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CUSTO DE CAPITAL Custo e Estrutura de Capital Custo do Capital Próprio Custo Médio Ponderado de Capital Custo e Estrutura de Capital – Fundamentos Para a realização de projetos de investimentos, toda empresa necessita de recursos (fontes de financiamento), a fim de que possa fazer os investimentos iniciais necessários. Tais recursos poderão ter duas grandes origens: Capital dos sócios (capital próprio). Capital de terceiros. A escolha dentre os dois tipos de capital será o objeto da disciplina a partir deste ponto. A Decisão de Financiamentos Envolve a escolha dos passivos da empresa. Capital Próprio X Capital de Terceiros Tipos Básicos de Financiamentos Capital Próprio Capital de Terceiros de Curto Prazo Não será focado nesta disciplina. Patrimônio Líquido Passivo Circulante Passivo Não Circulante Capital de Terceiros de Longo Prazo Financiamentos de Longo Prazo Exemplo para Contextualização Considere que, para executar um determinado projeto de investimentos, Júlio terá que levantar a quantia de R$ 100.000. Para isso, terá três possibilidades: 1. Investir o dinheiro do próprio bolso (apenas capital próprio). 2. Tomar todo o valor necessário emprestado em um banco (apenas capital de terceiros). 3. Tomar parte do valor necessário emprestado em um banco e investir o restante do próprio bolso (mescla entre capital próprio e capital de terceiros). A rigor, em qualquer um dos três caminhos, ele terá R$ 100.000. Entretanto, as consequências futuras desta escolha serão distintas. É neste ponto que vale a pena destacar as diferenças entre trabalhar com capital próprio e com capital de terceiros. Principais Diferenças entre Capital Próprio e Capital de Terceiros (1) Exigibilidade dos Recursos Captados Possuem um prazo determinado para a restituição a seus donos do valor emprestado. No caso dos financiamentos de longo prazo, esse período é superior a 1 ano. Capitais de Terceiros Tecnicamente, os valores investidos pelos sócios na empresa nunca serão restituídos a eles, exceto em caso de redução de capital ou fechamento da empresa. Capitais Próprios (2) Custo dos Recursos Captados Possuem um custo na forma de juros (e outras taxas de operações bancárias). Tal custo é: . Fixo . Obrigatório . Independente do desempenho da empresa Capitais de Terceiros Possuem um custo de oportunidade, materializado no pagamento de dividendos. Tal custo é: . Variável . Esperado . Dependente do desempenho da empresa Capitais Próprios (3) Prioridade no Recebimento de Remunerações Os juros do capital de terceiros são prioritários ao pagamento de dividendos ao capital próprio. Capitais de Terceiros Os dividendos de capital próprio são subordinados ao pagamento de juros ao capital de terceiros. Capitais Próprios (4) Prioridade na Restituição do Capital em Caso de Falência da Empresa A devolução dos capitais de terceiros é prioritária à devolução dos capitais dos sócios em caso de falência da empresa. No entanto, os empréstimos são subordinados a outros credores, como funcionários, governo e fornecedores. Capitais de Terceiros A devolução do capital próprio é subordinada ao pagamento de todos os credores, inclusive bancos. Logo, os acionistas serão os últimos a receber em caso de falência. Capitais Próprios (5) Risco do Ponto de Vista do Financiador O risco do credor de uma empresa é menor do que o de um sócio, uma vez que ele possui diversas prioridades e garantias de recebimento. Risco de crédito Capitais de Terceiros O risco dos sócios de uma empresa é maior do que o dos credores dela, uma vez que eles assumem todos os riscos relativos ao bom ou ao mau desempenho da empresa. Risco de negócio Capitais Próprios (6) Custo do Dinheiro Investido/Emprestado Por assumir um risco menor, a exigência de retorno dos credores de uma empresa é menor do que a dos sócios. Capital mais barato Capitais de Terceiros Por assumir um risco maior, a exigência de expectativa de retorno dos sócios de uma empresa é maior do que a dos credores dela. Capital mais caro Capitais Próprios (7) Risco de cada Fonte do Ponto de Vista da Empresa Por envolver o pagamento de valores fixos e obrigatórios de juros, o risco para a empresa é maior. Capital mais arriscado para a empresa Capitais de Terceiros Pelo fato dos dividendos pagos aos sócios dependerem do desempenho da empresa e por não serem a rigor obrigatórios, o risco para a empresa é menor. Capital mais seguro para a empresa Capitais Próprios O Dilema Custo x Risco Mais barato Capitais de Terceiros Mais caro Capitais Próprios Mais arriscado para a empresa Mais seguro para a empresa A decisão de financiamentos se baseia na busca pelo melhor balanceamento entre os custos e os riscos de cada modalidade de financiamento. Conceitos Fundamentais: Custo de Capital Custo de Capital é o valor pago (ou a sua expectativa) pela empresa para a utilização de uma ou mais modalidades de financiamento. Pode ser entendido como o “custo do dinheiro”. De maneira geral, toda e qualquer modalidade de financiamento, seja ela relativa a capital próprio ou a capital de terceiros, possui um custo de capital. Como visto antes, para recursos de terceiros, ela envolve os juros pagos, enquanto no caso do capital próprio, ela se refere à expectativa de retorno por parte dos sócios da empresa. Tipos de Custo de Capital Existem quatro definições sobre custo de capital. São elas: 1. Custo do capital próprio (KS): custo do dinheiro investido na empresa pelos seus sócios/acionistas. 2. Custo bruto do capital de terceiros (KB): custo do dinheiro emprestado para a empresa, sem contar o benefício fiscal dos juros. 3. Custo líquido do capital de terceiros (KD): custo do dinheiro emprestado para a empresa, mas contando o benefício fiscal dos juros. 4. Custo médio ponderado de capital (CMPC/WACC): custo médio pago pela empresa por todas as suas modalidades de financiamento (próprias e de terceiros). Conceitos Fundamentais: Estrutura de Capital Estrutura de Capital é a combinação de recursos (originados de capital próprio e capital de terceiros) que a empresa estiver utilizando em determinado momento. Em essência, a estrutura de capital está relacionada à composição dos passivos de longo prazo da empresa (sem contar o passivo circulante). Assim, por exemplo, a combinação abaixo é uma possível estrutura de capital: Passivo não circulante (terceiros): R$ 100.000 Patrimônio líquido (próprio): R$ 200.000 Custo do Capital Próprio As Duas Fontes de Capital Próprio Aporte de Capital: recursos com origem externa à empresa, vindos dos atuais sócios ou de novos. Engloba, inclusive, a situação de emissão de novas ações em bolsa de valores. Reinvestimento (ou Retenção) de Lucros: recursos com origem interna à empresa, advindos da não distribuição de lucros aos sócios, para que tais ganhos sejam usados para financiar novos investimentos. O Dilema: Distribuição x Reinvestimento de Lucros Quanto maior for a distribuição de lucros aos sócios, mais eles ficarão satisfeitos. Contudo, menos recursos estarão automaticamente disponíveis para novos investimentos. Distribuição Quanto maior for o reinvestimento de lucros,mais recursos poderão ser utilizados para executar novos projetos. Contudo, os sócios tenderão a ficar mais insatisfeitos, pois receberão menos dinheiro da empresa. Reinvestimento Visão Geral do Custo do Capital Próprio (KS) O custo do capital próprio se refere ao valor que a empresa paga (ou tem como expectativa pagar) pela utilização dos recursos dos seus sócios/acionistas. Ele possui três características básicas: Reflete uma expectativa de ganho dos sócios, ou seja, seu pagamento não é obrigatório, embora seja esperado. Seu resultado real é variável. Seu resultado depende do desempenho da empresa e das decisões desta quanto à destinação de seus lucros. Como Determinar o Custo do Capital Próprio? Tecnicamente, o custo do capital próprio reflete a expectativa mínima de retorno desejada por parte dos sócios da empresa, considerando-se os riscos envolvidos na atividade da empresa. Assim, a forma mais lógica para se determinar qual seria o valor do custo do capital próprio é a subjetiva, ou seja, questionando-se aos sócios da empresa quanto eles gostariam de ganhar, no mínimo. Como Determinar o Custo do Capital Próprio? No entanto, é natural que sejam desenvolvidos em Finanças Corporativas modelos que tentam replicar qual seria o comportamento típico dos investidores, com aplicação mais clara em grandes empresas, especialmente nas que negociam ações em bolsas de valores. A partir disso, foram estruturados diversos modelos matemáticos para o cálculo do custo do capital próprio (KS). Os dois mais importantes são: O Modelo CAPM O Modelo de Gordon. O Modelo de Precificação de Ativos de Capital CAPM – Capital Asset Pricing Model Dois Conceitos Importantes Risco Sistêmico: é aquele relacionado a fatores comuns que afetam a grande maioria dos investimentos existentes. Exs: guerras, inflação, altas nas taxas de juros, terrorismo, etc. Risco Não Sistêmico: relacionado a questões específicas da empresa ou de seu ramo de negócio. Exs: baixa cotação de um produto, campanha de marketing mal sucedida, etc. Investidores racionais tendem a se preocupar apenas com o risco sistêmico, já que o não sistêmico pode ser reduzido ou eliminado pela diversificação de investimentos. O Beta de um Investimento O beta de um investimento é uma medida que mostra como os retornos de um determinado investimento (até mesmo uma empresa) tenderão a oscilar em relação ao desempenho médio dos investimentos disponíveis no mercado, mostrando, assim, qual é o risco sistêmico deste investimento. Esse desempenho médio do mercado é medido por uma carteira de investimentos, denominada carteira de mercado, que engloba o maior número possível de investimentos disponíveis no mercado. Usualmente, ela é medida por um índice de bolsa de valores (como o IBOVESPA) ou um índice de retorno médio setorial. Três Exemplos Típicos Considere três empresas, denominadas A, B e C, com os seguintes betas: βA = 2,00; βB = 1,00 e βC = 0,50. Considere um cenário em que, em média, a carteira de mercado (representativa de todos os investimentos existentes) apresente uma elevação de 10% em seus retornos. Os impactos previstos sobre os retornos das três empresas serão: Empresa A: aumento de 20% nos retornos (2,00 x 10%). Empresa B: aumento de 10% nos retornos (1,00 x 10%). Empresa C: aumento de 5% nos retornos (0,50 x 10%). Assim, a empresa A sofrerá um aumento maior do que a média, a B seguirá a média e a C aumentará menos do que a média. Considere as mesmas três empresas, denominadas A, B e C, com os seguintes betas: βA = 2,00; βB = 1,00 e βC = 0,50. Agora suponha que a carteira de mercado apresente uma queda de 10% em seus retornos. Neste caso, os impactos previstos sobre os retornos das 3 empresas serão: Empresa A: queda de 20% nos retornos (2,00 x 10%). Empresa B: queda de 10% nos retornos (1,00 x 10%). Empresa C: queda de 5% nos retornos (0,50 x 10%). Assim, a empresa A sofrerá uma queda maior do que a média, a B seguirá a média e a C diminuirá menos do que a média. Análise das Empresas A, B e C Nota-se que a empresa A sofrerá variações maiores em seus retornos, possuindo, assim, um maior risco sistêmico. Por outro lado, a empresa C terá as menores variações em seus retornos, possuindo, assim, um menor risco sistêmico. Por sua vez, a empresa B estará em um patamar médio de risco. Assim, se conclui que quanto maior o beta, maior o risco do investimento. E mais, quanto maior o risco, maior será a exigência mínima de retorno por parte dos investidores. Interpretação dos Valores do Beta 0 < β < 1: espera-se que os retornos da empresa sejam menos variáveis do que os da média do mercado. São investimentos mais seguros. β > 1: espera-se que os retornos da empresa sejam mais variáveis do que os da média do mercado. São investimentos mais arriscados. β = 1: retornos da empresa seguem o mesmo padrão da média do mercado. β = 0: retornos da empresa não tem nenhuma relação com os retornos do mercado. Geralmente, é o caso dos investimentos de risco baixíssimo, como a poupança. Ativos com esta lógica são denominados Ativos Livres de Risco. E a taxa de juros por eles paga é usualmente chamada de Taxa Livre de Risco. Cálculo do Beta O cálculo do beta é baseado em um histórico de retornos do investimento (Ri) e da carteira de mercado (Rm), sendo dado pela fórmula abaixo: )var( );cov( Rm RmRi Exemplo Ilustrativo Equação do Modelo CAPM KS = custo do capital próprio. KRF = taxa livre de risco. KM = expectativa de retorno no período para a carteira de mercado. β = beta do investimento. Como dito anteriormente, quanto maior o beta, maior será a exigência de retorno dos investidores à empresa. Assim, maior será o custo de capital próprio (KS) desta. Tal custo pode, então, ser determinado pela seguinte equação: )( RFMRFS KKKK Exemplos de Aplicação do Modelo CAPM Em determinado mercado, a taxa de retorno do ativo livre de risco é igual a 6% a.a. e o retorno esperado no período para a carteira de mercado é igual a 14% a.a. Neste caso, qual será o custo de capital próprio para empresas com os seguintes betas: (a) β = 0,70? (b) β = 1,00? (c) β = 1,20? (d) β = 2,15? Exercício Considere na tabela abaixo o histórico de desempenho dos retornos das empresas X e Y nos últimos 5 anos, e ainda, o histórico de desempenho da carteira de mercado no mesmo período. Sabendo-se que a taxa livre de risco atual é igual a 5% a.a. e o retorno esperado atualmente para a carteira de mercado é igual a 15% a.a., determine o beta e o custo de capital próprio (pelo modelo CAPM) de cada empresa. Anos 1 2 3 4 5 Mercado (% a.a.) 18,0 16,0 13,0 17,0 15,0 X (% a.a.) 13,0 10,0 12,0 18,0 16,0 Y (% a.a.) 20,0 16,0 12,0 19,0 17,0 O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) WACC – Weighted Average Cost of Capital Definição e Cálculo do WACC É uma média ponderada dos custos de cada uma das fontes de financiamento adotadas pela empresa, refletindo a média de custo de capital de longo prazo esperada pela empresa para o futuro. O custo de capital é o elemento fundamental para a decisão de investimento em qualquer projeto, quer seja num mercado doméstico ou internacional. Deve ser sempre utilizado se a empresa utiliza mais de uma fonte de financiamento nas suas atividades. O WACC é assim o retorno mínimo que uma empresa deve obter com base nos seus ativos existentes para satisfazer os seus credores, proprietários e outros financiadores de capital, para estes não optarem por outro projeto em detrimento do seu. wd = peso-alvo de dívida (porcentagem dedívida); wps = peso-alvo das ações preferenciais (porcentagem de ações preferenciais); ws = peso-alvo do patrimônio líquido (porcentagem de ações ordinárias); rd = custo dos componentes da dívida antes dos impostos; rps = custo dos componentes das ações preferenciais; rs = custo dos componentes do patrimônio líquido; T = alíquota de imposto marginal. WACC = wd . rd . (1 – T) + wps . rps + ws . rs Exemplos 1. A empresa VAI QUE VAI Ltda., tem uma estrutura de custo de capital de acordo com os dados a seguir. Estrutura de capital-alvo que exige 35,0% de dívida, 13,0% de ações preferenciais e 50,0% de patrimônio líquido. O custo de dívida antes dos impostos é de 7,0%, o custo de ações preferenciais é de 9,5%, o custo de patrimônio líquido é de 14,5%, a alíquota de imposto marginal é de 30,0% e todo o capital adicional virá de lucros reinvestidos. Com base nestas informações determine o valor do WACC, neste caso. 2. A empresa MAL DAS PERNAS Ltda., tem uma estrutura de custo de capital de acordo com os dados a seguir. Estrutura de capital-alvo que exige 40,0% de dívida, 15,0% de ações preferenciais e 65,0% de patrimônio líquido. O custo de dívida antes dos impostos é de 12,0%, o custo de ações preferenciais é de 11,5%, o custo de patrimônio líquido é de 16,0%, a alíquota de imposto marginal é de 45,0% e todo o capital adicional virá de lucros reinvestidos. Com base nestas informações determine o valor do WACC, neste caso.