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RESUMO LEI DE CRIMES HEDIONDOS

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LEI DE CRIMES HEDIONDOS
SISTEMAS 
Sistema Legal: São considerados crimes hediondos apenas aqueles previstos no art. 1° da lei 8.072/90. É o sistema adotado na lei brasileira, que se baseia no art. 5°, XLIII da CF.
Sistema Judicial: Crime hediondo é aquele definido pelo juiz, independentemente de previsão legal
Sistema Misto: Os crimes hediondos são aqueles do art. 1° da lei e aqueles que o juiz definir.
OBS: Atualmente surge um 4° sistema, que já possui precedentes nos Tribunais Superiores. Por este sistema, são considerados crimes hediondos os previstos no art. 1° da lei, mas o juiz, analisando o caso concreto, poderá ou não considerar sua hediondez.
OBS 2: São hediondos na forma consumada ou tentada.
HOMICÍDIO (art. 121)
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente.
HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121 §2°, I, II, III, IV, V, VII e VIII)
§ 2° Se o homicídio é cometido:
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
        II - por motivo futil;
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
        Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
OBS: O homicídio qualificado sempre será hediondo, porém o homicídio qualificado- privilegiado não será, pois, a natureza subjetiva prepondera e exclui a hediondez. Ex: pai que mata o estuprador da filha com uso de veneno.
FEMINICÍDIO (homicídio qualificado)      
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
 LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129 §2°)
 § 2° Se resulta:
        I - Incapacidade permanente para o trabalho;
        II - enfermidade incuravel;
        III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
        IV - deformidade permanente;
        V - aborto:
        Pena - reclusão, de dois a oito anos.
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – PRETERDOLO (art. 129 §3°)
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
        Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
 	Quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
LATROCÍNIO (art. 157 §3°, in fine)
 § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
OBS: Deve haver nexo entre o roubo e a morte e nexo temporal, além do fato de que ocorre somente quando a morte é em decorrência da violência. O latrocínio não exige que a morte seja dolosa, podendo ser a título de preterdolo (dolo no roubo e culpa na morte).
OBS 2: Súmula 603 STJ - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri, em razão do bem protegido ser o patrimônio
OBS 3: Súmula 610 STF- Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
	SUBTRAÇÃO
	MORTE
	RESULTADO LATROCINIO
	Consumada
	Consumada
	Consumado
	Tentada
	Tentada
	Tentado
	Consumada
	Tentada
	Tentado
	Tentada
	Consumada
	Consumado
 EXTORSÃO QUALIFICADA PELA MORTE (art. 158 §2°)
  § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior
OBS: Para ser crime hediondo, a extorsão deve necessariamente ser qualificada pelo resultado morte.
 EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO E NA FORMA QUALIFICADA (art. 159, caput, §1°, 2° e 3°)
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
        Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
        § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha
        Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
        § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
        Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
        § 3º - Se resulta a morte:  
        Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
OBS: Consuma-se no momento da privação de liberdade da vítima, não importando a solicitação ou recebimento da quantia solicitada  
Sequestro relâmpago é crime hediondo?
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente
O sequestro relâmpago, por se tratar de espécie de extorsão do artigo 158 do código penal, segue a regra geral deste crime: será hediondo quando qualificado pelo resultado morte (Luis Flavio Gomes)
O sequestro relâmpago porque definido no § 3º, nunca será hediondo, nem mesmo quando dele decorrer a morte: a justificativa é a legalidade estrita, tendo em vista que o § 3º ficou fora do rol legal de crimes hediondos (Nucci e Damásio de Jesus)
O sequestro relâmpago seria hediondo quando qualificado pela morte e inclusive quando qualificado pela lesão grave, pois em ambos os casos o artigo 158 § 3º remete às penas do art 159 que sempre é hediondo (ao adotar as penas do artigo 159, a lei adota todos os rigores inerentes ao crime de extorsão mediante sequestro (André Estefam)
ESTUPRO (art. 213, caput, §1° e 2°)
Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:          
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:           
 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos
§ 2o  Se da conduta resulta morte
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL (art. 217-A, caput e §1°, 2°, 3°, 4°)
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:               
 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.             
 § 2o  (VETADO)               
 § 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:            
 Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.             
 § 4o  Se da conduta resulta morte
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE (art. 267 §1°)
 Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
        Pena - reclusão, de dez a quinze anos.§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
OBS: Apenas o parágrafo é crime hediondo
FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS (art. 273, caput e §1°, 1-A e 1-B)
 Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
        § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
        § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: 
        I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;  
        II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;  
        III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização;  
        IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; (
        V - de procedência ignorada; 
        VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.  
OBS: Em relação a cosméticos, deve ter a finalidade medicinal ou terapêutica, e em todos os casos, deve sempre haver um prejuízo à saúde para se considerar crime.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU DE VULNERÁVEL (art. 218-B, caput, §1° e 2°)
Art. 218-B.  Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
§ 1o  Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa
§ 2o  Incorre nas mesmas penas
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;          
 II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
GENOCÍDIO
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:  
 a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior:  
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º
Pena: Metade das penas ali cominadas.
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
        Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
        Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
        I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
        II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
        III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
        IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
        V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
        VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
OBS: Segundo a lei, o regime inicial dos crimes hediondos é fechado. Porém, segundo os Tribunais Superiores, é inconstitucional qualquer previsão que determine a obrigatoriedade de iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, pois há violação do princípio da individualização da pena.
PROGRESSÃO
	Segundo a lei 8072, a progressão ocorre com o cumprimento de 2/5 sendo o réu primário e 3/5 sendo reincidente. Importante lembrar que essa previsão foi incluída pela lei 11464/2007, tendo o STF ainda em 2006 julgado o HC 82959 declarando inconstitucional a previsão legal que determinava o cumprimento integral da pena em regime fechado, dando efeito erga omnes a essa decisão.
	Dessa forma, concluímos que os crimes hediondos e figuras equiparadas praticados até 28/03/2007 têm progressão com o cumprimento de 1/6 da pena (súmula vinculante 26, 112 da LEP e 471 do STJ), e os praticados posteriormente à essa data, com 2/5 e 3/5.
PRISÃO TEMPORÁRIA
	A lei 7960/89 prevê que durante o inquérito policial, se for determinada pelo delegado a prisão temporária, está durará 5 dias prorrogáveis por mais 5. Porém, na lei de crimes hediondos esse prazo é mais extenso, sendo de 30 dias prorrogáveis por mais 30
LIVRAMENTO CONDICIONAL
	Para os crimes hediondos e figuras equiparadas, o livramento condicional ocorre com 2/3 em regra. Porém, se o acusado for reincidente em crime mesma natureza (hediondo ou figura equiparada), será indeferido o livramento condicional.

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