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Professor(a): PAULO JOSÉ PEREIRA TRINDADE JÚNIOR D I S C I P L I N A Proteção Penal aos Interesses Sociais Crimes contra o Sentimento Religioso: Ultraje a Culto e Impedimento ou Pertubação de Ato a Ele Relativo (ART.208, CPB) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa (primeira parte) ou a coletividade, principalmente, mas também os que se sentirem diretamente atingidos (segunda e terceira partes) Objeto jurídico: É o sentimento religioso e a liberdade de culto e crença. Objeto material: É a pessoa (primeira parte), a cerimônia ou culto (segunda parte) ou ato ou objeto de culto (terceira parte). Elementos objetivos do tipo: “ESCARNECER”- Zombar de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa (primeira figura) “IMPEDIR” – Interromper ou obstar o prosseguimento; “PERTUBAR” – Estorvar ou atrapalhar cerimônia ou prática de culto (segunda figura); “VILIPENDIAR” – Humilhar , menoscabar ou desonrar publicamente ato ou objeto religioso. Elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade de denegrir determinada religião, investindo contra quem segue, contra ato ou culto que a consagra ou contra objeto que a simboliza. Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. Causa de aumento de pena: Elevada em um terço, se houver emprego de violência,respondendo o agente pelo resultado desta. 2 Crimes contra o Respeito aos Mortos: Impedimento ou Pertubação de Cerimônia Funerária (ART.209, CPB) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade (em primeiro plano), e em seguida aqueles que estiverem acompanhando o ato. Objeto jurídico: É o sentimento de respeito à memória dos mortos. Objeto material: É o enterro ou a cerimônia funerária. Elementos objetivos do tipo: “IMPEDIR” - Interromper ou obstar o prosseguimento; “PERTUBAR” – Estorvar ou atrapalhar cerimônia funerária; Elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade de ultrajar a memória do morto. Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. Causa de aumento de pena: Elevada em um terço, se houver emprego de violência,respondendo o agente pelo resultado desta. Violação de Sepultura (Art.210, CPB) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade, em primeiro plano; secundariamente, pode-se incluir a família do morto. Objeto jurídico: É o sentimento de respeito à memória dos mortos. Objeto material: É a sepultura ou urna funerária Elementos objetivos do tipo: “VIOLAR” – devassar ou invadir; “PROFANAR” – tratar cm irreverência ou macular sepultura ou urna funerária. 3 Elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade de ultrajar a memória do morto no caso da conduta profanar. Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. Destruição,Subtração ou Ocultação de Cadáver (Art.211, CPB) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade, em primeiro plano; secundariamente, pode-se incluir a família do morto. Objeto jurídico: É o sentimento de respeito à memória dos mortos. Objeto material: É o cadáver ou parte dele. Elementos objetivos do tipo: “DESTRUIR” – Arruinar, aniquilar; “SUBTRAIR” – Fazer desaparecer ou retirar; “OCULTAR” – Esconder cadáver ou parte dele. Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. Vilipêndio a Cadáver (ART.212, CPB) Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a coletividade, em primeiro plano; secundariamente, pode-se incluir a família do morto. Objeto jurídico: É o sentimento de respeito à memória dos mortos. Objeto material: É o cadáver ou suas cinzas. Elementos objetivos do tipo: “VILIPENDIAR” – Desprezar ou aviltar cadáver ou suas cinzas; Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. 4 Elementos objetivos do tipo: “VILIPENDIAR” – Desprezar ou aviltar cadáver ou suas cinzas; Momento consumativo: Quando houver a prática da conduta, independente de resultado naturalístico. Crimes contra a Paz Publica: Incitação ao crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Comentários - Bem jurídico: a paz pública – sentimento de tranqüilidade pública, a convicção de segurança social. - Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). - Sujeito passivo: a coletividade. - Tipicidade objetiva: instigar eficaz e seriamente, a prática de crime. Não é necessário que seja mencionado o nomem iuris do delito, estando excluídas as contravenções e os fatos imorais, além dos crimes culposos. - Se a pessoa é incitada à prostituição haverá o crime do art. 228; se instigada ao suicídio, o do art. 122, CP. - Incitação genérica não caracteriza o crime, vez que ineficaz e inidônea. Ex.: incitação à prática de roubos, homicídios etc. - Pode visar à prática delituosa tanto no presente quanto no futuro. Ex. “quando melhorar de saúde você deverá matar”; “se esta crise continuar, as pessoas serão constrangidas a roubar!” - A publicidade do ato é elemento do tipo, sendo necessária sua percepção por um número indeterminado de pessoas – delito de perigo comum e abstrato. - A publicidade pode ser feita por meio de gestos, palavras (discursos, p. ex.), escritos, desenhos, teatro, transmissão radiofônica, por meio do próprio silêncio, pela Internet. Se a incitação não for pública, não ofenderá a paz pública. - Tipo subjetivo: dolo, consistente na vontade livre e consciente de incitar... - Consumação: com a simples incitação, desde que perceptível por um número indefinido de pessoas – delito de mera conduta. - Não é preciso que o delito incitado tenha sido efetivamente praticado. - Tentativa: admissível na forma escrita. Ex.: o cartaz já foi escrito mas as pessoas não o lêem por circunstâncias alheias à vontade do agente. - Poderá haver concurso material de crimes se o delito incitado vier a se concretizar e a relação de causalidade vier a ser demonstrada. O agente instigador responderá como co-autor. - Se a publicação se der por meio da imprensa, incidirá no art. 19, caput e § 1º da Lei 5.250/67. - Ver arts. 1º e 3º da Lei 2.889/56.1 1 Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 5 - Ver art. 23 da Lei 7.170/83 – Lei de Segurança Nacional. - Art. 20 da Lei 7.716/89 – Lei que define crimes de preconceito e discriminação. - Art. 33, § 2º, Lei 11.343/06 – Lei Antidrogas. - Ação penal: pública incondicionada. Cabem a suspensão condicional do processo e a transação penal. Apologia de crime ou criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Comentários - Bem jurídico: a paz pública – sentimento de tranqüilidade pública, a convicção de segurança social. - Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). - Sujeito passivo: a coletividade. - Tipicidade objetiva: Fazer apologia, publicamente... - Apologia: encômio, elogio, louvor, defesa, aprovação, exaltação etc. Aqui, significa exprimir um juízo positivo de valor em relação a um comportamento que a lei prevê como crime, ou em relação ao autor do crime.- Fato criminoso: aquele tipificado como crime, já praticado. - Não configura o delito: apologia de crimes culposos, contravenções ou acontecimentos futuros, nem apologia de autor de forma que constitua incentivo indireto ou implícito à repetição da ação delituosa. - Elogios às qualidades do autor, a tentativa de explicar a conduta não configuram o crime. Nem a crítica a uma condenação que se entenda por demais severa. - Não é necessário que o crime já tenha sido julgado por sentença irrecorrível. - A publicidade é elemento do tipo, sendo necessária sua percepção por um número indeterminado de pessoas – delito de perigo comum e abstrato. - A apologia pode ser feita por meio de gestos, palavras (discursos, p. ex.), escritos, desenhos, teatro, transmissão radiofônica, por meio do próprio silêncio, pela Internet. Se a apologia não for pública, não ofenderá a paz pública. - Tipo subjetivo: dolo, consistente na vontade livre e consciente de incitar..., inclui o dolo eventual. - Consumação: com a apologia, desde que perceptível por um número indefinido de pessoas – delito de mera conduta. c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e; Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas. § 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar. § 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela imprensa. 6 - Tentativa: admissível na forma escrita. Ex.: o agente começa a distribuir folhetos e é detido. - Não é preciso que haja repetição do delito elogiado. Se isso ocorrer, poderá haver concurso material de crimes, se a relação de causalidade vier a ser demonstrada. O agente apologista responderá como co-autor. - Diferença entre Incitação ao Crime e Apologia: no primeiro o crime ainda não aconteceu, ao passo que no último, o delito já foi perpetrado. - Se a apologia se der por meio da imprensa, incidirá no art. 19,§ 12 da Lei 5.250/67. - Ver art. 22 da Lei 7.170/83 – Lei de Segurança Nacional. - Art. 20 da Lei 7.716/89 – Lei que define crimes de preconceito e discriminação. - Ação penal: pública incondicionada. Cabem a suspensão condicional do processo e a transação penal. Associação Criminosa Art. 288 - Associarem-se três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1(um) a 3(três) anos. Parágrafo único - A pena aumenta-se até a metade se associação é armada ou se houver participação de criança ou adolescente. Comentários - Bem jurídico: a paz pública – sentimento de tranqüilidade pública, a convicção de segurança social. - Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum) – delito de concurso necessário. - Sujeito passivo: a coletividade. - Alteração trazida pela Lei n° 12.850/2013, modificando o nome juris da infração penal, antes denominada “quadrilha ou bando; - Tipicidade objetiva: associarem-se, três ou mais pessoas... - Requisitos: - Concurso necessário de pelo menos três pessoas; - Finalidade de praticar crimes; - A associação deve apresentar estabilidade ou permanência para a sua configuração. Essa é a diferença em relação ao concurso de pessoas. Não basta o mero ajuste de vontades para caracterizar a associação criminosa. - Não configura o delito: associação criminosa para a prática de crimes culposos, preterdolosos, de contravenções ou atos imorais. Os crimes pretendidos podem ou não ser da mesma espécie. 7 - Tipo subjetivo: dolo, consistente na vontade livre e consciente de “cometer crimes”. – “animus associative” - Consumação: consuma-se no momento da associação, independentemente da prática de qualquer crime; (crime formal) - Tentativa: inadmissível, pois, ou existe a associação e o crime está consumado, ou apenas tratativas que constituem mero ato preparatório. -Causa de Aumento: Em dobro, se associação for armada ou hover participação de criança ou adolescente; - Figura qualificada: art. 8º, Lei nº 8.072/90; -Delação Premiada: art. 8º, parágrafo único, Lei nº 8.072/90; - Ação penal: pública incondicionada. Cabe a suspensão condicional do processo na hipótese do caput. Mílicia Privada Art. 288-A – Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, mílicia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de 4(quatro) a 8(oito) anos. Comentários - Bem jurídico: a paz pública – sentimento de tranqüilidade pública, a convicção de segurança social. - Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). - Sujeito passivo: a coletividade. - Alteração trazida pela Lei n° 12.720/2012; - Tipicidade objetiva: “CONSTITUIR”- criar, fundar; “ORGANIZAR”- estruturar, estabelecer; “INTEGRAR”- unir-se, fazer parte da milícia; “MANTER”- continuar, colaborar; “CUSTEAR”- financiar, bancar; - Consumação: consuma-se no momento da constituição da milícia; (crime formal) - Tentativa: inadmissível, tal como no crime de associação criminosa. - A infração penal pressupõe estabilidade, ou seja, intenção de agir de forma reiterada, Cuida-se, assim, de crime premanente. 8 - Ação penal: pública incondicionada. BIBLIOGRAFIA: CÓDIGO PENAL COMENTADO – CELSO DELMANTO; CÓDIGO PENAL COMENTADO – GUILHERME DE SOUZA NUCCI; MANUAL DE DIREITO PENAL – GUILHERME DE SOUZA NUCCI; CURSO DE DIREITO PENAL – PAULO JOSÉ DA COSTA JÚNIOR.
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