidor este cenário também é atraente, pois permite que várias empresas apareçam para fabricar os mesmos produtos ou oferecendo os mesmos serviços. Disto resulta a concorrência entre os empreendedores, com redução dos preços ao consumidor e melhoria da qualidade. Obviamente, muitas atividades econômicas acabam sendo regulamentadas pelo Estado, para garantir, por exemplo, a segurança do consumidor ou do Meio Ambiente. Teme-se, também, a constituição de cartéis ou de monopólios. A maioria dos economistas admite um certo grau (maior ou menor) de controle estatal. Friedman (2014, p.17) argumenta que: A existência do mercado livre evidentemente não elimina a necessidade de governo. Ao contrário, o governo é essencial não só como fórum para determinar ‘as regras do jogo’, mas também como árbitro para interpretar e aplicar as regras aprovadas. O que o mercado faz é reduzir em muito a variedade de questões a serem decididas por meios políticos, e, assim, minimizar a extensão em que o governo precisa participar diretamente do jogo. Alguns liberais mais “puros” rejeitam qualquer regulamentação. Para estes “uma sociedade de mercado, ou seja, na qual fosse deixado ao mercado coordenar as relações, seria uma sociedade mais eficiente e mais livre” (PAIN; REINERT, 2013, p. 218). Para outros, porém, a liberdade de mercado acaba levando a uma competição selvagem que aprofunda a divisão entre as classes sociais, levando à miséria de muitos. Mas esta discussão será examinada mais tarde. CARTEL MONOPÓLIO e OLIGOPÓLIO “Grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada, com vistas a interesses comuns. (...) Os objetivos “O monopólio (...), que tanto pode ser de direito, como de fato, visa a subtrair uma soma de negócios ou de operações ao regime da livre concorrência ou à lei da procura e da oferta, facultando ao mais comuns dos cartéis são: 1) controle do nível de produção e das condições de venda; 2) fixação e controle de preços; 3) controle das fontes de matéria-prima (cartel de compradores); 4) fixação de margens de lucros e divisão de territórios de operação” (SANDRONI, 1999, p. 84). monopolizador em se tornar o exclusivo senhor da praça” (SILVA, 1991, p.206). O oligopólio é o “tipo de estrutura de mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado. O oligopólio é uma tendência que reflete a concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, pela fusão entre elas, incorporação ou mesmo eliminação (por compra, dumping e outras práticas restritivas) das pequenas empresas” (SANDRONI, 1999, p.431). Sugestão de leitura LIMA, Gerson. Economia, Dinheiro e Poder Político. Curitiba: IBPEX, 2008. (1.1 “O funcionamento do mercado”, páginas 17 a 20.) Saiba mais Assista este pequeno vídeo do acervo pessoal do professor Marcos em sua viagem ao Museu do Louvre em que ele trata das origens do capitalismo. https://www.youtube.com/watch?v=Z9TwbMX1eE0&feature=yout u.be O EMPREENDEDOR E O ESTADO O nosso espírito empreendedor está por trás dos grandes avanços da humanidade, desde a Antiguidade. As cidades somente puderam surgir porque no campo alguns agricultores inovadores foram capazes de produzir mais comida do que precisavam para o seu sustento, permitindo que uma outra classe de empreendedores, os artesãos, pudessem abandonar as lavouras e se dedicar exclusivamente às suas atividades. A partir deste momento, produtos e serviços variados começaram a surgir. Porém, já na Antiguidade, os governantes sentiram a necessidade de regulamentar algumas atividades empresariais, por motivos variados. Sabemos por exemplo que, já no século XXI antes de Cristo, as leis da cidade de Ur (localizada na Mesopotâmia) limitavam as taxas de juros e tabelavam os preços de alguns produtos. (MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2010, p. 2) Estas intervenções do Estado ainda ocorrem, mesmo em países que defendem o liberalismo econômico, como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Nestes dois, elas tendem a ser brandas e pontuais. Fiscaliza-se o funcionamento da Bolsa de Valores e criam-se restrições à venda de novos medicamentos, apenas para citar dois exemplos. Tudo isto para evitar que o sucesso de alguns empresários possa representar riscos ou prejuízos para a sociedade . (MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2010, p. 1) Em outros países, como aqueles que adotam regimes socialistas, os empreendimentos privados sofrem grandes restrições ou são simplesmente proibidos. Neles a economia é basicamente planificada e dirigida pelo Estado, a quem cabe identificar as necessidades da população e aquilo que deve ser produzido ou oferecido. Cuba e Coreia do Norte, cada uma com o seu próprio estilo de socialismo, são exemplos deste modelo. O Brasil tem uma economia de mercado, modelo que encontra reflexo na sua Constituição Federal, onde estão expressos o respeito à propriedade privada (art,170, II), à livre concorrência (art.170, IV) e ao “Estado Mínimo” (art. 173). Ainda assim, vivemos um modelo de Estado bastante atuante na ordem econômica.Inclusive, o artigo 175 da Constituição Federal atribuiu ao Poder Público a responsabilidade pela “prestação de serviços públicos”. São estes serviços monopólios do Estado, que poderá prestá-los diretamente ou, caso julgue necessário, entrega-los à iniciativa privada, após um procedimento de licitação onde se avaliará a proposta mais vantajosa ao interesse público. A sociedade empresária que sair vitoriosa do procedimento de licitação (doravante chamada de “concessionária”) terá que aceitar um contrato previamente redigido pela administração, repleto de cláusulas rigorosas voltadas ao atingimento dos objetivos anunciados pelas políticas públicas oficiais. Quanto às atividades tipicamente privadas, como o comércio e a agricultura, o Estado brasileiro buscará influenciar o seu desenvolvimento sustentável por meios indiretos, como a redução de tributos, a simplificação dos procedimentos para a abertura de empresas, empréstimos em condições especiais e a regulamentação de certas atividades. A experiência mostra que existem atividades que, ao mesmo tempo em que geram empregos e recolhem tributos, também causam danos à sociedade. Ocorre, por exemplo, quando uma sociedade empresária consegue absorver ou levar seus rivais à falência e passa a controlar a fabricação ou a distribuição de um produto, impondo aos consumidores um preço monopolista, superior àquele existente em uma situação de livre concorrência. No Brasil podemos testemunhar a ingerência do Estado nos mais diferentes planos. O Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), por exemplo, traz regras sobre o formato da publicidade, sobre as informações que devem constar nas embalagens dos produtos, além de apontar práticas e cláusulas contratuais abusivas, dentre outros aspectos. Mais recentemente, o Decreto 7.962/2013 buscou fazer o mesmo, em relação ao comércio eletrônico. Isto tudo, mantendo a livre iniciativa como um dos valores da nossa Constituição Federal. A regulamentação da atividade econômica pode ter efeitos positivos ou negativos. O Brasil, durante vários anos, restringiu a importação de produtos estrangeiros, como foi o caso dos computadores. Queria-se, com isto, criar um mercado interno protegido, capaz de estimular uma indústria nacional de computadores. Isto poderia ter sido uma intervenção positiva mas, na prática, os resultados foram desanimadores. Todos estes são aspectos que devem estar sempre presentes na mente dos empreendedores. De acordo com Mamede: O conhecimento das regras jurídicas aplicáveis à atividade empresarial, portanto, é um requisito indispensável para o sucesso. No planejamento, na organização e na condução da atividade empresarial, é indispensável saber o que é proibido e o que é obrigatório, compreendendo, assim, o amplo espaço que, entre tais limites, se define para a atuação mercantil. (MAMEDE, 2010, p. 1-2). Por outro lado, o Estado brasileiro também tem sido responsável por políticas de fomento, voltadas para o estímulo às atividades econômicas e ao desenvolvimento tecnológico. Tradicionalmente, o Brasil é um país cujas empresas investem muito pouco em tecnologia. Os motivos desta deficiência são muitos, a incluir a falta de recursos financeiros dos nossos empreendedores e os riscos de investir em avanços tecnológicos que logo poderão ser suplantados por empresas estrangeiras maiores e mais dinâmicas. A indústria farmacêutica serve como um bom exemplo. Afinal, é um setor da economia onde a obtenção de vantagens competitivas está intimamente relacionada com a inovação tecnológica. Entretanto, o desenvolvimento de novos medicamentos demanda, em média, mais de uma década de pesquisas e centenas de milhões de dólares em investimentos. (BENETTI, Daniela V. N. Proteção às patentes de medicamentos e comércio internacional. In: BARRAL, Welber; PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Desenvolvimento. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006 ,p. 349.) Por conta disto, o Estado brasileiro frequentemente se vê obrigado a assumir o papel de desenvolvedor de novas tecnologias, missão que nos países ricos geralmente cabe às empresas privadas e universidades. Um exemplo disto se deu na década de 1970, durante o governo do presidente Geisel. O país e o mundo atravessavam a chamada “Crise do Petróleo” desencadeada pelo aumento brutal do preço dos barris produzidos pelos países membros da OPEP. Uma das respostas do Estado para este problema foi a busca por alternativas energéticas, o que levou à criação do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) e ao desenvolvimento de um novo combustível para veículos automotores, o etanol (feito a partir da cana-de-açúcar). Ainda no tocante à relação entre o Estado e o empreendedor, é interessante referir o papel do primeiro como financiador do segundo. Este fenômeno também é típico da economia brasileira, em virtude da falta de poupança interna e dos juros elevados cobrados pelos bancos privados. Neste sentido é interessante mencionar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), fundado em 1952. De acordo com o site oficial desta instituição de fomento: O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos, fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pre/composicao/bnd es.asp>. Acesso em: 22 fev. 2015. Por fim, é interessante referir que desde o século XIX os empresários brasileiros têm se reunido em associações e federações com vistas a discutir seus problemas comuns, mas também com o intuito de formar grupos de pressão capazes de negociar com os diferentes governos, nas três esferas da Federação (União Federal, Estados e Municípios). Destes movimentos surgiram as associações comerciais dos diferentes Estados brasileiros e que hoje possuem grande representatividade política. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), maior entidade de classe da indústria brasileira, tem entre seus associados cerca de 130 mil indústrias de diversos setores. Destes diversos fóruns representativos já saíram inúmeras propostas de reformas administrativas e normativas, muitas das quais foram acatadas pela administração pública. Contudo é importante dizer que a relação do Estado com os empreendedores é frequentemente cercada por críticas e avaliações subjetivas. Os incentivos governamentais e mesmo os financiamentos às atividades privadas nem sempre são regidos de forma eficiente. Mas este não é um problema apenas brasileiro. Sugestão de leitura Disponível na biblioteca virtual: HACK, Érico. Noções preliminares de Direito Administrativo e Direito Tributário. Curitiba: Intersaberes, 2013, p.111 a 113. A SOCIEDADE EMPRESARIAL Quando uma sociedade limitada deixa de cumprir um contrato, causando prejuízo ao consumidor, isto nem sempre significa que os sócios que a criaram desejavam este resultado danoso. Na verdade, a vontade expressa por uma sociedade empresária nem sempre corresponde à vontade da maioria dos seus sócios. Muitasvezes pode ser reflexo das escolhas tomadas pelo seu diretor ou por um gerente que, em alguns casos, são meros empregados da sociedade. Isto se explica facilmente quando compreendemos que, no nosso sistema jurídico, uma sociedade limitada ou anônima corresponde a um tipo especial de pessoa, que chamamos de pessoa jurídica. Você, caro leitor, é uma pessoa física ou natural. Uma sociedade empresária é uma pessoa jurídica que, por força da lei, se personaliza, alcançando uma individualidade própria, “para constituir uma entidade jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem” (SILVA, 1991, p.368). A consequência prática disto é que, assim como você, as sociedades têm um nome, um registro, um endereço, um patrimônio, além de direitos e obrigações distintos dos seus sócios. Foi a complexidade das relações econômicas e políticas que obrigou o Estado a reconhecer a existência de “pessoas jurídicas”. Por exemplo: Se uma imensa sociedade anônima (como a Petrobras ou a Vale) vem a me causar um dano, eu não irei brigar com seus acionistas, que nada podem fazer, individualmente, para me ajudar. Eu irei, eventualmente, ajuizar uma ação contra aquela sociedade anônima. Caso eu seja vitorioso, será o patrimônio da pessoa jurídica quem irá responder pelo prejuízo que sofri. Os acionistas talvez jamais venham a saber do meu processo. A questão é muito importante para você, futuro empreendedor. Afinal, nos dias de hoje, “as atividades econômicas de alguma relevância – mesmo as de pequeno porte – são desenvolvidas em sua maioria por pessoas jurídicas, por sociedades empresárias” (COELHO, 2013, p.126). Neste ponto, considero necessário fazer uma advertência de ordem conceitual. Na linguagem coloquial costumamos usar o termo “empresa” para nos referirmos a uma pessoa jurídica, como uma sociedade limitada ou uma sociedade anônima. Também usamos o termo “empresário” para designar o sócio de uma sociedade limitada ou sociedade anônima. Mas, para o Direito, especialmente depois do advento do novo Código Civil (2002), dizemos que: Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção e circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes. (COELHO, vol.1, 2013, p.126). Empresa, por outro lado, é a atividade econômica exercida pelo empresário. Inclui aspectos intangíveis como a sua história, sua imagem e o relacionamento que tem com a comunidade (MAMEDE, 2010, p.8). Neste sentido, a Volkswagen, pessoa jurídica do ramo automobilístico, é um empresário que tem por empresa (por atividade) a fabricação de automóveis. Por outro lado, quando nos referimos aos membros de uma sociedade limitada, o termo “sócio” é mais adequado do que o termo “empresário”. Para não causar confusão junto às pessoas que desconhecem todo este vocabulário técnico, eu costumo usar o termo “sociedade empresária” quando eu me refiro a uma pessoa jurídica que exerce atividade econômica. As sociedades empresárias regularmente constituídas adotam normalmente a forma de sociedade limitada (Ltda.) ou de sociedade anônima (S/A). O Código Civil prevê ainda a “sociedade em nome coletivo” e a “sociedade em comandita simples”. Mas estas são pouco comuns na prática. Um outro tipo é a “sociedade simples”, que não é considerada uma sociedade empresária, embora seja comum para a constituição de escritórios de advocacia e de outras profissões liberais. A escolha entre uma ou outra forma de sociedade depende muito do tamanho do empreendimento ou da estratégia dos seus fundadores para a captação de recursos. Neste sentido Coelho (2013, p.128) leciona que: A sociedade limitada, normalmente relacionada à exploração de atividades econômicas de pequeno e médio porte, é constituída por um contrato celebrado entre os sócios. O seu ato constitutivo é, assim, o contrato social, instrumento que eles assinam para ajustarem os seus interesses recíprocos. O Contrato Social é o documento mais importante para a criação de uma sociedade limitada e o fim lucrativo é o objetivo que nele se expressa. “Seu objetivo é produzir vantagens que, partilhadas entre os contratantes, serão por eles apropriadas. Para tanto, será desenvolvida uma ou mais atividades específicas, lícitas e morais, que são o objeto do contrato de sociedade” (MAMEDE, 2010, p.29). Na sociedade limitada, o capital da sociedade é dividido em quotas. Cada sócio, ao entrar na sociedade, adquire uma ou mais quotas. É como se ele trocasse dinheiro (ou outros bens) pela participação na empresa. Isto tem uma consequência interessante: como a sociedade limitada é uma pessoa autônoma, com seus próprios direitos e obrigações, as dívidas que ela vier a assumir não atingirão o patrimônio pessoal do sócio. Caso a sociedade limitada venha a falir de maneira lícita (não fraudulenta), o sócio perderá apenas o investimento que fez, ou seja, as quotas. Algo semelhante acontece em relação aos acionistas de uma sociedade anônima. O percentual de quotas adquiridas por cada sócio irá ditar o poder que cada um terá para influir nos destinos da empresa. Afinal, isto se reflete nas votações das assembleias ou reuniões da sociedade. No que toca à sociedade anônima (também chamada de “companhia”), o seu objeto normalmente se relaciona a um grande empreendimento, como a exploração mineral, a execução de grandes obras de engenharia, etc. Neste caso, seus fundadores precisam de um meio eficiente para atrair sócios e grandes volumes de capital. Uma forma de fazer isto, após cuidadosa divulgação das finalidades da empresa e de sua viabilidade, é a oferta de ações na Bolsa de Valores. Existem diferentes tipos de ações e, em muitas sociedades anônimas, as ações preferenciais podem ser privadas do direito a voto nas assembleias. Qualquer que seja o objeto ou finalidade de uma sociedade empresária, esta deve obrigatoriamente se registrar na Junta Comercial do Estado em que estiver sediada. É uma necessidade para que ela possa surgir como pessoa, assim como ajuda a oferecer maior segurança para as pessoas que irão contratar com ela. Lá ficará arquivado o seu contrato social (ser for uma sociedade limitada) ou o seu estatuto (se for uma sociedade anônima). Assim, qualquer pessoa interessada poderá se informar sobre quem são seus sócios (no caso da sociedade limitada), qual o seu endereço, quem tem poderes para tomar decisões em nome da empresa e quais são estes poderes. Se é verdade que a sociedade empresária “nasce” pelo registro na Junta Comercial, isto não é o bastante para que ela inicie as operações. De acordo com o SEBRAE: Para uma micro ou uma pequena empresa exercer suas atividades no Brasil, é preciso, entre outras providências, ter registro na prefeitura ou na administração regional da cidade onde ela vai funcionar, no estado, na Receita Federal e na Previdência Social. Dependendo da atividade pode ser necessário também o registro na Entidade de Classe, na Secretaria de Meio-Ambiente e outros órgãos de fiscalização. (SEBRAE. Guia prático para o registro de empresas. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebr ae/artigos/Guia-pr%C3%A1tico-para-o- registro-de-empresas>. Acesso em: 24 fev. 2015). No caso de uma sociedade anônima “aberta” (como é o caso de uma S/A que negocia títulos em Bolsa de Valores), será necessárioainda obter registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. A nova sociedade empresária precisará recolher tributos a partir do seu nascimento. Para tanto estará obrigada a obter um número de CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Este procedimento é feito exclusivamente pela Internet, no site da Receita Federal. Nas últimas décadas diferentes governos têm se empenhado para simplificar todo este processo, como meio de estimular as pessoas a empreender. No Estado do Paraná é totalmente possível um empresário individual obter seu registro de Microempreendedor individual (MEI) e começar a operar em menos de 48 horas. Quadro comparativo entre Sociedade Limitada e Sociedade Anônima SOCIEDADE LIMITADA SOCIEDADE ANÔNIMA Legislação básica Código Civil, arts. 1.052 a 1.087. Lei 6.404/76 (dispõe sobre as sociedades por ações) Identificação O nome comercial deve vir acrescido da palavra “limitada” por extenso ou abreviada (Ltda.). A sociedade anônima será designada por uma denominação (exemplo: Petrobras) acompanhada das expressões “companhia” ou “sociedade anônima”, escritas por extenso ou abreviadamente. Todavia, é vedada a utilização da abreviação "Cia" ao final da denominação. Capital Social É dividido em quotas, de valor igual ou em valores desiguais. É dividido em ações. Todas as ações ordinárias têm direito a voto. As preferenciais podem ser privadas do voto. Estrutura básica da sociedade Assembleia ou Reunião, Administração e Conselho Fiscal (este último quase sempre facultativo). Assembleia-Geral, Conselho Fiscal, Diretoria e Conselho de Administração. Em alguns casos o Conselho de Administração pode ser facultativo. Estrutura do capital Capital dividido em quotas, todas elas com direito a voto. Capital dividido em ações. Podem existir ações sem direito a voto. Sugestão de leitura MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2010, p.5/6. (texto “Dona Maria cozinha bem...”) SÍNTESE Você viu ao longo desta rota que o Estado, assim como as sociedades empresariais, são criações da mente humana, reflexos da Modernidade. São um retrato do mundo que construímos, dentre os vários mundos que a raça humana poderia ter construído. Para serem aceitos, filósofos e juristas “quebraram a cabeça”, justificando a utilidade destas estruturas. Foram questionadas no princípio e, em maior ou menor grau, sempre serão. Os Estados têm perfis diferentes. Isto é visível quando comparamos as nações contemporâneas. Alguns buscam intervir pouco nas atividades econômicas, outros são mais reguladores, outros ainda participam diretamente da economia, como produtores e prestadores de serviço. Não existe uma fórmula universal. Cada sociedade têm as suas instituições, os seus valores e crenças. Assim, cada uma delas tem que optar por uma estrutura que lhe seja o mais natural possível. No caso do Brasil, que vivencia uma economia de mercado, temos uma tradição mais intervencionista do que países como os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, apesar da Constituição Federal de 1988 restringir a participação do estado na economia. Vivemos períodos de ajustes, buscamos facilitar o surgimento de novas empresas. Há muito ainda o que se fazer. Mas todo empreendedor deve compreender que o campo de batalha onde ele atua é influenciado por antigos ecos, pelas ideias com as quais grandes pensadores moldaram a ideia de Modernidade. REFERÊNCIAS BENETTI, Daniela Vanila Nakalski. Proteção às patentes de medicamentos e comércio internacional. In: BARRAL, Welber; PIMENTEL, Luiz Otávio. Propriedade Intelectual e Desenvolvimento. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006. BNDES. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pre/composicao/bndes.asp>. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. COELHO, Fábio U. Curso de direito comercial: direito de empresa. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2013. FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. Rio de Janeiro, LTC, 2014. HACK, Érico. Noções preliminares de Direito Administrativo e Tributário. Curitiba: Intersaberes, 2013. KAUTSKY, John. Karl Kautsky: Marxism, Revolution, and Democracy, New Jersey: Transaction Publishers, 1994. LIMA, Gerson. Economia, Dinheiro e Poder Político. Curitiba: IBPEX, 2008 MACHIAVEL, Nicolau. Le Prince et autres textes. Paris: Gallimard, 1980. MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2010. SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999. SEBRAE. Guia prático para o registro de empresas. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/Guia- pr%C3%A1tico-para-o-registro-de-empresas>. Acesso em: 24 fev. 2015. SILVA, de Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1991. STRECK, Lenio L.; MORAIS, José L. B. de. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
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