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INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL MESTRADO EM TECNOLOGIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISCIPLINA: CIÊNCIA DOS MATERIAIS PROFESSOR: JULIANO TONIOLLO NOME: FELIPE RUFATTO Lista de Exercícios – Capítulo 4 – Ciências dos Materiais 20. Para o cobre: qual é o espaçamento de repetição (vetor de Burgers) dos átomos na direção [211]? No cobre a estrutura cristalina é CFC e a direção dada é a diagonal que passa por dois cubos. Raio do Cu = 0,128A CFC=> a 0 = (4 x raio atômico) /√2 a0 = (4 x 0 ,128A )/√ 2 a0 =0,51 2A / 1 ,4141 a0 = 0,36207A Espaçamento de repetição = a 0 /√ (X²+Y²+Z²) = 0,36207/√(4 +1 +1) = 0,36207/2,449 5 = 0,1477ª 21. Como podem apresentar-se os compostos cerâmicos de estrutura AX? Descreva-os. Os materiais cerâmicos comuns são aqueles em que existem números iguais de cátions e ânions, são denominados AX onde A representa o cátion e X representa o ânion, nas estruturas AX os cátions ocupam quatro das 8 posições intersticiais tetraedais possíveis e os íons se tocam pela diagonal do tubo. 22. Como podem apresentar-se os compostos cerâmicos de estrutura AmXp? Descreva-os. Nas estruturas AmXp existe uma relação de um cátion para cada 2 ânions, cada átomo A tem oito vizinhos X, a estrutura é cúbica de face centrada e este composto cerâmico apresenta 8 interstícios octaédricos ocupados, os locais octaédricos ocupados mantém a neutralidade devido a valência. 23. Como podem apresentar-se os compostos cerâmicos de estrutura AmBnXp? Descreva-os. A estrutura AmBnXp apresenta um óxido duplo com dois cátions, a sua estrutura é mais complexa devido a presença de um átomo na célula unitária, esta estrutura por ser usada em materiais magnéticos não metálicos aplicados em componentes eletrônicos. 24. Defina a constante de Madelung. Qual é seu significado físico? A constante de Madelung é utilizada para se determinar a contribuição do potencial eletrostático na energia de ligação de cristais iônicos. Ela caracteriza o efeito eletrostático líquido de todos os íons na rede cristalina. Devido às cargas opostas, cátions e ânions se atraem mutuamente num sólido iônico, criando uma energia de ligação. Para que estes íons sejam separados, uma certa quantidade de energia deve ser fornecida ao cristal, sendo suficiente para que quebrar a ligação ânion-cátion. Esta energia é denominada energia de rede. 25. Baseado na razão entre os raios e a necessidade de balanço de cargas da estrutura cúbica, qual o arranjo atômico do CoO? 0,65<r/R<1,67 r/R=0,389 De acordo com as tabelas do item 3.6.3, o CoO pode ter arranjo atômico CFC ou HC. 26. Baseado no raio iônico, determine o número de coordenação esperado para os seguintes compostos: a)FeO b)CaO c)SiC d)PbS e)B2O3 a) FeO r/R=0,65/1,72 = 0,378 Assim, NC=4 b) CaO r/R=0,65/2,23 = 0,291 Assim, NC=4 c) SiC r/R=0,91/1,46 = r/R=0,62 Assim, NC=6 d) PbS r/R=1,09/1,81 = 0,602 Assim, NC=6 e) B2O3 r/R=0,65/1,17 = 0,555 Assim, NC=6 27. Calcule a densidade do composto CdS. r(S) = 1,09 R(Cd) = 1,71 r/R = 0,148/0,184 r/R = 0,804 NC = 8 CS(cubico simples) A0 = (2R+2r) A0 = (2*0,184+2*0,148) A0 = 0,664 Massa célula unitária = 2,4X10-22g Volume célula unitária = 0,292 Ρ = 2,4*10-22g/0,664*10-27m3 ρ = 3,61*105g/m3 ou 0,361g/cm3 28. Descreva a estrutura cristalina do Al2O3. Estrutura do tipo AX2 onde 2/3 dos locais tetraédricos estão ocupados por Al+3, este composto mantém sua neutralidade elétrica devido a valência. 29. Descreva a estrutura cristalina tipo perovskita. Cite um exemplo. É uma estrutura do tipo AnBmXp que possui um óxido duplo com dois cátions, sua estrutura é mais complexa devido a presença de mais um átomo. Ex.: CaTiO3. 30. Descreva a estrutura cristalina tipo espinélio. Cite um exemplo. A estrutura do espinélio é formada por dois metais de valência diferentes onde um forma um interstício tetraédrico e outro um interstício octaédrico o ânion forma a rede CFC, um exemplo é o FeAl2O4. 31. Descreva a estrutura cristalina “cúbica tipo diamante”. Cite exemplos de materiais que cristalizam nessa estrutura. A estrutura cristalina do diamante é característica pela ocupação dos interstícios, por ser totalmente covalente e sua forma é metaestável, seus átomos se tocam pela diagonal do cubo, são exemplos de materiais que cristalizam com esta estrutura o Ge, o Si e o Pb. 32. Comente a cristalinidade de materiais poliméricos. O estado cristalino pode existir nos materiais poliméricos, entretanto uma vez que os polímeros envolvem moléculas em lugar de apenas átomos ou íons, como ocorre com os metais e cerâmicas, os arranjos atômicos serão mais complexos no caso dos polímeros, a cristalinidade em polímeros é o empacotamento ou a compactação das cadeias poliméricas, de tal modo que produzem uma matriz atômica ordenada, um polímero nunca é 100% cristalino, ele pode chegar até 95% de cristalinidade e é formado por regiões cristalinas e regiões amorfas, as regiões cristalinas normalmente estão envolvidas por uma matriz amorfa composta por células com orientação aleatória. 33. Descreva a estrutura não-cristalina dos vidros. O que são pontes-de- oxigênio e modificadores de redes? A estrutura do vidro possui unidades estruturais repetitivas, não tem ordem nem na primeira vizinhança, o que torna a estrutura não cristalina, os vidros inorgânicos à base de sílica, aos quais foram adicionados outros óxidos, como o CaO e o Na2O, estes óxidos adicionados não formam redes poliédricas, ao contrário, seus cátions são incorporados no interior através de pontes de oxigênio e modificam a rede, por esta razão estes aditivos óxidos são chamados de modificadores de rede. 34. Como pode-se obter informações sobre estrutura cristalina de materiais a partir da difração de raio-X? A luz visível tem comprimento de onda da ordem de 1000nm, quando um feixe de raios X é dirigido à um material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal, na interferência construtiva, com feixes em fase, a diferença no comprimento da trajetória dos feixes do raio-X adjacentes é um número inteiro de ү, através dos valores obtidos pode-se chegar as informações sobre a estrutura cristalina dos materiais. 35. Nos exercícios em que você calculou a densidade teórica de metais ou compostos, esta difere dos valores que você obtém na prática analisando sólidos mesmo com porosidade nula. A que se deve a diferença? E qual sua consequência? A diferença entre o valor teórico e o valor real de densidade, podem ser diferentes devido aos defeitos cristalinos presentes nos materiais, oriundos do processamento ou da presença de inclusões. Também pode estar associada a impurezas. A consequência destes defeitos, poderá influenciar diretamente na perda de propriedades do material. 36. Que tipo de defeitos podem ocorrer num cristal. Quais são os defeitos pontuais? Descreva-os. Pode haver defeitos pontuais, lineares, planares, volumétricos. Nos defeitos pontuais podem ocorrer vacâncias, átomos intersticiais, átomos substitucionais, defeito Frenkel e Schottky. Lacunas/vacâncias são locais vagos na rede cristalina onde deveria haver um átomo. Podem resultar em um empacotamento imperfeito na solidificação inicial. Átomos intersticiais é um átomo que encontra – se comprimido em um sítio intersticial, que é um pequeno espaço que em condições normais não deveria estar ocupado. O átomo é abrigado pela estrutura cristalina, principalmente quando ela tem baixo fator de empacotamento. Átomos substitucionais é quando um átomo é deslocado de sua posição original por outro podendo se separar ou se aproximar dos átomos de rede dependendo do seu tamanho. Para compostos iônicoso defeito Frenkel é quando um íon se desloca de sua posição na rede (forma uma lacuna) para uma posição intersticial. O defeito Schottky forma lacuna de um par de íons, mantendo o equilíbrio de cargas. 37. Classifique os defeitos pontuais quanto à forma, origem e estequiometria. Forma: vacâncias - falta de um átomo na rede cristalina. Resulta de empacotamento imperfeito na solidificação ou das vibrações térmicas dos átomos. Átomos intersticiais e substitucionais: quando um átomo é abrigado dentro de uma rede cristalina ou é deslocado para outra posição, causando distorções na rede, aproximando ou separando os átomos da rede. Schottky: um par de íons se desloca e forma a lacuna, mantendo o equilíbrio iônico. Frenkel: um íon se desloca de sua posição, forma uma lacuna e vai para uma posição intersticial. Origem do defeito: Intrínseco: surgem pelo efeito da temperatura (vacâncias Frenkel, Schottky). Já estão presentes no material, termodinamicamente falando. Extrínseco: não estão presentes no material. São adicionados, através de impurezas, dopantes. Não estequiométrico: sub – rede de cátions ou sub – rede de ânions. 38. O que são defeitos: a) não – estequiométricos? São defeitos que provocam mudança na composição química do material. Formam sub redes de cátions e sub redes de ânions, estes defeitos podem ser dominantes, compensadores, e podem gerar deficiência no metal ou metal em excesso, respectivamente. 39. O que são defeitos extrínsecos e intrínsecos? Defeitos intrínsecos surgem no material apenas pelo efeito da temperatura e defeitos extrínsecos vêm de fora do cristal (não são gerados pela temperatura) e são criados por diferentes mecanismos como: presença de impurezas, adições intencionais, mudança de valência, mudança na pressão de oxigênio externa. 40. O que é íon aliovalente e íon isovalente? Aliovalente: – Excesso de cargas introduzidas deve ser compensada por defeitos hospedeiros: VM, VX, Mi e Xi. – Causa grande concentração de defeitos na rede é atérmico. – O tipo de defeito induzido hospedeiro pode não ser predito, depende da energia de formação. – Lei de conservação de massa: defeito hospedeiro dominante. Isovalente: – São incorporados de forma simples; – Deve-se considerar a interação elástica resultante da diferença dos raios iônicos – Aplica-se a regra de Hume – Rothery para determinar o tipo de solução sólida formada. 41. Calcule o número de vacâncias por cm3 e o número de vacâncias por átomo de cobre (a) a temperatura ambiente e (b) a 1084oC (justo acima do ponto de fusão. 83,6 kJ são necessários para produzir uma vacância no cobre.) nv= n.(exp(-Q/RT)) n= n° de átomos da rede por cm³ a0 Cucfc= 4R/(2-1/2) n= n° de átomos por célula/(a0)³ a0= 3,6151 x10-8 cm n= 8,47 x1022 átomos Cu/cm³ Q= 83600 J/mol R= 8,31 J/mol.K Na temperatura ambiente: nv= 8,47x1022. exp [(-83600 J/mol) / (8,31J/mol*K ) x 298 K] nv= 1,847x108 vacâncias/cm³ nv = 1,847x108 vacâncias/cm³ n 8,47x1022 átomos Cu/cm³ nv= 2,18 x10-15 vacâncias/átomo Na temperatura de 1084°C (1357K): nv= 5,11x1019 vacâncias/cm³ nv= 6,03x10-4 vacâncias/átomo Cu 42. Quais as consequências de um defeito tipo Frenkel na rede, por exemplo, do MgO? Haverá uma vacância em um local da rede, devido ao deslocamento desse íon, e em local próximo da rede haverá um íon intersticial. 43. Supondo o parâmetro de rede do CsCl de 4,0185 A e a densidade de 4,285 Mg/m3, calcular o número de defeitos Schottky por célula unitária. p = m/V = 4,285Mg/m3 a= 4,0185 A Densidade= 4,285 mg/cm3 MCs = 132,9 g /gmol MCl = 35,3 g/gmol Proporção 1 átomo de Cl para 1 átomo de Cs x = y densidade = n° átomo x (massa Cs + massa Cl) Volume x n° Avogadro 4.285 = n x (132.91+35.3) . (4.0185 x 10-10)³ x 6.02x1023 x = y = 0,995 átomos/célula número de defeitos = (1- 0,995) / 1 = 0.005 / atm ou 0,5% 44. O que é a notação de Kröger – Vink. Utilize esta notação para representar: a) vacância de um cátion Mg+2 em MgO; b) vacância de um cátion Cs+ em NaCl; c) vacância de um ânion O-2 em NiO; d) Al substituindo íon Ni em NiO; e) Mg substituindo Ni em NiO; f) Mg+2 substituindo Na em NaCl; g) Mg intersticial em MgO e O em um interstício de Al2O3 A notação de Kroger - Vink explica e representa os principais tipos de defeitos pontuais em sólidos iônicos. a. VIIMg b. VICs c. V00O d. Al0Ni e. MgINi f. MgIINa g. MgIi 45. O que são discordâncias e como podem ocorrer? São defeitos lineares unidimensionais, associados à deformação mecânica e à cristalização, seguindo um caminho longo e complexo dentro da estrutura. A origem é térmica, por tensões mecânicas ou por supersaturação de defeitos pontuais. 46. Qual o significado do vetor de Burgers? Qual a relação entre a discordância e a direção do vetor de Burgers para cada tipo de discordância? Vetor de Burgers fornece a magnitude e direção da distorção da rede e corresponde à distância dos átomos deslocados ao redor da discordância. A direção do Vetor varia de acordo com a forma da discordância (cunha, hélice (espiral) ou mista). Na discordância em hélice, o Vetor é paralelo à linha de discordância Na discordância em cunha o Vetor é perpendicular à linha de discordância. 47. Defina grão. O que é contorno de grão. Que tipo defeito é considerado um contorno de grão? O contorno de grão é um defeito planar e representa o limite de uma região cristalina quase perfeita e seus vizinhos. A coordenação dos átomos do interior do cristal é diferente dos átomos da superfície, e como têm seus semelhantes somente de um lado, possuem mais energia e estarão menos firmemente ligados aos átomos do exterior. Assim, dentro daquela porção de cristais, ou grãos, o arranjo cristalino é idêntico, variando sua orientação. O contorno de grão é a fronteira onde cada porção se encontra. 48. Como pode a superfície de um cristal ser considerado um defeito da estrutura cristalina? Os defeitos interfaciais são contornos que tem duas dimensões e normalmente separam regiões do material que possuem estruturas cristalinas diferentes. A superfície externa é onde termina a estrutura do cristal, onde os átomos não estão ligados ao número máximo de vizinhos e ficam em um estado de energia mais alto. O contorno de grãos separa dois pequenos grãos ou cristais com diferentes orientações cristalográficas. No contorno de grãos ocorre desajuste atômico 49. O que são defeitos volumétricos? São considerados defeitos volumétricos as estruturas sem ordenamento a longo alcance. Exemplos nos vidros e polímeros. 50. Cite algumas propriedades influenciadas diretamente pela presença de defeitos. As propriedades mecânicas, uma vez que os defeitos podem ser causadores iniciais de trincas. As discordâncias nas ligas de aço influenciam no aumento da resistência e dureza. Defeitos pontuais podem afetar a difusão, transformação de fase, evolução da microestrutura Defeitos lineares afetam propriedades mecânicas (deformação plástica), fragilidade e dureza. Defeitos planares afetam propriedades magnéticas e dielétricas.
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