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CURSO DE IMPOSTO DE RENDA-PESSOA FÍSICA

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Livro digital – Curso de Imposto de Renda: Pessoa Física – Prof. Dejamir da Silva – Edição 2015. 
 
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 Livro digital – Curso de Imposto de Renda: Pessoa Física – Prof. Dejamir da Silva – Edição 2015. 
 
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 Sumário 
 
1. Introdução .................................................................................................................................. 6 
2. Mudanças: Carnê-leão 2015 ..................................................................................................... 7 
3. Da Obrigatoriedade de entrega ................................................................................................ 7 
4. Fuja da Malha Fina ................................................................................................................... 9 
5. Documentos básicos................................................................................................................... 9 
6. Rascunho da Declaração ........................................................................................................... 9 
7. Dos modelos de Declaração de Ajuste ..................................................................................... 9 
8. Das alíquotas do Imposto de Renda ....................................................................................... 10 
9. Da Tributação exclusiva na fonte........................................................................................... 10 
9.1 Décimo Terceiro Salário ................................................................................................... 10 
10. Dos rendimentos não tributáveis ....................................................................................... 11 
11. Dos rendimentos isentos ...................................................................................................... 11 
12. Das isenções .......................................................................................................................... 12 
12.1 Dos Bens de pequeno valor ............................................................................................... 12 
12.2 Da Alienação do único imóvel .......................................................................................... 12 
12.3 Da Alienação do único imóvel residencial ........................................................................ 12 
12.4 Dos aposentados com 65 anos ou mais ............................................................................. 13 
12.5 Da herança ......................................................................................................................... 13 
13. Dos rendimentos recebidos de sócios de microempresas (ME) e Empresas de pequeno 
porte (EPP) ...................................................................................................................................... 13 
14. Dos rendimentos recebidos de processo judicial contra o INSS ...................................... 14 
15. Tributação ............................................................................................................................ 14 
16. Da Tributação exclusiva na fonte....................................................................................... 15 
17. Dos rendimentos tributáveis ............................................................................................... 15 
17.1 Dos rendimentos do Trabalho ........................................................................................... 15 
17.2 Dos aluguéis ...................................................................................................................... 15 
17.3 Dos rendimentos de pensão alimentícia e de aposentadoria ............................................. 16 
18. Das deduções ........................................................................................................................ 16 
18.1 Das deduções integrais ...................................................................................................... 16 
18.2 Das deduções limitadas ..................................................................................................... 16 
18.3 Do desconto simplificado .................................................................................................. 17 
18.4 Das deduções nos serviços de transporte .......................................................................... 17 
18.5 Das deduções do Imposto devido ...................................................................................... 18 
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18.6 Dos gastos com previdência dos domésticos..................................................................... 18 
18.7 Outra dedução ................................................................................................................... 19 
18.8 Das doações indedutíveis .................................................................................................. 19 
19. Dos gastos com instrução .................................................................................................... 19 
20. Dos dependentes .................................................................................................................. 20 
21. Fundos de previdência ........................................................................................................ 20 
22. Dos bens ................................................................................................................................ 23 
22.1 Avaliação ........................................................................................................................... 23 
22.2 Consórcios ......................................................................................................................... 23 
22.3 Venda com obtenção de lucro ........................................................................................... 25 
23. Do livro caixa ....................................................................................................................... 25 
23.1 Despesas de custeio ........................................................................................................... 25 
23.2 Do imóvel residencial ........................................................................................................ 26 
23.3 Dos valores não dedutíveis ................................................................................................ 26 
24. Do espólio ............................................................................................................................. 26 
25. Das dívidas e ônus reais ...................................................................................................... 27 
26. Do Carnê-leão e do Mensalão ............................................................................................. 27 
27. Da atividade rural ............................................................................................................... 27 
27.1 Da escrituração .................................................................................................................. 27 
27.2 Da insuficiência de caixa ................................................................................................... 28 
27.3 Dos investimentos ............................................................................................................. 28 
27.4 Adiantamentos ...................................................................................................................29 
27.5 Dos bens da atividade rural ............................................................................................... 29 
27.6 Do consórcio de bens para atividade rural ........................................................................ 30 
27.7 Dos empréstimos ou financiamentos rurais ....................................................................... 30 
27.8 Da compensação de prejuízos da atividade rural .............................................................. 31 
27.9 Do arrendamento de terras rurais ...................................................................................... 31 
27.10 Da declaração de ajuste em conjunto ............................................................................ 31 
28. Dos períodos de tributação ................................................................................................. 32 
29. Dos pagamentos de despesas .............................................................................................. 32 
30. Das ferramentas para evitar a sonegação ......................................................................... 32 
31. Do imposto sobre transmissão causa mortis e doação - ITCMD ..................................... 33 
32. Das penalidades ................................................................................................................... 35 
32.1 Do Informe de Rendimentos e de Retenção do Imposto ................................................... 35 
32.2 Da entrega da Declaração de Ajuste do Imposto de renda fora do prazo .......................... 35 
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33. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ......................................................................................... 36 
33.1 Da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) ......................................... 36 
34. Outras disposições ............................................................................................................... 36 
34.1 Do recibo de envio ............................................................................................................ 36 
35. Outras informações ............................................................................................................. 36 
36. Informações adicionais ....................................................................................................... 36 
37. Tabelas ................................................................................................................................. 37 
38. Perguntas e respostas sobre Imposto de Renda Pessoa Física ........................................ 38 
39. Receita anuncia as regras do Programa de Imposto de Renda 2015 .............................. 45 
IRPF .................................................................................................................................................... 45 
40. Referência Bibliográfica ..................................................................................................... 48 
 
 
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1. Introdução 
 
O Imposto de renda é de competência exclusiva da União Federal
1
, entidade jurídica 
da República Federativa do Brasil. Ele é considerado um instrumento de redistribuição de 
renda cujo objetivo é de fomentar o desenvolvimento econômico de regiões do Brasil. Há 
previsão constitucional na obrigação de reduzir as desigualdades inter-regionais, de acordo 
com o critério populacional
2
. 
Pode-se dizer que a função principal do Imposto de Renda é fiscal, visando-se à 
arrecadação. O montante recolhido por meio desse imposto é a maior receita das arrecadações 
de tributos federais, estaduais e municipais do país. 
Também é considerado como instrumento de intervenção do Poder Público no 
domínio econômico
3
. Por isso, há extrafiscalidade, com objetivos outros, além de arrecadar. 
O fato gerador do Imposto de Renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou 
jurídica de renda, originada do produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; 
bem como dos proventos de qualquer natureza, que são aqueles não integrantes do conceito de 
renda. 
Para o Código Tributário, renda é sempre um produto, um resultado do trabalho, do 
capital ou da combinação de ambos. Os proventos de qualquer natureza são aqueles 
acréscimos patrimoniais não incluídos no conceito de renda. Na verdade, o conceito de 
provento se forma por exclusão. 
O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza incide sobre as rendas e 
proventos recebidos. Como regra, esse imposto é de incidência anual, porém, há incidências 
específicas, denominadas de incidências na fonte. Para Machado (1997) 
4
, essa incidência na 
fonte trata-se de mera antecipação da incidência genérica ou até incidência autônoma. 
O fato gerador do Imposto de Renda da pessoa física com incidência anual é 
constituído de espécies de fatos continuados. A renda ou o lucro podem ser considerados 
durante um período de doze meses, do ano-calendário. Com isso, diz-se ao fato gerador dessa 
espécie como fato gerador complexo
5
. 
Com o início do período, define o regime jurídico do imposto. As leis já estão todas 
aprovadas; nada se pode mudar; as regras já estão estabelecidas para o início, para o meio e 
para o fim daquele período-base do imposto. Na verdade, deve ser observado o princípio da 
anterioridade. 
 
1 Conforme prevê o inciso III, do art. 153 da Constituição da República Federativa do Brasil, e o art. 143 do Código Tributário Nacional. 
2 De acordo com o § 7º do art. 165 da Constituição da República Federativa do Brasil. 
3 MACHADO, Hugo de Brito. Op. cit., p. 303. 
4 MACHADO, Hugo de Brito. Op. cit., p. 317. 
5 MACHADO, Hugo de Brito. Op. cit., p. 317. 
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A base para iniciar os cálculos do imposto de renda da pessoa física ou natural é o 
rendimento bruto. Há deduções desse rendimento permitidas por lei: pensão alimentícia, 
encargos por dependentes e encargos previdenciários. O resultado dessa operação, a soma dos 
rendimentos brutos menos as deduções permitidas, é a base de cálculo para aplicação da 
tabela de Imposto de Renda. 
Do valor líquido encontrado, da renda bruta menos as deduções permitidas por lei, 
aplica-se a alíquota correspondente da tabela, que pode variar entre 7,5% e 27,5%. Do 
resultado, ainda há outra dedução, que se encontra na própria tabela, para que se tenha o valor 
do imposto devido de renda pessoa física. Desse imposto apurado, há ainda outras deduções 
permitidas pela norma federal. 
Como se vê, o cálculo é complexo na apuração do imposto devido pelo contribuinte. 
As pessoas físicas devem observar as exigências de prestar contas com o Leão. Caso sejam 
obrigadas, elas deverão apresentar a declaração de ajuste anual do imposto. 
Essa declaração de ajuste anual do imposto tem a finalidade de demonstrar em 
primeiro lugar, que o imposto foi pago mensalmente e que a lei foi observada em sua 
plenitude. Em segundo lugar, de apurar o imposto anual, cobrar do contribuinte o imposto 
apurado ou, então devolvê-lo, quando o recolhimento antecipado for maior. Em terceiro, é 
verificar se houve consistência dos dados apresentados com os dados já fornecidos à receita 
por outro meio. Outro ponto a ser analisado pelo sistema é variação patrimonial do 
contribuinte, que é o aumento ou a diminuição do seu patrimônio. A dúvida maior seria: ele 
obteve renda suficiente parapoder justificar seu aumento patrimonial? 
 
2. Mudanças: Carnê-leão 2015 
 
Os contribuintes profissionais autônomos devem obter os CPFs de seus clientes, 
quando da prestação de serviços, a partir de 2015. 
O aplicativo do Carnê-leão da Receita Federal disponível já está preparado para 
receber essas informações, podendo exportar esses dados para a Declaração de rendimentos 
do IRPF em 2016. 
 
3. Da Obrigatoriedade de entrega 
 
A pessoa física residente no Brasil que obteve renda ou provento no ano-calendário de 
2014 e que havia patrimônio em 31 de dezembro daquele ano deve verificar se ela preenche 
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os requisitos da obrigatoriedade de prestar contas com o Leão, apresentado a declaração de 
ajuste anual. 
É obrigado a apresentar a declaração de ajuste anual: 
a) quem recebeu rendimentos tributáveis cuja soma foi superior a R$ 26.816,55 (vinte 
e seis mil oitocentos e dezesseis reais e cinquenta e cinco centavos), o que corresponde a um 
salário mensal de R$ 2.234,71; ou 
b) quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na 
fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais); ou 
c) quem obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, 
sujeitos à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, 
de futuros
6
 e assemelhadas; ou 
d) quem teve, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, 
incluindo terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); ou 
e) quem passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nesta condição se 
encontrava em 31 de dezembro; ou 
f) quem optou pela isenção do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital 
auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda seja destinado à aplicação 
na aquisição de imóveis residenciais localizados no país, no prazo de 180 dias contados da 
celebração do contrato de venda. 
E, por fim, há obrigatoriedade para quem: 
g) em atividade rural, obteve receita bruta de valor superior a R$ 134.082,75 (cento e 
trinta e quatro mil oitenta e dois reais e setenta e cinco centavos); e, ainda, 
h) pretende compensar, no ano-calendário de 2014 ou posteriores, prejuízos das 
atividades de anos anteriores ou do próprio ano-calendário de 2014. 
Não há necessidade de preencher todos os requisitos exigidos para apresentação da 
declaração de ajuste, ou de alguns, simultaneamente; isto é, quando o contribuinte se 
enquadrar em um dos requisitos, a obrigação tributária acessória acontece; daí da exigência da 
entrega desse documento. 
 
 
 
6 A sigla Bolsa de Mercadoria & Futuro utilizada é BM&F. Nessa bolsa são negociados contratos futuros de ativos. Os agentes econômicos 
se protegem do risco representado pela oscilação de preços desses ativos, e por investidores, que assumem o risco do contrato com 
expectativa de lucrar com a operação. São passíveis de negociação na BM&F ativos financeiros, tais como: ouro, dólar, taxa de juros, índices 
como o Ibovespa, título da dívida pública e os ativos agrícolas, tais como: soja, café, açúcar refinado, etanol e boi gordo. O que sustenta a 
negociação é contrato futuro que estabelece a realização de uma negociação de compra ou venda de um ativo, em determinada quantidade, ao 
fim de um prazo, por um preço preestabelecido. O objetivo dessa operação é garantir o preço do ativo, apesar de sua variação futura 
(https://www.invistaativa.com.br/investimentos/bmf-bovespa/bmf-futuros.aspx?gclid=CJaJvqeNq68CFUhl7Aod3gGEaw). 
 
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4. Malha Fina 
 
Em 2014, ficaram enroscados na malha fina quase um milhão de contribuintes. Para 
não ter transtorno com a declaração de ajuste, a pessoa deve conferir atentamente sua 
declaração antes de enviá-la à Receita Federal. Caso haja erros, após o envio, é necessário 
retificar o documento. 
Há vários erros que devem ser evitados: não informar rendimentos, gastos exagerados 
com médicos, dentistas entre outros. 
 
5. Documentos básicos 
 
Os contribuintes devem separar todos os documentos que contêm informações de 
rendas ou proventos recebidos, pagamentos efetuados a terceiros, de vendas ou compras de 
imóveis, entre outros. 
Normalmente, esses documentos são informes de rendimentos de empresa ou do 
INSS; comprovantes de pagamentos recebidos (autônomos); documentos de financiamentos 
da casa própria e do carro; número do CPF dos dependentes com mais de 16 anos; recibos de 
pagamentos de escola dos filhos do ano passado; recibos de pagamentos de consultas 
médicas, entre outros. 
 
6. Rascunho da Declaração 
 
A Receita Federal do Brasil disponibiliza aplicativo para que o contribuinte possa 
informar dados de pagamentos e recebimentos durante todo o ano. Essas informações podem 
ser importadas na DIRPF, para facilitar o trabalho no preenchimento dos dados exigidos na 
declaração. 
 
7. Dos modelos de Declaração de Ajuste 
 
Há dois modelos de apuração do imposto de renda pessoa física na declaração de 
ajuste do imposto. Este ano é possível fazer a declaração no modo online, com a utilização e-
Cac; porém há necessidade de certificado digital. Também foi disponibilizado um aplicativo 
para que o contribuinte possa informar dados de pagamentos e recebimentos do ano, para que 
esses dados possam ser transportados para a declaração final. 
O primeiro é o denominado de modelo simplificado. Nele se permite a dedução de 
20% do rendimento tributável do contribuinte. Esse percentual substitui as deduções legais 
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cabíveis. Não há necessidade de comprovar essas deduções com documentos. Na verdade, há 
uma presunção desses gastos por parte do contribuinte do imposto. 
No segundo modelo, o completo, as deduções permitidas por lei devem ser 
comprovadas com documentos hábeis e idôneos. E todas essas deduções devem ser 
devidamente relacionadas na declaração de ajuste, podendo ser utilizadas como abatimentos 
dos rendimentos tributáveis ou do próprio imposto. 
Como se vê, o contribuinte deve fazer a opção pelo modo de entregar a declaração, 
escolhendo a de modelo simplificado ou a de modelo completo. Até 30 de abril, é permitida a 
retificação da declaração
7
, sendo possível modificar a opção escolhida, ou seja, o contribuinte 
que entregou a declaração pelo modelo completo e se arrependeu poderá fazer a retificação 
para mudar a maneira de cálculo do modelo completo para o modelo simplificado e vice-
versa. 
 
8. Das alíquotas do Imposto de Renda 
 
As alíquotas aplicáveis são variáveis de acordo com o nível dos rendimentos do 
contribuinte, conforme observância do princípio da progressividade e da capacidade 
contributiva. Atualmente, elas estão entre 7,5% e 27,5% e são aplicáveis sobre o rendimento 
líquido, resultado do rendimento bruto diminuído pelas deduções permitidas. Tais alíquotas só 
podem ser modificadas por lei em sentido restrito, ou seja: por lei aprovada pelo poder 
legislativo. 
 
9. Da Tributação exclusiva na fonte 
 
9.1 Décimo Terceiro Salário 
 
A tributação da gratificação natalina percebida pelo empregado deve acontecer 
separadamente dos rendimentos mensais, porque o tratamento tributário é outro; ou seja, esse 
tipo de rendimento é considerado pela legislação como rendimentos sujeitos à tributação 
exclusiva na fonte. 
Nabase de cálculo do imposto de renda, inicia-se com o valor bruto do décimo 
terceiro do empregado e dele pode ser deduzido o valor de pensão alimentícia judicial, o valor 
correspondente a dependentes e a contribuição da previdência oficial. 
Tanto o rendimento quanto o imposto de renda retido na fonte do décimo terceiro não 
fazem parte da apuração anual do imposto. O valor líquido do décimo terceiro: valor do 
 
7 INSRF de nº 15/2001, art. 57 e INRFB de nº 1007/2010, art. 7º, §3º. 
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rendimento diminuído do imposto de renda retido na fonte será apenas informado na 
Declaração de Ajuste Anual, ou seja, esse resultado servirá como indicação, ou seja, apenas 
como prova de variação patrimonial positiva. 
 
10. Dos rendimentos não tributáveis 
 
Há casos de rendimentos que não são tributáveis. A restituição do Imposto de renda é 
um deles. 
Os rendimentos recebidos por sócios ou titular de empresas tributadas pelo regime de 
lucro real, presumido ou arbitrado, não são sujeitos à incidência do Imposto de Renda. 
No valor pago pelas empresas em programa de desligamento voluntário oferecido aos 
empregados, quando da dispensa dele, não há incidência do Imposto de renda, ou seja, esse 
valor de indenização entregue ao empregado na rescisão não é tributável. 
 
11. Dos rendimentos isentos 
 
Os rendimentos recebidos pelos aposentados portadores de doença grave são 
caracterizados pela lei como rendimentos isentos. 
As doenças graves, consideradas assim, para o imposto de renda, são tuberculose 
ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia 
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose 
anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), 
contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), hepatopatia 
grave e fibrose cística (mucoviscidose). 
Como mencionado, essa isenção é atribuída apenas aos aposentados. Os rendimentos 
recebidos de trabalhadores ativos ou em auxílio-doença, que sofram daquelas doenças, são 
tributáveis, normalmente, ou seja, eles não gozam da isenção do Imposto de Renda por 
doença grave. 
A condição para gozar do benefício é ser portador de doença grave e aposentado. 
Além disso, é necessário laudo médico do SUS para requerer a isenção na agência da 
Previdência Social. 
 
 
 
 
 
 
 
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12. Das isenções 
 
12.1 Dos Bens de pequeno valor 
 
Como regra, o lucro apurado na venda de bens é tributável para o Imposto de Renda 
pessoa física. No entanto, há isenção quando o valor da venda for menor de R$ 35.000,00 
(trinta e cinco mil reais), ou seja, mesmo o contribuinte obtendo lucro na venda do bem, nessa 
condição, não é devido tributo ao Leão. 
Essa isenção é para o todo, isto é, somam-se os bens vendidos em determinado mês 
para verificar se o contribuinte goza da isenção. 
A alienação de imóvel adquirido por consórcio ou pelo Sistema Financeiro de 
Habitação (SFH) pode ser isento do imposto de renda. Se o valor da alienação desse bem, sem 
o saldo devedor transferido ao adquirente, for igual ou menor de R$ 35.000,00, não haverá 
tributação, quando resultar lucro – valor da alienação diminuído do custo do imóvel. 
 
12.2 Da Alienação do único imóvel 
 
O contribuinte que alienar o único imóvel, até o valor de R$ 440.000,00, goza do 
direito de isenção do Imposto de Renda. 
Essa isenção pode ser utilizada a cada cinco anos, isto é, para o contribuinte aproveitar 
de outra isenção dessa natureza, ele deve aguardar o fim dos cinco anos da data daquela 
alienação. 
 
12.3 Da Alienação do único imóvel residencial 
 
A pessoa física pode optar pela isenção
8
 do Imposto de Renda incidente sobre o ganho 
de capital auferido na venda de imóveis residenciais cujo produto da venda seja destinado à 
aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no país, no prazo de 180 dias 
contados da celebração do contrato de venda. 
Essa opção deve ser informada no respectivo demonstrativo da apuração dos ganhos 
de capital da declaração de ajuste anual. 
Com a entrega da declaração, a isenção se torna definitiva; com isso, o ato se 
consolida, tornando irretratável. Isso significa que uma vez assumido o compromisso, a lei 
não aceita voltar atrás. 
 
 
8 Art. 39 da Lei n. 11.196, de 21 de novembro de 2005. 
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12.4 Dos aposentados com 65 anos ou mais 
 
Parte dos proventos recebidos pelos aposentados que têm 65 anos ou mais são isentos 
do Imposto de Renda
9
. Em outras palavras, pode-se afirmar que há um limite de proventos 
que são considerados isentos pela legislação federal e, ainda, o que excede dele pode ser 
tributável. 
Antes do início do ano-calendário, a lei atribui esse valor. De janeiro a dezembro de 
2014, o limite mensal de isenção da pensão e dos proventos da inatividade é de R$ 1.787,77 
(um mil setecentos e oitenta e sete reais e setenta e sete centavos). 
 
12.5 Da herança 
 
Os bens ou direitos recebidos de herança de familiares são isentos de Imposto de renda 
de pessoa física. Eles só devem aparecer na declaração dos herdeiros após o fim do processo 
de inventário. 
Com o fim do espólio e do inventário, transitado em julgado o processo, o juízo 
expede o Formal de Partilha ou a Carta de Adjudicação, dependendo de cada caso. 
O Formal de Partilha é emitido quando no processo houver mais de um herdeiro; nele 
fica registrado de que maneira foi feita a divisão dos bens entre os herdeiros. No processo de 
inventário em que há um único herdeiro, não há divisão de bens: o documento que se expede 
é a Carta de Adjudicação. 
 
13. Dos rendimentos recebidos de sócios de microempresas (ME) e Empresas de 
pequeno porte (EPP) 
 
Os rendimentos recebidos ou distribuídos aos sócios pelas microempresas ou pelas 
empresas de pequeno porte são isentos do Imposto de Renda, na fonte e na declaração de 
ajuste do imposto de renda. 
Porém, os pró-labores não têm esse mesmo tratamento fiscal. Eles são tributados 
normalmente, tanto na fonte quanto na prestação de contas com o Leão. 
Essa isenção fica limitada aos percentuais do lucro presumido, de acordo com o § 1º 
do art. 14 da Lei 9.249, de 26.12.1995. Entretanto, essa exigência não se aplica, quando a 
empresa mantém escrituração contábil regularmente. 
 
 
 
 
9 Lei n. 7723/88, art. 6º, XV, com redação da Lei n. 11.482/07, art. 2º. 
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14. Dos rendimentos recebidos de processo judicial contra o INSS 
 
As ações judiciais com sucesso contra a fazenda pública federal, quando acontece o 
trânsito em julgado do processo, o encerramento da demanda, podem gerar requisição de 
pequeno valor ou precatórios. Esses são os documentos emitidos pelo judiciário para que 
ocorra o recebimento do valor condenado no processo. O primeiro recebimento acontece mais 
rápido, o outro demora um pouco mais; o precatório exige formalidades. 
Esses rendimentos do processo, quando recebidos, sofrem a retenção do Imposto de 
Renda de 3% na fonte. Porém, se o contribuinte declararesses valores como rendimentos 
isentos ou não tributáveis, não haverá retenção do imposto. 
 
15. Tributação 
 
A incidência do Imposto de Renda Pessoa Física pode acontecer mensal, anual ou, 
simplesmente, em um único fato jurídico isolado. A mensal é oriunda de folhas de 
pagamentos: relações empregatícias ou pró-labores de proprietários de empresas; e, do 
sistema Carnê-leão. 
O Carnê-leão é um sistema de cálculo e recolhimento de Imposto de Renda obrigatório 
de rendimentos ou rendas de autônomos, de aluguéis, de pensão alimentícia, entre outros. Ele 
é considerado como recolhimento de antecipação do imposto. Apesar disso, a incidência do 
imposto é mensal. Na verdade, há uma complexidade, recolhe-se o imposto mensalmente e se 
compensa nos resultados dos cálculos anuais. Com a declaração, pode haver restituição ou 
imposto a pagar. 
A incidência anual acontece nos meses de março a abril do ano posterior aos fatos 
contábeis vividos pela pessoa física. Na verdade, os cálculos mensais são dos fatos ocorridos 
no ano calendário de janeiro a dezembro; o imposto é apurado no ano posterior. Nesse caso, 
os impostos considerados como antecipados podem ser deduzidos do imposto apurado na 
declaração do imposto, podendo resultar o dever do fisco em restituir valores antecipados a 
maior durante o ano. 
A incidência específica é aquela que acontece em fato isolado, como: lucro obtido na 
venda de um imóvel, ganho de prêmios de loterias entre outros. Esses rendimentos específicos 
são considerados como exclusivos na Declaração de Rendas do Imposto de Renda. Eles 
apenas devem ser informados nesse documento; não haverá compensação deles. O imposto 
apurado nessas operações é considerado recolhimentos definitivos. 
 
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15 
 
16. Da Tributação exclusiva na fonte 
 
São tributáveis exclusivamente na fonte, sistema de recolhimento do tributo definitivo, 
os bens recebidos pelo contribuinte por sorteio, por concurso ou loteria, bem como os prêmios 
em dinheiro e os juros sobre capital recebidos pelo contribuinte. 
As alíquotas aplicáveis do Imposto de Renda são de 20% sobre o valor dos bens, 30% 
sobre o valor do prêmio recebido em dinheiro e 15% sobre o valor recebido de juros sobre o 
capital. 
 
17. Dos rendimentos tributáveis 
 
17.1 Dos rendimentos do Trabalho 
 
 A legislação considera rendimentos do trabalho os salários, incluindo férias; os 
rendimentos dos autônomos, os honorários dos profissionais, os rendimentos de transporte e 
os pró-labores. 
17.2 Dos aluguéis 
 
Os aluguéis são rendimentos tributáveis pelo regime do Carnê-leão, quando recebido 
por pessoa física de outra pessoa física. Eles podem sofrer diminuições
10
 de impostos, taxas, 
emolumentos, despesas pagas para cobrança do aluguel e despesas de condomínio. 
Não é o repasse da locadora ao proprietário que determina o fato gerador. O fato 
gerador ocorre no mês do pagamento pelo locatário. 
Os aluguéis recebidos de bens comuns, que são do casal, podem ser 50% dos 
rendimentos apropriados a cada um ou, opcionalmente, o todo a um deles
11
. 
O imóvel cedido gratuitamente a amigos é tributado em 10% do valor venal do imóvel 
somente na declaração, ou seja, não há necessidade de recolhimento pelo Carnê-leão. Na 
verdade, calcula-se 10% sobre o valor venal que está indicado no carnê do IPTU, e se oferece 
esse resultado à tributação, como rendimento tributável. 
Entretanto, se o proprietário ceder o imóvel gratuitamente ao cônjuge ou aos parentes 
de 1º grau, pais e filhos, não há incidência do Imposto de Renda
12
. 
 
 
10 Haverá exclusão do rendimento de aluguel dos impostos, das taxas e emolumentos, despesas de cobrança, Condomínio, IPTU etc. 
11 Art. 6º e parágrafo único do RIR/99. 
12 Inciso IX do art. 39 e §1º do artigo 49, ambos do RIR/99. 
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16 
 
17.3 Dos rendimentos de pensão alimentícia e de aposentadoria 
 
A pensão alimentícia judicial mensal recebida pelos dependentes de seus pais ou 
familiares é tributada pelo regime do Carnê-leão e deve ser oferecida na Declaração de Ajuste 
do Imposto de Renda Anual. 
Os valores entregues aos filhos ou à esposa ou a outros por liberalidade deverão ser 
informados na declaração de ajuste como pagamentos. Os beneficiários dessa vantagem 
devem oferecê-la à tributação, pelo sistema Carnê-leão. 
Entretanto, os pagamentos de pensão alimentícia por meio de imóvel
13
 não estão 
sujeitos ao Carnê-leão, por não serem considerados rendimentos de valor, ou de dinheiro. 
 
18. Das deduções 
 
18.1 Das deduções integrais 
 
A lei permite que algumas deduções da receita tributária bruta sejam integrais, ou seja, 
elas podem ser deduzidas em sua totalidade pelos contribuintes. 
As deduções integrais são as despesas com a saúde, a pensão alimentícia (judicial) e a 
contribuição social previdenciária. 
As despesas pagas consideradas como despesas com a saúde dos componentes da 
família, incluindo as do contribuinte, são: plano de saúde, consulta com médico, com dentista, 
com psicólogo, com fisioterapeuta e com terapeuta ocupacional. 
Além dessas, ainda podem ser deduzidas as despesas com fonoaudiólogo, com 
hospital, com exame laboratorial, com serviço radiológico, com aparelhos ortopédicos, e com 
próteses ortopédicas e dentárias. 
18.2 Das deduções limitadas 
 
A dedução referente à educação dos dependentes ou do próprio contribuinte tem um 
limite. Antes de iniciar o ano-calendário, é estipulado pela legislação o valor desse limite das 
despesas gastas com instrução. Ele é individual, ou seja, o limite não é para a soma dos gastos 
com educação dos dependentes, e sim para cada um. 
Isso significa que todo valor gastos pelo contribuinte como os estudos de seus 
dependentes ou com os seus estudos não é totalmente deduzido dos rendimentos brutos. O 
 
13 Decreto 3000, de 26/03/1999, RIR. 
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17 
 
valor gasto com instrução de cada um da família deve ser confrontado com o limite; o 
excedente não pode ser dedutível do imposto. 
Além dessas deduções, pode o contribuinte deduzir previdência privada até 12% dos 
rendimentos brutos, ou seja, se o contribuinte pagar valor maior, ele só poderá abater da renda 
esse limite. 
18.3 Do desconto simplificado 
 
Desconto simplificado é um desconto permitido de 20% dos rendimentos tributáveis 
quando se opta pelo modelo simplificado de declaração de ajuste anual. Há um limite 
estabelecido por lei todo ano. Para o ano-exercício de 2015, esse desconto está limitado a 
R$ 15.880,89 (quinze mil oitocentos e oitenta reais e oitenta e nove centavos). 
Alerta-se que o desconto simplificado substitui os valores pagos ou supostamente 
pagos pelo contribuinte. 
Nessa linha de raciocínio, pode-se afirmar que desconto simplificado é o mesmo que 
deduções presumidas. Se há uma presunção dos gastos, não há necessidade de documentação 
como prova. 
Por outro lado, o que é descartado não serve para nada, ou melhor, o valor abatido da 
renda bruta não serve para justificar variação positiva no patrimônio do contribuinte. Na 
verdade, o desconto simplificado é tratado como consumido. 
18.4 Das deduções nos serviços de transporte 
 
A pessoa física que presta serviços de transporte de carga pode apurar a renda 
tributável aplicando 40% sobreas receitas mensais brutas da atividade. No caso de transporte 
de passageiros, o percentual é de 60%. 
As rendas descartadas por essa dedução, 60% das atividades de carga, 40% das 
atividades de passageiros, não podem servir de justificativa de acréscimo patrimonial. Na 
verdade, as rendas não tributadas ou deduzidas são consideradas consumidas, por presunção 
legal: não se pode, portanto, utilizá-las para justificar acréscimo no patrimônio do 
contribuinte
14
. 
Por outro lado, não há necessidade de se seguir aquelas deduções, podendo-se levar à 
tributação um percentual maior do que aquele. A preocupação, nesse caso, é com a variação 
patrimonial. Então, deve-se tomar cuidado com as contas. 
 
14 De acordo com § 3º do art. 47 e do § 3º do art. 48, ambos do Regulamento do Imposto de Renda de 1999, Decreto n. 3.000, de 26 de março 
de 1999; e do § 2º do art. 10 da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995). 
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18 
 
18.5 Das deduções do Imposto devido 
 
O contribuinte pode deduzir do imposto devido os pagamentos aos fundos controlados 
pelos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais dos Direitos da Criança e do Adolescente, 
de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem como aos Fundos 
Nacional, Estadual ou Municipal do Idoso. 
É possível ao contribuinte abater do imposto devido os valores pagos a títulos de 
doações ou patrocínios, enquadrados no Programa de Incentivo à Cultura. 
O contribuinte pode, também, deduzir do imposto devido os valores pagos como 
doações ou patrocínios, no apoio direto a projetos desportivos e paradesportivos previamente 
aprovados pelo Ministro do Esporte. 
A soma dessas deduções está limitada a 6% do imposto devido apurado na declaração 
de ajuste. E, além disso, elas só podem ser utilizadas na declaração por modelo completo. 
Há, ainda, mais uma dedução permitida do valor do Imposto de Renda devido pelo 
contribuinte na declaração de ajuste do imposto a contribuição patronal paga à Previdência 
Social pelo empregador doméstico incidente sobre o valor da remuneração do empregado. 
A dedução de empregada doméstica para 2015 é de R$ 1.152,88 (um mil cento e 
cinquenta e dois reais e oitenta e oito centavos). 
 
18.6 Dos gastos com previdência dos domésticos 
 
Há deduções permitidas por lei nos cálculos dos tributos, quando se utiliza as tabelas, 
outras dos rendimentos brutos e também as que acontecem no imposto devido. Na verdade, o 
sistema traz várias formas de dedução. Por isso, o cálculo do Imposto de Renda é considerado 
um sistema complexo. 
Nos gastos com trabalho doméstico, a lei permite do imposto devido a dedução de cota 
previdenciária do empregador doméstico, na declaração de ajuste anual do imposto. Porém, 
para gozar desse benefício, há regras a serem seguidas pelo contribuinte. 
A dedutibilidade referente à contribuição patronal paga ao Instituto Nacional de 
Previdência Nacional pelo empregador doméstico está limitada a um empregado doméstico 
por declaração, incluindo-se no caso da declaração em conjunto. 
Essa dedução patronal do INSS dos domésticos só é possível nas declarações de ajuste 
do modelo completo, ou seja, caso haja opção pelo modelo simplificado, o contribuinte deixa 
de ter esse direito. 
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19 
 
Outra exigência para utilizar os encargos previdenciários é de não exceder o valor da 
contribuição patronal calculado sobre um salário mínimo mensal. Sobre o 13º Salário e sobre 
a remuneração adicional de férias, também o critério é de um salário mínimo. 
Por último, o valor dessa dedução permitida não pode exceder o valor do imposto 
apurado, diminuído das outras deduções permitidas do imposto devido. 
Para convalidar a dedução no imposto devido, o valor a título de gastos com INSS do 
doméstico deve ser informado na Ficha Pagamentos e Doações Efetuadas, no modelo 
completo. 
 
18.7 Outra dedução 
 
Em demandas judiciais, com o trânsito em julgado do processo, as despesas judiciais e 
os honorários de advogados podem ser deduzidos dos valores recebidos em juízo. Nesse caso, 
o contribuinte deve informar na coluna correspondente o rendimento líquido recebido do 
processo judicial. E, na ficha correspondente, os pagamentos ao advogado, o nome e o 
número do CPF dele. 
 
18.8 Das doações indedutíveis 
 
São indedutíveis as doações feitas pelos contribuintes à filantropia, à educação e a 
outras entidades. Também são indedutíveis as doações feitas aos partidos políticos. Neste 
último caso, há limite delas em 10% do rendimento bruto e obrigatoriedade de informação na 
ficha de pagamentos da declaração. 
Ainda há alguns gastos que não são dedutíveis para o Imposto de Renda da pessoa 
física; são os gastos com remédios, com óculos, com medicina alternativa, com SPA, com 
academia de ginástica, gastos hospitalares de acompanhantes, gastos com limpeza de pele e 
com tratamento estético e veterinário. 
 
19. Dos gastos com instrução 
 
O valor de dedução permitida por lei relativa a gastos com instruções do contribuinte 
ou de seus familiares é de R$ 3.375,83 (três mil trezentos e setenta e cinco reais, e oitenta e 
três centavos), considerados individualmente, na declaração de ajuste de 2015. 
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20 
 
Por exemplo: o empregado da empresa cursa uma faculdade. Quem paga parte ou o 
total dos custos é a organização. Esses valores pagos pelo empregador são considerados como 
rendimentos tributáveis, devendo o empregado oferecê-los à tributação. 
Entretanto, se o pagamento for de bolsa de estudo, o tratamento fiscal é outro; não há 
cálculos do imposto, pois os rendimentos dessa natureza são considerados isentos, não 
havendo necessidade de informá-los na declaração de ajuste. 
 
20. Dos dependentes 
 
Os contribuintes podem deduzir dos rendimentos a parcela de R$ 2.156,52 (dois mil 
cento e cinquenta e seis reais e cinquenta e dois centavos) por encargo de cada dependente, na 
declaração de ajuste de 2015. Também é utilizável esse encargo nos cálculos do Imposto de 
Renda como redutor dos rendimentos brutos. 
Podem ser dependentes do contribuinte do tributo: o cônjuge ou o companheiro que 
tenha filho ou viva há mais de cinco anos com parceiro; o filho, o enteado, até 21 anos ou até 
24 anos, cursando ensino superior ou escola técnica de 2º grau; o filho ou o enteado 
incapacitado para a vida civil; o irmão, o neto até 21 anos, com a devida guarda judicial; os 
pais, os avós, quando recebem até um limite determinado por lei: e, também, aqueles que 
estão em curatela ou tutela, como menores ou inválidos. 
Os dependentes podem ser comuns, considerados do mesmo pai e mãe. Eles não 
podem, entretanto, aparecer nas declarações de ajuste de ambos simultaneamente. 
Se houver guarda judicial, a relação de dependência é só daquele que a detém, 
podendo o contribuinte utilizar como dedução dos rendimentos tributáveis. 
 
21. Fundos de previdência 
 
Fundos de previdência são tipos de fundos de investimentos. Eles foram criados para 
girar a economia, dar lucros às instituições e acumular recursos para o futuro. Isso é bom para 
o Brasil. Entretanto, em termos matemáticos, esses fundos não são tão bons assim; a pessoa 
paga para alguém cuidar do seu patrimônio a um custo elevado. 
Na verdade, os fundos de previdência são indicados para quem não dispõe de tempo 
ou, simplesmente, àqueles que não têminteresse em administrar seu patrimônio e que tenha 
interesse em poupar por prazo determinado. 
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21 
 
Um fundo de previdência é um tipo de seguro feito por seguradoras. Há dois tipos de 
fundos: o PGBL, Plano Gerador de Benefício Livre e o VGBL, Vida Gerador de Benefício 
Livre. Qual o melhor? Nenhum dos dois. Ambos trazem vantagens e desvantagens. 
O fundo de previdência passa por duas fases, a de investimento que são os pagamentos 
mensais, e a fase do regaste, geração de benefício. Nessa primeira fase, com os pagamentos 
mensais, haverá a formação do capital investido, acrescidos da rentabilidade gerada. 
Na segunda fase, é o encerramento da primeira, com o fim dos investimentos, fins dos 
pagamentos mensais; agora, o contribuinte desse fundo desfrutará dos benefícios pactuados, 
recebendo parcelas mensais ou o todo, quando houver o resgate integral, dependendo de cada 
tipo de contrato. 
Por ser livre, o contratante tem a liberdade de escolher de quem receber os benefícios, 
ou seja, o contrato original ocorreu com uma seguradora, com o fim da primeira fase, ele pode 
solicitar a transferência do montante investido para outra que desejar e receber dela os 
benefícios pactuados. 
Tributavelmente, o VGBL, Vida Gerador de Benefício Livre, é indicado para os 
contribuintes isentos do imposto de renda ou para quem já utiliza o limite de 12% de outro 
plano previdenciário. 
Entretanto, a pessoa que pretende fazer investimentos em planos de previdência e que 
se interessa por utilizar da dedução permitida, limitada em 12% da renda bruta, deve escolher 
o PGBL, Plano Gerador de Benefício Livre. 
A diferença dos planos de previdência está na forma de tributação. O investimento 
anual do VGBL não dá direito à dedução anual da renda bruta, ou seja, quando o contribuinte 
prestar conta com o Leão, ele não pode utilizar o montante investido no ano anterior como 
redução da renda bruta para pagar menos impostos de renda anual. Na verdade, esse montante 
pago é não dedutível. 
Entretanto, se o investimento for pelo PGBL, há possibilidade de dedução da renda 
bruta anual do contribuinte
15
; ou seja, com a permissão de dedução desse valor investido; a 
base de cálculo do imposto de renda é menor, e, consequentemente, o imposto também será 
menor. 
Outra diferença que se apresenta é quanto do resgate desses investimentos. O 
montante do valor resgatado, capital e rentabilidade do fundo de previdência PGBL são 
tributáveis. Já no outro VGBL, isso não acontece. Nesse caso, haverá tributação apenas do 
 
15 Essa dedutibilidade é considerada como incentivo fiscal. 
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22 
 
acréscimo do investimento, ou seja, montante levantado menos o capital investido, isto é, o 
rendimento. 
Como mencionado, o investimento dessa natureza gera rentabilidade. Com isso, há 
possibilidade do capital crescer. Entretanto, o segurado investidor deve pagar a taxa de 
carregamento e taxa de administração do fundo. 
A taxa de carregamento é calculada sobre o valor depositado mensal, em percentuais 
que variam entre 3% e 5%. A taxa de administração é cobrada anual sobre o saldo 
acumulado, em percentuais que variam entre 1,5% e 2%. 
Esses tipos de investimentos trazem dois riscos: a morte do investidor antes do 
esperado e da solidez da instituição seguradora. 
O participante desse sistema de seguro previdência pode escolher em ter o benefício 
vitalício. Ele é considerado personalista. Somente o participante é quem recebe. Esse sistema 
não gera saldo a pagar, ou seja, com a morte dele, não há saldos a receber. O montante ao 
morto que fora atribuído é transferido para a reserva técnica. Na verdade, esse benefício foi 
calculado com base na expectativa de vida do contratante. Há o mutualismo, com a morte, o 
que era do morto financia os outros que ficam. Por isso, ele é tido como seguro previdência. 
A outra opção é ter o participante uma renda certa por período determinado. O 
participante do sistema de seguro previdência pode requerer a transferência do saldo investido 
para outra seguradora. O que não pode é mudar de um tipo para outra, isso é proibido. 
Como se vê, o investidor deve ter cuidado em analisar as vantagens e desvantagens e 
só depois fazer o investimento desejado. 
Em termos de tributação, os fundos de previdência são bons investimentos para os 
contribuintes do imposto de renda. Além disso, essa aplicação pode facilitar a sucessão 
patrimonial. 
O tipo VGBL, Vida Gerador de Benefícios Livres, dá liberdade ao segurado eleger um 
ou mais beneficiários, em caso de morte, receber saldo acumulado. Esse tipo de seguro é o 
que mais cresce no Brasil. 
Em caso de morte do segurado, valor da indenização do fundo vai direito ao 
beneficiário indicado, não devendo ser inventariado. Por isso, não há incidência do Imposto 
Estadual de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), por conter as mesmas 
características de um seguro de vida. 
Na verdade, é um meio de fazer investimento e não pagar impostos. Outra coisa boa é 
que o benefício é liberado rapidamente. Planejar em vida, investir nesse fundo VGBL é uma 
decisão inteligente para muitos. 
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23 
 
Entretanto, quem dispuser de tempo e interesse em cuidar de seu próprio investimento, 
esses investimentos não são os melhores. 
 
22. Dos bens 
 
22.1 Avaliação 
 
Os bens devem ser relacionados na declaração de ajuste pelo custo de aquisição. Nas 
aquisições de imóveis, deve-se utilizar o valor que consta no documento de compra, seja ele, 
Compromisso Particular de Compra e Venda ou Escritura definitiva. Com isso, conclui que a 
legislação exige para fins de tributação no futuro o custo de aquisição do bem. 
A lei não permite atualizações dos bens relacionados na declaração. Antes, até 31 de 
dezembro de 1995, havia permissão da correção dos valores de aquisição. Entretanto, não se 
pode mais retificar declaração para modificar o valor dos bens. Esse direito já prescreveu. A 
legislação do Imposto de Renda permite retificar a declaração de ajuste anual até cinco anos 
da data permitida da entrega. 
Exemplo: João entregou sua declaração de ajuste do Imposto de Renda do exercício-
financeiro de 1996, referente ao ano calendário de 1995, e não exerceu o direito de alterar os 
valores dos bens, que constavam naquela declaração, para o valor de mercado. 
Pela lei, João deveria entrar no site da Receita Federal do Brasil e fazer a retificação 
da declaração de ajuste atualizando os valores dos bens para o valor de mercado até dezembro 
de 2001; entretanto, não o fez. Com isso, perdeu o direito de atualizar os valores dos bens a 
preço de mercado. 
Essa atualização foi permitida única vez pelo fisco; atualmente, isso é proibido. 
 
22.2 Consórcios 
 
Consórcio é um instrumento de progresso social que facilita às pessoas o acesso ao 
consumo de bens ou de serviços. Ele serve para fazer girar a economia do país. Nele, as 
pessoas podem programar a compra do bem. 
Pode-se definir consórcio
16
 como um sistema de compra programada formado por 
grupos de pessoas, por quotas e por uma empresa administradora. Seu funcionamento se 
equipara ao financiamento convencional. 
 
16 Art. 2º da Lei 11.795, de 8 de outubro de 2008. 
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24 
 
No consórcio, há a reunião de pessoas físicas ou jurídicas com a finalidade de 
aquisição de bens ou serviços por meio de autofinanciamento. Além disso, há um prazo de 
duração e um número de quotas previamente determinados. 
O grupo de pessoas do consórcio é uma sociedade não personificada composta por 
consorciados (pessoa física ou jurídica), ou seja, esse grupo não tem personalidade jurídica, 
não há necessidade de obter o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). 
O consorciado é aquela pessoa física ou jurídica que integra o grupo e assume a 
obrigação de contribuir para o cumprimento integral de seus objetivos
17
. 
Quem tem a responsabilidade de gerir esse sistema é uma sociedade constituída 
denominada de Administradora de Consórcio. Na verdade, ela é uma pessoa jurídica 
prestadora de serviços como o objeto social principal de administrar grupo de consórcios. Ela 
pode ser constituída sob a forma de sociedade limitada ou de sociedade anônima. 
Esse tipo de organização deve seguir as normas do Banco Central em sua constituição 
e funcionamento. 
No consórcio, a base de cálculo das parcelas é o valor de mercado e não há cobrança 
de juros, o participante do grupo deve pagar uma taxa de administração à administradora de 
Consórcio, em média, 3% sobre a parcela paga. O custo pode ser menor em comparação a um 
financiamento tradicional. 
Na declaração de ajuste, o contribuinte consorciado deve indicar, na ficha de 
declaração de bens, o nome da administradora do consórcio, o bem adquirido e outras 
informações correspondentes; além disso, ele deve somar o valor investido no ano e também 
indicá-lo na coluna correspondente. Essa situação é para bens ainda não contemplados. 
No caso, não havendo bem para entregar ao consorciado, quando contemplado, ele 
recebe dinheiro no lugar. O contribuinte preenche a ficha de bens e utiliza o código 99, outros 
bens ou direitos, na discriminação do bem, informa o que aconteceu e soma das parcelas 
pagas e o valor recebido em dinheiro pela falta do bem. A diferença entre o valor pago e o 
recebido é tratada como rendimento não tributável. 
Se, no ano-calendário, o consorciado for contemplado pelo sorteio e receber o bem, e, 
depois, vendê-lo pelo valor de mercado, liberando a alienação fiduciária e assumindo a dívida 
através de nota promissória com a administradora do consórcio, as parcelas pagas até a 
alienação do bem acrescida da dívida assumida fazem parte do custo do bem para apuração do 
lucro a ser oferecido à tributação. 
 
 
17 Art. 4º da Lei Nº 11.795, de 8 de outubro de 2008. 
 Livro digital – Curso de Imposto de Renda: Pessoa Física – Prof. Dejamir da Silva – Edição 2015. 
 
25 
 
22.3 Venda com obtenção de lucro 
 
Na venda do imóvel, pode haver lucro; o valor da venda menos o custo do imóvel na 
declaração de ajuste do vendedor. Esse lucro deve ser oferecido à tributação como ganho de 
capital. 
O resultado da aplicação de 15% sobre o lucro deve ser recolhido no último dia útil do 
mês subsequente à venda. 
 
23. Do livro caixa 
 
O livro caixa é um livro que registra as receitas e despesas das pessoas que prestam 
serviços autônomos, como regra. Na verdade, esse livro serve para controlar o fluxo de caixa, 
a entrada e a saída de numerários. 
A Receita Federal do Brasil disponibiliza o programa Carnê-leão aos contribuintes, 
onde há o livro caixa eletrônico para preenchimento. 
A lei determina quais as pessoas que podem utilizar o livro caixa em seu sistema de 
tributação. São eles os não assalariados, o titular de serviços notariais e registros e os 
leiloeiros. 
Podem ser deduzidos dos rendimentos da atividade autônoma os encargos de salários e 
de contribuições sociais; as despesas de custeio relacionadas à atividade. 
Esses valores pagos devem ser estribados em documento hábil e idôneo, de acordo 
com o Parecer Normativo CST 60/78. 
Para os serventuários públicos, os investimentos e os gastos com informática poderão 
ser deduzidos até o ano-calendário de 2013, exercício financeiro de 2014. Esses valores 
somente podem ser utilizados no próprio ano, não podendo ser deduzidos em anos 
subsequentes. 
23.1 Despesas de custeio 
 
A fiscalização considera despesas de custeio aquelas que têm relação com a atividade 
do contribuinte como aluguel, água, energia elétrica, telefone e materiais de expediente ou de 
consumo. 
Essas despesas são dedutíveis até o valor da receita mensal. Isso significa que pode 
resultar prejuízo mensal e não haver necessidade de recolhimento do tributo. O valor das 
despesas da atividade permitida que ultrapassar a receita mensal pode ser utilizado no mês 
posterior e assim sucessivamente até dezembro do ano-calendário. 
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26 
 
23.2 Do imóvel residencial 
 
O autônomo que trabalha em sua própria residência ou a de seus familiares pode 
deduzir apenas uma quinta parte do valor pago com aluguéis, energia elétrica, taxas, impostos, 
gastos com telefone, celular e despesas condominiais. 
Despesas com reparos desse imóvel não são permitidas, isto é, são indedutíveis. Elas 
não podem diminuir a receita da atividade do autônomo. 
23.3 Dos valores não dedutíveis 
 
Aos autônomos e às pessoas permitidas a escriturar o livro-caixa, não são autorizadas 
deduções das receitas, das quotas de depreciações de bens, das despesas de arrendamento 
mercantil (leasing), das despesas de locomoção e de transporte, das despesas relacionadas à 
prestação de serviços de transporte e aos rendimentos auferidos por garimpeiros
18
. 
Entretanto, no caso das despesas de locomoção e transporte é permitida a dedução aos 
autônomos representantes comerciais. 
 
24. Do espólio 
 
O espólio é um conjunto de bens ou direitos e obrigações do de cujos, pessoa falecida. 
Em outras palavras, espólio é uma universalidade de bens e direitos, responsável pelas 
obrigações tributárias. Ele é contribuinte diverso do meeiro, do herdeiro e do legatário. 
A entrega da declaração de ajuste do Imposto de Renda do espólio tem fases: início, 
meio e fim. Na primeira, quando houver bens e rendimentos, a declaração é entregue pelo 
espólio, representado pelo inventariante. Ele continua a entregar até que o inventário se 
encerre. A última também é obrigatória e põe fim ao processo tributário. 
A declaração final de espólio deve acontecer até a entrega normal estabelecida pela 
legislação, quando a decisão judicial final ocorrer até fevereiro do ano-financeiro. Caso 
contrário, ela deve ser apresentada no ano subsequente. 
No caso dos dependentes, eles podem ser utilizados simultaneamente nas duas 
declarações do espólio e do outro parceiro ou cônjuge sobrevivente. 
Os familiares do morto devem pedir o cancelamento da inscrição do CPF dele, quando 
não possuir bens ou direitos. 
Com a morte, a responsabilidade pelo pagamento dos tributos sempre é do espólio, 
representado pelo inventariante. 
 
18 Inciso I do art. 4º da Lei nº 9.250/95; art. 3º da lei 12024/09; art. 75 do Decreto nº 3000/99 e art. 51 da IN SRF 15/01. 
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25. Das dívidas e ônus reais 
 
A legislação obriga a informação de valores das dívidas ou de ônus reais a partir de 
um montante. Para o ano-calendário de 2014, as dívidas ou o ônus acima de R$ 5.000,00 
(cinco mil reais) devem ser informadas na declaração de ajuste do imposto de renda.Abaixo 
disso não há necessidade. Entretanto, deve-se tomar cuidado com a variação patrimonial. 
 
26. Do Carnê-leão e do Mensalão 
 
O recolhimento do tributo pelo Carnê-leão dos autônomos e de pessoas que recebem 
rendimentos de outras pessoas físicas é obrigatório. 
Entretanto, a lei autoriza ao contribuinte o recolhimento complementar de imposto; 
que, na verdade, é facultativo. Esse sistema foi apelidado como “Mensalão”. Nesse caso, a 
pessoa soma as rendas tributáveis recebidas de duas fontes diversas, calcula-se o Imposto de 
Renda de acordo com a tabela mensal, diminui dos impostos já retidos naquele mês e recolhe 
a diferença como Imposto de Renda ao governo federal. 
 
27. Da atividade rural 
 
27.1 Da escrituração 
 
A escrituração da atividade rural deve ocorrer em livro-caixa. Nele são assentadas as 
receitas, as despesas de custeio, os investimentos e demais valores. As receitas e as despesas 
devem ser reconhecidas pelo regime de caixa, ou seja, passam a ser consideradas para 
apuração apenas as contas pagas ou recebidas. Não há apropriação pelo regime de 
competência. 
A Receita Federal do Brasil oferece um aplicativo do livro-caixa no site oficial aos 
contribuintes que praticam atividade rural. Isso facilita a contabilização dos dados pelas 
pessoas interessadas. 
O resultado da atividade rural é somado à base de cálculo do imposto na declaração de 
ajuste anual
19
. 
 
 
 
 
19 Decreto n. 3000, de 26 de março de 1999 – RIR/1999, arts. 62 e 68; Instrução SRF n. 83, de 11/10/2001, art. 11. 
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27.2 Da insuficiência de caixa 
 
As insuficiências de caixa apuradas devem ser justificadas pelos rendimentos das 
demais atividades, tributáveis, isentos, adiantamentos ou empréstimos, subsídios e 
subvenções obtidos, coincidentes em datas e valores, devidamente comprovados com 
documentos idôneos. 
 
27.3 Dos investimentos 
 
Consideram-se investimentos em atividades rurais os insumos, as benfeitorias, as 
aquisições, os serviços técnicos especializados, e, além desses, os gastos para a consecução de 
culturas permanentes, de essências florestais e de pastagens artificiais, isto é, os gastos com 
desmate, com enleiramento, com derruba de árvores e com catação de raízes
20
. 
São considerados insumos tudo aquilo que tende a elevar a produtividade da atividade 
rural, tais como: reprodutores, sementes, mudas selecionadas, corretivos do solo, fertilizantes, 
vacinas, defensivos vegetais e animais. 
Os investimentos em benfeitorias rurais são construção, instalações, melhoramentos, 
culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais. Também são consideradas 
benfeitorias os gastos com construção ou reformas em casas de trabalhadores, em construção 
de galpões para recreação, para educação e para a saúde. 
Há outros gastos que são consideradas benfeitorias dedutíveis da receita rural, tais 
como: gastos em estradas para facilitar o acesso ou a circulação no setor rural; em instalação 
de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica. 
As aquisições de máquinas, tratores, bens com vida útil superior de um ano, bens de 
produção e de animais para engordas também são considerados como investimentos para 
apuração do resultado da atividade rural. 
Além desses, ainda há os serviços técnicos especializados praticados nas atividades 
rurais que podem ser aceitos como investimentos, utilizados para reduzir o resultado final da 
atividade rural. 
Ainda há outros gastos relacionados à atividade rural que podem ser alocados como 
investimentos, são eles: gastos com bolsas de estudos a técnicos agrícolas, a gerentes e até 
com contabilistas ou assemelhados. 
 
20 Art. 62 do Regulamento do Imposto de Renda: pessoa física, Decreto Nº 3000, de 26 de março de 1999; art. 8º do Parecer Normativo CST 
Nº 90, de 1978. 
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29 
 
Apesar disso, o custo de aquisição de terra nua não é aplicado como investimento
21
. 
Portanto, esse valor não é dedutível da receita rural. 
Como se vê, é amplo o campo considerado como investimentos em atividades rurais. 
O governo pretende com isso incentivar ao máximo o desenvolvimento agrícola do Brasil. 
 
27.4 Adiantamentos 
 
Em todas as atividades de negócios, sempre acontecem adiantamentos de compra, 
sejam eles, para comprar máquinas ou equipamentos ou para comprar mercadorias, produtos 
agrícolas, animais etc. 
Adiantamento é o ato de adiantar um montante em dinheiro ao fornecedor do produto 
e aguardar pela coisa comprada até que seja produzida ou colhida, em caso de produtos 
agrícolas. 
O adiantamento dessa natureza sempre tem um fim, que é o recebimento da coisa 
comprada. Nessa operação, há uma pretensão de algo acontecer, que seria a entrega da 
mercadoria ou do equipamento comprado antecipadamente. Pode-se dizer que, nesse caso, há 
um contrato de compra e venda de coisa futura. Não se pode considerar, ainda, como uma 
receita pronta e acabada. Na verdade, contabilmente, é uma receita futura para quem fabrica 
ou disponibilizaria o produto naquela data avençada. 
O tratamento contábil dessa operação de venda futura é tido como um ato jurídico sob 
condição suspensiva. A eficácia do ato fica pendente de um evento futuro. Algo que se 
concretizará em um futuro próximo. 
Aquela condição pendente se torna realidade com o fato gerador, isto é, com a entrega 
da mercadoria prometida, o que era pretensão se transforma em concreto. 
Na atividade rural, quando uma pessoa física faz um adiantamento de produtos rurais 
para entrega deles no ano posterior, esse adiantamento não faz parte do resultado final da 
atividade. Ele deve ser destacado no demonstrativo da atividade rural como receita não 
tributável
22
. 
 
27.5 Dos bens da atividade rural 
 
Os bens da atividade rural, maquinários, semoventes, safra em estoque, não integram o 
limite para efeito de obrigatoriedade de apresentação da declaração de ajuste anual. 
 
21 § 2º do art. 62 do Regulamento do Imposto sobre a Renda, Decreto Nº 3.000, de 26 de março de 1999; art. 9º da Instrução Normativa SRF 
Nº 83, de 11 de outubro de 2001. 
22 Art. 61 do RIR/1999; e art. 19 da Instrução Normativa da SRF. 
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Entretanto, para os contribuintes que mantêm esses bens informados na declaração de 
bens e direitos da declaração de ajuste, o limite de obrigatoriedade deve ser observado. 
 
27.6 Do consórcio de bens para atividade rural 
 
O produtor rural pessoa física também pode contratar consórcios para aquisição de 
bens para sua atividade rural. 
Entretanto, as parcelas pagas do consórcio de bens ainda não contemplados não podem 
ser consideradas como despesas ou como investimento. 
Quando o contribuinte receber o bem do consórcio, os valores já pagos, em reais, 
acrescido do valor correspondente ao lance, se houver, podem ser considerados despesa no 
mês da entrada do bem
23
. 
 
27.7 Dos empréstimos ou financiamentos rurais 
 
Os empréstimos ou financiamentos rurais
24
 são operações que o produtor rural, pessoa 
física ou jurídica, obtém para custear suas atividades, comprando máquinas ou equipamentos, 
ou insumos. 
Na verdade, essas operações financeiras são utilizadas para formação ou manutenção 
da atividaderural. A entrada do numerário resultará em despesas ou em investimentos, isto é, 
transformar-se-á em custeio ou como inversão de capital. 
Os encargos financeiros, ou seja, aquilo que se pagar de juros ou de despesas do 
financiamento ou dos empréstimos também são considerados como custeio ou como 
investimentos, sendo aceitos como dedutíveis na apuração do resultado da atividade rural
25
. 
Entretanto, a amortização
26
, que é o pagamento da parte principal da dívida, não é 
dedutível. Há uma lógica aqui, se há uma dívida do produtor, ela deve ser diminuída com os 
pagamentos. 
Se os valores obtidos de financiamento forem aplicados em atividade rural, não pode o 
produtor justificar com eles acréscimo patrimonial, ou seja, pode um contribuinte com 
atividade rural apresentar em suas contas ativas e passivas um desequilíbrio, o patrimônio 
cresceu sem justificativa razoável. No caso, faltaria a receita para justificar esse aumento de 
patrimônio. 
 
23 §§ 5º e 6º do art. 62 do RIR/1999 e art. 17 da Instrução Normativa da SRF n. 83, de 11 de outubro de 2001. 
24 O saldo devedor do financiamento de figurar em ficha própria na declaração de ajustes. § 12 do art. 62 do RIR/1999 e art. 21 da Instrução 
Normativa da SRF n. 83. 
25 Art. 62 do RIR/1999 e art. 8º e 16 da Instrução Normativa da SRF n. 83. 
26 O contribuinte deve preencher a Ficha de Dívidas Vinculadas à atividade rural do Demonstrativo da Atividade Rural na Declaração de 
Ajuste. 
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Assim, os empréstimos aplicados ou financiamento aplicado em atividades rurais não 
servem para sustentar a ideia do acréscimo patrimonial ocorrido. A fiscalização deixa bem 
claro que isso não é possível. Provavelmente, a multa poderia ocorrer por receitas 
insuficientes da atividade, isto é, houve sonegação de receitas. 
 
27.8 Da compensação de prejuízos da atividade rural 
 
Todos os contribuintes, incluindo aqueles com atividade rural, podem escolher 
apresentar declaração pelo modelo simplificado, gozando do desconto padrão. Entretanto, 
aqueles que desejem compensar o resultado positivo da atividade rural com prejuízos 
anteriores devem fazer o modelo completo, obrigatoriamente. 
 
27.9 Do arrendamento de terras rurais 
 
O proprietário de terra rural que arrenda seu imóvel a terceiros, pessoas físicas, deve 
oferecer à tributação a renda recebida, por meio do recolhimento mensal, carnê-leão e na 
declaração de ajuste. Segue a mesma sistemática caso o contrato seja de parceria e o cedente 
receber quantia fixa sem partilhar os riscos do negócio. 
Entretanto, se o arrendamento for com pessoa jurídica, a empresa pagadora deve levar 
a renda a ser paga à tributação e exercer sua obrigação de reter na fonte o valor do tributo 
correspondente e, posteriormente, recolher ao governo federal. 
Essa tributação acontece fora da atividade rural porque, nesse caso, os rendimentos 
provenientes de arrendamento de imóvel rural são equiparados a aluguéis, por meio do 
recolhimento do Carnê-leão. 
A regra muda
27
 quando o contrato celebrado referir-se à parceria rural, não houver 
quantia fixa a pagar e o cedente também participar do risco do negócio. Nesse caso, o 
rendimento é considerado como proveniente da atividade rural. 
 
27.10 Da declaração de ajuste em conjunto 
 
É permitida aos cônjuges, aos companheiros e aos dependentes fazer a declaração em 
conjunto. Nesse, caso, há um titular e os outros serão dependentes. 
 
27 Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de sobre a Renda, art. 49, inciso I. Instrução Normativa SRF n. 83, de 
11 de outubro de 2001, arts. 2º e 14. 
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Todos os rendimentos por eles recebidos devem ser oferecidos à tributação. Dos 
dependentes, além dos rendimentos, devem ser informados os bens ou direitos e as dívidas, 
quando houver. 
 
28. Dos períodos de tributação 
 
Há dois períodos que devem ser considerados: o denominado de ano-calendário e o 
outro de ano-financeiro. No primeiro, ocorre à incidência do tributo mensal e, no segundo, o 
ajuste de contas com o Leão, com a incidência anual do tributo. 
Nesse ajuste de contas, quando se deve cumprir a obrigação acessória, o contribuinte 
pode pagar tributos ou restituí-los ou até zerar sua obrigação, de nada pagar ou até receber de 
volta o imposto pago antecipadamente. 
 
29. Dos pagamentos de despesas 
 
Todos os contribuintes do Imposto de Renda têm a obrigação de informar em ficha 
própria da declaração de ajuste os pagamentos efetuados às pessoas físicas a título de pensões 
alimentícias, de aluguéis, de arrendamento rural, de instrução, aos profissionais autônomos, 
bem como as contribuições sociais patronais do empregado doméstico
28
. 
Também há obrigatoriedade de informar todos os pagamentos efetuados a pessoas 
jurídicas que serão utilizados como dedutíveis na declaração. A falta de informação dessa 
natureza pode gerar ao declarante multa de 20% do valor não declarado. 
 
30. Das ferramentas para evitar a sonegação 
 
A fiscalização da Receita Federal do Brasil criou um ferramental para evitar a 
sonegação de impostos. As ferramentas que ajudam no cruzamento de informações dos 
contribuintes são as declarações entregues por pessoas físicas que mantêm vínculos de 
qualquer forma com o sistema tributário. 
A declaração do Imposto de Renda retido na fonte, conhecida domo DIRF, é o 
documento entregue pelos responsáveis do pagamento de renda ou proventos à pessoa física. 
Outra ferramenta é a declaração de operações com cartões de crédito, DECRED, de 
responsabilidade das pessoas jurídicas que organizam e vendem os serviços de créditos a 
pessoas físicas. 
 
28
 Decreto-lei n. 2.396, 21 de dezembro de 1987, art. 13; decreto n. 3.000, de 26 de março de 1.999 – RIR/1999, arts. 930 e 967. 
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A declaração de informações sobre atividades imobiliárias, conhecida como DIMOB, 
é entregue pelas empresas de imobiliárias, com informações das atividades imobiliárias à 
Receita Federal do Brasil. 
O DOI, declaração sobre operações imobiliárias, é entregues pelos cartórios. Nessa 
declaração, há nomes, CPFs e valores de toda movimentação imobiliária. 
As financeiras, os bancos e outras empresas correlatas têm a obrigação de entregar à 
Receita Federal do Brasil a declaração de movimentação financeira, conhecida como DIMOF, 
em que são informadas quais pessoas movimentaram valores financeiros, com seus 
respectivos documentos. 
A declaração de serviços médicos e de saúde, também conhecida como DMED, é 
entregue pelas empresas médicas e pelas organizações de planos de saúde. Nela são 
informados os contribuintes de planos, seus documentos e seus respectivos valores pagos. 
Para fortalecer a fiscalização e diminuir a sonegação, a lei estabelece obrigações 
tributárias acessórias dessa natureza. 
As declarações, com suas respectivas informações, alimentam um banco de dados. 
Esse banco de dados guarda informações de todos os contribuintes. Isso facilita a fiscalização 
em suas finalidades essenciais: fiscalizar e arrecadar o tributo. 
 
31. Do imposto sobre transmissão causa mortis e doação - ITCMD 
 
O imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos é de 
competência

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