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RESUMO PENAL CRIMES CONTRA O PATRIMONIO FURTO, ROUBO E EXTORSAO

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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (TÍTULO II)
Capítulo I
FURTO (art. 155, CP)
Art. 155, caput – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Elementos do furto:
a)Subtrair: significa tirar uma coisa do poder de alguém, desapossá-la, ou, em outras palavras, apoderar-se do bem da vítima e, sem permissão, retirá-lo da sua esfera de vigilância, com o fim de tê-lo em definitivo para si ou para outrem. A palavrasubtrair, portanto, abrange tanto a hipótese em que o bem étirado da vítimaquanto aquela em que ele éentregue espontaneamente, e o agente, sem permissão, retira-o da esfera de vigilância daquela. Neste último caso,o furto distingue-se da apropriação indébita(será estudado adiante), porque, nesta, a vítima entrega uma posse desvigiada ao agente, enquanto no furto a posse deve ser vigiada (e a subtração consiste justamente na retirada do objeto dessa esfera de vigilância).Exemplo da diferença entre furto e apropriação:alguém está lendo um livro em uma biblioteca, coloca-o na bolsa e leva-o embora, o crime será o de furto, mas, se o agente retira o livro da biblioteca com autorização para que a leitura seja feita em outro local e dolosamente não o devolve, comete apropriação indébita.
b)Coisa alheia móvel:a coisa alheia móvel é o objeto material do furto, uma vez que só os bens móveis podem ser subtraídos, já que apenas eles podem ser retirados da esfera de vigilância da vítima. Os animais e os semoventes, quando tiverem dono, podem ser objeto de furto. As coisas que nunca tiverem dono, chamadas deres nullius, não podem ser objeto de furto. As coisas abandonadas, denominadasres derelicta,também não podem ser furtadas. O apoderamento de coisa perdida(res desperdicta)constitui crime específico, denominado “apropriação de coisa achada” (art. 169, parágrafo único, II, CP). É de se ressaltar, ademais, que um objeto somente pode ser considerado como perdido quando está em local público ou de uso público.Por isso, comete crime de furto quem vai à casa de uma pessoa e encontra um objeto que estava sendo procurado pro esta e apodera-se dele.
§ 3º do art. 155, CP “equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”:paranão haver qualquer dúvida, deixou o legislador expressa a intenção de equiparar a energia elétrica ou qualquer outra que possua valor econômico à coisa móvel, de modo que constitui furto a conduta de desvio de energia de sua fonte natural (energia elétrica, térmica, mecânica, nuclear, etc.). A subtração de sêmen também é considerada uma forma de furto de energia (energia genética).
c)Fim de assenhoreamento definitivo:além do elemento doloso, é necessário lembrar que para a caracterização do furto o agente deve possuir uma intenção específica de ter o objeto para si ou para terceirode forma não transitória. O agente deve ter a intenção de não devolver o bem à vítima. Assim, se o agente subtrai o objeto apenas para usá-lo momentaneamente e depois o devolve, não responde pelo crime, por ter havido mero furto de uso.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o dono da coisa, já que o tipo exige que esta seja “alheia”.
Obs1. Um credor que subtrai bem do devedor, a fim de se auto-ressarcir de dívida já vencidae não paga, comete o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP), que é um delito contra a administração da justiça. Fica afastada nessa hipótese a incidência do crime de furto, pois sua existência pressupõe que o agente tenha a intenção de gerar dano patrimonial à vítima, o que não existe quando ela é apenas de auto-ressarcimento.
Obs2. O funcionário público que subtrai ou concorre para que seja subtraído bem público ou particular que se encontra sob a guarda ou custódia da Administração, valendo-se de alguma facilidade proporcionada por seu cargo, comete crime de peculato-furto (art. 312, § 1º, CP)
Sujeito passivo: o dono, possuidor ou detentor do bem. A vítima pode ser pessoa física ou jurídica. É indiferente que possua a coisa em nome próprio ou de terceiro. Segundo o entendimento doutrinário e jurisprudência mais abalizada não importa, também, se a posse é ilegítima (comete crime o ladrão que furto objeto anteriormente furtado pro outro ladrão). Neste caso (ladrão que furta de ladrão) apesar de o objeto não pertencer ao primeiro furtador, é ele considerado coisa alheia em relação ao terceiro. Em tal situação, a vítima é o efetivo proprietário do objeto, e não o primeiro ladrão.
Consumação: existem várias teorias acerca do momento consumativo do furto.
* Teorias da consumação:
1ª) Teoria da CONCRECTATIO
2ª) Teoria da AMOTIO (STF e STJ)
3ª) Teoria da ABLATIO
4ª) Teoria da ILATIO
Outras situações no contexto do furto
1) furto de cadáver;
2) princípio da insignificância (bagatela) ecoisas de ínfimo valor;
3)furto famélico;
4)crime impossível;
5) trombada e “cavalo doido”.
Furto noturno(art. 155, § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno)
Trata-se de causa de aumento de pena. Repouso noturno é o período em que as pessoasde uma certa localidadedescansam, dormem, devendo a análise ser feita de acordo com as características da região (rural, urbana etc). É entendimento predominante que o aumento só é cabível quando o furto ocorre: 1) em casa ou em algum de seus compartimentos. Assim, não se aplica quando o crime é praticado na rua, em bares, restaurantes, estabelecimentos comerciais, ônibus, etc. 2) em local habitado, excluindo-se, desse modo, casas desabitadas, abandonadas (entendimento damaioria dadoutrina). Os tribunais entendem ser dispensável a habitação ou seus moradores estejam em estado de vigília.
Furto privilegiado(art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa).
Primário:o CP não define primariedade, sendo, pois, de se considerar primário todo aquele que não é reincidente. Assim, após o transcurso do prazo de cinco anos a que se refere o art. 64, I, CP, o agente volta a ser primário e novamente passa a ter direito ao reconhecimento do privilégio.
Pequeno valor:a doutrina e jurisprudência adotou-se um critério objetivo quanto ao conceito de coisa de pequeno valor, considerando-se como tal aquela que não excede a um salário mínimo.
Furto qualificado (§ 4º do CP)
I –com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa
Como exemplos mais corriqueiros devemser lembrados o arrombamento de trincos, portas, fechaduras, cofres, janelas, etc. Exige-se a elaboração de perícia para constatar o rompimento/destruição do obstáculo, já que se trata de infração que deixa vestígios (art. 158 do CPP). Saliente-se, apenas,que, se os vestígios tiverem desaparecidos de forma a impossibilitar a perícia, a prova testemunhal poderá supri-la (art. 167 do CPP).
II –com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza
a) abuso de confiança. Alguns requisitos são necessários para a configuração da referida qualificadora: 1) que a vítima, por algum motivo, deposite uma especial confiança no agente (amizade, parentesco, relações profissionais, etc); 2) que o agente se aproveite de alguma facilidade decorrente dessa confiança para executar a subtração.
b) fraude:é o artifício, o meio enganoso usado pelo agente, capaz de reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do bem.
c) escalada: é a utilização de via anormal para adentrar/sairno local onde o furto será praticado. É necessário que o agente tenha de realizar um grande esforço para adentrar no local (transpor um muro alto, janela elevada, telhado, etc). Lado outro, quem consegue ingressar no local do crime pulando um muro baixo ou uma janela térrea não incide naforma qualificada.
d) destreza:é a habilidade física ou manual que permite ao agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está sendo despojada de seus bens. Essa qualificadoraapenas tem aplicação quando a vítima traz seus pertences juntoa si, pois apenas nesse caso é que a destreza tem relevância (no bolso do paletó, em uma bolsa,um anel, um colar, etc).
III –com emprego de chave falsa
Considera-se chave falsa: a) a imitação da verdadeira, obtida de forma clandestina (cópia feita sem autorização); b) qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-la: grampos, “mixas”, chaves de fenda, tesouras, etc.
IV –mediante concurso de duas ou mais pessoas
A qualificadora é cabível ainda que um dos envolvidos seja menor ou apenas um deles tenha sido identificado em razão da fuga dos demais do local.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Objetivo
O objetivo declarado desse novo parágrafo foi o de punir com mais rigor os furtos realizados em caixas eletrônicos localizados em agências bancárias ou em estabelecimentos comerciais (ex: drogarias, postos de gasolina etc.).
Isso porque tem sido cada vez mais comum que grupos criminosos, durante a noite, explodam caixas eletrônicos para dali retirar o dinheiro depositado.
Dessa forma, o objetivo da lei foi o de, em tese, punir mais severamente o réu.
Antes da Lei nº 13.654/2018, o agente respondia por qual delito?
O entendimento que prevalecia era o de que o agente respondia por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa, nos termos do art. 155, § 4º do CP em concursoformal impróprio com o crime de explosão majorada (art. 251, § 2º do CP):
Com a previsão específica do art. 155, § 4º-A não se pode mais falar em concurso porque seria bis in idem. Logo, por mais absurdo que pareça, a Lei 13.654/2018 melhorou a situação penal dos indivíduos que praticam ou que praticaram furto a bancos mediante explosão dos caixas eletrônicos.
O que é explosivo?
Explosivo é a substância ou artefato que possa produzir uma explosão, detonação, propulsão ou efeito pirotécnico.
Para ser considerado artefato explosivo, é necessário que ele seja capaz de gerar alguma destruição. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017 (Info 599).
Se o agente, durante a noite, explode o caixa eletrônico para furtar o numerário, ele também responderá pela causa de aumento do repouso noturno (art. 155, § 1º)? É possível aplicar o art. 155, § 4º-A e mais a causa de aumento do art. 155, § 1º?
SIM. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º ou § 4º-A do CP).
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º ou do § 4º-A. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena.
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno.
A posição topográfica do § 1º (vem antes dos §§ 4º e 4º-A) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado.
STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel.Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851).
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel.Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
§ 5º do art. 155, CP(A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior).Referida qualificadora não se refere ao meio de execução do furto, mas sim a um resultado posterior, qual seja, o transporte do veículo automotor para outro Estado da Federação ou para outro país. Essa qualificadora somente se aperfeiçoa quando o veículo automotor efetivamente transpõe a divisa de outro Estado ou a fronteira com outro país. O reconhecimento da qualificadora em estudo afasta a aplicação das qualificadoras do § 4º, já que o delito é um só, e as penas previstas em abstratos sãodiversas.
§ 6º do art. 155, CP
-Bens Semoventes: são bens móveis que possuem movimento próprio, tais como animais domésticos ou domesticados.
A lei estabeleceu uma pena mais dura para o furto de animais especificadamente destinados à produçãopecuária devido aos elevados índices de ocorrência destes furtos
- Furto de cães: não incorre no aludido parágrafo.
- Se a vaca for mero animal de estimação não se aplica o §6°.
- Não houve criminalização da conduta “subtrair semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. Essa conduta já era crime (art. 155, CP). Assim, houve apenas o estabelecimento de pena mais dura para o furto desses animais.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Substância explosiva “é aquela capaz de provocar detonação, estrondo, em razão da decomposição química associada ao violento deslocamento de gases.” (MASSON, Cleber. Código Penal comentado. São Paulo: Método, 2014, p. 685).
Aqui o agente é punido por furtar uma substância explosiva ou acessório que, conjunta ou isoladamente, possibilite sua fabricação, montagem ou emprego. Ex: sujeito que furta uma banana de dinamite.
FURTO DE COISA COMUM (art. 156, CP) “Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum”.
Trata-se de um furto especial, pois prevê uma subtração de coisa quenão é completamente alheia, mas pertencente a mais de uma pessoa.
Condômino, co-herdeiroou sócio: o condômino é o co-proprietário; o co-herdeiro é o sucessor juntamente com outra pessoa; sócio é o membro de uma sociedade, portanto aquele que é proprietário em comum com outras pessoas, pertencentes ao mesmo agrupamento.
§ 1º- A ação é pública condicionada à representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito.
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quantidade e qualidade (como dinheiro). Coisa infungível é uma obra de arte, por exemplo, que não pode ser substituída por outra de igual espécie e qualidade.
Para que fique afastada a ilicitude é necessário que a subtração perpetrada pelo agente seja de coisa fungível que não ultrapasse o valor de sua quota-parte. Assim, caso estejam presentes esses dois requisitos, estará afastada a própria antijuridicidade da conduta, já que a lei expressamente menciona que “não é punível a subtração”, deixando claro, pois, que o fato não constitui crime.
ROUBO (Art. 157, CP)– “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência – Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos,e multa.
O delito sob essa denominação abrange duas formas deroubo simples:roubo próprio(CP, art. 157, caput) eimpróprio(§ 1º),cinco causas de aumento de pena(§ 2º) eduas formas qualificadas(§ 3º).
Roubo próprio(caput, art. 157, CP)
O roubo,em princípio, possui os mesmos requisitos do furto: a) subtração como conduta típica; b) coisa alheia móvel como objeto material; c) fim de assenhoreamento definitivo para si ou para terceiro.Acontece, entretanto, que constitui infração penal mais grave,uma vez que para sua existência é necessário que o agente, para a efetivação da subtração, tenha empregado um dos seguintes meios de execução:
a)violência. Também chamada devis absoluta. Caracteriza-se pelo emprego de qualquer desforço físicosobre a vítima,a fim de possibilitar a subtração (socos, pontapés, facada,paulada, amarrar a vítima, etc).
Obs1. Os violentos empurrões ou trombadas (conhecidopor “cavalo doido”) também caracterizam emprego de violência física e, assim, constituem roubo.
Obs2. Os empurrões ou trombadas leves, desferidos apenas para desviar a atenção da vítima, de acordo com a jurisprudência, não caracterizam o roubo.
*Deve ser analisado o caso concreto.
b)grave ameaça.É a promessa de mal grave e iminente (de morte, de lesões corporais, de praticar atos sexuais contra a vítima do roubo, etc.,). A simulação de arma (colocar a mão por dentro da camisa) e a utilização da arma de brinquedo (simulacro de arma de fogo) constituem grave ameaça. O fato de os roubadores abordarem a vítima de surpresa gritando que se trata de assalto e exigindo a entrega dos bens constitui roubo, ainda que não tenha sido mostrada qualquer arma e não tenha sido proferida ameaça expressa, já que, em tal situação, a vítima sente-se atemorizada pelas próprias circunstâncias da abordagem. A grave ameaça é conhecida também porvis relativa.
c)qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistência.O legislador utilizou de uma fórmula genérica cuja finalidade épossibilitar a punição por crime de roubo em várias situações não abrangidas pela expressões “violência” ou “grave ameaça”, mas que também fazem com que a vítima fique totalmente à mercê dos assaltantes, como, por exemplo, no caso de uso de soníferos, hipnose, superioridade numérica, etc.
Consumação:a consumação do delito de roubo, aos moldes do delito de furto, segundo o entendimento tradicional, ocorre quando aressai da esfera de vigilância da vítima e o agente obtém sua posse ainda que por pouco tempo.
Lado outro, tem-se entendido, que o crime de roubo consuma-se no exato instante em que o agente, após empregar a violência ou grave ameaça, consegue apoderar-se do bem da vítima, ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a posse tranquila dares.
Roubo impróprio(art. 157, § 1º - “na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”).
Distinção do roubo próprio e impróprio:1)no roubo próprio, a violência ou a grave ameaça são empregadas antes ou durante a subtração, pois constituem meio para que o agente consiga efetivá-la. Noroubo impróprio, o agente inicialmente quer apenas praticar um furto e, já se tendo apoderado do bem, emprega violência ou grave ameaça para garantir a impunidade do furto que estava em andamento ou assegurar a detenção do bem. 2) oroubo impróprionão admite a fórmula genérica, somente podendo ser cometido mediante violência ou grave ameaça.
Características do roubo impróprio
a)somente se pode cogitar de roubo impróprio quando o agente já se apoderou de algum objeto da vítima, uma vez que o tipo expressamente exige que a violência ou a grave ameaça ocorram“logodepois de subtraída a coisa”.
Obs. Se o agente entra em uma residência para praticar um furto e antes de apoderar-se de qualquer objeto emprega violência ou grave ameaça contra alguém para poder fugir (garantir a impunidade), responde por tentativa de furto em concurso com crime de lesões corporais ou ameaça, e nunca por tentativa de roubo impróprio.
b)A violência ou a grave ameaça devem ter sido praticadas “logo depois” do apoderamento do objeto, ou seja, não pode ter havido o decurso de um períodoprolongado após a subtração do bem. Por isso, depois desse momento, o emprego de violência ou grave ameaça constitui crime autônomo de lesões corporais, ameaça, resistência, etc., em concurso material com o furto consumado.
c)Só há roubo impróprio quando a conduta do agente visa garantir a impunidade do crime (furto) ou a detenção da coisa. Se não existir tal finalidade, haverá concurso de crimes, ainda que a violência ou a grave ameaça sejam cometidas logo depois da subtração, como, por exemplo, na hipótese em que, durante um furto, o sujeito lembra-se que o vigia que está dormindo é seu inimigo e, assim, vai até o local em que este se encontra e o agride, provocando-lhe lesões corporais.
Consumação:consuma-se no exato momento em que é empregada aviolência ou a grave ameaça, mesmo que o sujeito não consiga atingir sua finalidade de garantir a impunidade ou assegurar a posse dos objetos subtraídos.
Causas de aumento de pena (§ 2º)– Roubo Circunstanciado, Majorado ou com causa de aumento.
O art. 157, § 2º, do CP, estabelececausas de aumento de pena,de um terço até metade, que são aplicáveis tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio.
I –(revogado);(Redaçãodadapela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há concurso de duas ou mais pessoas:vale aqui todas as regras feitas em relação ao furto qualificadopelo concurso de agentes.
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância:cuida-se de instituto que tem por finalidade proteger os que trabalham no transporte de valores, assim como aqueles que necessitam desse tipo de serviço para deslocar seus bens de um local para outro (bancos, joalherias, empresas em geral, etc.,), uma vez que os assaltantes, em face do lucro elevado, têm predileção por essa espécie de roubo.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior:vale o mesmo comentário ao furto qualificado.
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade:o legislador teve por finalidade punir mais gravemente o autor doroubo que, além do mínimo indispensável para assegurar o produto da subtração, detém a vítima em seu poder.STJ“O inciso V do art. 157, § 2º, do CP, exige para a sua configuração que a vítima seja mantida em tempo juricamente relevante em poder do réu, sob pena de que sua aplicação seja uma constante em todos os roubos”.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
O agente, mediante violência ou grave ameaça, subtrai substância explosiva ou acessório que,conjunta ou isoladamente, possibilite a sua fabricação, montagem ou emprego. Ex: sujeito que, mediante violência ou grave ameaça, subtrai uma banana de dinamite.
§ 2º-A-A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Inciso I
O destaque para o inciso I éque agora, para haver roubo circunstanciado pelo emprego de arma, é necessário que sejaarma de fogo. Arma branca, arma imprópria não é mais suficiente para caracterizar causa de aumento de pena no roubo.
Inciso II
O inciso II traz uma hipótese nova.
Para que se caracterize esta causa de aumento de pena é necessário o preenchimento de dois requisitos:
a) o roubo resultou em destruição ou rompimento de obstáculo;
b) essa destruição ou rompimento foi causado pelo fato de o agente ter utilizado explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum.
Concomitância das situações dos incisos I e II
Vale ressaltar que, como o § 2º-A do art. 157, por se tratar de roubo, exige obrigatoriamente violência ou grave ameaça à pessoa, na grande maioria dos casos essa violência ou grave ameaça será feita mediante emprego de arma de fogo. Isso porque não é crível imaginar que uma organização criminosa que irá utilizar explosivos para abrir um caixa eletrônico cometa o roubo sem utilizar arma de fogo. Assim, o emprego da arma de fogo já seria suficiente para aumentar a pena em 2/3, sendo “desnecessário” o inciso II para os fins do § 2º-A do art. 157.
Exemplo: João e seus comparsas entram em uma drogaria e, portando arma de fogo, rendem os funcionários e clientes e os trancam em uma sala. Com a utilização de uma dinamite, explodem o caixa eletrônico para dalisubtrair o dinheiro.
Neste exemplo, os agentes já responderiam pelo roubo com pena aumentada em 2/3 pelo simples fato de empregarem arma de fogo (inciso I do § 2º-A do art. 157 do CP).
Diante disso, a circunstância narrada no inciso II (destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum) será utilizada como agravante, nos termos do art. 61, II, “d”, do CP:
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
(...)
II - ter o agente cometido o crime:
(...)
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
ROUBO QUALIFICADO
“Art. 157, § 3º - Se da violência resulta:(Redaçãodadapela Lei nº 13.654, de 2018)
I -lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de07 (sete)a18 (dezoito)anos,emulta;(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II -morte, apena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
As lesões graves que qualificam o roubo são as descritas no art. 129, § 1º e 2º do CP.
A provocação de lesões leves por ocasião do roubo não constitui qualificadora e tampouco crime autônomo. Aquelas são, em verdade,absorvidas pelo crime mais grave.
As qualificadoras aplicam-se tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio.
Nos termosdo art. 1º, II, da Lei 8072/90, o latrocínio é considerado crime hediondo, enquanto o roubo qualificado pelas lesões graves não.
Para a concretização dessas qualificadoras o resultado, lesão grave ou morte, pode ter sido provocadodolosa ou culposamente.
Deve-se notar que, se o agente efetua disparos querendo matar a vítima (na cabeça, por exemplo) mas ela não morre, vindo, porém, a sofrer sequelas consideradas grave, responderá ele por tentativa de latrocínio (em relação de seu dolo de matar durante o roubo) e não por roubo qualificado pelas lesões graves.
Como o latrocínio ocorre subtração e morte, é possível que uma delas se aperfeiçoa e a outro não.
- quadro dado em sala de aula : consumação e tentativa de latrocínio.
EXTORSÃO(Art. 158, CP “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa”).
A conduta típica éconstranger, que significa obrigar, coagir alguém a fazer algo (a entregar dinheiro ou um bem qualquer, a realizar uma obra, a acompanhar o agente ashoppinge pagar-lhe roupas e comida etc.) tolerar que se faça (permitir que o agente rasgue um contrato ou título que representa uma dívida etc) ou deixar de fazer alguma coisa (não entrar em uma concorrência comercial, não ingressar com uma ação de execução de cobrança, etc).
Meio de execução:Assim como no roubo, o meio de execução é oemprego de violênciaou grave ameaça. A pena dos dois delitos, aliás, é a mesma.
Indevida vantagem econômica: somente existe crime de extorsão quando o agente almejaobter indevida vantagem econômica(elemento subjetivo). É justamente essa finalidade que o diferencia do constrangimento ilegal.
Obs. Se o indivíduo emprega violência ou grave ameaça para obter vantagem patrimonial que lhe é devida (dívida não paga) comete o delito de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP).
Consumação:o entendimento doutrinárioe jurisprudencial majoritário é que a extorsão é delito formal. Súmula 96 do STJ“o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida”.
Algumas distinções
01) Extorsão e roubo.Nelson Hungria, minoritariamente, sustenta quea única diferença entre esses dois delitos é que, no roubo, o bem é tirado da vítima, enquanto na extorsão ela própria é quem entrega ao agente. Grande parte da doutrina e da jurisprudência não acolheu o posicionamento de Hungria, entendendo que, em certas hipóteses nas quais a vítima não tem qualquer opção senão entregar o bem, o crime seria sempre de roubo, o que ocorre, por exemplo, quando ela entrega sua carteira por ter um revólver apontado para sua cabeça. As diferenças apontadas, portanto, são as seguintes:a)na extorsão a vítima deve ter alguma possibilidade de escolha, e, assim, sua conduta é imprescindível para que o agente obtenha a vantagem por ele visada. Na hipótese da arma apontada para a vítima, o crime seria de roubo, já que ela não teriaoutra opção senão efetuar a entrega da carteira. Além disso, sua conduta não é imprescindível, pois, se não for feita a entrega, o agente terá meios para, de imediato, despojá-la de seus bens;b)no roubo, a vantagem é concomitante ao emprego de violênciaou grave ameaça, enquanto na extorsão o mal prometido e a vantagem visada são futuros.
02)Extorsão e concussão.Na concussão (art. 316, CP), o sujeito ativo é sempre funcionário público, e a vítima cede às exigências deste por temer eventuais represáliasdecorrentes do exercício do cargo.A extorsão, que é delito mais grave, pode ser praticada por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público no exercício de suas funções, desde que a vítima ceda à intenção do agente em razão do emprego de violência ou grave ameaça (e não em virtude da função por ele exercida).
Causa de aumento de pena(§ 1º) – “Se o crime écometidopor duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade”.
Extorsão qualificada(§ 2º) – “Aplica-se àextorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior”.
Obs. Nos termos do art. 1º, IV, da Lei 8072/90 apenas a extorsão qualificada pela morte tem natureza de crime hediondo. Além disso, o art. 9º da mesma lei estabelece que, nessecaso, se a vítima não for maior de quatorze anos, for alienada mental, e o agente souber disso, bem como se não puder, por qualquer causa, oferecer resistência, a pena será aumentada de metade, respeitado o limite máximo de trinta anos de reclusão.
Sequestro relâmpago (§ 3º). A Lei 11.923/09, vigente a partir do dia 17/04/09, tipificou o delito de sequestro relâmpago “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, apena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, § 2º e § 3º, respectivamente”
O tema “sequestro relâmpago” sempre foi muito confuso acerca da tipificaçãocorreta do delito, ora tipificado no art. 157, § 2º, V, Art. 158, caput, e no art. 159, CP. Com o advento da Lei 11.923/09 já não existe nenhuma dúvida acerca da tipificação do “sequestro relâmpago” o qual esta expressamente tipificado noart. 158, § 3º,CP.
Distinção: uma coisa é a concretização exclusiva do sequestro relâmpago (obrigar a vítima, por exemplo, a fazer saques em caixas eletrônicos, privando-a da liberdade) e outra, bem diferente, consiste em o agente subtrair bens da vítima e mantê-la em seu poder, restringindo sua liberdade (ex. com emprego de grave ameaça subtrai o veículo da vítima e restringe sua liberdade, momentaneamente, até que o veículo seja levado ao desmanche). Na primeira situação temos crime de sequestro relâmpago (art. 158, §3º, CP) e na segunda situação o delito de roubo com aumento depena (art. 157, § 2º, V, CP).
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (Art. 159, caput – Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena – reclusão, de oito a quinze anos).Esta é a extorsão mediante sequestro simples, já que, nos três parágrafos seguintes, a lei descreve várias formas qualificadas. É importante ressaltar, a princípio, que todas as formas de extorsão mediante sequestro são hediondos.
Trata-se de crime complexo, em que a lei visa proteger a liberdade individual e o patrimônio.
A vítima, nos termos da lei, deve ser um “ser humano”. A privação de liberdade de animal de estimação, de animal de raça, mesmo que tenhapor finalidade a obtenção do resgate, caracteriza tão-somente crime de extorsão.
Sequestrarsignifica tirar a liberdade, isolar, reter a pessoa. Tal fato constitui crime autônomo (art. 148, CP) quando a finalidade do agente é, realmente, insular a vítima. Entretanto, havendo finalidade específica, consistente na obtenção de vantagem patrimonial, torna-se uma modalidade de extorsão.
Vantagem: Prevalece o entendimento de que para a caracterização da extorsão mediante sequestro a vantagem pretendida deve ser sempre decaráter econômico, uma vez que este delito está inserido no título dos crimes contra o patrimônio.
Consumação: tratando-se de crime formal, pune-se a mera atividade de sequestrar pessoa, tendo a finalidade de obter resgate. Cuida-se, ademais, de crime permanente, de forma que será possível a prisão em flagrante enquanto a vítima estiver em poder dos sequestradores.
Formas qualificadas
§ 1º, Art. 159 – Se o sequestro dura mais de vinte e quatro horas, se o sequestrado é menor de dezoito anos ou maiorde sessenta nos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha: Pena – reclusão, de doze a vinte anos.
O período de 24 horas deve ser contado desde o momento do sequestro até a libertação da vítima (ainda que o resgate tenha sido pago antes).
A segundahipótese somente terá aplicação quando a vítima for menor de dezoito e maior de quatorze anos, uma vez que o art. 9º da Lei 8072/90 estabeleceu que, se a vítima tem menos de quatorze anos, a pena é aumentada de metade, sendo que os dois institutos, evidentemente, não podem ser aplicados cumulativamente.
A terceira causa (sequestro de idoso) trata-se de introdução proporcionada pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).
Por fim, se o crime for cometido por quadrilha ou bando, será aplicada a qualificadora dotranscrito parágrafo, ficando absorvido o crime de quadrilha (CP, art. 288), que, apesar de ser delito formal e normalmente autônomo em relação às infrações perpetradas pelos quadrilheiros,nesta hipótese constituiria inegávelbis in idem.
§ 2º, Art. 159– Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Em ambas as hipóteses, o resultado agravador deve ter recaído sobre apessoa sequestrada. Assim, se os sequestradores matam, por exemplo, um segurança da vítima ou a pessoa que estava efetuando o pagamento do resgate, haverá crime de extorsão mediante sequestro (sem as qualificadoras dos §§2ª e 3º) em concurso material comhomicídio qualificado.
Para que as qualificadoras sejam aplicadas, é indiferente que o resultado tenha sido provocado dolosa ou culposamente.
O reconhecimento de uma qualificadora mais grave automaticamente afasta a aplicação das menos graves, uma vez queas penas são distintas. Por exemplo, se é sequestrada e depois morta uma pessoa de quinze anos, somente se aplica a qualificadora do § 3º, afastando-se a do § 1º.
Obs. A pena da extorsão mediante sequestro qualificada pela morte é a maior prevista no CP.
Delação premiada ou eficaz
§ 4º, Art. 159 – Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Esse dispositivo foi inserido no CP pela Leidos Crimes Hediondos e teve sua redação alterada pela Lei n. 9.269/96. Trata-se de causa obrigatória de redução da pena, que, para ser aplicada, exige que o crime tenha sido cometido por pelo menos duas pessoas e que qualquer delas arrependa-se (co-autor ou partícipe) e delate as demais para a autoridade pública, de tal forma que o sequestrado venha a ser libertado. Para a obtenção do benefício, o agente deve, por iniciativa própria ou quando questionado pela autoridade, prestar informações que efetivamentefacilitem a localização e a libertação da vítima. Assim, se as informações prestadas em nada colaborarem para isso, a pena não sofrerá qualquer diminuição. Daí por que o nome de “delação eficaz”.
Para decidir acerta do quantum da redução, o juiz deverá levar em conta a maior ou menor colaboração para a libertação da vítima. Quanto maior a contribuição, maior deverá ser a redução.
EXTORSÃO INDIRETA (Art. 160 – Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena – reclusão, de um a três anos, e multa).
A extorsão indireta ocorre quando agenteordena (exige) ou aceita,como garantia de uma dívida, abusando da vítima, um documento passível degerar um procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro. Ex. Imagine-se a situação daquele que, necessitando muito de um empréstimo e pretendendo convencer a pessoa que lhe emprestará a quantia de que irá pagar, entrega, voluntariamente, nas mãosdo credor um cheque sem suficiente provisão de fundos. O simples fato de o credor aceitar tal oferta, mesmo que não tenha exigido, já configura o delito, pois sabe que, no futuro, poderá apresentar o cheque e tipificar o devedor na figura do estelionato.
‘Abusar da situação de alguém’: significa exagerar, usando de modo inconveniente alguma coisa. O credor, aproveitando-se da situação do devedor, exige ou recebe algo indevido (cheque sem fundo, confissão da pratica de um crime, etc) como garantia de dívida.
Consumação: para a consumação do delito em estudo basta que o citado documento possa, em tese, dar causa ao início de um procedimento criminal. Mesmo que o agente, após a inadimplência, não tome qualquer iniciativa contra a vítima, o crime já estará consumado.
Obs. Não há extorsão indireta na hipótese em que um funcionário de uma empresa efetivamente subtrai valores desta e, ao ser descoberto, assina documento confessando a subtração e comprometendo-se a pagá-la.

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