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27/03/2018 1 Imperfeições nos Sólidos Cristalinos Profa. Dra. Juliana Fonseca 1. Introdução Sólidos não são perfeitos em sua microestrutura: - muitas propriedades estão relacionadas a estes defeitos; - frequentemente defeitos são induzidos propositalmente nos materiais. Defeito cristalino: - Uma irregularidade na rede cristalina da ordem de um diâmetro atômico em uma ou mais de suas dimensões. Classificação dos defeitos cristalinos em função da dimensão em que ocorrem: - Defeito pontual (0 – D); - Discordâncias (1 – D); - Defeitos interfaciais ou de fronteira (2 – D); - Defeitos em volume (3 – D). 27/03/2018 2 • Exemplos de Efeitos da Presença de Imperfeições 1. Introdução O processo de dopagem em semicondutores visa a criação de imperfeições para mudar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material. 1. Introdução 27/03/2018 3 • Prata pura = Muito mole. • 92,5% Ag + 7,5% Cu Prata mais dura! 1. Introdução 2. Defeitos Pontuais • Vazios/Vacâncias/Lacunas: sítios atômicos vagos na estrutura cristalina. • Intersticiais: átomos extras ocupando posições entre os sítios atômicos. • Substitucionais: átomos de elementos “estranhos” inseridos na rede cristalina. 27/03/2018 4 Lacunas / Vacâncias / Vazios • Envolve a falta de um átomo • São formados durante a solidificação do cristal ou como resultado das vibrações atômicas (os átomos deslocam-se de suas posições normais) 2. Defeitos Pontuais O número de vacâncias aumenta exponencialmente com a temperatura Nv = número de vacâncias N = número total de sítios atômicos Qv = energia requerida para formação de vacâncias k = constante de Boltzman (1,38x1023J/at.K ou 8,62x10-5 eV/ at.K) 8 Nv= N exp (-Qv/kT) 2. Defeitos Pontuais 27/03/2018 5 Calcule o n° de lacunas em equilíbrio por m3 de cobre a 1000 °C. A energia para a formação de uma lacuna é de 0,9 eV/átomo; a massa atômica do cobre (A) = 63,5 g/mol; d1000°C = 8,4 g/cm 3. kT Q expNN vv Cu A A N N 563 104810026 623 , ,, N 3281008 m/átomos,N cm3/m3 273110628 90 1008 5 28 ., , exp,Nv 25 32,2 10 /vN lacunas m 2. Defeitos Pontuais Auto Intersticiais • Envolve um átomo extra no interstício (do próprio cristal) • Produz uma distorção no reticulado - o átomo geralmente é maior que o espaço do interstício. • A formação de um defeito intersticial induz distorções relativamente grandes - menos provável que uma vacância. 2. Defeitos Pontuais 27/03/2018 6 Frenkel • Ocorre em sólidos iônicos (materiais cerâmicos); • Ocorre quando um íon sai de sua posição normal e vai para um interstício. 2. Defeitos Pontuais - Cerâmicas Schottky • São vacâncias encontradas em compostos envolvendo a falta de um par de íons de cargas opostas, onde o balanço de cargas é mantido. • Ocorre nos materiais cerâmicos (sólidos iônicos). • Composto por uma lacuna de um cátion e uma de um ânion. • A razão entre o número de cátions e o de ânions é mantida. 2. Defeitos Pontuais - Cerâmicas 27/03/2018 7 Impurezas nos Sólidos 2. Defeitos Pontuais 2. Defeitos Pontuais 27/03/2018 8 Solução Sólida • O tipo mais simples de liga. • Sólido constituído por dois ou mais elementos dispersos atomicamente numa única fase. • Geralmente em soluções sólidas usam-se os seguintes termos: Solvente – elemento presente em maior quantidade; Soluto – elemento presente em menor quantidade. A presença de impurezas substitucionais gera uma mistura entre os átomos das impurezas e os do material, gerando uma solução sólida. Água Álcool Solução Líquida Mistura a nível molecular = Solvente = Soluto Solução Sólida 27/03/2018 9 Solução Sólida Solução Sólida 27/03/2018 10 Solução Sólida - Substitucional FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DE SOLUÇÕES SÓLIDAS SUBSTITUCIONAIS - REGRA DE HUME-ROTHERY Raio atômico deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase. Estrutura cristalina a mesma Eletronegatividade próximas Valênciamesma ou maior que a do hospedeiro. Se uma ou mais regras forem violadas: Solubilidade Parcial 27/03/2018 11 EXEMPLO DE SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUCIONAL •Cu + Ni Cu Ni Raio atômico 0,128nm=1,28 A 0,125 nm=1,25A Estrutura CFC CFC Eletronegatividade 1,9 1,8 Valência +1 (às vezes +2) +2 27/03/2018 12 Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os espaços dos interstícios; Ocorre quando a impureza apresenta raio atômico bem menor que o hospedeiro; Como os materiais metálicos têm, geralmente, fator de empacotamento alto, as posições intersticiais são relativamente pequenas; Geralmente, no máximo 10% de impurezas são incorporadas nos interstícios. INTERSTICIAL Solução Sólida - Intersticial rC= 0,071 nm= 0,71 A rFe= 0,124 nm= 1,24 A Fe + C solubilidade máxima do C no Fe é 2,1% a 910 °C (Fe CFC) O C tem raio atômico bastante pequeno se comparado com o Fe. Solução Sólida - Intersticial 27/03/2018 13 • O diâmetro atômico de uma impureza intersticial deve ser significativamente menor do que o diâmetro dos átomos hospedeiros; • Concentração máxima de átomos de impureza inferior a 10%; • Introduzem alguma deformação na rede cristalina sobre os átomos hospedeiros adjacentes; • Como os materiais metálicos têm geralmente fator de empacotamento alto as posições intersticiais são relativamente pequenas. Ex.: carbono e ferro Solução Sólida - Intersticial RESUMO: DEFEITOS PONTUAIS Vacância Átomo Intersticial Átomo substitucional pequeno Átomo substitucional grande Defeito Frenkel Defeito Schottky 27/03/2018 14 DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS Os defeitos em linha, também chamados de discordâncias são imperfeições que causam a distorção da rede cristalina em torno de uma linha e caracterizam-se por envolver um plano extra de átomos. DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS 27/03/2018 15 DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS DISCORDÂNCIAS EM ARESTA 27/03/2018 16 DISCORDÂNCIAS EM ARESTA É formada por uma tensão cisalhante que é aplicada: a região anterior superior do cristal é deslocada uma distância atômica para a direita em relação à fração inferior. DISCORDÂNCIA EM ESPIRAL 27/03/2018 17 DISCORDÂNCIA EM ESPIRAL DISCORDÂNCIA EM HÉLICE NA SUPERFÍCIE DE UM MONOCRISTAL DE SiC. AS LINHAS ESCURAS SÃO DEGRAUS DE ESCORREGAMENTO SUPERFICIAIS. (Fig. 5.3-2 in Schaffer et al.). VETOR DE BURGER • Dá a magnitude e a direção de distorção da rede • Corresponde à distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância 27/03/2018 18 Discordâncias mistas: características de discordância aresta e espiral. Discordância mista DISCORDÂNCIA MISTA OBSERVAÇÃO DAS DISCORDÂNCIAS • Diretamente Microscopia eletrônica de transmissão (TEM) • Indiretamente Microscopia eletrônica de varredura (SEM) e microscopia óptica (após ataque químico seletivo) 27/03/2018 19 DISCORDÂNCIAS NO TEM DISCORDÂNCIA VISTA NO SEM Plano (111) do InSb Plano (111) do GaSb 27/03/2018 20 DEFEITOS INTERFACIAIS Corresponde à região que separa dois ou mais cristais de orientação diferente. No interior de cada grão todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e única orientação, caracterizada pela célula unitária. INTERFACIAIS: CONTORNO DE GRÃO 27/03/2018 21 GRÃOS VISTOS NO MICROSCÓPIO ÓTICO O tamanho de grão influi nas propriedades dos materiais MACLAS OU CRISTAISGÊMEOS • É um tipo especial de contorno de grão. • A macla ocorre num plano definido e numa direção específica, dependendo da estrutura cristalina. Os átomos em um dos lados do contorno estão localizados em posições de imagem em espelho dos átomos no outro lado do contorno; é um tipo especial de contorno de grão 27/03/2018 22 ORIGENS DOS MACLAS OU CRISTAIS GÊMEOS • O seu aparecimento está geralmente associado com a presença de: - tensões térmicas e mecânicas - impurezas etc. A região de material entre esses contornos é chamada macla e o plano cristalográfico de simetria entre as regiões deformada e não deformada é chamado plano de maclação. IMPERFEIÇÕES VOLUMÉTRICAS - Inclusões Impurezas estranhas - Precipitados são aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz. - Fases formam-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorrem quando o limite de solubilidade é ultrapassado). - Porosidade originam-se devido à presença ou formação de gases. • São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componente. 27/03/2018 23 INCLUSÕES DE ÓXIDO DE COBRE (Cu2O) EM COBRE DE ALTA PUREZA (99,26%) LAMINADO A FRIO E RECOZIDO A 800 °C. INCLUSÕES POROSIDADE Os poros são originados devido à presença ou à formação de gases. 27/03/2018 24 ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO A composição (ou concentração) de uma liga em termos dos seus elementos constituintes pode ser expressa das seguintes formas: Porcentagem em massa (m/m%): é a massa de um elemento específico em relação à massa total da liga 100 21 1 1 mm m C m1 : massa do elemento 1. m2 : massa do elemento 2. Porcentagem atômica (a/a%): número de mols de um elemento em relação ao número total de mols de todos os elementos da liga. Número de mols 1 1 1 A m nm massa (em g) massa atômica 100 21 1 1 mm m nn n C ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO 27/03/2018 25 CONVERSÕES ENTRE COMPOSIÇÕES Conversão de porcentagem em massa para porcentagem atômica (e vice-versa) para uma liga com 2 elementos 100 1221 21 1 ACAC AC C 100 1221 12 2 ACAC AC C 100 2211 11 1 ACAC AC C 100 2211 22 2 ACAC AC C 100 100 21 21 CC CC EXEMPLO Determine a composição, em porcentagem atômica, de uma liga de 97 m/m% Al e 3 m/m% Cu. AAl = 26,98 g/mol e ACu = 63,55 g/mol. 100 1221 21 1 ACAC AC C 100 AlCuCuAl CuAl Al ACAC AC C 100 98263556397 556397 ,, , CAl %a/a,CAl 798 100 CuAlAlCu AlCu Cu ACAC AC C 100 55639798263 98263 ,, , CCu %a/a,CCu 301
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