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ATLAS DE CILINDROS E CRISTAIS PRESENTES NA URINA PROFª: SIMONE MALHEIROS DE CASTRO RICAS AGUSTINHA FREITA RA: 201403285772 ELIZABETH PERALTA RA: 201402254636 EVERTON COUTINHO RA: 201403356386 Campo grande 2018 CILINDROS São exclusivamente renais e formam-se em especial no interior da luz do túbulo contornado distal e do ducto coletor. O principal componente dos cilindros é a proteína de Tamm-Horsfall, uma mucoproteína secretada somente pelas células tubulares renais. Seu aparecimento na urina é influenciado pelos materiais presentes no filtrado no momento de sua formação, pelo período em que permanecem no túbulo, pela presença de íons e do pH. O tamanho dos cilindros pode variar em função do diâmetro do túbulo no qual foram formados. Cilindros largos, por exemplo, indicam a formação em túbulos renais dilatados ou em túbulos coletores. O achado de muitos cilindros céreos indica prognóstico desfavorável. Assim, cada um dos tipos encontrados no sedimento representa diferentes condições clínicas. Cilindros hialinos São os mais comumente observados na urina, compostos primariamente por uma matriz homogênea de proteína de Tamm-Horsfall. A presença de 0 a 2 por campo de pequeno aumento é considerada normal, assim como quantidades elevadas em certas situações fisiológicas, como exercício físico intenso, febre, desidratação e estresse emocional. Cilindros hialinos se formam devido ao acúmulo de um tipo de proteína, a de Tamm-Horsfall, uma mucoproteína secretada somente pelas células tubulares renais. Formados apenas de proteínas possuem um índice de refração muito baixa. São incolores, homogêneos e transparente, e geralmente têm extremidades arredondadas.A morfologia dos cilindros hialinos é variável formas normais,enrugadas e contorcidas; o enrugamento e a contorção parecem ser devidos ao envelhecimento do cilindro. Cilindros hemáticos Estão associados à doença renal intrínseca. Suas hemácias são freqüentemente de origem glomerular, como na glomerulonefrite, mas podem também resultar de dano tubular, como na nefrite intersticial aguda. A detecção e o monitoramento dos cilindros hemáticos permitem uma medida da avaliação da resposta do paciente ao tratamento. Cilindros hemáticos. São também encontrados no exercício físico intenso, nefrite lúpica e hipertensão maligna. Cilindros leucocitários Indicam infecção ou inflamação renal e exigem investigação clínica. Quando a origem dos leucócitos é glomerular, como na glomerulonefrite, encontra-se no sedimento grande quantidade de cilindros leucocitários e de cilindros hemáticos. Quando é tubular, como na pielonefrite, os leucócitos migram para o lúmen tubular e são incorporados à matriz do cilindro. Indicam infecção ou inflamação renal e necessitam de investigação clínica. Cilindros de células epiteliais Têm origem no túbulo renal e resultam da descamação das células que os revestem. São encontrados após exposição a substâncias nefrotóxicas ou podem estar associados a infecções virais, como citomegalovírus. São, muitas vezes, observados em conjunto com cilindros de hemácias e leucócitos. A presença de células epiteliais na urina não é sinal de doença. Trata-se apenas de uma observação do resultado do exame de urina, sem relevância clínica. A presença delas na urina é considerada normal, sendo mais comum ocorrer em mulheres.As células epiteliais são as células do trato urinário. O fato delas estarem presentes na urina significa apenas que essas células descamaram e foram levadas pela urina ao passar pelo canal urinário.Portanto, células epiteliais na urina são apenas o resultado da descamação natural que ocorre no trato urinário, assim como acontece na pele, por exemplo. A presença delas só é relevante quando se agrupam em forma de cilindro (cilindros epiteliais). Cilindro Granuloso ou Granulares: Estes cilindros são oriundos da desintegração de cilindros celulares que permanecem nos túbulos devido à estase urinária, ou podendo ser resultantes de restos de leucócitos e bactérias. Normalmente aparecem 1 ou 2 por campo e são finos e grosseiros. Os cilindros granulosos podem apresentar granulações finas grossas. Os grânulos que constituem parte do cilindro são restos de vários tipos de células. Podem ser observados cilindros granulosos, juntamente com cilindros hialinos, após períodos de estresse ou a prática de exercícios extenuantes. Os grânulos podem ter origem não patológica ou patológica. Os grânulos de origem não patológica podem ser lisossomas, os quais são excretados, normalmente, em pequena quantidade pelas células tubulares renais, após o estresse e a realização de exercícios vigorosos sua excreção se encontra aumentada. Os grânulos de origem patológica podem ser resultantes da desintegração de cilindros celulares e de células tubulares renais, ou ainda agregados protéicos filtrados pelos glomérulos.A observação de cilindros granulosos no sedimento urinário se constitui na verificação de importante marcador da ocorrência de necrose tubular aguda que por sua vez está relacionada com patologias como pielonefrite, infecções virais, doença glomerulointersticial crônica decorrente de envenenamento e rejeição de transplante renal. Cilindros céreos Representam a destruição final dos grânulos que aderem à matriz do cilindro. A presença de cilindros céreos indica extrema estase urinária. Os cilindros céreos, ao contrário dos cilíndros hialinos, apresentam acentuada refringência, o que facilita em muito sua visualização ao microscópio. Segundo Mc Bride (1997), podem representar a fase final da dissolução dos grânulos observados nos cilindros granulosos. Neste sentido, tendo em vista que a degradação desses grânulos não ocorre rapidamente a sua observação no sedimento urinário se constitui em importante indicação da ocorrência de obstrução dos néfrons e por conseguinte oligúria. A presença de cilindros céreos no sedimento urinário está relacionada com atrofia e ou dilatação tubular avançada associada com doenças renais em estágio avançado como ocorre no caso de inflamação e degeneração tubular, falência renal crônica e rejeição a transplante. Entretanto, Heintz e Althof (1993) afirmam que estes cilindros são formados de proteínas plasmáticas e que estas em determinadas condições sofrem desnaturação na luz dos túbulos renais. CILÍNDROS GORDUROSOS Os cilindros gordurosos ou graxos são cilindros que apresentam inclusões de gordura ou corpúsculos ovais graxos, que são células tubulares renais que apresentam gotículas de gordura reabsorvidas como inclusões citoplasmáticas. A presença destes cilindros no sedimento urinários está relacionada com a ocorrência de distúrbios renais avançados em que se verifica lipidúria como, por exemplo, a síndrome nefrótico. Entretanto os cilindros gordurosos podem, também estar presentes no sedimento urinário de pacientes com diabetes melito e de pacientes com nefrose tóxica por envenenamento com polietilenoglicol ou mercúrio, por exemplo. Cristais na Urina Os cristais na urina são geralmente formadas devido à ingestão insuficiente de água, uma dieta rica em proteínas ou alterações no pH da urina. Cristais na urina indica que algo está errado com o sistema urinário. Cristais de ácido úrico Os estados patológicos em que se encontram aumentados no sangue são: Gota, metabolismo das purinas aumentado, pode ocorrer em enfermidades febris agudas e nefrites crônicas.Os cristais monocinéticos são diamantados ou cilíndricos, que geralmente são tingidos de amarelo a uma cor laranja-marrom. Eles podem ser encontrados em urina normal, mas eles também podem se formar quando você tem urolitíase ou gota. Este tipo também pode estar presente durante o tratamento com certos medicamentos. O ácido úrico é um subproduto da digestão proteica. Uma dieta rica em proteínas pode aumentar a excreção de ácido úrico na urina. Os cristais de urato são uma forma de sal, geralmente consistindo em ácido úrico + cálcio ou sódio. Os cristais de urato podem ter a forma de uma agulha e tambémpodem ser associados à gota. Cristais de trifosfato Os cristais trifásicos de fosfato consistem em fosfato de amônio e magnésio. Eles são chamados de cristais de estruvita. Estes são incoloros e têm a forma de prismas retangulares. Geralmente são formados na urina com um pH neutro ou alcalino. Os cristais de fosfato triplo são normais, mas geralmente são associados a infecções urogenitárias. Algumas bactérias que causam infecções do trato urinário tendem a tornar a urina mais alcalina e a aumentar a concentração de amônia, resultando na formação desses cristais. Cristais de oxalato de cálcio: Se grande quantidade de cristais de oxalato de cálcio estiver presente em urina recém-emitida, deve-se suspeitar de processo patológico como intoxicação pelo etilenoglicol, diabetes mellitus, doença hepática ou enfermidade renal crônica grave. A ingestão de grande quantidade de vitamina C pode promover o aparecimento desses cristais na urina, pois o ácido oxálico é um derivado da degradação do ácido ascórbico e produz a precipitação de íons de cálcio. Essa precipitação pode dar lugar também a uma diminuição no nível de cálcio sério. Cristais de urato amorfo: Numerosos na urina fortemente ácida. Como o ácido úrico, só se apresentam como componentes normais nos carnívoros. Aparecem como sais de urato ( sódio, potássio, magnésio e cálcio). Não apresentam significado clínico. O urato amorfo é um cristal normal da urina ácida que é comum nas urinas concentradas e de pH ácido, principalmente após o resfriamento da amostra. Podem ser solubilizados com aquecimento ou por adição de NaOH a 10%. Cristais de ácido hipúrico: Sem significado clínico. Cristais de cistina: A presença desses cristais tem sempre significado clínico, como na cistinose, cistinúria congênita, insuficiente reabsorção renal ou em hepatopatias tóxicas. São cristais que aparecem em urina ácida, em forma de lâminas hexagonais, incolores, refringentes. Como têm semelhança com os cristais de ácido úrico, a distinção entre ambos pode ser feita através da microscopia de luz polarizada, uma vez que os de ácido úrico são muito birefringentes enquanto que os de cistina não se polarizam. Ambos são solúveis em água amoniacal, mas enquanto a cistina se dissolve em ácido clorídrico diluído, o ácido úrico é insolúvel. A sua presença é indicativa de cistinúria, um defeito metabólico no transporte tubular de aminoácidos (cistina, lisina, arginina e ornitina). Os pacientes com cistinúria apresentam tendência para a formação de cálculos renais. Cristais de leucina: Tem significado patológico importante como em enfermidades hepáticas em fase terminal, como a cirrose, hepatite viral, atrofia amarela aguda do fígado e em severas lesões hepáticas provocadas por envenenamento porfósforo, tetracloreto de carbono ou clorofórmio. Nas doenças hepáticas, estão normalmente associados a cristais de tirosina. Cristais de tirosina: Aparecem em enfermidades hepáticas graves ou em tirosinose. São de ocorrência rara em urina ácida mas, quando presentes podem indicar doençahepática grave. Têm o formato de agulhas finas, incolores, podendo se agrupar em rosetas. Apresentam solubilidade em ácido clorídrico diluído e em hidróxidos de potássio e amônio, mas são insolúveis em álcool e éter. Cristais de colesterol: Seu aparecimento indica uma excessiva destruição tissular e em quadros nefróticos, como também na quilúria, está em consequência da obstrução a nível torácico ou abdominal da drenagem linfática, ou por ruptura de vasos linfáticos no interior da pélvis renal ou no trato urinário. Cristais de sulfa ou outros medicamentos: As novas sulfas são muito solúveis em meio ácido; por isso, atualmente não se observam mais estes cristais na urina. A maioria, quando ocorre tem aparência de agulhas em grupos, unida de forma concêntrica, de cor clara ou castanha. Cristais de fosfato triplo (fosfato amoníaco-magnesiano): Podem ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica, hipertrofia de próstata e retenção vesical. Aparecem também em urinas normais. Cristais de biurato de amônio: Urato ou biurato de amônio pode aparecer em urinas alcalinas, ácidas ou neutras. São corpos esféricos castanhos amarelados, com espículas longas e irregulares. São patogênicos se aparecem em urina recém-emitida, como ocorre em doenças hepáticas. Podem ocorrer em doenças hepáticasSão solúveis aquecendo a urina ou acrescentando o ácido acético e, se ficar em repouso, formam cristais de ácido úrico.A precipitação de solutos depende do pH urinário e da solubilidade e concentração do cristaloide. Cristais de origem medicamentosa Para uma correta identificação dos cristais urinários é muito importante a verificação dos medicamentos e tratamentos a que o paciente possa estar fazendo. Na urina podem ser observados vários cristais de origem medicamentosa, como: sulfadiazina, sulfametaxasol, ampicilina, aspirina, contraste radiológico, etc. Cristais corretamente identificados no sedimento devem ser liberados no resultado do exame com a respectiva identificação. Quando a identificação não for possível, liberar o resultado do exame da seguinte maneira: Presença de cristais de substância não identificada. Cristais de leucina São cristais de ocorrência muito rara em urinas ácidas. Têm o formato de esferas castanho-amareladas com estrias radiais e círculos concêntricos. Assim como os cristais de tirosina, a sua presença no sedimento pode indicar doença hepática grave e defeitos do metabolismo de aminoácidos. Cristais de colesterol São cristais com formato de placas retangulares e incolores e de ocorrência muito rara. São solúveis em clorofórmio e éter. A visualização pode ser melhorada com o uso de luz polarizada. A presença no sedimento urinário de cristais de colesterol juntamente com corpos graxo-ovais e cilindros granulosos é indicativa de síndrome nefrótica. Cristais de bilirrubina São cristais em forma de agulhas e cunhas, de cor marrom-avermelhada que podem ser eliminados em casos de doenças hepáticas em que o nível de bilirrubina plasmática está alto.