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MALÁRIA ASPECTOS GERAIS Parasitas do gênero Plasmodium Transmitidos ao homem por meio da picada de mosquitos do gênero Anopheles. Homem: hospedeiro natural Causadores da malária: febre intermitente com calafrios e sudorese intensa Causadores da malária ESPÉCIES QUE PARASITAM O HOMEM Plasmodium vivax – terçã benigna Plasmodium falciparum – terçã maligna. Acessos febris mais rápidos. Plasmodium malariae – quartã benigna Plasmodium ovale – terçã benigna 36 – 48 horas acessos febris nas terçãs. Terçãs – três dias. Dois dias sem febre, terceiro dia com febre, e assim por diante. Vivax é o principal. IMPORTÂNCIA MÉDICA Gravidade: maior causa de morbi-morbidade Uma das mais importantes doenças parasitárias Alta prevalência: 270 milhões de indivíduos parasitados. 300 a 500 milhões de infectados/ano Mais de 1 milhão de óbitos/ano (principalmente crianças menores de 5 anos) Difícil controle: doença emergente e reemergente Globalização da doença Malária transfusional Malária importada Resistência aos inseticidas Resistência dos plasmódios às drogas Ausência da vacina Más condições de vida das populações expostas (moradia e trabalho). CICLO EVOLUTIVO A fêmea do mosquito Anopheles pica o ser humano. O esporozoítos cai na corrente sanguínea e vai procurar os hepatócitos, a partir dai começa a primeira fase. 1ª fase – Fase hepática ou exoeritrocítica – dura de 6 a 16 dias. Esporozoítos invadem os hepatócitos utilizando as enzimas que se encontram no seu complexo apical (parecido com o toxoplasma), que facilita a sua adesão e a sua internalização. Entra na célula por um mecanismo chamado de escorregamento. Sofre um processo de simplificação para poder viver dentro do hepatócito (perde as enzimas e o complexo apical). Tem uma forma arredondada que é chamada de criptozoíta. O criptozoíta vive no interior do hepatócito. Pode ficar nessa forma latente ou pode começar a sofrer processo de divisão chamado de esquizogonia (multiplicação dos núcleos dentro da célula), e são chamados de esquizonte hepático. Os esquizontes se dividem e formam os merozoítas. Quando os hepatócitos se rompem, os merozoítas são liberados na corrente sanguínea. Há a destruição de alguns merozoítos pelas células de Kupfer e os demais caem na corrente sanguínea. 2ª fase – Fase eritrocítica (Ciclo esquizogônico hemático) – Hepatócito destruído pelos protozoários. Os merozoítas invadem as hemácias, acabam perdendo o complexo apical e se transformam em trofozoítos (tende a ser uma forma arredondada). Os trofozoítos se transformam em esquizonte eritrocitário (através da esquizogonia eritrocitária), começa a multiplicação dos núcleos por esquizogonia e formam merozoítas de novo, que rompem a hemácia e vão para a circulação até invadir outra hemácia. Em algum momento não conhecido (SÓ ACONTECE EM HUMANOS) o trofozoíto, quando está na hemácia, se diferencia em gametócito (célula que tem potencial para se transformar em gameta). As fêmeas de Anopheles sugam hemácias com gametócitos, fazendo com que o ciclo tenha continuação. Quando chega no interior do intestino do mosquito, os gametócitos sobrevivem. Na forma esquizonte é ressintetizado o complexo apical. No rompimento das hemácias que ocorrem os picos febris. CICLO NO INVERTEBRADO ANOFELINO No tubo digestivo do mosquito o gametócito pode formar gametas masculinos e femininos. O gameta feminino é chamado de macrogameta e o gameta masculino é chamado de microgameta. Para a diferenciação em gameta masculino, a célula sofre 3 mitoses, formando 8 microgametas que são os gametas masculinos. Ocorre a fecundação formando o zigoto ou célula ovo, que sofre uma transformação adquirindo uma mobilidade, chamada de oocineto, que penetra na parede do tubo digestivo e, após a formação uma membrana de resistência é chamado de oocisto. Dentro do oocisto são formados vários núcleos que se diferenciam para formar vários esporozoítas. Os esporozoítos migram para as glândulas salivares, após romperem o oocisto. O mosquito pica o homem. CARACTERÍSTICAS GERAIS Habitat: hospedeiro vertebrado (humano): fase hepática e a fase sanguínea. Reservatório: vertebrados (humanos): contém os gametócitos. Hospedeiro vertebrado (intermediário): ciclo esquizogônico ou assexuado: homem. Hospedeiro invertebrado (definitivo): ciclo gametogônico, esporogônico ou sexuado: anofelino. HETEROXENO E ESTENOXENO (capaz de infectar uma ou poucas espécies), com potencial para eurixeno, mas ainda não é documentado. TRANSMISSÃO Vetorial Congênita (raro) Transfusional Transplante de órgãos Uso de drogas injetáveis Acidentes de laboratório Forma infectante para o homem: esporozoítos Forma infectante para o anofelino: gametócitos. FORMAS EVOLUTIVAS ESPOROZOÍTOS Organismos alongados 11 micrômeros Forma infectante para o hospedeiro vertebrado. Localização: probóscida e glândula salivar dos anofelinos fêmeas infectadas. Presença do complexo apical (forma infectante) Proteína “CS” circunsporozoítica OBS: hipnozoítas (P. vivax e P. ovale) – período de incubação longo. **O tempo que ele está se instalando no fígado é o tempo de incubação da doença. CRIPTOZOÍTA Células arredondadas unicelulares no interior dos hepatócitos Desaparece o aparelho apical Arredondado. ESQUIZONTE HEPÁTICO Aspecto irregular Citoplasma único e irregular Vários núcleos: esquizogonia. MEROZOÍTAS – Forma invasiva para as hemácias Aspecto piriforme Complexo apical ou conóide de penetração Presença de glicoproteínas na membrana citoplasmática externa. P. vivax: hemácias jovens (reticulócitos) – quando está na medula óssea. P. malariae: eritrócitos maduros P. falciparum: qualquer tipo de hemácia. TROFOZOÍTAS ESQUIZONTE ERITROCITÁRIO MEROZOÍTO OU ROSÁCEA Reestruturação: citoplasma próprio, complexo apical. GAMETÓCITOS Macrogametócitos: célula sexuada feminina Microgametócitos: célula sexuada masculina P. vivax: arredondados, citoplasma grande, núcleo único. P. falciparum: alongados, aspecto de meia lua ou banana. . MICROGAMETAS Gameta masculino Se forma no estômago do mosquito 3 mitoses: 8 núcleos filhos Exflagelação MACROGAMETAS Gameta feminino Se forma no estômago do mosquito Modificações discretas Cone atrativo ZIGOTO OOCINETO OOCISTO (Dentro do oocisto tem esporoblastóides que se transformam em esporozoítos). FORMAS EVOLUTIVAS FISIOLOGIA Esporozoítas podem viver durante meses nas glândulas salivares dos mosquitos, onde consemem principalmente glicose. Trofozoítas e esquizontes sanguíneos alimentam-se de algumas substâncias como a glicose e vitaminas do plasma. Também se alimentam da hemoglobina contida nas hemácias parasitadas. Neste caso há produção de hemozoína (pigmento malárico). VETOR Mosquito fêmea do gênero Anopheles conhecidos também como mosquito prego ou carapanã. No Brasil, as espécies mais importantes são: A. (N.) darlingi (Região amazônica), A. (N.) aquasalis (Região litorânea). A. (K.) cruzii já foi transmissor importante no litoral do Brasil. PATOGENIA Doenças sistêmicas Acomete a maioria dos órgãos do corpo Tríade clássica: febre, cefaleia e calafrio. Formas benignas. Formas graves. ATAQUE AGUDO DA MALÁRIA Acesso malárico: Calafrios (frio intenso, tremor generalizado e ranger dos dentes) Calor Sudorese Profundo mal estar (dores musculares, nas articulações, náusea, vômitos, dores abdominais, cefaleia, delírios, confusão mental) Febre alta e adinamia intensa Febre baixa, sintomas cessam, sensação de alívio e tranquilidade. PRINCIPAIS AÇÕES PATOGÊNICAS Anóxia – destruição das hemácias e consumo de hemoglobinas. Perturbações circulatórias – aderência das hemácias – terçã maligna Aumento da glicólise anaeróbia – hipoglicemia e acúmulo de ácido lático Acúmulo de pigmentos – hemozoína Antígenos parasitários – deposição de imunocomplexos locais ou generalizados. Ex: nefrite por P. malariae) ALTERAÇÕES ANATO E FISIOPATOLÓGICAS Anemia Número de hemácias Anóxia Quantidadede hemoglobina Aglutinação de hemácias Terçã maligna Pequenos trombos e êmbolos Baço dilatado e congesto e escruto Fase aguda Fígado congesto e aumentado Hepatomegalia Fase crônica Medula óssea: Congestão (hemácias parasitadas) Reação eritroblástica (reticulócitos) Hiperplasia do SFM Acúmulo de pigmento malárico Cérebro Congestão, edema, exsudato Anóxia, microembolias e tromboses capilares. **Altíssima taxa de mortalidade quando afeta o cérebro. PATOGENIA SINTOMAS Fase hepática: Dores de cabeça Mal estar Falta de apetite: anorexia Cansaço Dores pelo corpo Vômitos Fase eritrocítica: Anemia Acesso malárico ACESSOS MALÁRICOS 1ª fase – Calafrios intensos (15 min a 1 hora), palidez e fraqueza extrema. 2ª fase – calor e cefaleia intensa, picos febris – 39 a 41ºC – delírios, duração de 2 a 4 horas. 3ª fase – sudorese e queda de temperatura, passa a dor de cabeça e o mal-estar. FORMAS CLÍNICAS Plasmodium vivax – febre terçã benigna – ciclo febril a cada 48h. Plasmodium falciparum – febre terçã maligna – acessos febris de 36 a 48h. Plasmodium malariae – febre quartã – acessos febris a cada 72h. RECRUSCEDÊNCIAS E RECAÍDAS Plasmodium vivax – acessos a cada uma, duas ou mais semanas. Depois a parasitemia negativa Pode haver recrudescência. Recaída (P. vivax e P. ovale) Plasmodium falciparum – poucas recidivas a curto prazo Não há hipnozoítos Plasmodium malariae – recidiva devido à prolongada Persistência das formas eritrocitárias (sequestro de hemácias parasitadas no fígado). RECRUSCEDÊNCIA – Reaparecimento das manifestações em curto prazo. RECAÍDA – Reaparecimento após meses ou anos de evolução silenciosa do parasitismo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS GRAVES LACTENTES E CRIANÇAS Anemia progressiva Retardo no desenvolvimento físico e mental Convulsões Malária cerebral Alta mortalidade GESTANTES (placenta e imunossupressão) Hipoglicemia grave e hipotensão Eclâmpsias e toxemias nefríticas Prematuridade, baixo peso ao nascer Aborto, natimortalidade Morte materna VIAJANTES NÃO IMUNES OU TRABALHADORES DE ÁREAS ENDÊMICAS. MALÁRIA GRAVE POR Plasmodium falciparum Hiperparasitemia (mais de 5% das hemácias) Malária cerebral Anemia grave Icterícia Disturbios hidroeletrolíticos e ácido-base Insuficiência renal Hipertermia (> 39ºC) Vômito Colapso circulatório MALÁRIA CEREBRAL 10% dos casos com infecção por Plasmodium falciparum = 80% dos óbitos por malária. Dor de cabeça Febre Confusão mental Sonolência Vômitos Diarreia Desidratação Convulsões Coma Evolução rápida FEBRE HEMOGLOBINÚRICA Complicação rara da terça maligna (falciparum) Tratamento com quininca e primaquina Crises hemolíticas Hemólise intravascular Hemoglobinúria Febre Prostração Choque Anemia Icterícia NEFROPATÍAS MALÁRICAS Glomerulonefrite Síndrome Nefrótica Deposição de imunocomplexos Malária quartã MECANISMOS DE RESISTÊNCIA AO PARASITA Mecanismos naturais – os habitantes da Áfica Ocidental são refratários ao Plasmodium vivax Presença de hemoglobinas anormais (pessoas com anemia falciforme não tem malária) Mecanismos imunológicos – a imunidade na malária é específica para cada espécie de parasita e para cada estado evolutivo de um mesmo parasita. Idade do paciente – alta mortalidade em crianças com menos de 5 anos de idade. Estado nutricional DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO Quando o exame parasitológico não puder ser feito, ou der negativo, apesar das razões que mantêm a suspeita: Febre com caráter intermitente Anemia hipocrômica Baço aumentado e doloroso Residência ou procedência de zona endêmica Resposta favorável e rápida a antiinflamatórios. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Gota espessa Esfregaço ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DAS HEMÁCIAS PARASITADAS Superfície irregular (crenócito – hemácia crenada) Adesividade Rolamento Sequestro de hemácias Trombos Destruição das hemácias Eritrócitos parasitados são maiores e mais claros. TESTE IMUNOLÓGICO E MOLECULAR Teste imunológico rápido para detecção do antígeno PCR TRATAMENTO OBJETIVO DO TRATAMENTO Interromper o ciclo das formas sanguíneas (esquizogonia sanguínea), responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção; Cloroquina, Artesunato, Mefloquina, Quinino. Destruir as formas hepáticas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias; Primaquina Interromper a transmissão do parasita, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitas (gametócitos) Primaquina DECISÃO SOBRE O TRATAMENTO Deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos: Espécie de plasmódio infectante, pela especificidade dos esquemas terapêuticos a serem utilizados; Idade do paciente; História de exposição anterior à infecção; Condições associadas, tais como gravidez e algumas comorbidades; Gravidade da doença, pela necessidade de hospitalização e de tratamento com esquemas especiais de antimaláricos. ESQUEMA DE TRATAMENTO MEDIDAS PROFILÁTICAS Individual Evitar a aproximação às áreas de risco após o entardecer e logo ao amanhecer do dia. Uso de repelentes, dormir com mosquiteiros, telas em janelas e portas. Diagnóstico e tratamento Uso de quimioterápicos Coletivas Controle – reduzir a incidência da doença em determinadas áreas Medidas de combate ao vetor Medidas de combate às larvas Tratamento dos doentes Medidas de saneamento básico.
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