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Obrigações - Teoria do Pagamento - Pagamento direito

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Anotações 
Helson Nunes da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
DIR120 
DIREITO 
DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
 
 
 
Leonardo Vieira Santos 
leonardo@ocav.com.br 
(Professor) 
 
 
 
 
 
 
2018.2 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 65 
 
A lógica é que a garantia hipotecária normalmente não cobre o crédito todo, então o 
credor ainda precisa concordar. 
9.5. Cessão de posição contratual 
9.6. Outros modos de transmissão 
Em uma abordagem multidisciplinar, surgem outros modos de transmissão. 
 Usufruto de créditos – direito real que confere ao usufrutuário amplas prerrogativas 
semelhantes ao proprietário, mas não todas, a exemplo de não poder dispor dos 
créditos. 
Observação 
O usufruto pode recair sobre os créditos. 
Fato é que ao se tornar usufrutuário do crédito, é como se houvesse ocorrido a 
transmissão do crédito, ainda que provisória. 
 Penhor de créditos – a garantia real que recai sobre bem móvel pode ser oferecida 
como crédito. Se o credor executar a garantia, haverá a transmissão desse penhor, 
por vias transversas, de modo que o credor passa a ser seu proprietário. 
 Endosso – nota promissória ou cheque. Se o detentor do título endossar para 
terceiros, haverá a transmissão do crédito. 
 Cessão da garantia sobre o crédito. 
10. Adimplemento obrigacional. Teoria do pagamento. 
10.1. Meios de extinção das obrigações 
 Pagamento direto 
Forma mais valorizada pelo sistema jurídico. 
 Pagamento indireto 
As hipóteses estudadas sobre novação, transação, consignação em pagamento, etc. 
 Sem pagamento 
Consiste em meios atípicos de extinção da obrigação: 
o Prescrição; 
Existe uma crítica, na medida em que a prescrição não extingue o elemento 
débito, senão, tão somente, o elemento responsabilidade; 
o Impossibilidade do pagamento sem culpa do devedor; 
Resolve-se a obrigação, extinguindo-se o liame obrigacional, seja na 
obrigação de dar coisa certa, de fazer ou de não fazer. 
66 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
10.2. O adimplemento obrigacional 
10.2.1. Pagamento direto 
Modalidade em que o devedor observa rigorosamente aquilo que está previsto no título de 
origem, ficando ao final livre do liame obrigacional. 
Curiosidade 
Parte da doutrina sustenta que o pagamento direto pode ser considerado pagamento em 
sentido estrito. 
Quem deve pagar (solvens) 
 O próprio devedor 
O pagamento pelo próprio devedor extingue o liame obrigacional, sem outras 
consequências previstas no Código. 
 Terceiro com interesse jurídico 
O ordenamento permite que terceiros com interesse jurídico efetuem o pagamento 
do objeto do liame obrigacional. 
Considera-se “interesse jurídico” as situações em que o não pagamento pode 
repercutir no patrimônio do terceiro. 
O código estabelece algumas consequências para as situações de pagamento por 
terceiro com interesse jurídico no adimplemento da obrigação. 
o SUB-ROGAÇÃO – o terceiro com interesse jurídico que efetuou o pagamento 
substitui a posição do credor original em todas as suas prerrogativas. 
o O terceiro com interesse jurídico pode, ainda, MANEJAR MEDIDAS 
NECESSÁRIAS, inclusive judiciais, para fazer valer sua intenção de 
pagar, caso o credor oponha resistência injustificada ao pagamento. Um 
exemplo de medida a ser manejada é a consignação em pagamento. 
Exemplos de terceiros com interesse jurídico: 
o Herdeiro; 
o Sublocatário – tem interesse em pagar a dívida do locatário perante o locador 
(para não ser despejado). Como consequência, o sublocatário pode cobrar os 
valores que ele desembolsou para pagar diretamente ao credor, quando quem 
deveria pagar era o locatário. Nessa hipótese, o sublocatário sub-roga-se em 
relação ao locatário com todas as prerrogativas do credor originário, inclusive 
podendo cobrar as multas e juros decorrentes do atraso. 
 Terceiro sem interesse jurídico 
o Em nome do devedor 
O recibo de quitação sai em nome do devedor. 
Assim, esse pagamento constitui uma DOAÇÃO INDIRETA. O terceiro não 
interessado que efetuou essa modalidade de pagamento não tem o direito de 
exigir absolutamente nada, nem mesmo exercer alguma prerrogativa do 
credor originário. 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 67 
 
Curiosidade 
A quitação diz respeito ao recibo que comprova o pagamento, não sendo, 
juridicamente falando, sinônimo de adimplemento. 
o Em nome próprio do terceiro não interessado 
O recibo de quitação sai em nome do próprio terceiro que efetuou o 
pagamento. 
Assim, esse pagamento irá gerar tão somente o DIREITO AO REEMBOLSO 
(sem multa, sem juros ou encargos previstos no contrato), que se afigura em 
um direito menos que a SUB-ROGAÇÃO, embora superior à DOAÇÃO 
INDIRETA. 
Código comentado 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se 
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. 
 Hipótese do pagamento por terceiro juridicamente interessado. 
 Sub-rogação e possibilidade de manejar medidas necessárias para fazer valer sua 
intenção de pagar (consignação em pagamento). 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta 
do devedor, salvo oposição deste. 
 Hipótese de Doação indireta 
 Igual direito cabe ao terceiro não interessado – refere-se ao direito de manejar uma 
consignação em pagamento, desde que faça em nome e à conta do devedor, e que 
este não se oponha. 
A consignação em pagamento pressupõe que o devedor tem o direito de honrar sua 
obrigação. 
 Salvo oposição deste – O devedor deve justificar sua oposição ao pagamento do 
terceiro, para não recair em abuso de direito. 
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a 
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 
 Hipótese de terceiro não interessado, pagando em seu próprio nome. 
 Direito ao reembolso, sem se sub-rogar nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no 
vencimento. 
 O direito ao reembolso será no vencimento, para não prejudicar o devedor que já tinha 
essa previsão no contrato, senão o terceiro encurtaria o prazo que o devedor teria 
para pagar. 
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, 
não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. 
 Meios para ilidir a ação – significa que o devedor possuía meios para justificar o não 
pagamento da obrigação. 
68 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
Assim, nessa hipótese, se um terceiro procede ao pagamento sem o conhecimento do 
devedor, não terá o direito ao reembolso. 
Exemplo: 
o O devedor possuía uma razão forte para não ter efetuado o pagamento ao 
credor, a exemplo de uma exceção pessoal contra o credor, mas o terceiro, 
sem consultar ao devedor, procede ao pagamento (“Peru de fora!”). Assim, o 
terceiro não terá direito de reembolso, pois o devedor não pode sair em 
prejuízo não provocado por ele. 
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando 
feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. 
 Discorre sobre o óbvio. Apenas está disposto para criar as bases que explicam, logo 
em seguida, o parágrafo único. 
Se o pagamento importa transmissão de propriedade, ele só produzirá eficácia jurídica 
se quem fez o pagamento podia alienar o objeto. 
Exemplo: 
o “A” tem um crédito a receber de “B” que é um copo de água mineral. “B”, 
aproveitando a ausência de “C”, que havia deixado um copo de água mineral 
à mesa, pega e entrega a “A”, para adimplir sua obrigação. 
Esse pagamento não terá eficácia, pois o copo de água mineral transmitido 
para “A” não era de propriedade de “B”. 
Se “A” (credor)tivesse conhecimento de que o copo de água não pertencia a 
“B” (devedor), configura-se a má-fé de “A” (credor). Caso contrário, sem 
conhecer da conduta sub-reptícia de “B” (devedor), considera-se a boa-fé de 
“A” (credor). 
 
Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do 
credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de 
aliená-la. 
 Se o credor estiver de boa-fé, então o proprietário da coisa fungível e consumível 
não poderá reclamar diretamente ao credor que recebeu o pagamento, mas poderá 
ingressar uma ação contra o devedor. 
  Se fosse uma coisa infungível e não consumível, não poderia aplicar o 
parágrafo único. 
Nessa hipótese, ainda que de boa-fé, o credor terá que devolver a coisa ao 
proprietário de direito. 
Curiosidade 
Uma coisa de gênero/espécie raríssima, tal como um vinho raro, com produção de 
apenas poucas garrafas no mundo, é considerado infungível, mas é consumível. 
Daqueles a quem se deve pagar (Accipiens) 
 Ao próprio credor 
 Terceiro diverso do credor 
o Procurador ou mandatário – idêntico a pagar ao credor. 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 69 
 
o  Credor putativo – situação em que os fatos levam o devedor (paradigma 
da pessoa média) a crer que o se está diante do real credor, quando na 
realidade não se está. 
Se for escusável, o devedor estará livre da obrigação. 
Exemplo: 
 Devedor paga ao herdeiro do credor que faleceu. Mas, após o 
pagamento, descobre-se que ele possuía herdeiros bastardos. 
Por ter pagado ao credor putativo de forma escusável, o devedor 
estará livre, e o herdeiro que recebeu o pagamento deve restituir aos 
demais. 
o Portador da quitação é o sujeito que possui a prova do pagamento (ex. 
recibo). 
 A regra é que se pode pagar ao portador da quitação. 
 Salvo se as circunstâncias do caso desautorizarem o pagamento. 
o Se pagar ao menor, quem pagou tem que provar que o pagamento foi 
revertido ao proveito do menor. O correto é pagar ao representante. 
Código comentado 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena 
de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. 
 Ao próprio credor ou ao representante de direito; 
 Pagando a terceiro diverso, o devedor estará livre se conseguir comprovar que o 
pagamento reverteu em proveito do credor. 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que 
não era credor. 
 De boa-fé – caracterizada por um erro escusável, com base no paradigma da pessoa 
média. 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor 
não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. 
 Exemplo do pagamento a um menor incapaz, em que o devedor só estará 
desobrigado se comprovar que o valor pago foi revertido ao menor. O ônus da prova é 
do terceiro que efetuou o pagamento ao menor incapaz. 
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se 
as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. 
 Quitação – é a forma do pagamento, a exemplo do recibo. 
 O portador da quitação está autorizado a receber o pagamento, ainda que não seja o 
credor de direito. 
Esse pagamento ao portador da quitação, em regra, produz plenos efeitos, 
exonerando o devedor de sua obrigação com o credor de direito. 
 “Salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante” – deve-se 
avaliar as circunstâncias do caso concreto para saber se há algum elemento que 
desabone a apresentação da quitação. 
70 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
Exemplos: 
o Fato notório que o credor original é inimigo declarado do portador que chegou 
com a quitação para receber o crédito em nome de seu desafeto. É prudente 
que o devedor entre em contato com o credor para se certificar da validade da 
quitação apresentada pelo portador; 
o Durante 12 meses, sempre quem apareceu para receber o valor foi um 
mesmo preposto, identificado por crachá e uniforme. No mês subsequente, 
entretanto, aparece outro portador, sem uniforme, sem crachá, mas com a 
quitação assinada pelo credor original. É prudente que o devedor entre em 
contato com o credor, pois as circunstâncias contrariam a presunção 
resultante. 
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, 
ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que 
poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o 
credor. 
 “Quem paga mal paga duas vezes”. 
 Se o devedor pagar ao credor, apesar de comunicado da penhora do crédito por 
terceiros, o pagamento não valerá contra estes (terceiros). Assim, os detentores da 
penhora de crédito poderão exigir ao devedor que pague novamente. Nesse caso, o 
devedor que pagou ao credor, pode requerer o regresso do valor pago indevidamente. 
Atenção 
Em situações de penhora de crédito, o devedor deve pagar em juízo. 
 Impugnação a ele oposta por terceiros – se o devedor tiver dúvida de quem é o 
verdadeiro credor, deve fazer uma consignação em pagamento. 
Objeto do pagamento e sua prova 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda 
que mais valiosa. 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser 
obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. 
 Retoma a regra geral, onde o devedor deve cumprir a prestação estabelecida pelo 
título obrigacional original. 
 TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL 
Afigura-se em uma exceção à regra, derivada do princípio da boa-fé objetiva, com 
raízes em Clóvis de Couto e Silva: “A obrigação como um processo”. 
Quando houver um adimplemento tão expressivo, que se aproxime do total de forma 
muito intensa e decisiva, a teoria do adimplemento substancial IMPEDE que o credor 
cogite a consequência jurídica da resolução. 
“Trata-se do adimplemento tão próximo do resultado final que, tendo-se em vista a 
conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão somente o 
pedido de indenização” (Clóvis de Couto e Silva). 
Exemplo: 
o O devedor paga 35 das 36 parcelas de um contrato parcelado. Em regra, não 
houve o adimplemento, mas afigura-se um adimplemento substancial, que 
impede jurisprudencialmente que o credor exija a resolução da obrigação. 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 71 
 
Qual seria o parâmetro para configurar um adimplemento substancial? 
Não existe um parâmetro objetivo, então sempre vai depender das circunstâncias do 
caso concreto. 
 Parcelamento de dívida divisível – exceção ao art. 314, CC 
O art. 314 dispõe que ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não 
pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim 
não se ajustou. 
Contudo, em se tratando de regra específica para o processo de execução, disposta 
no Código de Processo Civil de 2015, possibilita-se ao executado (devedor), desde 
que depositando cerca de 20% a 30% do total da dívida (com custas, honorários, etc.), 
parcelar o restante, independentemente de concordância do credor. 
A viabilidade dessa exceção guarda relação com o Diálogo das fontes (Cláudia 
Lima Marques), que propicia um diálogo entre o Código Civil e o Código de Processo 
Civil. 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e 
pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. 
 Em moeda corrente – a moeda atual vigente no país. 
 Pelo valor nominal – Em regra, pelo valor de face disposto no título obrigacional 
original. 
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestaçõessucessivas. 
 Aumento progressivo de prestações sucessivas – permite-se a atualização 
monetária. 
 A atualização monetária deve estar EXPRESSA no título executivo ou extrajudicial. 
  No processo civil, permite-se a atualização monetária sem estar expressa no título 
original, mas só atualiza do ajuizamento em diante, perdendo-se daí para trás. 
Atenção 
Atualização monetária não se confunde com juros remuneratórios. 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor 
da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da 
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. 
 Aplicação da TEORIA DA IMPREVISÃO, nas obrigações pecuniárias. 
Evita que um fato que seja IMPREVISÍVEL para as partes e SUPERVENIENTE ao 
ajuste original comprometa o equilíbrio originário, fazendo com que uma parte tenha 
um lucro excessivo ao preço de um prejuízo muito grande da outra parte. 
 Desproporção manifesta – à luz das circunstâncias do caso concreto. 
Exemplo: 
o Estelionato de FHC em manter câmbio de 1 para 1 com dólar. 
 
72 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem 
como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os 
casos previstos na legislação especial. 
 Como regra geral, há uma vedação legal para que os negócios sejam celebrados com 
convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para 
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional. 
 Excetuados os casos previstos na legislação especial. 
Negócios envolvendo o comércio exterior (importação e exportação) podem ser 
celebrados em moeda estrangeira. 
Quitação 
A partir do art. 319, tratar-se-á do instituto da quitação, que não se confunde com o 
pagamento, como amplamente difundido no imaginário popular. 
O devedor que pagar e não tiver o comprovante de quitação corre o risco de cair na 
máxima do “quem paga mal paga duas vezes”. 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, 
enquanto não lhe seja dada. 
 A lei dá direito ao devedor de inclusive reter o pagamento, se o credor não 
providenciar o documento de quitação. 
 Se a quitação continuar a ser negada, o devedor poderá invocar a aplicação da 
consignação em pagamento. 
 O ônus da prova da quitação é do devedor. Se o ônus da prova fosse do credor, seria 
a chamada “prova diabólica”. 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará 
o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e 
o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
 Requisitos formais que deverão constar no documento de quitação: 
o Valor e a espécie da dívida quitada; 
o Nome do devedor ou de quem efetuou o pagamento; 
o O tempo do pagamento 
o Assinatura do credor ou de seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de 
seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 O parágrafo único flexibiliza a formalidade do documento de quitação, admitindo-se 
outras formas de se provar o pagamento da dívida. 
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o 
devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido. 
 Situações em que o título da obrigação é uma “nota promissória” ou “um cheque-
calção”. Nelas, o “credor” retém o título, devendo devolver ao devedor no momento do 
pagamento, razão por que se diz que a quitação consiste na devolução do título. 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 73 
 
 Quitação consista na devolução do título – o título de crédito corporificado, tal 
como uma nota promissória ou cheque-calção, deve ser devolvido ao devedor no 
momento do pagamento. 
 Declaração do credor que inutilize o título desaparecido – caso o credor tenha 
perdido o título corporificado, ele deverá declarar que o devedor fez o pagamento e 
que o título não foi devolvido por alguma justificativa, tal como um extravio. 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, 
até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. 
 A quitação de determinada quota acarreta a presunção juris tantum de que as 
anteriores também foram quitadas. 
Observação 
Presunção juris et de jure – Presunção absoluta; 
Presunção juris tantum – Presunção relativa, que admite prova em contrário. 
 Não é uma regra cogente, então as partes podem pactuar de forma diferente, assim 
como acontece com boletos onde consta a observação de que “o pagamento dessa 
quota não pressupõe o pagamento das quotas anteriores”. 
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. 
 Sem reserva dos juros – a quitação do principal sem ressalvas quanto ao não 
pagamento dos juros faz presumir que ambos foram pagos. 
 É uma presunção relativa para explicar que o acessório (juros) segue o principal. 
Exemplos: 
o O credor deve explicitar na quitação que está recebendo apenas o principal, 
sem os juros, que deverão ser pagos posteriormente. 
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. 
 Se o credor devolve o título ao devedor, haverá presunção de que houve o 
pagamento. 
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em 
sessenta dias, a falta do pagamento. 
 Flexibiliza o art. 324, já que possibilita ao credor provar que, embora tenha efetuado a 
quitação, não houve efetivamente o pagamento. O dispositivo estabelece o prazo de 
sessenta dias. Na prática, não é tarefa muito fácil. 
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se 
ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. 
 Certos pagamentos pressupõem despesas. Elas serão arcadas, em regra, pelo 
devedor. 
 Mas se as despesas aumentarem por conduta atribuída ao credor, este suportará a 
despesa que foi acrescida. 
o Mudança de endereço do fornecedor, de Salvador para Aracaju. Não poderá o 
fornecedor imputar os custos extras da logística (combustível, diária de 
74 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
motorista, etc.) ao devedor, pois foi ele (o credor) que deu causa a esse 
aumento inesperado. 
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no 
silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. 
 Cláusula geral – sua compreensão demanda a uma remissão para elementos 
colhidos fora do código. 
O alqueire baiano tem medidas diversas de outros lugares. 
 Se não houver indicado no título qual a medida a ser utilizada, deve-se utilizar a 
medida ou peso do lugar da execução. 
Lugar do pagamento 
No título de origem da obrigação normalmente deve ter indicado o lugar do pagamento, 
previsão que, em determinados tipos de obrigação, ficou mitigada. 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes 
convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou 
das circunstâncias. 
 No silêncio das partes, o lugar do pagamento será o domicílio ATUAL do devedor. 
 Dívida QUESÍVEL – que deve ser paga no domicílio do devedor. 
 Dívida PORTÁVEL – em que o lugar do pagamento será o domicílio do credor. 
Exemplo: 
o Fisco – domicílio do credor; 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. 
 Faculta ao credor fazer a escolha, nas hipóteses em que houver designado mais de 
um lugar para pagamento. 
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradiçãode um imóvel, ou em prestações relativas a 
imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem. 
 Razoabilidade – se o objeto do pagamento é um bem imóvel, a tradição ou a 
prestação do pagamento deverá ser no endereço do próprio imóvel, pois seria 
impossível mover o bem. 
 Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar 
determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. 
 Motivo grave – Se o lugar do pagamento for local perigoso, o devedor pode fazê-lo 
em outro local. 
  Sem prejuízo para o credor – O entendimento doutrinário é que as despesas 
incorridas pela mudança de endereço serão imputadas a quem deu causa, não sendo 
imputadas a nenhum dos dois, se ninguém foi responsável pela causa. 
 
DIR120 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 75 
 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor 
relativamente ao previsto no contrato. 
 Venire contra factum proprium – o pagamento feito REITERADAMENTE em outro 
local gera legitima expectativa para o devedor de que o credor não irá voltar a exigir 
o pagamento no lugar pactuado. 
Tempo do pagamento 
Tempo de pagamento está associado ao VENCIMENTO. 
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o 
pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. 
 A regra no silêncio das partes é que se o vencimento não for ajustado, o pagamento 
deverá ser IMEDIATO. 
 O dia interpela pelo homem (dies interpelat pro homine) – Se foi fixada a data de 
vencimento, ela define a data do pagamento. Se não foi fixada a data, espera-se que o 
credor interpele o devedor para efetuar o pagamento em prazo razoável, ao invés de 
cobrar imediatamente. 
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, 
cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. 
 Vencimento ocorre quando a condição é implementada, sendo que o credor deve 
providenciar que o devedor tenha tido ciência do implemento. 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado 
no contrato ou marcado neste Código: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro 
credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou 
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
Situações excepcionais que forçam o vencimento antecipado da dívida. 
 Inciso I – Se o devedor abrir falência ou em hipótese de concurso de credores, o 
credor pode exigir antecipamente o cumprimento da obrigação, pois não faz sentido o 
credor aguardar a data de vencimento (futura), já que iria por em risco seu crédito e 
consequentemente seu patrimônio. 
Curiosidade 
A falência é uma espécie de concurso de credores 
Limite para créditos trabalhistas 
A nova lei das falências (de 2005) estabeleceu o limite de cem salário mínimos para 
os créditos trabalhistas (preferencias), pois havia muita fraude: Forjavam-se 
reclamações trabalhistas milionárias com interpostas pessoas ligadas às empresas 
que pediam falência, para transferir os recursos do concurso de credores para eles 
próprios – Lei de Gerson. 
76 Anotações de Helson Nunes da Silva 
 
 Inciso II – Hipótese em que a dívida estava com garantia real, o que deixava o credor 
está absolutamente tranquilo, até que outro credor tenha penhorado o bem que lhe foi 
dado em garantia (penhor ou hipoteca). 
Não é razoável o credor esperar o vencimento para exigir o pagamento, já que o 
crédito ficou sem cobertura. 
 Inciso III – Muito semelhante à essência do inciso II, pois trata da hipótese de que 
própria garantia da prestação se tornou insuficiente, diferenciando da hipótese anterior 
em que outro credor penhorou o crédito.

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