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Artigo 155, CP
“Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Causa de aumento da pena
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Furto privilegiado
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Furto equiparado
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 23.4.2018)
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.” (Incluído pela Lei nº 13.654, de 23.4.2018)
Nomen juris: Furto
Conceito 
É a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoramento definitivo.
Elementos do tipo
- subtrair: é o tirar coisa de alguém (o agente recebe a coisa em posso ou detenção, de forma vigiada, e leva a coisa mesmo assim - é o que difere da apropriação indébita, pois neste crime a posse é desvigiada).
 - para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do tipo (elemento subjetivo do injusto), ou seja, a finalidade do agente de tomar posse da coisa com ânimo de assenhoramento definitivo (é o animus rem sibi habendi). Caso o agente não tenha a finalidade de assenhorar-se em definitivo da coisa, estaremos diante do furto de uso, e, como não há descrição típica neste caso, o fato será atípico.
- coisa alheia móvel: é o objeto material.
Coisa alheia é o que pertence a terceiro (a res nullius e a res derelicta não acarretam em furto, pois a coisa, nestes casos, não pertence a ninguém ou está abandonada - agora, quando se tratar de res desperdicta, em que a coisa está perdida, estaremos diante da apropriação de coisa achada e não furto, pois não há subtração. A coisa de uso comum não pode ser objeto de furto, salvo quando for destacada de seu ambiente natural e esteja sendo explorada por alguém (dois requisitos: ex.: água encanada - foi destacada do seu ambiente natural e está sendo explorada). O ser humano não pode ser objeto de furto, pois não é coisa, e muito menos alheia. Por outro lado, a subtração de cadáver é possível, mas não será furto por haver crime próprio (artigo 211), em que a objetividade jurídica tutelada é o respeito aos mortos - excepcionalmente, porém, o cadáver poderá ser objeto de furto quando pertencer a alguém Ex: cadáver pertencente à faculdade de medicina. Caso a subtração seja de órgão de pessoa viva para transplante ilícito, será aplicada a Lei 9434/97.
A palavra alheia é o elemento normativo do tipo (deve-se efetuar um juízo de valor para que haja tipicidade - assim, se a coisa não for de terceiro, mas do próprio agente, o fato será atípico, por ausência de tipicidade). Aquele que subtrai coisa própria que se encontra em poder de terceiro, em razão do contrato ex: mútuo pignoratício, cometerá o delito previsto no artigo 346. O credor que subtrai bem do devedor para se auto-ressarcir, em razão de dívida já vendida e não paga, cometerá o delito do artigo 345.
Obs: o furto é considerado um delito anormal por ter, em sua descrição típica, além dos elementos objetivos (objeto material, verbo, sujeito passivo e ativo), elementos subjetivos.
Por derradeiro, a coisa alheia dever ser móvel (é aquela que pode ser removida pela ação do homem ou que tem movimentos próprios). Ressalta-se que os bens considerados imóveis por ficção do direito civil, são móveis no direito penal ex// um navio, uma aeronave etc
Objetividade jurídica 
A posse e a propriedade da coisa.
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa, salvo o proprietário. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Quanto ao proprietário, a tipicidade se dará à luz do delito descrito no artigo 346, CP. Aquele que furta o ladrão cometerá furto, não em razão do 1º ladrão, mas sim em relação à vítima originária, pois a posse do 1º ladrão é ilegítima e para que haja furto há necessidade da posse ser legítima.
Sujeito passivo
Pessoa física ou jurídica, titular da posse, detenção ou propriedade.
Conduta 
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar. Este apossamento poder ser feito de forma direta ou indireta. O apossamento direto é aquele em que o sujeito ativo subtrai pessoalmente o objeto material. Já no apossamento indireto, a subtração é efetuada, por exemplos, por animais adestrados.
Consumação
Trata-se de crime material, ou seja, a teor da conduta típica descrita exige-se o evento dano advindo somente através da subtração (“subtrair”). Assim, para consumação do crime de furto é necessário haver um desfalque ao patrimônio do sujeito passivo. Temos três teorias que fundamentam a consumação: 1. Teoria da concretatio: o furto se consuma no momento em que o agente toca o bem; 2. Teoria da apprehensio: o furto se consuma quando o agente segura o bem; 3. Teoria da amotio: o furto se consuma com o mero deslocamento do bem (é utilizada como sinônimo da apprehensio); 4. Teoria da ablatio: o furto se consuma quando o agente leva o bem para o local desejado. No Brasil, num passado não tão distante era adotada a teoria da posse mansa e pacífica, ou seja, o furto só se consumava quando o agente tem a posse tranquila, tinha saído da esfera de vigilância e alcance da vítima. Entretanto, atualmente, apesar de alguma divergência, não mais se exige a posse mansa e pacífica. Não basta o agente se apoderar do bem, mas também não se exige a posse mansa e pacífica. Assim, no momento em que o agente se apodera do bem, ocorre a inversão da posse e se a coisa é retirada, ainda que momentaneamente, da esfera de vigilância da vítima, está consumado o crime de furto. O Superior Tribunal de Justiça adota a teoria da amotio ou apprehencio (sinônimos), bastando que o sujeito se apodere da res, ainda que este não seja retirado da esfera de vigilância da vítima. Conclui-se que para consumação basta a posse da coisa ao delinquente, ou seja, quando retirou a coisa da esfera de disponibilidade física do sujeito passivo. Assim, ainda que não tenha se apoderado da coisa, a destruição ou arremesso em local onde não possa vir a ser recuperada consuma este crime.
Tentativa (conatus) 
É possível. Ocorrerá quando o agente não lograr consumar o crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Concurso de crimes 
O furto admite o concurso material, formal e a continuidade delitiva.
Pergunta: Como será a responsabilização do ladrão que, após o furto, vende a coisa à terceiro de boa fé como se a coisa fosse sua ? Responderá por furto e estelionato? Resp.: as regras do antefactum e postfactum impuníveis não poderão ser aplicadas, muito embora sejam crimes conexos (há relação de meio e fim entre dois fatos), pois constituem ofensas a bens diversos ou pertencentes a pessoas diversas. Não se pode dizer que o estelionado é um postfactum impunível, uma vez que nesta espécie de progressão criminosa exige-se menor gravidade da conduta subsequente em face da anterior, o que não ocorre. Da mesma forma, não há que se falar em antefactum impunível, uma vezque são diversos os sujeitos passivos (para que haja antefactum impunível há necessidade que se trate de um mesmo bem jurídico, pertencente a um mesmo sujeito). Assim, o agente será responsabilizado por furto e estelionato em concurso material
Furto de uso
Ocorre o furto de uso quando o agente subtrai a coisa sem o animus furandi e com a intenção de restituí-lo. O agente tem o propósito de somente fruir a coisa momentaneamente e devolvê-la ao seu dono. Não age com ânimo de assenhoramento definitivo, dolo específico necessário para a caracterização do furto simples (depreende-se da expressão: “para si ou para outrem”). Para que haja o furto de uso, acarretando com isso a atipicidade do fato (não há crime por ausência de disposição legal, mas haverá ilícito civil), há necessidade do preenchimento de dois requisitos: fim de uso momentâneo da coisa e pronta restituição da res. A restituição da coisa subtraída deve ser voluntária do agente (e não por ser apreendida pela autoridade, por ex.) e nas mesmas condições em que se encontrava.
Causa de aumento de pena - furto noturno (art. 155, § 1º)
É uma causa especial de aumento de pena (aumenta a pena em 1/3). A majorante aplica-se em razão da maior precariedade de vigilância do bem jurídico por parte do titular. Para que incida esta causa de aumento de pena, basta que a conduta típica ocorra durante o período em que a população costumeiramente vem a se recolher para o repouso noturno. Essa circunstância deverá ser aplicada diante do caso concreto, razão pela qual o magistrado deverá apreciar quais são os hábitos da região dos fatos. O furto noturno só aplicável à forma simples de furto e não à forma qualificada, pois neste há uma pena maior autônoma.
Furto privilegiado (art. 155, § 2º)
Requisitos:
- que o agente seja primário (não há um conceito de primariedade, mas pode se chegar a ela a contrário senso, ou seja, primário é aquele que não é reincidente). Os maus antecedentes não atingem a primariedade.
- que o bem subtraído seja de pequeno valor.  Coisa de pequeno valor é aquela que não excede a um salário mínimo. Havendo várias coisas, os valores são somados. O valor da coisa é aferido no momento da subtração. Por isto não se deve confundir valor da coisa com prejuízo, pois mesmo que a coisa seja devolvida para a vítima, não havendo, então, qualquer prejuízo, se o valor da mesma for superior a um salário mínimo, não há que se falar em privilégio.
É possível a aplicação do privilégio ao furto qualificado. A matéria é sumulada - Súmula 511 – STJ: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva
Pergunta: Reconhecido o privilégio, quais as suas consequências? Resp: o juiz poderá:
- substituir a pena de reclusão pela de detenção;
- diminuir a pena de 1/3 a 2/3;
- desprezar a pena privativa de liberdade e aplicar somente pena de multa. (esta hipótese será mais benéfica ao réu, pois se houver uma condenação posterior, a pena de multa não impedirá a concessão de sursis).
Presentes os requisitos legais, o privilégio é aplicação obrigatória, pois se trata de um direito público subjetivo do réu.
Furto de energia (artigo 155, § 3º)
Trata-se de uma norma penal explicativa, pois define que a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se a coisa móvel. Se houver simples alteração no medidor de luz estaremos diante de estelionato, pois o agente teve por escopo enganar a companhia de luz. Se a conduta é adulterar o aparelho medidor de energia (v.g, relógio de luz, hodômetro), de modo a fazê-lo acusar um fluxo menos que o ocorrido, haverá o crime de estelionato (artigo 171 CP) uma vez que há uma fraude concretizada para enganar a companhia fornecedora, ensejando uma vantagem em prejuízo para vítima. Sinal de TV a cabo não é equiparado a energia, inviabilizando a equiparação a furto de energia. A transmissão clandestina de sinal de internet por meio de radiofrequência (venda de internet pirata) é enquadrada no crime descrito no artigo 183, da Lei 9.472/1997, que regula os serviços de telecomunicações. Recente julgamento do STF firmou entendimento de ausência de tipicidade dessa conduta (HC 127978), não obstante esta mesma corte indeferir aplicação do Princípio da Insignificância. A matéria foi recentemente sumulada, através do enunciado na Súmula 606 - STJ: “Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97” 
Pergunta: Pode o furto ser considerado um crime permanente? Resp: Sim, quando a subtração for de energia e por meio de extensão clandestina.
Furto qualificado (art. 155, § 4º)
I - se o crime é praticado mediante destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. (há necessidade do rompimento ou destruição do obstáculo. A simples remoção do obstáculo poderá caracterizar a qualificadora da escalada, mas não esta). Diferença entre rompimento e destruição: recai na gravidade do dano, pois na destruição ela é total (ex: destruição de vidro); já no rompimento é parcial (ex: rompimento de um cadeado). Abrange obstáculos ativos (alarmes) e passivos (portas e cadeados); porém, o simples desligamento do sistema de alarme não qualifica o crime. O dano praticado não configura crime autônomo, pois será absorvido pelo furto que será praticado, afinal foi o meio para a realização do delito fim, sendo por este absorvido. (agora, se o agente entrar na casa, furtar os objetos e ainda destruir uma série de objetos para o seu deleite; neste caso responderá por furto em concurso material com dano) - o dano deve ser praticado antes ou durante, para ser absorvido. O entendimento majoritário posicionou-se no sentido de que esta qualificadora só se aplica se o obstáculo não integra o bem que se pretende subtrair. Ex: arrombamento da porta da garagem para subtrair o automóvel que lá está. Em sentido contrário, quando o arrombamento / destruição ocorre para subtrair a coisa em que se praticou o dano, não incidirá a qualificadora Ex: destruição do vidro um automóvel para furtá-lo. (assim, se for destruído o vidro de um automóvel para subtraí-lo, o agente será responsabilizado por furto simples; agora, se a destruição tiver sido efetuada para subtrair o toca-fitas, o agente responderá por furto qualificado).
II - Furto cometido mediante fraude, abuso de confiança, escalada ou destreza.
- Abuso de confiança:
Requisitos: 
1. Subjetivo: que a vítima deposite especial confiança no agente. Ex: amizade (obs: na relação de emprego não há, necessariamente; especial confiança - dependerá do caso concreto - Com relação aos empregados domésticos, a jurisprudência se divide, pois parte entende que incidirá esta qualificadora, pois haveria relação de confiança, mas outra parte entende que não, pois a confiança depositada seria somente uma necessidade para o cumprimento dos afazeres. Assim, no famulato (furto de emprega doméstica) há necessidade de que se deposite especial confiança, pois se a confiança for normal, somente incidira a circunstância agravante prevista no artigo 61, II, f, CP.
2. Objetivo: que o agente pratique o furto aproveitando-se de alguma facilidade decorrente desta relação de confiança.
- Fraude:
Haverá a incidência desta qualificadora quando o agente utilizar qualquer artimanha para ludibriar a vítima e facilitar a subtração. Ex: uso de um crachá da empresa para facilitar o ingresso na mesma; ‘A’ diz a ‘B’ que o pneu do seu carro está furado - quando ela sai do carro é efetuada a subtração; test-drive com posterior subtração.
- Escalada:
É a utilização de via anormal para ingressar no local do furto. (Ex: telhado, túnel, pular o muro, utilização de cordas etc). Há necessidade que o agente empregue esforço razoável para transpor o obstáculo.
- Destreza:
É a habilidade física ou manual que permite que o agente pratique a subtraçãosem que a vítima perceba. Não se aplica esta qualificadora se a vítima estiver dormindo ou em estado avançado de embriaguez. Há necessidade de que a vítima não perceba que está sendo subtraída, pois se ela perceber, o furto tentado será simples. Para que haja furto tentado qualificado, terceira pessoa é que deverá perceber a subtração e alertar a vítima.
III - Furto cometido com o emprego de chave falsa.
Considera-se chave, todo o instrumento capaz de abrir uma fechadura sem arrobamento (ex: chave mixa, grampo etc). Quando ao emprego da chave verdadeira furtada, obtida mediante fraude ou copiada, duas posições:
- (Magalhães Noronha) qualifica o crime, pois a lei veda a abertura ilícita - é a posição a ser adotada, pois é, inclusive, a posição do STF;
- (Damásio e Nelson Hungria) não qualifica o crime, pois a chave falsa é uma condição objetiva, e o que é falso não pode ser verdadeiro.
IV - Furto cometido em concurso de agentes
Concurso de duas ou mais pessoas. Quando o legislador empregar a expressão “concurso”, estará englobada a co-autoria e a participação. Esta qualificadora é empregada mesmo que um do coautores não seja identificado ou mesmo que seja inimputável.
Furto qualificado (art. 155, § 4º-A)
Este parágrafo foi incluído pela Lei nº 13.654, de 23.4.2018 e pretendeu dar maior pena aos crimes de furto praticados com emprego de explosivo ou artefatos semelhantes que causam perigo comum. A implementação dessas alterações se deu em razão do considerável aumento dos crimes contra o patrimônio mediante utilização de arfetatos explosivos, em especial por organizações criminosas. Essa prática é muito comum em crimes contra empresas de segurança patrimonial e caixas eletrônicos. Ademais, esta lei ainda acrescentou às instituições financeiras a exigência de instalação de tecnologias e equipamentos que inutilizem as cédulas de moeda corrente depositadas no interior das máquinas em caso de arrombamento, movimento brusco ou alta temperatura (art. 2º-A, Lei nº 13.654, de 23.4.2018). A essência da qualificadora é punir mais gravemente o sujeito que implementa um maior risco à sua conduta de furtar. A só posse de explosivo configura crime previsto no art. 16, inc. III da L.10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). Porém, não se aplica o concurso de crimes em razão do especial aumento de pena advindo com a previsão da qualificadora, sob pena de bis in idem. Explosivo é a substância ou conjunto de substâncias que podem sofrer o processo de explosão, liberando grandes quantidades de gases e calor em curto espaço de tempo cuja pressão exercida se dá até sua ruptura de armazenamento gerando grande onda de choque, causando danos. São diversos os tipos e as formas de explosivos. Os Heterogêneos, são os constituídos por matérias que, separadas, não têm características explosivas como a pólvora. Os Homogêneos, são aqueles constituídos por um composto químico com fórmula definida e auto-suficiente do ponto de vista da reação como o TNT, nitro-celulose, nitroglicerina e os Mistos, que são explosivos químicos com adição de outros compostos que melhoram ou alteram as suas propriedades, como a dinamite. Artefato explosivo é um objeto, aparelho ou instrumento que é construído para fins de explosão, por exemplo, uma bomba. Artefato análogo é aquele que tem função semelhante mas origem diversa, assim, um artefato incendiário faria as vezes de análogo a explosivo, por exemplo, coquetel molotov. 
Pergunta: essa hipótese pode ser aplicada à fatos anteriores à sua vigência? Resp.: Não. Trata-se de lei nova que reconhece nova qualificadora, por isso novatio legis in pejus. Dessa forma, obedece ao regime da irretroatividade da lei penal.
Artigo 155, § 5º - Lei 9426/96
Furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou País. A qualificadora só é aplicável se for transposta a fronteira, caso contrário, não. Esta qualificadora é a única em que a subtração ocorre antes; já nos demais casos, as qualificadoras são meios para a execução da subtração.
Art. 155, § 6º
Essa qualificadora foi incluída pela Lei nº 13.330, de 2.8.2016 que pretendeu uma maior punição para o abigeato (furto de animais) cuja justificativa repousa no argumento de que o comércio de alimentos oriundos de animais furtados é, pois, uma atividade econômica clandestina que tem impactos negativos tanto do ponto de vista da sonegação de impostos, como em relação à saúde da população. Os elevados índices de ocorrência destes furtos nas zonas rurais, mantém a mens legis também na maior proteção dos pecuaristas, em especial num país como Brasil, cuja economia depende da pecuária. Daí que o patrimônio é a objetividade jurídica do tipo, sem descartar a secundária proteção da saúde pública e evitar a sonegação fiscal. Dessa forma, o tratamento mais rígido acrescentou essa qualificadora além de endurecer a pena ao receptador destes animais, acrescentando o artigo 180-A ao Código Penal.
a) semovente: trata-se do objeto material do delito. Semovente é o bem móvel suscetível de movimentação própria. Não há restrição somente ao gado bovino, a qualificadora abarca bovinos, bubalinos, equídeos, suídeos, ovinos, caprinos, aves domésticas e logomorfos e de animais exóticos, animais silvestres e pescado (artigo 84, Decreto 9013/2017). Os peixes também estão englobados, conforme se extrai da redação do Projeto de Lei 6.999/13, que deu origem a Lei 13.330/16, que foi bem claro em sua ementa no sentido de que dispõe sobre o abigeato e comércio de carne e outros alimentos. Ou seja, o propósito é a proteção de quaisquer animais criados para alimentação humana.
b) domesticável de produção: a qualificadora não abrange animal silvestre que não possa ser domesticado, aquele domesticado que não é de produção, ou seja, criado para abate, comercialização e alimento humano (cão, gato etc.). Nestas hipóteses haverá o crime de furto na forma simples (caput), agravado (§1º) ou qualificado por outro motivo (§4º) ou crime ambiental (artigos 29 a 32 da Lei 9.605/98). Também não configura o crime a hipótese de animais abandonados ou que não tenham dono (retirados da natureza), uma vez que o crime atenta contra o patrimônio, tutelando a posse e a propriedade, exigindo necessariamente para sua configuração prejuízo para a vítima. No caso de animal fugitivo, considerado coisa perdida (res desperdicta), existe delito especial, incidindo o princípio da especialidade para solucionar o conflito aparente de leis penais. Aquele que acha o animal e dele se apropria, deixando de restituir ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-lo à autoridade competente no prazo de 15 dias, comete o crime de apropriação de coisa achada (artigo 169, II do CP).
c) ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração: o animal não precisa ser subtraído ou mantido vivo. A lei expressamente insere como objeto material o animal abatido ou dividido em partes. Porém essa previsão não abrange o animal já transformado em produto industrializado mediante cortes comerciais, transformado em produto comercial, como ocorre com o furto de carne previamente cortada para venda ou já processada (carne moída, linguiça). Da mesma forma, não incidirá a qualificadora quando furto se dá em restaurantes, açougues e supermercados. Ainda, não é objeto material deste delito o fruto do animal, ou seja, a utilidade que nasce da coisa, como o leite ou queijo de vaca, cabra etc. Nesses casos, o crime é o de furto simples ou qualificado por outro motivo. Agora, se o fruto for uma cria, haverá um animal autônomo suscetível dessa qualificadora.
d) concurso com outras qualificadoras: há viabilidade da coexistência dessa qualificadora com outras previstas § 4º (concurso de pessoas, rompimento de obstáculos etc). A questão mais tormentosa diz respeito à coexistência de qualificadora do § 4º (ex: concurso de pessoas — pena de 2 a 8 anos) com a nova qualificadora autônoma do § 6º (abigeato — pena de 2 a 5 anos) do artigo 155 do CP. A maior celeuma não é a possibilidade de cumulação de qualificadoras, questão já respondida afirmativamentepela jurisprudência: uma delas deve ser utilizada para qualificar o crime e a outra ser considerada circunstância agravante genérica, se encontrar correspondência (artigos 61 e 62 do CP), ou fazer o papel de circunstância judicial (artigo 59 do CP). A questão, em verdade, é qual funcionará como qualificadora e qual servirá como agravante ou circunstância judicial? A resposta é que deve o § 4º servir como qualificadora e o § 6º atuar como circunstância judicial. Em outras palavras: o abigeato é uma qualificadora residual, só prevalecendo quando da ocorrência de um furto simples ou majorado pelo repouso noturno. O Projeto de Lei 6.999/13 (que resultou na Lei 13.330/16) deixou claro em seu artigo inaugural a intenção de agravar o abigeato. Caso preponderasse o §6º como qualificadora e servisse o § 4º como agravante ou circunstância judicial, essa solução proporcionaria uma punição menor do que a que já incidiria, antes da Lei 13.330/16, com a mera aplicação do § 4º do artigo 155 do CP. Ou seja, a nova lei teria trazido à baila um benefício para aquele que praticasse o furto de semoventes, o que não foi a intenção do legislador (mens legislatoris) e da própria lei (mens legis). A mesma conclusão se chega pelo cotejo com outro concurso de qualificadoras no Código Penal, relativo ao crime de lesão corporal. Havendo lesão corporal grave (§ 1º), gravíssima (§ 2º) ou seguida de morte (§ 3º) praticada com violência doméstica e familiar (§ 9º, todos do artigo 129 do CP), o próprio legislador forneceu a resposta. O § 10 do artigo 129 pontua que a especificidade do objeto material (situação particular da vítima, no caso) é subsidiária, resultando na incidência da sanção cominada à qualificadoras do §§ 1º, 2º ou 3º, mas com pena aumentada em um terço. Essa mesma lógica deve prevalecer na análise do crime de abigeato qualificado pelas circunstâncias do § 4º, ou seja, preponderar as referidas qualificadoras fático-modais frente à particularidade do objeto material (animal).
Art. 155, § 7º:
A Lei 13.654, de 23.4.2018 incluiu essa hipótese qualificadora em razão do aumento da utilização de substância explosivas por organizações criminosas para prática de diversos crimes, em especial contra patrimônio. Dessa forma, trata-se de da punição específica da preparação para crimes mais graves, visando exatamente impedir a utilização destas substâncias para prática de crimes. Vimos anteriormente que explosivo é a substância ou conjunto de substâncias que podem sofrer o processo de explosão, liberando grandes quantidades de gases e calor em curto espaço de tempo e cuja pressão exercida se dá até sua ruptura de armazenamento gerando grande onda de choque, causando danos. Qualifica-se tanto o furto da substância explosiva (nitroglicerina) quanto dos acessórios que venham a permitir a fabricação, montagem ou emprego do artefato explosivo.
Crime hediondo
A Lei 13.964/2019 acrescentou o inciso IX ao artigo 1º da Lei dos crimes hediondos (Lei 8.972/1990), reconhecendo como hediondo o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). Evidenciando o interesse no maior recrudescimento dessa modalidade de furto, muito provavelmente pelo implemento das ações de organizações criminosas nestes tipos de crime em todo território nacional, em especial praticados contra bancos e empresas privadas que mantém dinheiro em depósito.
Coexistência de qualificadoras
Havendo a incidência de duas ou mais qualificadoras, somente uma será utilizada para qualificar o delito, sendo as demais utilizadas como circunstância para o agravamento da pena-base.
Pena
- furto simples (caput): reclusão, de 01 a 04 anos, e multa;
- furto qualificado (§4°): reclusão, de 02 a 08 anos, e multa;
- furto qualificado (§4°-A): reclusão, de 04 a 10 anos, e multa;
- furto qualificado (§5º): reclusão, de 03 a 08 anos;
- furto qualificado (§6º): reclusão, de 02 a 05 anos;
- furto qualificado (§7º): reclusão, de 04 a 10 anos, e multa;
Ação Penal: Pública Incondicionada
Artigo 156, CP
“Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente”.
Nomen Iuris: furto de coisa comum. É a subtração de coisa que pertence também a outrem
Ojetividade jurídica 
Posse e propriedade legítima
Sujeito ativo 
O sócio, coerdeiro ou condômino. Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado pelas pessoas indicadas na figura típica fundamental. Obs: se a sociedade se constitui como pessoa jurídica, o furto será simples (artigo 155), pois a subtração será de coisa alheia (da pessoa jurídica) - (o furto cometido por sócio em face do patrimônio da sociedade que tenha personalidade jurídica não é realizado em detrimento dos sócios, mas da sociedade, pois o patrimônio da sociedade não constitui patrimônio dos sócios). Agora, quando a sociedade não se constitui em pessoa jurídica, o furto será de coisa comum – Ex: ‘A’ compra um livro com ‘B’ em sociedade. Depois, ‘A’ subtraiu o livro.
Sujeito passivo 
Aquele que detém legitimamente a coisa comum, ou seja, o sócio, o condômino, o coerdeiro ou terceira pessoa. Obs: se a detenção era ilegítima, haverá furto comum por ausência de tipicidade. - se a coisa se encontrava na posse daquele que subtraiu, haverá apropriação indébita. Há necessidade de que a coisa seja comum, ou seja, o agente deverá ter parte ideal da coisa, não importando o montante.
Elemento subjetivo 
Dolo. A expressão para si ou para outrem configura o animus rem sibi habendi, ou seja, o ânimo de assenhoramento definitivo necessário para a configuração do crime.
Consumação 
Aplicam-se as regras do furto simples, ou seja, o furto é um crime material, instantâneo e plurissubsistente, razão pela qual há necessidade da ocorrência do resultado para que o crime venha a se consumar, ocorrendo em momento certo e determinado. A consumação ocorrerá quando da inversão de posse ao agente. A tentativa é admissível.
Causa de exclusão da ilicitude (artigo 156, § 2º)
Muito embora conste no tipo a expressão: “não é punível”, não se trata de uma causa extintiva da punibilidade, mas de exclusão da antijuridicidade. Isto se dá em razão do fato de que o legislador empregou a expressão: não é punível a subtração, e não a expressão não é punível o agente. Assim, o fato não punível é fato lícito, sendo, então, uma causa excludente da antijuridicidade.
Requisitos
- que a coisa seja fungível (coisas móveis que podem ser substituídas por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade).
- que o valor da coisa não exceda a cota parte a que tem direito o sujeito.
Havendo dúvida sobre o montante da cota parte, suspende-se o processo, pois se trata de uma questão prejudicial (não correndo o prazo prescricional) até que se resolva o problema.
Pena
Detenção, de 06 meses a 02 anos, ou multa
Ação penal (artigo 156, § 1º)
Ação penal pública condicionada à representação
 
Exercício 1:
Como se dará a responsabilização penal daquele que tenta subtrair a carteira da vítima, colocando a mão no bolso desta, mas não consegue em virtude do fato de que a “res furtiva” havia sido esquecida em casa.
A)
não haverá responsabilização penal, por se tratar de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material;
B)
não haveria responsabilização penal, por se tratar de crime impossível por absoluta ineficácia do meio;
 
C)
 haverá responsabilização por furto tentado, tendo em vista que estamos diante de uma relativa impropriedade do objeto material;
 
D)
haverá responsabilização por furto tentado, tendo em vista que estamos diante de uma relativa ineficácia do meio.
E)
haverá responsabilização por furto consumado, tendo em vista que a intenção do agente será considerada.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) o fato será atípico, por ausência de tipicidade).
Exercício 2:
Comose dará a responsabilização do ladrão que, após o furto, vende a coisa a terceiro de boa-fé como se a coisa fosse sua ?
A)
responderá por estelionato, somente, tendo em vista que o furto será absorvido, segundo a regra do antefactum impunível;
B)
responderá por furto, somente, tendo em vista que o estelionato será absorvido, respeitando a regra do post factum impunível;
C)
responderá por furto e estelionato em concurso formal de crimes;
D)
responderá por furto e estelionato em concurso material de crimes;
E)
não haverá responsabilização penal.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) Trata-se de crime material, ou seja, a teor da conduta típica descrita exige-se o evento dano advindo somente através da subtração (“subtrair”). Assim, para consumação do crime de furto é necessário haver um desfalque ao patrimônio do sujeito passivo
Exercício 3:
3-Considere as afirmações:
I- o furto não pode ser considerado crime permanente;
II- a qualificadora da escalada, prevista no artigo 155 do CP, incidirá na hipótese em que o agente utilizar somente escadas para realizar a subtração;
III- a qualificadora do rompimento ou destruição de obstáculo, prevista no artigo 155 do CP, só será aplicada se o obstáculo não integrar o bem que se pretende subtrair, segundo entendimento majoritário;
IV- a subtração levada a cabo por 4 pessoas acarretará na responsabilização por furto qualificado pelo concurso de agentes em concurso formal com associação criminosa.
 
Diante das assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
“Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
                      
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior”. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
A)
somente uma delas é correta;
B)
somente duas delas são corretas;
C)
somente três delas são corretas;
D)
todas são corretas;
E)
todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
B) , num passado não tão distante era adotada a teoria da posse mansa e pacífica, ou seja, o furto só se consumava quando o agente tem a posse tranquila, tinha saído da esfera de vigilância e alcance da vítima. Entretanto, atualmente, apesar de alguma divergência, não mais
C) , num passado não tão distante era adotada a teoria da posse mansa e pacífica, ou seja, o furto só se consumava quando o agente tem a posse tranquila, tinha saído da esfera de vigilância e alcance da vítima. Entretanto, atualmente, apesar de alguma divergência, não mais
A) , num passado não tão distante era adotada a teoria da posse mansa e pacífica, ou seja, o furto só se consumava quando o agente tem a posse tranquila, tinha saído da esfera de vigilância e alcance da vítima. Entretanto, atualmente, apesar de alguma divergência, não mais
Exercício 4:
Mara, empregada doméstica, subtraiu joias de sua empregadora Dora, colocando-as numa caixa que enterrou no quintal da residência. No dia seguinte, porém, Dora deu pela falta das joias e chamou a polícia que realizou busca no imóvel e encontrou o esconderijo onde Mara as havia guardado. Nesse caso, Mara responderá por:
A)
apropriação indébita
B)
furto tentado
C)
furto consumado
D)
roubo
E)
estelionato
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) Ocorre o furto de uso quando o agente subtrai a coisa sem o animus furandi e com a intenção de restituí-lo. O agente tem o propósito de somente fruir a coisa momentaneamente e devolvê-la ao seu dono. Não age com ânimo de assenhoramento definitivo, dolo específico
Exercício 5:
O crime de furto, do art. 155 do Código Penal,
I. tem pena aumentada se praticado por funcionário público;
II. tem pena aumentada se praticado durante o repouso noturno;
III. é qualificado se praticado mediante o concurso de duas ou mais pessoas.
É correto o que se afirma em:
A)
 II, apenas;
B)
 III, apenas;
C)
 I e II, apenas;
D)
 II e III, apenas;
E)
 I, II e III.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) É uma causa especial de aumento de pena (aumenta a pena em 1/3). A majorante aplica-se em razão da maior precariedade de vigilância do bem jurídico por parte do titular. Para que incida esta causa de aumento de pena,
Exercício 6:
Túlio furtou determinado veículo. Quando chegou em casa, constatou que no banco de trás encontrava-se uma criança dormindo. Por esse motivo, Túlio resolveu devolver o carro no local da subtração.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A)
Túlio cometeu furto, sendo irrelevante a devolução do veículo na medida que houve a consumação do crime
B)
Túlio praticou furto, mas deverá ter sua pena reduzida em face do arrependimento posterior
C)
 Túlio cometeu furto e sequestro culposo, ficando isento de pena em face do arrependimento eficaz
D)
Túlio deverá responder por roubo, pois o constrangimento à liberdade da vítima caracteriza ameaça
E)
Túlio não praticou crime, posto que, ao devolver voluntariamente o veículo, tornou a conduta atípica em face da desistência voluntária
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) A qualificadora só é aplicável se for transposta a fronteira, caso contrário, não. Esta qualificadora é a única em que a subtração ocorre antes; já nos demais casos, as qualificadoras são meios para a execução da subtração
Exercício 7:
Se duas ou mais pessoas, agindo em conjunto e previamente ajustadas, subtraem, sem emprego de violência ou grave ameaça, uma televisão de terceira pessoa, elas praticam o crime de:
A)
 furto qualificado
B)
 furto simples
C)
estelionato
D)
apropriação indébita
E)
 roubo qualificado
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 8:
Pedro ingressou numa joalheria e afirmou que pretendia adquirir um anel de ouro para sua esposa. A vendedora colocou sobre a mesa diversos anéis. Após examiná-los, Pedro disse que lhe agradou mais uma peça que estava exposta no canto da vitrine e que queria vê-la. A vendedora voltou-lhe as costas, abriu a vitrine e retirou o anel. Valendo-se desse momento de descuido da vendedora, Pedro apanhou um dos anéis que estava sobre a mesa e colocou-o no bolso. Em seguida, examinou o anel que estava na vitrine, disse que era bonito, mas muito caro, agradeceu e foi embora, levando no bolso a joia que havia apanhado. Nesse caso, Pedro responderá por:
A)
furto simples
B)
 estelionato
C)
furto qualificado pela fraude
D)
apropriação indébita
E)
roubo.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 9:
Qual é a ação penal cabível no furto ?
Para consulta:
"art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel"
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 10:
Qual é a ação penal cabível no furto de coisa comum ?
Para consulta:
“Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quotaa que tem direito o agente.
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 11:
Qual é a pena do furto qualificado do §4° ?
Para consulta:
“§ 4º - A pena é de ___________________, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.”
A)
Reclusão, de 01 a 04 anos, e multa
B)
Reclusão, de 01 a 04 anos
C)
Reclusão, de 02 a 08 anos, e multa
D)
Reclusão, de 03 a 08 anos, e multa
E)
Reclusão, de 03 a 08 anos.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 12:
Qual é a pena do furto de coisa comum ?
Para consulta:
““Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:”
A)
Reclusão, de 01 a 04 anos, e multa
B)
Detenção, de 01 a 04 anos
C)
Detenção, de 06 meses a 02 anos, e multa
D)
Detenção, de 06 meses a 02 anos, ou multa
E)
Detenção, de 06 meses a 01, e multa.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
E) 
C) 
A) 
D) 
Artigo 157, CP
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Roubo equiparado (impróprio):
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Roubo qualificado (causa de aumento de pena):
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I –(revogado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca emprego (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019)
§ 2º-A -A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B - Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019).
§ 3º - Se da violência resulta: (alterado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.”
Nomen juris: roubo
Objetividade jurídica 
Posse, propriedade, incolumidade física e psíquica.
Formas típicas
- roubo próprio: artigo 157, caput: é a subtração efetuada com o emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que impossibilite a capacidade de resistência da vítima (a violência, a grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima constituem os meios para que o agente se apodere dos bens da vítima).
- roubo impróprio: artigo 157, § 1º: quando o agente empregar violência ou grave ameaça contra pessoa logo após o cometimento da subtração, com o fim de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa. Ex: ‘A’ entrou na casa de ‘B’ para furtar a TV. Ocorre, porém, que ‘B’ chegou antes do previsto por ‘A’, surpreendendo-o, razão pela qual este empregou violência contra ‘B’ para com isso assegurar a detenção da coisa subtraída.
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo 
O proprietário e o possuidor da coisa, bem como a pessoa atingida pela violência ou grave ameaça.
Violência
Em todos os casos, a violência é necessária à consecução da almejada tirada da coisa no crime de roubo, sob pena de deslocar a conduta para o crime de furto. A violência pode ser:
1. própria: pode ser
a) física: praticada contra a pessoa (vis corporalis), com emprego de força sobre o corpo da vítima, mas que não danifiquem a integridade corporal, sob pena de qualificar o crime (§§ 2º e 3º).
b) moral (vis compulsiva): é a grave ameaça, aquela capaz de criar no espírito da vítima fundado temor de grave e iminente mal, físico ou moral contra sua pessoa ou a terceiro com vínculos afetivos ou próximos com a vítima. Ex.: ameaça com armas (de fogo, facas, canivetes etc.), ameaça de espancamento ou morte, ameaça de entregar uma carta manuscrita onde a vítima (do roubo) confessa um crime praticado no passado etc.
2. imprópria: advém da expressão “por qualquer meio” (caput). Diz respeito às práticas que neutralizam a capacidade de reagir da vítima, sem utilizar-se de violência própria, mas uma violência presumida (equiparada). Ex.: embriagar a vítima, narcotizar, hipnose etc. Tais meios devem ser empregados de forma subrepticia (ardil, ocultos), pois, se houver emprego violência (força) ou ameaça para fazer ingerir a substância ou álcool, v.g., haverá, óbvio, violência própria. 
Consumação:
- roubo próprio: duas correntes (em ambas a tentativa é admissível)
* Minoritária - o roubo se consuma quando o bem sai da esfera de vigilância da vítima e entra na posse tranquila do agente, ainda que por pouco tempo.
* Majoritária - o roubo se consuma com o arrebatamento da coisa logo após a violência ou grave ameaça.
- roubo impróprio: consuma-se no momento em que o agente emprega a violência com o escopo de garantir a posse do bem, pouco importando se consiga ou não. A jurisprudência majoritária entende que não é possível a tentativa, pois, ou o agente emprega a violência, e neste caso estaremos diante do roubo impróprio, ou não emprega e estaremos diante do furto.
Causas de aumento de pena (artigo 157, §2º)
I – Revogado pela Lei 13.654, de 23.04.2018
A redação antes da revogação era a seguinte: “se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma”. A revogação se deu pois a mesma Lei 13.654/2018 acrescentou o emprego de arma de fogo no §2º-A, inciso I, ensejando maior aumento de pena (vide abaixo). Porém, se por um lado aumentou a exasperação pelo emprego de arma de fogo, por outro retirou a viabilidade de aumento na hipótese de emprego de outros instrumentos vulnerantes taxados como armas brancas, tais como facas, canivetes, facões, martelos, barras de ferro, canos, tacos etc., causando séria crítica da doutrina. De fato, a Lei 13.654/2018 tratou de verdadeira abolitio criminis afastando o aumento para emprego de outras armas diversas de arma de fogo, evidenciando a necessidade de afastamento dessa causa de aumento também aos casos anteriores (art. 5º, inciso XL CF). Porém, há precedente autorizando a utilização de arma branca como circunstância judicial do artigo 59 do Código Penal, autorizando a exasperação da pena base.  Exatamente por isso, a Lei 13.964/2019, acabou incluindo neste parágrafo 2º o inciso VII (vide abaixo), implementando a hipótese de aumento para o caso de utilização de outras armas.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas
A razão de ser dessa majorante encontra-se no potencial intimidativo resultante do maior número de meliantes na prática delituosa. Como já estudamos no furto, basta a participação, não havendo necessidade que todos agentes executem o crime (coautoria). Ingressa no cômputo numéricos eventuaisinimputáveis. É desnecessária a prisão de todos os membros, bastando a palavra da vítima para comprovar o concurso de agentes. Se há associação criminosa para prática de roubo, não incidirá essa causa de aumento, mas concurso material (art. 69 CP) entre o roubo simples (caput) e o crime de associação criminosa (art. 288 CP), pois, caso contrário geraria bis in idem.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância
Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também tornar-se prática rotineira. 
a) transporte: representa que a vítima está a serviço de outrem, não pertencem à vítima os valores transportados. Uma experimenta desfalque patrimonial (proprietário) e outra experimenta a violência (transportador). Caso a vítima esteja a transporte de valores para si própria, não incide a majorante. Daí a maior proteção do legislador: resguardar aqueles que tem a perigosa incumbência de transportar valores. Ainda no tocante a transporte, o veículo é necessário, pois, caso os valores sejam levados “a pé”, tal não se subsume a conduta de transportar.
b) valores: representa não só o dinheiro, mas metais e pedras preciosas, jóias, títulos, vales (refeição, transporte) etc.
c) agente conhece tal circunstância: o sujeito deve saber que a vítima está a serviço de transporte de valores, mesmo que eventual ou episódico o transporte. Ou seja, o dolo deve integrar a conduta, caso contrário não incidirá esta qualificadora.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
Cabíveis as mesmas considerações feitas ao crime de furto (art. 155, § 5º CP), salvo com a ressalva que a subtração agora se deu com violência contra pessoa ou grave ameaça, ou após ter levado à vítima à impossibilidade de resistência.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
Essa causa de aumento foi introduzida através da L. 9.426/96, onde antes dessa lei essa situação levava a aplicação do concurso material entre roubo e sequestro e cárcere privado (art. 148 CP) ou absorção deste último crime pelo roubo.
a) vítima em seu poder: implica em manter a vítima direta e imediatamente sobre atuação física presente do roubador. Assim, se a vítima é deixada amarrada em uma árvore não incide a majorante. Da mesma forma que roubar um banco de madrugada e deixar o vigia do período noturno trancado no banheiro até os funcionários o encontrarem pela manhã.
b) restringindo sua liberdade: restringir significa tornar menor, diminuir, limitar, reduzir. Estará configurada a majorante quando a vítima ficar algum tempo em poder do rapinador. A restrição de liberdade instantânea, de curtíssima duração, v.g., para se apoderar dos objetos da vítima, para retirar o aparelho toca CD do veículo, revistar a vítima etc., não deve fazer incidir essa majorante. Afinal, todo roubo exige uma certa restrição da liberdade da vítima, por mais curta que seja, logo, a finalidade do legislador foi apenar mais gravemente a conduta do agente que atuou mais do que o necessário.
c) “sequestro relâmpago”: popularmente diz-se sequestro relâmpago aqueles roubos onde a vítima é levada para saques em bancos e é mantida em poder dos agentes para consumação do roubo. Estas condutas, apesar do nome, se amoldam ao crime de roubo agravado pela restrição da liberdade da vítima. A L. 11.923, de 17.04.2009 entrou em vigor prevendo a figura autônoma do “sequestro relâmpago”. Daí que, a partir dessa data (17.04.09) tal conduta se amoldará ao novo tipo penal acrescentado ao art. 158 CP (Extorsão), em seu parágrafo terceiro. Quando do estudo deste crime verificaremos sua redação.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
Essa causa de aumento foi acrescida pela Lei 13.654, de 23.4.2018. Isso se deu em razão da utilização de substâncias explosivas para fins da prática de outros crimes, em especial por organizações criminosas. Abordamos o tema no crime de furto, ao qual se aplicam as mesmas considerações.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca
Essa causa de aumento foi acrescida pela Lei 13.964, de 24.12.2019. Como visto acima, a Lei 13.654/2018 acabou implementando causa de aumento específica para emprego de arma de fogo (§2º-A), omitindo-se quanto a demais armas. Com a nova Lei, o legislador acabou regulando (novamente) o emprego de armas brancas diante da maior vulnerabilidade da vítima, o que justifica o aumento da pena. A respeito de arma branca, o Decreto 3.665, de 20.11.2000, que tratava da fiscalização de produtos controlados, assim definia arma braça em seu artigo 3º, inciso XI: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou oblonga. Ocorre que este decreto foi revogado pelo Decreto 9.493, de 05.09.2018, que nada previa a respeito de arma branca, e que também foi revogado pelo Decreto 10.030, de 30.09.2019 que, apesar de ainda vigente, nada manifesta a respeito de arma branca. Atualmente, armas brancas tem mesmo significado de armas impróprias, ou seja, são instrumentos vulnerantes diversos de arma de fogo, tenham ou não natureza de armas de defesa. Assim, são armas brancas facas, espadas, canivetes, facões, navalha, gilete, machados, foice, pé de cabra, chave de fenda, soco inglês, porretes, tacos, pedras etc. Anote-se que a vigência dessa lei 13.964/2019 se deu apenas a partir de 23.01.2020, sendo inaplicável a retroatividade para fatos anteriores à vigência desta Lei. Dessa forma, agentes presos por roubo portando armas brancas antes dessa data não poderão receber o aumento de pena previsto neste parágrafo segundo, tratando-se de lei nova prejudicial aos réus ou condenados, por isso irretroativa (art. 5º, inciso XL, CF).
Arma de fogo - causas de aumento (§ 2º-A, inc. I e §2º-B)
Como vimos, o parágrafo §2º-A, inc. I foi acrescido pela Lei 13.654/2018, enquanto que o §2º-B através da Lei 13.964/2019. Em ambos os casos a essência da maior exasperação da pena reside na maior gravidade na conduta do agente ensejando um maior desvalor. Apesar de anteriormente estar incluída como causa de aumento do inciso I do parágrafo 2º deste artigo 157, revogado pela Lei 13.654/18, essa maior exasperação denota um maior interesse punitivo estatal. Tratando-se de Lei que prevê maior rigor punitivo, não retroagirá aos crimes de roubo praticados antes de sua vigência (art. 5º, XL, CF). 
Arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido
A diferença entre ao parágrafos 2º-A, inc. I e 2º-B reside no potencial ofensivo da arma. Enquanto a arma de uso permitido permite ao agente a fixação de aumento de 2/3 previsto no §2º-A, inc. I, na hipótese de emprego de arma de uso restrito ou proibido o fará receber aumento do dobro (§2º-B). O assunto é regulado pelo Decreto 9.847, de 25.06.2019. A classificação se dá de acordo com o calibre (dimensão da munição) e energia cinética (energia associada ao movimento do projétil). Dessa forma, de acordo com essa classificação temos:
- Arma de uso permitido (art. 2º, inciso I, Decreto 9.847, de 25.06.2019): as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. Ex.: 380 Automatic, 45 Colt, 22 Hornet, 38-40 Winchester, 9x19mm Parabellum etc.
- Arma de uso restrito (art. 2º, inciso II, Decreto 9.847, de 25.06.2019): “as armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização demunição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;” Exemplo: 41 Remington Magnum; 44 Remington Magnum; 500 Special; 8mm Mauser (8x57); 300 Winchester Short Magnum etc.
- Arma de uso proibido (art. 2º, inciso III, Decreto 9.847, de 25.06.2019): “a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos;” Ex.: armas nucleares (Decreto 2.864, de 07.12.1998)
Emprego 
A expressão utilizada pelo legislador – empregar – demanda a prova de efetiva utilização da arma, seja para atacar fisicamente (mirando), como também simplesmente portá-la ameaçadoramente (na cintura) visando incutir temor capaz de anular ou diminuir a resistência da vítima. O simples trazer consigo a arma (por exemplo, no bolso), não significa utilizá-la, mister valer-se o agente dela para consecução do crime.
Arma de brinquedo, simulacros, armas de pressão, armas quebradas e armas desmuniciadas
A grande celeuma dessa causa de aumento de pena reside na hipótese de emprego arma de brinquedo, simulacros ou armas desmuniciadas. Segundo a teoria objetiva para o agravamento da pena é necessário que a arma utilizada tenha uma potencialidade objetiva de lesionar a integridade física da vítima (potencialidade lesiva), sendo mister demonstrar o perigo real proporcionado pela utilização da arma, que é um instrumento hábil a vulnerar a integridade física de alguém. Já, para os adeptos da teoria subjetiva, a causa de aumento de pena deveria ser aplicada em função do aumento do temor da vítima em relação ao objeto utilizado e que em virtude do desconhecimento da natureza falsa, seria apta a ensejar a aplicação da causa de aumento da sanção. Esta era a redação da Súmula 174: “No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena”. Porém, através do julgamento do Recurso Especial nº 213.054-SP (sessão de 24.10.2001), foi deliberado o cancelamento dessa súmula. Segundo a teoria objetiva, armas nestas condições (brinquedo, desmuniciada ou quebrada) não servem à aplicação do aumento por ausência de potencialidade lesiva. É teoria mais sensata. Afinal, armas sem potencialidade lesiva alguma servem meramente para “grave ameaça”, que já é prevista no caput. Nessas hipóteses, acrescentar a causa de aumento é, sem dúvida, gritante interpretação extensiva diante da ausência da essência da causa de aumento pelo emprego de arma de fogo, que reside na prova da potencialidade lesiva inerente a arma de fogo. Claro que, para comprovar essa condição deverá haver perícia na arma, logo, sua apreensão. E se a arma não for apreendida? Pensamos que, mesmo tendo a vítima indicado utilização, não comprovado que efetivamente era arma de fogo, e que fosse apta ao uso (em condições de disparar e municiada) deve-se utilizar o princípio in dubio pro reo e não aplicar a majorante. Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal formalizou entendimento sobre a desnecessidade de apreensão de arma para incidência dessa causa de aumento de pena (HC 96099). Da mesma forma, há diversos julgados no STJ autorizando aplicação dessa majorante ainda que não tenha sido apreendida. Assim, se não houve disparo, e a arma não foi apreendida, não se tem condição alguma de saber sobre potencialidade lesiva. Dessa forma, inviável aplicar-se o aumento. No tocante ao simulacro, é vedada sua fabricação no Brasil (Art. 2º, § 1 do Decreto 9.847, de 25.06.2019).
Causa de aumento (§2º-A, inc. II) - se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
Essa hipótese de aumento não era prevista anteriormente, tratando-se de novidade acrescida pela Lei 13.654, de 23.4.2018. Visa maior apenamento (aumento em 2/3) quando há utilização de explosivos ou artefatos similar em razão do maior perigo comum advindo destes objetos, daí ensejando maior gravidade ao crime de roubo. Exige-se efetiva destruição ou rompimento do obstáculo. Destruição significa demolir, desfazer ou desintegrar algo, enquanto que rompimento significa partir, rasgar, abrir uma brecha ou fenda no objeto sem sua destruição. Na hipótese de não utilização do artefato ou sua falha, não incidirá essa causa de aumento. Como dito anteriormente, a só posse do artefato explosivo ou análogo configura crime previsto no artigo 16, inciso III da L. 10.826/03. Porém, a configuração da causa de aumento pelo emprego de explosivo impede o concurso com este crime, sob pena de bis in idem. Finalmente, exige-se a demonstração de perigo efetivo advindo da expressão “que cause perigo”, sendo exigível a demonstração de perigo concreto para aplicação dessa majorante. Na hipótese do fato criminoso ser praticado em local isolado de civilização, por exemplo, numa estrada ou local ermo, não deve incidir a majorante.
Roubo qualificado (art. 157, § 3º)
O roubo será qualificado quando resultar lesão grave ou morte da vítima, pouco importando se o resultado agravador adveio de dolo ou culpa. Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última.
Objetividade jurídica 
Patrimônio, vida, incolumidade física. Estamos diante de um crime contra o patrimônio, pois o escopo do agente é o patrimônio, sendo o crime contra a pessoa praticado como modo de execução da subtração. Trata-se, pois, de um crime pluriofensivo, pois há mais de um bem jurídico sendo tutelado. Quando resultar lesão leve, estas serão absorvidas pelo roubo. 
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Crime comum
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa.
Crime hediondo
Anteriormente a Lei 13.964/2019 era considerado hediondo apenas o roubo qualificado morte (art. 1º, inc. II da L. 8.072/90)). A nova Lei acrescentou ouras modalidades de roubo no rol de crimes hediondos, evidenciando um maior recrudescimento a este crime. Sempre observando que o acréscimo de outras modalidades de roubo à Lei dos Crimes Hediondos deve obedecer ao Princípio da irretroatividade da Lei Penal. Assim, atualmente, considera-se crime hediondo o roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
No tocante as armas de uso proibido ou restrito, tais definições constam no artigo 2º do Decreto 9.847, de 25.06.2019 que regulamenta o Estatuto do Desarmamento, tratando-se de norma penal em branco.
Consumação
Com a morte da vítima (latrocínio) e com a lesão, na hipótese de lesão grave. Deve-se observar que haverá latrocínio somente quando a morte resulta de violência empregada, não admitindo a grave ameaça, pois o § 3º expressamente determina esta figura qualificada indicando a forma de execução como sendo a violência. Assim, se a vítima morre em razão de grave ameaça, o agente responderá por roubo simples em concurso formal com homicídio (doloso ou culposo, conforme o caso). Ex: vítima morre de parada cardíaca em virtude do fato de ter-lhe sido apontada uma arma quando o roubo. Situações de consumação e tentativa:
- quando há subtração e morte tentados = latrocínio tentado;
- quando há e morte consumadas = latrocínio consumado;
- quando há subtração consumada e morte tentada = latrocínio tentado;
- quando há subtração tentada e morte consumada = latrocínio consumado.
Atentativa é possível, também, na hipótese de lesão grave, quando o sujeito ativo, tendo ferido gravemente a vítima, não consegue consumar a subtração patrimonial. Súmula 610 STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração dos bens da vítima”.
Pena
Roubo simples (caput): reclusão de 4 a 10 anos, e multa
Roubo agravado (causa de aumento - §§ 2º, 2º-A, 2º-B e especial da L. 8.072/90): aumento de 1/3 até ½ (§ 2º), 2/3 (§2º-A), dobro (§2º-B) ou aumento de ½ (L. 8.072/90, art. 9º).
Roubo qualificado (§ 3º): lesão grave – reclusão de 7 a 18 anos, e multa; latrocínio – reclusão de 20 a 30 anos, e multa.
Ação penal
Pública Incondicionada
 
Exercício 1:
Para subtrair o veículo da vítima, o agente aproximou-se dela e pediu uma informação. A vítima, procurando ser prestativa, desceu de seu auto e ficou ofertando detalhes ao agente. Enquanto isso, um segundo agente empurrou a vítima, a qual caiu no chão. Os agentes entraram no veículo e fugiram na posse do referido bem. O crime praticado foi:
A)
  Roubo próprio.
B)
  Roubo impróprio.
C)
Furto com abuso de confiança.
D)
  Furto mediante fraude.
E)
 Furto mediante destreza.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
Exercício 2:
Como se dará a responsabilização penal do agente que, ao entrar na casa da vítima, com o escopo de subtrair um aparelho de televisão, percebe que o morador ainda lá se encontrava, pois este o surpreendeu, o que fez com que o agente viesse a empregar violência contra o morador para assegurar a detenção da coisa.
A)
 artigo 155 ‘caput’ c.c. artigo 129, ambos do CP, em concurso material de crimes;
B)
 artigo 157, § 1º do CP;
C)
 artigo 155, ‘caput’ c.c. 129, ambos do CP, em concurso formal de crimes;
 
D)
 artigo 157, ‘caput’ c.c artigo 129, ambos do CP, em concurso formal de crimes;
E)
 artigo 158, CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) , reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Roubo equiparado (impróprio
Exercício 3:
 Consuma-se o roubo próprio, segundo a posição majoritária dos Tribunais (STF e STJ) e do Ministério Público:
A)
 com o arrebatamento da coisa;
B)
quando o bem sai da esfera de vigilância da vítima;
C)
 quando o bem entra na posse tranqüila do agente, ainda que por pouco tempo;
 
D)
 quando o bem sai da esfera de vigilância da vítima e entra na posse tranqüila do agente, ainda que por pouco tempo;
E)
 quando o agente entrega a terceiro o produto do crime.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) é a subtração efetuada com o emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que impossibilite a capacidade de resistência da vítima
Exercício 4:
Como se dará a responsabilização penal do agente que, ao apontar uma arma de fogo para a vítima, buscando com isso facilitar a subtração de bens que esta trazia consigo, provoca a morte da mesma, decorrente de uma parada cardíaca?
A)
artigo 157 c.c. 121, ambos do CP;
B)
artigo 157, § 3º, 2ª parte, CP;
C)
 artigo 157, § 3º c.c. 121, ambos do CP;
D)
artigo 121, CP;
E)
o fato é atípico.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) A redação antes da revogação era a seguinte: “se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma”. A revogação se deu pois a mesma Lei 13.654/2018 acrescentou o emprego de arma de fogo
Exercício 5:
Jeremias aproximou-se de um veículo parado no semáforo e, embora não portasse qualquer arma, mas fazendo gestos de que estaria armado, subtraiu a carteira do motorista, contendo dinheiro e documentos. Jeremias responderá por crime de:
A)
roubo qualificado pelo emprego de arma;
B)
 furto simples;
C)
 furto qualificado;
D)
roubo simples;
E)
apropriação indébita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
B) 
D) 
Exercício 6:
Qual é a ação penal cabível no roubo ?
Para consulta:
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro."
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 7:
Qual é a pena do latrocício (roubo qualificado pela morte) ?
Para consulta:
“§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de ________________; se resulta morte, a pena é de ___________________. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
A)
Reclusão, de 20 a 30 anos, e multa
B)
Reclusão, de 07 a 15 anos
C)
Reclusão, de 07 a 15 anos, e multa
D)
Reclusão, de 12 a 20 anos, e multa
E)
Reclusão, de 12 a 20 anos.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 8:
No que tange ao núcleo do tipo, o artigo 157, CP é classificado:
Para consulta:
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:”
A)
Crime de ação única
B)
Crime de mera conduta
C)
Crime formal
D)
Crime de ação múltipla
E)
Crime vago
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
D) 
B) 
C) 
A) 
Exercício 9:
O nomem iuris do artigo 157, CP é:
Para consulta:
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
A)
Furto
B)
Furto de coisa comum
C)
Roubo
D)
Extorsão
E)
Extorsão indireta
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 10:
Considere as afirmações abaixo:
I - impossibilitar a resistência da vítima para a subtração de um bem móvel, para si ou para outrem, caracteriza roubo impróprio.  
II - a violência ou grave ameaça exercida contra a pessoa logo depois de subtraído o bem móvel, com o fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro, caracteriza o roubo próprio.
III - o roubo próprio se consuma com o exercício da violência ou da grave ameaça, mesmo que o agente não consiga ter a posse   do bem.  
IV - se a vítima está transportando valores próprios e o agente conhece tal circunstância,  não incidirá a causa de aumento previsto no inciso III do § 2º do artigo 157.  
Pode-se afirmar, portanto:
Para consulta:
"Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Roubo equiparado (impróprio):
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Roubo qualificado (causa de aumento de pena):
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I –(revogado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjuntaou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca emprego (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019)
§ 2º-A -A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B - Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019).
§ 3º - Se da violência resulta: (alterado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.”
A)
 somente uma afirmação é correta.
B)
  somente duas afirmações são corretas.
C)
 somente três afirmações são corretas.
D)
  todas as afirmações são corretas.
E)
  todas as afirmações são erradas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
D) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também tornar-se prática rotineira
C) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também tornar-se prática rotineira
B) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também tornar-se prática rotineira
A) se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também tornar-se prática rotineira
Exercício 11:
Considere as afirmações com relação ao crime de roubo:
I –  segundo posição minoritária, o roubo próprio se consuma com o arrebatamento da coisa logo após a violência ou grave ameaça
II – o parágrafo segundo do artigo 157 constitui uma qualificadora
III – todas as modalidades de roubo qualificado são hediondas
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
Para consulta:
"Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Roubo equiparado (impróprio):
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Roubo qualificado (causa de aumento de pena):
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I –(revogado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI - se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca emprego (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019)
§ 2º-A -A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (acrescido pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B - Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019).
§ 3º - Se da violência resulta: (alterado pela Lei 13.654, de 23.4.2018);
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.”
A)
  somente a I é correta;
B)
somente a II é correta;
C)
  somente a III é correta;
D)
 todas são corretas;
E)
todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última
C) Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última
B) Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última
A) Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última
E) Caso o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista que há uma pena em abstrato para esta última
Artigo 158, CP
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3º- Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Nomen juris: extorsão
Objetividade jurídica 
Incolumidade física, vida, patrimônio e liberdade pessoal.
Elementos do tipo
- constranger: é o obrigar, forçar, coagir – ex: entregar o dinheiro, realizar uma obra etc.
- alguém: deverá ser pessoa certa e determinada;- violência ou grave ameaça: são os meios pelos quais o agente se vale para coagir a vítima a fazer ou deixar de fazer algo. Caso se pratique violência imprópria (hipnotização, narcotização etc.) o delito será deslocado para o constrangimento ilegal (art. 146 CP) vez que lá o legislador consentiu com outro meio: “...ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,a capacidade de resistência...” e aqui (art. 158 CP) tal hipótese não foi regulada.
- com o intuito de obter para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do injusto (em que deve ser analisado o estado anímico do agente);
- indevida: é o elemento normativo do tipo. Se a vantagem for devida o fato será atípico (poderá haver exercício arbitrário das próprias razões, mesmo que sob ameaça).
- vantagem econômica: a finalidade precípua do agente é a vantagem patrimonial. Inexistindo esta, haverá a incidência de outra figura típica, como por exemplo o constrangimento ilegal.
- fazer, tolerar que se faça (ex: permitir que o agente rasgue um contrato ou título que represente uma dívida etc.) ou deixar de fazer (ex: não entra com uma ação de cobrança): o escopo será a prática de uma ação ou de uma omissão por parte da vítima.
O artigo 158 é um tipo anormal, pois nele constam, além dos elementos objetivos, elementos subjetivos e normativos. Além disso, o dispositivo típico prevê uma única modalidade (um único núcleo), razão pela qual é classificado como crime de ação única.
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum, pois qualquer pessoa pode praticá-lo.
- funcionário público: neste caso haverá concussão, com a simples exigência da vantagem indevida em razão da função.
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa
Elemento subjetivo do tipo
Trata-se de crime doloso. O agente deve constranger com o intuito de obter vantagem econômica, caso contrário estará diante do constrangimento ilegal
Consumação
Existem duas correntes
- 1ª corrente: (STF, Damásio e Nelson Hungria) segundo esta corrente, a extorsão é um crime formal, razão pela qual se consuma no momento em que a vítima faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo.
- 2ª corrente: entende que a extorsão é um crime material, consumando-se somente quando o agente obtém a vantagem patrimonial.
A posição a ser adotada é a primeira, por dois motivos, senão vejamos: o tipo fala em intuito de obter para si ou para outrem vantagem econômica. Assim, basta que o agente constranja a vítima com a finalidade de obter a vantagem econômica para que o crime se consume, não sendo necessária a obtenção da vantagem. Por outro lado, no tipo do estelionato consta o verbo obter, isoladamente, o que significa ser necessário atingir o fim colimado para que o delito se materialize. Por derradeiro, deve ser adotada a primeira corrente em razão da súmula 96 do STJ, que diz o seguinte: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem econômica”.
Sendo o crime formal, a participação ou coautoria só poderá ocorrer até o momento em que a vítima vier a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. Após isto, haverá, por parte de terceiro, favorecimento real.
Tentativa
É admissível. Trata-se de crime plurissubsistente, ou seja, que admite fracionamento de condutas, razão pela qual é admissível a tentativa, como por ex. quando o constrangimento não chega ao conhecimento da vítima.
Causas de aumento de pena (artigo 158, § 1º)
- concurso de agentes: tendo em visto que o legislador emprega a expressão “cometimento de duas ou mais pessoas”, há necessidade de pelo menos duas pessoas executando o crime;
- emprego de arma.
Além destas causas de aumento, aquela prevista no art. 9º da L. 8.072/90 também incide.
Extorsão qualificada (§§ 2º e 3º)
a) se da violência resulta lesão corporal grave ou morte: o legislador fez expressa referência ao art. 157, § 3º CP, ou seja, se da violência resulta lesão corporal grave, a pena será de 7 a 15 anos, se resulta morte, a pena será de 20 a 30 anos. Assim, remetemos ao estudo já destrinchado no crime anterior. 
b) “sequestro relâmpago”: é o crime que se perfaz mediante a restrição da liberdade da vítima, ou seja, é mantida em poder dos extorsionários para ultimar a vantagem econômica. Entrou em vigor em nosso sistema através da L. 11.923, de 17.04.2009. Segundo o texto legal, aplica-se esta qualificadora quando a restrição da liberdade da vítima é necessária à consecução da extorsão, ou seja, enquanto a vítima deve permanecer junto aos sujeitos para ultimar a vantagem. Diferença do roubo (art. 157, § 2º, V CP) se dá pois no roubo a restrição da liberdade da vítima é utilizada para subtração do bem ou para evitar que a vítima busque socorro enquanto se pratica o crime. No sequestro relâmpago, o ofendido tem sua liberdade restringida como meio indispensável à obtenção da vantagem econômica, sendo imprescindível mantê-lo junto à ação criminosa para sua consumação, o que se dá como nos saques a caixas eletrônicos. Isso se dá porque sem a participação da vítima, fornecendo a senha a coisa objetivada pelo meliante (soma em dinheiro) não será atingida. Assim, permanecerá o art. 157, § 2º V CP quando o agente mantém a vítima apenas para conseguir a posse da coisa que já está consigo, v.g., quer o carro da vítima e a leva junto para abandoná-la em algum lugar ermo e conseguir fugir. Agora, perambular pela cidade com a vítima visando a colaboração desta para saques em caixas eletrônicos, trata-se do art. 158, § 3º CP. O sujeito responderá pela pena de reclusão de 6 a 12 anos. Se resulta lesão corporal grave a pena será de reclusão de 16 a 24 anos, e se resulta morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos, conforme determinação expressa deste parágrafo terceiro onde enseja a aplicação das qualificadoras do crime de extorsão mediante sequestro (art. 159, §§ 2ª e 3º CP). Observe-se que essas qualificadoras (lesão corporal grave e morte) apesar de tratar-se de um tipo remissivo ao art. 159, §§ 2º e 3º CP, não foram acrescidas no rol dos crimes hediondos (L. 8.072/90). Assim, é inapropriado utilizar de analogia para afirmar que as qualificadoras da extorsão por restrição da liberdade (sequestro relâmpago), pois trata-se de analogia in malam partem, o que é vedado em matéria de direito penal. É possível a hipótese de aplicação de ambos os crimes (roubo e extorsão) quando verifica-se duas práticas isoladamente configuradas.
Crime hediondo
A extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 3º) era considerada crime hediondo (art. 1º, inc. III, Lei 8.072/1990). Ocorre que a Lei 13.964/2019, acrescentou outras hipóteses de extorsão à L. 8.072/1990: III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º).
Pena
Extorsão simples (caput): reclusão de 4 a 10 anos, e multa.
Extorsão agravada – causa de aumento (§ 1º, art. 9º, L. 8.072/90): aumento de 1/3 (§ 2º) até ½ ou ½ (L. 8.072/90, art. 9º).
Extorsão qualificada (§ 2º): lesão grave – reclusão de 7 a 15 anos, e multa; morte – reclusão de 20 a 30 anos, e multa; sequestro relâmpago – reclusão de 6 a 12 anos; se resulta lesão corporal grave – reclusão de 16 a 24 anos; se resulta morte reclusão de 24 a 30 anos.
Ação penal 
Pública incondicionada
Artigo 159, CP
“Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
Extorsão qualificada:
§ 1º - Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
Delação premiada:
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.”
Nomen juris: extorsão mediante sequestro.
Objetividade jurídica 
Liberdade individual e patrimônio. Trata-se de crime pluriofensivo tendo em vista que há mais de um bem jurídico sendo tutelado.
Diferença do sequestro relâmpago
Naquela figura (art. 158, § 3º CP) a restrição da liberdade é imediata à obtenção da vantagem econômica (só esta é exigida neste crime), serve-se enquanto a vítima fica em poder dos extorsionáriospara entregar as senhas magnéticas, v.g., para depois, obtida a vantagem econômica, ser libertada. Já, na extorsão mediante sequestro há um afastamento físico do ofendido das pessoas de seu relacionamento para que seja entregue aos extorsionários qualquer vantagem (e não só econômica) como condição ou preço de resgate. 
Elementos do tipo
- sequestrar: significa privar alguém de sua liberdade de ir e vir, sua liberdade de locomoção.
- modalidades de execução: o tipo não apresenta explicitamente as modalidades de execução deste crime, mas é certo que estão inseridas implicitamente no verbo sequestrar, sendo elas a violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que impossibilite a defesa da vítima.
- vantagem: deve ser econômica, pois este crime está inserido no Título dos crimes contra o patrimônio. Além disto, a vantagem deve ser indevida, pois se devida for, o agente responderá por sequestro em concurso material com exercício arbitrário das próprias razões.
- como condição ou preço do resgate: condição consiste na pratica de um ato (ex/ obtenção de determinado documento) e preço diz respeito ao pagamento de determinada moeda.
Elemento subjetivo
O móvel anímico do agente é o dolo. Mas, trata-se de dolo específico de obter vantagem como condição ou preço de resgate. Seja o dolo apenas de privar a liberdade e haverá o crime do art. 148 CP. Claro que, se apesar de no início haver essa simples intenção de sequestro (art. 148 CP) e enquanto a vítima esteja em seu poder, resolva o agente pedir resgate, haverá o chamado crime progressivo, configurando a extorsão mediante sequestro. Crime progressivo é aquele em que ao agente, para alcançar a produção de um resultado mais grave, realiza a produção de outro, de menor lesividade, que é intermediário (passagem) ao caminho da consecução daquele. Tal qual ocorre no homicídio, para cuja realização passa antes o agente pelo cometimento de lesão corporal. Como consequência, o evento menos grave (passagem) ficará absorvido.
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo 
Quem sobre a privação da liberdade e a lesão patrimonial. A vítima deve ser um ser humano. Assim, a privação de liberdade de animal de estimação, mesmo que tenha por finalidade a obtenção de resgate, caracterizará tão somente crime de extorsão. Caso a pessoa sequestrada seja um cadáver e o escopo seja um pedido de resgate, a responsabilização penal se dará pelo artigo 211, CP e não pelo artigo em questão, pois há necessidade que o sujeito passivo seja pessoa humana viva.
Consumação 
O crime é formal. Por isso, o crime se consuma com a realização da conduta, pouco importando que conste no tipo incriminador o resultado. Não havendo, pois, a necessidade da ocorrência dele, isto é, a obtenção da vantagem econômica para que venha a se consumar. Assim, o crime irá se consumar no exato instante em que a vítima for privada da sua liberdade de ir e vir (observa-se, porém, que há necessidade da vítima permanecer por tempo relevante com os sequestradores para que ocorra a consumação). Obviamente que, para que os agentes respondam por este crime e não pelo do artigo 148, deverá ser provada a intenção dos mesmos na obtenção do resgate. O pagamento do resgate, pois, é mero exaurimento do crime, podendo, quanto muito, ser observado pelo Juiz no momento de fixação da pena base, pois o artigo 59 CP indica como circunstância judicial as “consequências do crime”. Trata-se de crime permanente em que a consumação se protrai no tempo, sendo possível, em virtude desta continuidade do estado flagrancial, a prisão em flagrante delito a qualquer tempo.
 
Tentativa 
É admissível. Ocorre quando os sequestradores iniciam a execução do crime e não conseguem levar a pessoa que pretendem sequestrar. Porém, tratando-se de crime formal, em havendo privação da liberdade, o crime já se resta consumado.
Formas qualificadas (art. 159, §§ 1º, 2º e 3º, CP)
a) duração de mais de 24 horas de privação de liberdade (§ 1º): leva-se em consideração não só o sofrimento da vítima e familiares, mas a impaciência do legislador pois no cárcere privado (que também há restrição da liberdade da vítima) a pena passará a sofrer acréscimo com decurso de longos 15 dias (art. 148, § 1º, III CP).
b) vítima menor de 18 anos (§ 1º): merecem mais veemente tutela da lei mercê de sua reduzida capacidade de defender-se. Se o agente está em erro, em caso da vítima aparentar ter muito mais idade, tal qualificadora não deverá incidir devendo o agente ser beneficiado. 
c) crime praticado por integrantes de bando ou quadrilha (§ 1º): o termo “bando ou quadrilha” faz referência ao art. 288 CP que, após a Lei 12.850, de 2.8.2013 passou a se chamar “Associação Criminosa”. Dessa forma, onde se lê “bando ou quadrilha, deve ser entendido “associação criminosa”. A definição é extraída do art. 288 CP. É o grupo de no mínimo três indivíduos, de forma estável e permanente, com finalidade de praticar crimes. Para ser aplicada essa qualificadora prevista no art. 159, § 1º deve-se comprovar a estabilidade e permanência da associação criminosa, ou seja, estão reunidos para prática reiterada de crimes (vários), caso contrário, não incidirá esta qualificadora. Por essa razão, ou seja, por ser reconhecido como circunstância qualificadora, a associação criminosa para a extorsão mediante sequestro não se aplica o crime autônomo do art. 288 CP em concurso material (art. 69 CP), tampouco da associação criminosa para crimes hediondos (art. 8º, L. 8.072/90), por força da proibição de dupla valoração pelo mesmo fato – ne bis in idem.
d) se do fato resulta lesão corporal grave (§ 2º): inicialmente observe-se que essa qualificadora fala em “resultado do fato” e não “da violência” como ocorre no roubo (art. 157, § 3º CP). Assim, a aplicação dessa qualificadora advirá com a ocorrência ao sequestrado, de lesão prevista nos §§ 1º e 2º do art. 129 CP, seja a lesão advinda da violência ocorrida diretamente enquanto sequestrada a vítima (agressões) ou pelos maus-tratos enquanto sequestrada (natureza do cativeiro, má alimentação, vítima que precisava de medicamentos constantes (diabética), doenças adquiridas no cativeiro etc.). Basta que a lesão seja grave, derivada de dolo ou mesmo a culpa do agente.
e) se do fato resulta morte (§ 3º): quer dizer, se do fato sequestro (e não só da violência) resulta morte. Enquanto a vítima estiver em poder dos sequestradores, vindo a falecer por qualquer motivo, aplica-se essa qualificadora. Nestas hipóteses, como o legislador considerou que o resultado agravador adviesse “do fato” sequestro, fácil entender que mesmo lesões culposas (não queridas) servirão para fazer incidir as qualificadoras deste parágrafo 2º.
Causa de redução de pena (§ 4º)
O legislador reconheceu a possibilidade da chamada Delação premiada. Trata-se do benefício de reduzir-se a pena de 1/3 a 2/3 ao agente que denunciar o crime à autoridade (Juiz de direito, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia, notadamente), facilitando a libertação do sequestrado. A quantidade de redução de pena é decidida pelo juiz, comportando a ideia de que quanto mais causal (necessária) à libertação da vítima, mais rápida, mais deve ser premiado (reduzida a pena). Havendo a confissão que não logre a permitir a libertação do sequestrado, o confitente apenas pode se valer da atenuante genérica da parte geral do Código Penal (art. 65, III, “d). Requisitos: 1. denúncia a autoridade do que concorre ao crime. 2. proporcione a libertação da vítima. Importante consignar que a Lei 12.850/13 trouxe uma seção específica a cerca da colaboração premiada (art. 4º até 7º) em organizações criminosas, inclusive, alargando alguns benefícios, como aplicação de penas restritivas de direitos e mesmo perdão judicial ao colaborador. Por ser uma novatio legis in mellius, passível de aplicação ao crime em estudo.
Pena
Forma simples (caput): reclusão de 8 a 15 anos
Formas qualificadas (§§ 1º, 2º e 3º): reclusão de 12 a 20 anos (§ 1º); de 16 a 24 anos (§ 2º), de 24 a 30 anos(§ 3º).
Causa especial de aumento de pena (art. 9º, L. 8.072/90): aumento de ½.
Causa de redução de pena (§ 4º): redução de 1/3 a 2/3.
Ação penal 
Pública incondicionada.
 
Exercício 1:
 
Considere as afirmações:
I – A extorsão mediante sequestro  é crime instantâneo.
II – a permanência do crime tipificado no art. 159 do CP é iniciada com o sequestro da vítima.
III – O Crime tipificado no art. 159 admite tentativa.
IV – A extorsão mediante sequestro admite delação premiada.
 
 
Diante das assertivas retro, é certo afirmar:
Para consulta:
Artigo 158, CP
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
          
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
 
A)
· Somente uma delas é correta.
B)
                    Somente duas delas são corretas.
 
C)
· Somente três delas são corretas.
D)
             Todas são corretas.
E)
                          Todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
B) Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas
C) Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas
Exercício 2:
O crime descrito no artigo 159, “caput” do CP se consuma:
Para consulta:
Artigo 158, CP
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
          
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
 
A)
com o recebimento do resgate;
B)
com o pedido de resgate;
C)
 com a morte da vítima;
D)
 com a privação da liberdade da vítima;
E)
24 horas ap.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
B) deverá ser pessoa certa e determinada;- violência ou grave ameaça: são os meios pelos quais o agente se vale para coagir a vítima a fazer ou deixar de fazer algo. Caso se pratique violência imprópria
D) deverá ser pessoa certa e determinada;- violência ou grave ameaça: são os meios pelos quais o agente se vale para coagir a vítima a fazer ou deixar de fazer algo. Caso se pratique violência imprópria
Exercício 3:
 
 
 
Considere as colocações infra:
A extorsão tipificada no artigo 158 do CP é classificada pela doutrina como um crime mera conduta.
Porque
O tipo do 158 somente se consuma com a obtenção da vantagem econômica indevida.
 
Consequentemente  é  verdadeiro afirmar:
A)
· a) a primeira afirmação é correta e a segunda é errada.
B)
· b) a primeira afirmação é incorreta e a segunda é correta.
C)
· c) as duas afirmações são erradas.
D)
· e)as duas afirmações são certas, mas a segunda não justifica a primeira.
E)
Descaminho, usurpação e estelionato.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
D) concurso de agentes: tendo em visto que o legislador emprega a expressão “cometimento de duas ou mais pessoas”, há necessidade de pelo menos duas pessoas executando o crime
C) concurso de agentes: tendo em visto que o legislador emprega a expressão “cometimento de duas ou mais pessoas”, há necessidade de pelo menos duas pessoas executando o crime
Exercício 4:
Como se dará a responsabilização penal do agente que, ao entrar na casa da vítima, com o escopo de subtrair um aparelho de televisão, percebe que o morador ainda lá se encontrava, pois este o surpreendeu, o que fez com que o agente viesse a empregar violência contra o morador para assegurar a detenção da coisa.
A)
 artigo 155 ‘caput’ c.c. artigo 129, ambos do CP, em concurso material de crimes;
B)
 artigo 157, § 1º do CP;
C)
 artigo 155, ‘caput’ c.c. 129, ambos do CP, em concurso formal de crimes;
D)
 artigo 157, ‘caput’ c.c artigo 129, ambos do CP, em concurso formal de crimes;
E)
 artigo 158, CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
A) seja a lesão advinda da violência ocorrida diretamente enquanto sequestrada a vítima (agressões) ou pelos maus-tratos enquanto sequestrada
B) seja a lesão advinda da violência ocorrida diretamente enquanto sequestrada a vítima (agressões) ou pelos maus-tratos enquanto sequestrada
Exercício 5:
Como se dará a responsabilização penal daquele que vier a privar alguém da liberdade de ir e vir como forma de cobrança de uma dívida existente e não paga ?
A)
seqüestro; 
B)
extorsão mediante seqüestro;
C)
seqüestro combinado com exercício arbitrário das próprias razões;
D)
extorsão mediante seqüestro combinado com exercício arbitrário das próprias razões;
E)
extorsão.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
Exercício 6:
Eduardo no interior de uma agência bancária de Campo Grande, a pretexto de auxiliar Antonio a operar caixa eletrônico, apoderou-se de seu cartão magnético, trocando- o por outro, passando em seguida a fazer saques na conta da vítima. Tal fato configura, em tese, o crime de:
A)
 extorsão;
B)
apropriação indébita;
C)
furto qualificado mediante fraude;
D)
 estelionato por disposição de coisa alheia como própria
E)
fraude funcional qualificada.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
C) 
D) 
E) 
B) 
A) 
Exercício 7:
Celso, desafeto de Arnaldo, proprietário de uma agência de veículos, mediante grave ameaça, visando obter indevida vantagem econômica, constrangeu Márcia, estagiária da agência, com 16 anos de idade, a lhe entregar documento que poderia dar ensejo a processo criminal contra Arnaldo.
Nessa situação hipotética, Celso cometeu o crime de:
A)
extorsão indireta
B)
ameaça
C)
extorsão
D)
exercício arbitrário das próprias razões
E)
abuso de incapazes
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) 
D) 
A) 
C) 
Exercício 8:
Qual é a ação penal cabível na extorsão mediante sequestro ?
Para consulta:
“Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:"
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 9:
Qual é a pena da extorsão mediante sequestro qualificada pela morte ?
A)
Reclusão, de 20 a 30 anos, e multa
B)
Reclusão, de 20 a 30 anos
C)
Reclusão, de 24 a 30 anos, e multa
D)
Reclusão, de 24 a 30 anos
E)
Reclusão, de 16 a 24 anos, e multaO aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A) 
B) 
D) 
Exercício 10:
No que tange ao núcleo do tipo, o artigo 158, CP é classificado:
Para consulta:
“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:”
A)
Crime de ação única
B)
Crime de mera conduta
C)
Crime formal
D)
Crime de ação múltipla
E)
Crime vago
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Artigo 160, CP
“Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”.
Nomen juris: Extorsão indireta
Dá-se a extorsão indireta quando o agente se utiliza de um meio ilícito para garantir uma dívida. Na extorsão indireta, a vítima, para obter o crédito, simula um “corpo de delito”de uma infração penal e entrega o documento ao agente, que, na posse desse tem maior garantia em torno do crédito – ex: falsificação de assinatura; preenchimento de cheque sem fundos, assinatura de duplicata simulada etc.
Elementos do tipo
- exigir ou receber: trata-se de crime de ação múltipla, pois os núcleos do tipo (elementos objetivos) são os verbos citados; respondendo o agente tanto pelo cometimento de um ou de ambos os verbos - no primeiro caso o sujeito ativo é que obriga à prestação da garantia - no segundo, o sujeito passivo é quem se manifesta em prestá-la;
- documento: trata-se do objeto material, que pode ser um cheque sem suficiente provisão de fundos, uma cambial com assinatura falsa etc; – qualquer escrito, público ou particular
- como garantia de dívida: trata-se do elemento subjetivo do tipo. Assim, há necessidade de que a exigência tenha por escopo a garantia de dívida, caso contrário estaremos diante da extorsão simples, constrangimento ilegal etc).
Objetividade jurídica 
Patrimônio e liberdade individual (expressa pela obrigação de fazer ou deixar de fazer)
Sujeito ativo
Qualquer pessoa
Sujeito passivo 
Quem cede à exigência. A regra geral é que é o devedor, mas pode também ocorrer a situação em que é exigido documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra terceiros e não contra o devedor.
Tipo subjetivo
Este crime só admite a modalidade dolosa. Inadmissível a culposa. Deverá haver a vontade livre e consciente de exigir ou receber documento. Constitui elemento subjetivo do tipo a expressão: “como garantia de dívida”.
Consumação e tentativa
- Exigir: neste caso, trata-se de crime formal, consumando-se o delito com a mera conduta, ou seja, com a exigência, não sendo necessária a produção do resultado para que o crime se consume.
- Receber: neste caso, trata-se de crime material em que a ocorrência do resultado é necessária para que haja consumação.
O conatus no primeiro caso é admitido quando o crime é praticado na forma escrita, pois nesta hipótese será plurissubsistente; já no segundo, a tentativa ocorre quando o delito não se consuma por circunstâncias alheias à vontade da vítima.
Pena
Reclusão, de 01 a 03 anos, e multa
Ação penal 
Pública incondicionada
Art. 161, CP
“Suprimir ou deslocar tapume, março, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.”
Art. 162, CP
“Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.”
No artigo 161 do Código Penal (Da Usurpação) encontramos três tipos delitos: alteração de limites (caput); usurpação de águas (§ 1°, I); e, esbulho possessório (§ 1°, II). O bem jurídico protegido nestes delitos é a posse e a propriedade. A alteração de limites é o conduta de suprimir (eliminar, destruir, retirar ou fazer desaparecer) ou deslocar (afastar ou mudar de lugar) tapume, marco ou qualquer sinal indicativo de linha divisória – (são os sinais identificadores do limite da propriedade imóvel, valendo-se o legislador de mero rol exemplificativo ao enumerar tapume ou marco) para apropriar-se, no todo ou em parte (deve existir a intenção do agente tomar algo que não lhe pertença, integralmente ou não, aumentando-lhe a propriedade ou posse) de coisa imóvel alheia (trata-se da propriedade imóvel, compreendendo tanto a pública quanto a privada). Trata-se de tipo doloso com o fim especifico de apropriar-se dela. O sujeito ativo será apenas o proprietário ou possuidor que altera o limite de propriedade com o fim de apropriar-se dela. Questão controvertida refere-se à possibilidade de condômino figurar no pólo ativo. Magalhães Noronha entende que é possível desde que se trate de condomínio pro diviso, onde existe composse de direito e divisão de fato, no que é acompanhado por Paulo José da Costa Jr. Em sentido contrário Luis Regis Prado, citando Nelson Hungria. O sujeito passivo, evidentemente, será também apenas o proprietário ou possuidor. Importante destacar que o crime se consuma com a mudança do marco ou sinal identificador do limite da propriedade imóvel, não se exigindo a efetiva apropriação da posse, mas somente a intenção de tê-la. A usurpação de águas é o delito de quem desvia (muda o curso ou altera o destino) ou represa (impede a passagem ou interrompe) em proveito próprio ou de outrem (a ação se dá com a finalidade de proveito pelo próprio agente ou em proveito de terceiro, portanto, dolo específico) águas alheias (curso de rio, riacho, córrego, lagoa, represa de que não seja proprietário ou possuidor, podendo ser pública ou privada). Já o crime de esbulho possessório consiste na ação de invadir (entrar à força, conquistar, dominar ou ocupar) com violência a pessoa ou grave ameaça (exige o tipo a prática de agressão ou intimidação moral contra o possuidor ou proprietário) ou mediante concurso de mais de duas pessoas (trata-se de elemento alternativo que exige para sua configuração a atuação de pelo menos quatro pessoas (em concurso necessário), terreno ou edifício alheio (pertencer a outra pessoa que não o invasor) para o fim de esbulho possessório (o agente deve ter a intenção de retirar da posse o sujeito passivo). Trata-se de tipo doloso que consiste em invadir terreno ou edifício alheio, mediante violência contra a pessoa ou grave ameaça, ou em concurso com mais três pessoas, com o fim especifico de excluir o sujeito passivo da posse. Se o fim for apenas o de turbar a posse não haverá crime. A pena prevista tanto para a alteração de limites, quanto para a usurpação de águas, quanto para o esbulho possessório é de detenção de 1 a 6 meses e multa, portanto trata-se de crime de menor potencial ofensivo. De acordo com a regra contida no § 2°, se houver emprego de violência, o autor do fato responderá em concurso material. Finalmente, a ação penal será pública incondicionada, salvo se não houver emprego de violência e a propriedade for particular, quando então a ação será privada (art. 161, § 3°).
O crime de supressão ou alteração de marca em animais (art. 162 do CP) consiste em suprimir (apagar ou retirar) ou alterar (mudar ou adulterar) indevidamente (sem autorização ou permissão legal) em gado ou rebanho alheio (abrange somente o coletivo de semoventes criados ou mantidos em campos, pastos, retiro ou currais) marca ou sinal indicativo de propriedade (a marca é o assinalamento com ferro em brasa ou por outro agente químico ou físico, enquanto que sinal é a utilização de qualquer distintivoartificial, como coleira, argolas, etc). Damásio lembra que marcar gado desmarcado, por falha da lei, é fato atípico. Trata-se de tipo doloso que uma especial finalidade de agir consistente no fim de obter indevida vantagem econômica. A consumação ocorre com a adulteração ou supressão da marca ou sinal indicativo da propriedade no animal, bastando para tanto que seja somente em um animal. A pena é de detenção de 6 meses a 3 anos e multa e a ação penal é pública incondicionada.
Artigo 163, CP
“Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos (alteração da redação dada pela L. 13.531, de 7.12.2017)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.”
Nomen juris: dano
Objetividade jurídica 
Patrimônio, propriedade e posse. Trata-se de crime complexo
Elementos do tipo
- destruir: exterminar, desfazer, destruir a coisa de modo que esta perca a sua essência - ex/ matar um animal, quebrar uma bicicleta etc;
- inutilizar: tornar a coisa inútil, de modo que perca a sua individualidade - ex/retirar os ponteiros do relógio
- deteriorar: quando há redução do valor da coisa - ex/ castrat um reprodutor
Obs.: fazer desaparecer é um fato atípico para toda a doutrina, exceto para Nelson Hungria. É típico, porém, para o CPM.
- coisa alheia: é o objeto material do crime, que se inclui a coisa perdida, pois continua a ser alheia, mas o mesmo não se considera em relação a coisa abandonada, pois, neste caso, não é de ninguém.
A pichação configura dano, trata-se de crime ambiental (Lei 9605/98)
O crime pode ser cometido por ação (ex: quebrar um vidro) ou por omissão (ex: guarda florestal deixa que um animal morra de inanição quando está incapacitado para procurar o próprio alimento)
Crime não transeunte (deixa vestígios), razão pela qual o exame de corpo de delito é indispensável.
Sujeito ativo
Qualquer pessoa, exceto o proprietário (artigo 346) - o condômino também poderá responder por este crime, mas desde que o dano ultrapasse a sua cota-parte.
Sujeito passivo
Proprietário ou possuidor da coisa
Tipo subjetivo
Dolo (é o querer ou assumir o risco de atingir o resultado naturalístico), ou seja, destruir, inutilizar ou deteriorara coisa. No que tange ao elemento subjetivo do tipo - animus nocendi (intenção de causar prejuízo) há duas correntes:
- é indispensável - posição de Nelson Hungria;
- basta o dolo - posição de Damásio e Magalhães Noronha.
Consumação e tentativa
Trata-se de crime material e plurissubistente, razão pela qual consuma-se no momento em que houver a destruição, inutilização ou deterioração da coisa, sendo, ainda, admissível o conatus, tendo em vista admite fracionamento de condutas.
Dano e o conflito aparente de normas
O agente só será responsabilizado por dano quando a ação for um fim em si mesmo, pois se for um meio para a prática de outro crime, o delito fim absorverá o delito meio, conforme preceitua o princípio da consunção.
Pena
- dano simples (caput): detenção, de 01 a 06 meses, ou multa;
- dano qualificado (parágrafo único): detenção, de 06 meses a 03 anos, e multa.
Ação penal 
Privada propriamente dita, no caso de dano simples ou na hipótese do inciso IV do p. único (art. 167, CP). Ação pública incondicionada nos demais casos.
Art. 164, CP
“Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa’.
O artigo 164 do Código Penal tipifica a introdução ou abandono de animais em propriedade alheia. Consiste o crime em introduzir ou deixar animais (abrange tanto a conduta comissiva quanto a omissiva, onde quem introduz/coloca/insere animais e quem os deixa/não retira/não obsta a entrada, praticam a ação proibida) em propriedade alheia (é a propriedade de terceiro) sem consentimento de quem de direito desde que o fato resulte prejuízo – trata-se de condição objetiva exigida pela norma, onde deve existir um efetivo prejuízo ao possuidor ou proprietário, condição sine qua non para existência do crime. O sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa, salvo o proprietário. Nesse ponto divergem os doutrinadores, pois alguns entendem que o próprio proprietário pode praticar o crime contra o possuidor, enquanto outros entendem que a conduta praticada pelo proprietário configuraria o crime de dano. Trata-se de tipo doloso que exige a consciência e a vontade de introduzir ou deixar animais em propriedade alheia sem o devido consentimento, exigindo para sua configuração a existência de um prejuízo efetivo. Consuma-se com o efetivo prejuízo causado ao proprietário pelo animal que foi introduzido ou deixado em sua propriedade, sendo a tentativa inadmissível, já que exige a condição objetiva o prejuízo ao proprietário. A ação penal é privada (art. 167, CP).
Art. 165, CP
“Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, deseis meses a dois anos, e multa”.
O artigo 165 do CP encontra-se tacitamente revogado pelo artigo 62, da lei nº 9.605/98, enquanto que o artigo 166 do CP foi tacitamente revogado pelo artigo 63, da lei nº 9.605/98.
 
Exercício 1:
Por que se diz que a extorsão indireta é um crime de ação múltipla ?
A)
qualquer pessoa pode cometer este crime;
B)
apresenta vários núcleos;
 
C)
a conduta pode ser fracionada em atos;
D)
pode ser praticado por uma ou mais pessoas;
E)
admite somente a modalidade dolosa.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
D) Dá-se a extorsão indireta quando o agente se utiliza de um meio ilícito para garantir uma dívida. Na extorsão indireta, a vítima, para obter o crédito, simula um “corpo de delito”de uma infração penal
B) Dá-se a extorsão indireta quando o agente se utiliza de um meio ilícito para garantir uma dívida. Na extorsão indireta, a vítima, para obter o crédito, simula um “corpo de delito”de uma infração penal
Exercício 2:
Considere as seguintes assertivas, no que se refere aos crimes contra o patrimônio:
I. o concurso de duas ou mais pessoas é causa de aumento de pena do furto e circunstância qualificadora do roubo;
II. no furto de coisa comum, é punível a subtração de coisa comum fungível, ainda que o valor não exceda a quota a que tem direito o agente;
III. exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro, caracteriza o crime de extorsão indireta.
É correto, apenas, o que se afirma em:
A)
 I
B)
II
C)
III
D)
I e II
E)
 II e III
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) Exigir: neste caso, trata-se de crime formal, consumando-se o delito com a mera conduta, ou seja, com a exigência, não sendo necessária a produção do resultado para que o crime se consume.
C) Exigir: neste caso, trata-se de crime formal, consumando-se o delito com a mera conduta, ou seja, com a exigência, não sendo necessária a produção do resultado para que o crime se consume.
Exercício 3:
Pedro, não observando seu dever objetivo de cuidado na condução de uma bicicleta, choca-se com um telefone público e o destrói totalmente.
Nesse caso, é correto afirmar que Pedro:
A)
deverá ser responsabilizado pelo crime de dano simples, somente;
 
B)
deverá ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado, somente;
C)
 deverá ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado, sem prejuízo da obrigação de reparar o dano causado;
 
D)
deverá ser responsabilizadopor apropriação indébita;
E)
não será responsabilizado penalmente.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
A) Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa
D) Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa
E) Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa
Exercício 4:
São considerados crimes contra o patrimônio:
A)
Furto, extorsão e peculato
B)
Roubo, concussão e apropriação indébita
C)
Dano, usurpação e furto
D)
Receptação, extorsão e concussão
E)
Descaminho, usurpação e estelionato
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) um dos exemplos mais comuns de usurpação é a apropriação ilegal de imóvel alheio, ao alterar uma divisa ou tomar para si parte de um terreno. Pena: 1 a 6 meses de prisão. Se envolver violência, pode chegar a 3 anos de detenção
Exercício 5:
Quem exige como garantia de dívida, abusando das situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima, comete crime de extorsão
A)
mediante sequestro
B)
consumada, em seu tipo fundamental
C)
tentada, em seu tipo fundamental
D)
indireta
E)
qualificada, na forma tentada
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) O agente só será responsabilizado por dano quando a ação for um fim em si mesmo, pois se for um meio para a prática de outro crime, o delito fim absorverá o delito meio, conforme preceitua o princípio da consunção
Exercício 6:
Considere as afirmações relativas a extorsão indireta:
I –  a objetividade jurídica tutelada é o patrimônio e liberdade individual (expressa pela obrigação de fazer ou deixar de fazer)
II –  o sujeito passivo como regra é o devedor, mas pode também ocorrer a situação em que é exigido documento que possa dar causa a um procedimento criminal contra terceiros, e não contra o devedor.
III – o elemento subjetivo é o dolo
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
A)
  somente a I é correta;
B)
somente a II é correta;
C)
somente a III é correta;
D)
  todas são corretas;
E)
todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência
Exercício 7:
Considere as afirmações relativas ao artigo 161, CP:
  
I –  no referido artigo encontramos três tipos delitos: alteração de limites (caput); usurpação continua (§ 1°, I); e, esbulho possessório (§ 1°, II)
  
II – O bem jurídico protegido nestes delitos é a posse, a propriedade e a vida
  
III – A alteração de limites é o conduta de quem desvia ou represa em proveito próprio ou de outrem águas alheias
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, março, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
                
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
A)
 somente a I é correta;
B)
 somente a II é correta;
C)
somente a III é correta;
D)
  todas são corretas;
E)
todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
B) 
A) 
C) 
D) 
E) 
Exercício 8:
Considere as afirmações relativas ao dano:
I –  constitui crime transeunte
II –  o sujeito ativo é qualquer pessoa, salvo o proprietário
III – no que tange a consumação e a tentativa, classifica-se como formal e unissubsistente
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
A)
  somente a I é correta;
B)
   somente a II é correta;
C)
  somente a III é correta;
D)
todas são corretas;
E)
 todas são incorretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
D) 
C) 
B) 
Exercício 9:
Qual é a ação penal cabível na extorsão indireta?
Para consulta:
Art. 160, CP - " Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro"
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
E) 
C) 
Exercício 10:
Qual é a ação penal cabível no dano simples ?
Para consulta:
"Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa”
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
A) 
E) 
Exercício 11:
Qual é a pena da extorsão indireta ?
Para consulta:
“Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:"
A)
Reclusão, de 01 a 03 anos, e multa
B)
Reclusão, de 01 a 03 anos
C)
Reclusão, de 02 a 08 anos, e multa
D)
 
Reclusão, de 02 a 08 anos
E)
Reclusão, de 06 a 02 anos, e multa
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 12:
Qual é a pena do dano simples ?
Para consulta:
· “Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”
A)
Detenção, de 01 a 06 meses
B)
Detenção, de 01 a 06 meses, e multa
C)
Detenção, de 01 a 06 meses, ou multa
D)
Reclusão, de 01 a 06 meses
E)
Reclusão, de 01 a 06 meses, e multa
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
Artigo 168, CP
“Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
Nomen juris: apropriação indébita
Requisitos
1) que a vítima entregue o bem de sua propriedade ao agente de forma livre, espontânea e consciente - Caso a vítima venha a agir em função de erro espontâneo ou provocado haverá apropriação de coisa havida por erro ou estelionato);
2) que a posse seja desvigiada - Caso a posse seja vigiada, havendo crime, será furto;
3) que o agente receba o bem de boa-fé - Caso o agente receba o bem com a intenção de não restituí-lo, haverá estelionato;
4) que haja inversão de ânimo: o agente que recebeu a coisa como mero possuidor, passa a se comportar como dono (isto se dá quando o agente fica com a coisa para si com ânimo de assenhoramento definitivo - animus rem sibi habendi, seja por reter, ocultar a coisa etc) - Esta é a apropriação por negativa de restituição. Ainda, possível a configuração do crime quando o agente vem a praticar um ato de disposição que seria privativo do dono, sem a autorização do mesmo. Ex: doação, venda etc. - Esta é a chamada apropriação propriamente dita.
Objetividade jurídica 
Inviolabilidade patrimonial
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Deve-se observar que qualquer pessoa poderá cometer este crime, mas desde que tenha posse lícita da coisa, caso contrário estaremos diante de furto ou peculato, quando o agente for funcionário público.
Sujeito passivo 
Titular do direito patrimonial atingido pela ação criminosa, que pode ser pessoa diversa da que entregou ou confiou a coisa ao agente.
Elementosdo tipo
- apropriar-se: é o fazer sua coisa de outrem
- coisa móvel: é o objeto material, o qual deve ser móvel.
- coisa alheia: o objeto material deve ser de outrem, caso contrário o fato será atípico - é o elemento normativo do tipo
- posse ou detenção: segundo Nelson Hungria, não são expressões sinônimas, sendo que a primeira designa posse direta (ex/ a posse exercida pelo locatário) e a detenção designa poder de fato, que não constitui posse (ex: o caseiro do sítio)
Tipo subjetivo 
Dolo, consistente na ação do agente de inverter o título da posse ou detenção para domínio, ou seja, animus rem sibi habendi, que é o elemento subjetivo do injusto.
Consumação
- apropriação por negativa de restituição: consuma-se com a negativa de restituição. Admite forma comissiva (a não devolução caracteriza o delito, em tese, quando o prazo para fazê-lo já tiver vencido - é aconselhável a notificação para a restituição, muito embora não seja indispensável).
- apropriação propriamente dita: consuma-se com o ato de disposição. Só admite a forma comissiva.
Tentativa
Só é admissível na apropriação propriamente dita, pois no caso de negativa de restituição ou o crime se consuma com a a negativa ou não há crime.
Art. 168, § 1º (causas de aumento de pena)
I - depósito necessário: há 3 espécies:
- depósito legal: a lei determina quem terá posse
- depósito miserável: é aquele decorrente de calamidade pública
 - depósito por equiparação: é o depósito de bagagens de hóspedes
Só haverá apropriação nos casos de depósito miserável e por equiparação, pois no depósito legal, tendo em vista que o agente desempenha a função no exercício de função legal, haverá peculato
II - a enumeração do inciso é taxativa
Tutor: é aquele que rege a pessoa do menor e seus bens
Curador: é aquele que rege a pessoa e os bens do maior incapaz
Inventariante: é aquele que administra o espólio até a partilha
Testamenteiro: é aquele que cumpre as disposições de última vontade
Depositário público: aquele que não sendo funcionário público, tem a obrigação de guardar objetos em razão de determinação judicial
III- profissão: indica atividade intelectual
Ofício: indica atividade manual
Emprego: é a relação de dependência e subordinação que podem existir no ofício ou na profissão.
Princípio da especialidade
1. Estatuto do Idoso (L. 10.741/03) - Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.Portanto, havendo apropriação indébita contra pessoa maior de 60 anos (art. 1º, L. 10.741/03), segue-se o disposto nesta lei especial, e não na geral (CP). É a aplicação do Princípio da Especialidade (art. 12 CP). Observando que quanto a esta lei especial ainda pune-se o ‘desvio’ (o que o CP não o faz), ou seja, o sujeito se apropria e altera o destino da coisa, desencaminhando-a.
2. Estatuto da pessoa com deficiência (Lei 13.146, de 6.07.2015) - Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com deficiência: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único.  Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o crime é cometido: I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de profissão.
Pena 
Reclusão, de 01 a 04 anos, e multa
Ação penal 
Pública incondicionada.
Art. 168-A, CP
Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Figuras equiparadas
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; 
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
Causa de extinção da punibilidade
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
Perdão judicial
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou 
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
Nomen juris: Apropriação Indébita Previdenciária
Considerações iniciais
Esse dispositivo foi acrescido pela L. 9.983/2000 visando a proteção constitucional da seguridade social, conforme artigos 6º, 194 e 195 da carta magna. A previdência social integra s Seguridade Social. Esta compreende “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art. 194 CF). A Seguridade Social “será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios...” (art. 195 CF). Assim, temos o INSS (Instituo Nacional de Seguridade Social) um dos entes destinados à assegurar a Seguridade Social, cuja lei penal pretendeu resguardar o repasse das contribuições.
Confronto
Além deste dispositivo do CP, outras leis visam organizar e garantir o custeio da Seguridade Social, como, v.g., L. 8.212/91 (Organização da Seguridade Social), L. 8.213/91 (Planos de benefícios da Previdência Social), L. 8.137/90 (Crimes contra ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo), L. 8.742/93 (Organização da Assistência Social) etc.
Conceito
Trata-se da conduta onde o sujeito não transfere ou deixa de recolher à previdência social as contribuições descontadas dos segurados.
Objetividade jurídica
Tutela-se a seguridade social, especialmente o patrimônio financeiro da previdência social para resguardar as situações dos contribuintes que eventualmente precisem socorrer à esta. A tutela, na verdade, não se justifica pela simples necessidade de tutela do patrimônio, mas principalmente par garantir o cumprimento das prestações públicas por parte do Estado, especificamente na área da previdência Ou seja, trata-se de um delito patrimonial de caráter público. Não se pode olvidar que a contribuição social é um instituto de natureza tributária, e, ademais, deveria constar no capítulo dos crimes contra Administração Pública (Título XI do CP), e não deveria estar tipificado no capítulo dos crimes contra o patrimônio. Previdência social é elemento normativo do tipo. É uma das atividades da seguridade social, tendo por finalidade cobrir as situações de incapacidade do trabalhador por doença, invalidez, morte ou idade (auxílios, aposentadorias, pensão), desemprego involuntário (seguro desemprego), salário família e auxílio reclusão, para os segurados de baixa renda. Enfim, assegurar a proteção social dos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias através de ações do Poder Público e da sociedade.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: o crime é próprio, somente o pratica aquele que tem por lei o dever de recolher determinada quantia, também legalmente prevista, do contribuinte e repassá-la à previdência social, é o substitutotributário ou responsável tributário da obrigação. Ou seja, o empresário individual, e, no caso de sociedade (pessoa jurídica) todos aqueles que ocupam cargos administrativos ou técnico contábil financeiro nas sociedades empresariais, como os sócios gerentes, membros do Conselho de Administração, diretores, contadores, gerentes de contabilidade etc., comprovada a intenção de “deixar de repassar” a contribuição já recolhida (caput), ou “não recolher” ou “não pagar” o benefício (§ 1º).
Sujeito passivo: é o Estado, representado pela União e sua autarquia (INSS) que é dotada de capacidade ativa para arrecadar as contribuições previdenciárias; secundariamente, o contribuinte que tem a sua contribuição recolhida (descontada) pelo sujeito ativo e não repassada por este à previdência social.
Elemento objetivo
A conduta, o verbo do tipo em apreço é “deixar” que significa uma abstenção, um não fazer. Trata-se de crime omissivo próprio. Ademais, é uma norma penal em branco pois a legislação previdenciária determina a forma e o prazo de recolhimento dessas contribuições. As condutas são:
1. “deixar de repassar” (caput): significa não transferir quantia à unidade administrativa cabível, no caso, INSS. Houve um efetivo recolhimento do trabalhador pelo empregador (substituto tributário) referente às contribuições previdenciárias, e estes valores não são “repassados” ao INSS. Exige-se, pois, o recolhimento e o não repasse no prazo e na forma legal. O sujeito ativo deste crime não é o trabalhador, cujo teve descontadas as contribuições, mas o substituto tributário (empregador), que deve recolher o que arrecadou do contribuinte à previdência social e não o faz.
2. “deixar de recolher” (§ 1º I e II): significa não efetuar a entrega do valor arrecadado. Esta conduta é do empresário individual ou, no caso de sociedade, dos sócios responsáveis pela arrecadação (administradores), que nem recolhem as contribuições destinadas à previdência social, apesar de descontadas.
2. “deixar de pagar benefício” (§ 1º, III): benefício é o ganho pago pela previdência social ao segurado, através da empresa. Normalmente é adiantado pela empresa, que depois termina compensando os valores com as contribuições devidas pela folha salarial. Ex.: salário família, auxílio maternidade, salário maternidade etc.
Elemento subjetivo
O crime é doloso, consistindo na vontade livre e consciente de não proceder ao repasse da contribuição obtida, ou não recolher a contribuição devida. O tipo não exige elemento subjetivo do injusto, ou seja, não há uma vontade específica do agente, o dolo é genérico. Parte da doutrina entende tratar-se de dolo específico, consistindo este que o sujeito aja com um fim especial, que é apoderar-se da contribuição não repassada à previdência ou não recolhida. Pacificado, hoje a desnecessidade de haver elemento subjetivo específico (animus rem ibihabendi) Não se pune a forma culposa por falta de previsão legal. 
Figuras equiparadas (§ 1º)
Segundo o § 1º, incorrerão nas mesmas penas aqueles que deixarem de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público: 
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços:
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
significa não arrecadar a contribuição social que é devida ao INSS. No caput, arrecadou-se e não repassou, nesta, nem houve arrecadação. Esta conduta é do empresário individual ou, no caso de sociedade, dos sócios responsáveis pela arrecadação (administradores).
“Deixar de recolher” (I e II): sujeito não efetua a entrega do valor arrecadado. Esta conduta é do empresário individual ou, no caso de sociedade, dos sócios responsáveis pela arrecadação (administradores), que nem recolhem as contribuições destinadas à previdência social, apesar de descontadas.
“Deixar de pagar benefício” (III): benefício é o ganho pago pela previdência social ao segurado, através da empresa. Normalmente é adiantado pela empresa, que depois termina compensando os valores com as contribuições devidas pela folha salarial. Ex.: salário família, auxílio maternidade, salário maternidade etc.
Causa de extinção da punibilidade (§ 2º)
Segundo este parágrafo será excluída a punibilidade do agente se, antes do início da ação fiscal o sujeito declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social. Ação fiscal trata-se do processo administrativo para apuração de autuação fiscal e cobrança dos valores devidos, e é anterior a ação penal. Porém, está sedimentado que a extinção da punibilidade poderá ocorrer mesmo após a instauração do processo penal. Isso porque a L. 10.684/03, ainda em vigência, não condicionou o período para o cumprimento da obrigação tributária. Com isso, ainda que o sujeito pague o débito após a instauração do processo criminal (recebimento da denúncia), haverá a extinção da punibilidade do sujeito, mas, desde que o faça antes da sentença. Claro que, se realizado o parcelamento depois do recebimento da denúncia haverá a suspensão do processo (e da prescrição) até o cumprimento do acordo. Ademais disso, é sedimentado pela jurisprudência, inclusive do próprio Supremo Tribunal Federal, que nos crimes contra ordem tributária há ausência de justa causa para ação penal quando há pendência de procedimento administrativo fiscal do contribuinte para apuração de débito e/ou multas que possam incidir. Tal entendimento foi firmado pelo Supremo através do habeas corpus nº 81611, de 13.5.2005. Tanto que a matéria foi sumulada através da Súmula Vinculante nº 24: “Não se tipifica crime material contra ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da L. nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”
Perdão Judicial e Figura Privilegiada (§ 3º)
Como sabemos, o perdão judicial trata-se de causa que extingue a punibilidade, conforme art. 107, inciso IX do CP. Assim, o juiz deixará de aplicar a pena (perdão judicial) ou aplicará somente a multa (privilégio de pena) se o agente preencher os seguintes requisitos:
1. primário e de bons antecedentes: primário é o sujeito que não possui condenação criminal transitada em julgado, ou, tendo sido condenado, passou 5 anos entre a data dom cumprimento ou extinção da pena e a data da nova infração (art. 63/64 CP). Diz-se do que tem maus antecedentes o sujeito que possui inquéritos, boletins de ocorrência ou processos arquivados, sem possuir condenação criminal.
2. tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios: como visto anteriormente, a L. 10.684/03 permite a extinção da punibilidade do agente que paga o débito, mesmo depois de oferecida a denúncia, logo, apesar de não poder receber o perdão, de qualquer forma pagando o débito fica extinta sua punibilidade.
3. o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais: segundo a L. 11.033/04 que alterou o artigo 20 da L. 10.522/02, o valor mínimo estabelecido pela Previdência Social para o ajuizamento de ações fiscais é de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Ou seja, valores devidos iguais ou inferiores a dez mil reais deveriam ser considerados insignificantes e levariam ao perdão judicial do agente. Porém, como a própria lei especificou que serão arquivados “sem baixa na distribuição”, ou seja, mantido o débito, apesar de não ser cobrado e não ser exercida a persecução penal até atingir esse montante. Porém, há de se destacar entendimento jurisprudencial reconhecimento que a insignificância é limitada a R$ 1.000,00 (mil reais). Talse dá por força da Lei 9.441/97 que é expressa no sentido de que a dívida deste valor referente a um mesmo devedor será extinta. Não obstante isso, a Portaria nº 75 oriunda do Ministério da Fazenda aumentou o teto para não ajuizamento de ações cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
Algumas questões jurisprudenciais
1. Estado de necessidade: pode configurar estado de necessidade (art. 24 CP) ou a inexigibilidade de conduta diversa (causa supra legal de excludente da culpabilidade) se houver comprovação de que o sujeito não repassou o recolhimento das contribuições previdenciárias por sérias e fundadas dificuldades financeiras na empresa.
2. Processo administrativo pendente: hoje é pacificado o entendimento de que há necessidade do esgotamento da instância administrativa como condição para ajuizamento da ação penal. Já decidiu o Tribunal Pleno do STF que pendente procedimento administrativo para apuração de débito tributário de qualquer espécie, não se pode instaurar a ação penal sem chegar-se ao fim deste procedimento. Afinal, pode-se concluir que o sujeito nada devia.
3. Denúncia genérica: sendo uma pessoa jurídica, não pode o Ministério Público denunciar todos os sócios sem individualizar a conduta de cada um e demonstrar a responsabilidade penal de cada, levando isto à nulidade da ação penal escorada nesta denúncia. Isso porque o simples fato de ser sócio da empresa não autoriza a instauração de processo criminal contra ele, devendo haver uma mínima relação de causa e efeito entre a imputação criminosa e a sua condição de dirigente da empresa.
4. Princípio da Insignificância: é admissível o Princípio da Insignificância sob o fundamento de ser inadmissível mover o aparato punitivo na repressão penal para infrações de bagatela, tornando-se irrelevante a conduta ao fisco. Tal entendimento foi firmado em razão da L. 10.522, de 19.07.2002 que, em seu art. 20, assim dispõe: “Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).” Ocorre que a secretaria da Receita Federal publicou a Portaria 75/12 RF que eleva para R$ 20.000,00 (vinte mil reais) o valor dos débitos sujeitos a arquivamento das execuções fiscais federais. Dessa forma, criou-se entendimento no sentido de que a Insignificância foi majorada para este teto. Ocorre que, verifica-se divergência nos tribunais, sendo o assunto polêmico.
Consumação e tentativa
Trata-se de crime formal, com mera omissão (o não repasse) dos descontos realizados no prazo e forma legal (caput) ou não pagamento do benefício reembolsado à empresa pela previdência social (§ 1º, III), ou o não recolhimento das contribuições (§ 1º, I e II). Interessante que para a configuração do crime há necessidade de haver o lançamento, que é a constituição do crédito tributário. Ademais, imprescindível o esgotamento da via administrativa para apuração do montante (Súmula vinculante nº 24, STF), tratando-se de condição de procedibilidade imprescindível para oferecimento da denúncia. A tentativa é inadmissível, pois se trata de crime omissivo próprio, já de posse dos valores descontados, quando findo o prazo para recolhimento, o crime se consuma, não havendo que se falar em crime tentado. Ou seja, a mera abstenção consuma o crime, independentemente de qualquer outra situação. 
Ação Penal
É pública incondicionada.
Pena
Reclusão de 2 a 5 anos, e multa.
 
Exercício 1:
 
Como se dará a responsabilização penal daquele que recebe um cofre trancado com a incumbência de transportá-lo, e, durante o trajeto, vem a arrombá-lo para se apoderar dos valores ?
 
A)
artigo 155, § 4º, I do CP;
B)
artigo 168, ‘caput’do CP;
C)
artigo 168, § 1º, I do CP;
D)
artigo 168, ‘caput’ c.c. artigo 163, ‘caput’, ambos do CP, em concurso material de crimes;
E)
artigo 171, caput do CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
C) 
B) 
D) 
A) 
Exercício 2:
 
Fulano pede a Beltrano, seu amigo de longa data, que guarde em sua casa um computador de sua propriedade, até que volte de uma viagem que fará para a Europa. Dias após ter recebido o aparelho de boa-fé, quando Fulano já se encontrava no passeio, como se fosse seu, Beltrano vende o computador para terceira pessoa. A conduta de Beltrano se amolda à prática de:
A)
receptação;
 
 
B)
receptação qualificada;
 
 
C)
furto;
 
 
 
 
D)
apropriação indébita;
 
 
 
 
 
 
 
E)
estelionato.
 
 
 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) 
Exercício 3:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, CP:
I – o nomen iuris é apropriação de coisa achada
II –  a pena do caput é de detenção de 01 a 04 anos e multa
III – a ação penal é pública condicionada a representação
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
A)
 somente a I é correta;
B)
  somente a II é correta;
C)
 somente a III é correta;
 
D)
todas são corretas;
E)
    todas são incorretas;
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
B) 
E) 
Exercício 4:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, CP:
I –  a posse vigiada constitui requisito
II – não constitui requisito a necessidade da vítima entreguar o bem de sua propriedade ao agente de forma livre, espontânea e consciente
III – constitui requisito ter o agente recebido o bem de boa-fé
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
Artigo 168, CP
“Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
                
 
A)
somente a I é correta;
B)
somente a II é correta;
C)
somente a III é correta;
D)
todas são corretas;
E)
todas são incorretas;
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
D) 
A) 
B) 
C) 
Exercício 5:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, CP:
I –  o objeto material é coisa imóvel
II –  qualquer pessoa poderá cometer este crime, mas desde que tenha posse lícita da coisa, caso contrário estaremos diante de furto ou peculato, quando o agente for funcionário público
III – o elemento subjetivo é o dolo e a culpa
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas;
E)
todas são incorretas;
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
D) 
A) 
B) 
Exercício 6:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, CP:
  
I –  consuma-se a apropriação por negativa de restituição com o ato de disposição
  
II –  consuma-se a apropriação propriamente dita com a negativa de restituição
  
III – a tentativa só é admissível na apropriação propriamente dita
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
Artigo 168, CP
“Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
                
 
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) 
E) 
A) 
B) 
C) 
Exercício 7:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, § 1º, CP:
  
I –  trata-se de qualificadora
  
II – trata-se de circunstância agravante
  
III – trata-se de circunstância privilegiada
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
Artigo 168,CP
“Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
                
 
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) 
A) 
B) 
C) 
E) 
Exercício 8:
Considere as afirmações relativas ao artigo 168, § 1º, CP:
  
I –  constituem espécies de depósito necessário: legal, miserável e por eqüidistância
  
II – a enumeração do inciso II é exemplificativa
  
III –  profissão indica predominantemente a atividade manual, enquanto que ofício indica predominantemente a atividade intelectual
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
Artigo 168, CP
“Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
                
 
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) 
A) 
B) 
C) 
E) 
Exercício 9:
Qual é a ação penal cabível na apropriação indébita ?
Para consulta:
Art. 168, CP - "Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção".
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 10:
Qual é o nomen iuris do delito tipificado no artigo 168, CP ?
Para consulta:
· "Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
· - em depósito necessário;
· - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
· - em razão de ofício, emprego ou profissão”.
A)
Apropriação de coisa achada
B)
Apropriação previdenciária
C)
Apropriação de tesouro
D)
Apropriação havida por erro
E)
Apropriação indébita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) 
Exercício 11:
Qual é a pena da apropriação indébita ?
Para consulta:
· Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:”
A)
Detenção, de 01 a 04 anos
B)
Reclusão, de 01 a 04 anos, e multa
C)
Detenção, de 01 a 04 anos, ou multa
D)
Reclusão, de 01 a 04 anos
E)
Reclusão, de 01 a 05 anos, e multa
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) 
Exercício 12:
Analise as alternativas, e aponte a correta:
A)
Curador é aquele que rege a pessoa do menor e seus bens;
B)
Tutor é aquele que rege a pessoa e os bens do maior incapaz;
C)
Testamenteiro é aquele que não sendo funcionário público, tem a exclusiva obrigação de guardar objetos em razão de determinação judicial;
D)
Inventariante: é aquele que administra o espólio até a partilha;
E)
Nenhuma das anteriores.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
C) 
D) 
Artigo 169, CP
“Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias”.
Nomen juris: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Elemento objetivo 
Tal qual na apropriação indébita (art. 168 CP), a conduta é “apropriar-se” que significa tomar para si coisa que veio à posse num contexto ausente de subtração, e assim faz sua a coisa alheia móvel. A coisa precisa ser alheia, ou seja, de terceira pessoa. Ao contrário daquele crime, a coisa “veio ao seu poder” (tem a coisa pertencente a terceiro sob sua esfera de vigilância e disponibilidade), ou seja, não há o recebimento da coisa das mãos do ofendido, a coisa veio ao agente, que se apropria posteriormente. Este “veio ao seu poder” dá-se mediante:
1. erro: é a falsa percepção da realidade que leve alguém entregar ao agente coisa que pertence a outrem. Ex.: carteiro que confundindo o destinatário entrega encomenda ao vizinho, que se apossa da coisa recebida por erro; vítima deposita valores em conta errada, cujo sujeito recebe e dispõe dos valores. Mas, claro, se dispõe antes de saber do erro, não há que se falar em crime, e a discussão é meramente cível.
2. caso fortuito: é o evento acidental que faz com que o objeto termine em mãos erradas. Abrange a força maior (atos humanos, v.g, motim, greve, acidentes, tumultos etc.) como as forças da natureza (enchentes, tsunamis, furacões etc.). Ex.: cai de um avião uma mercadoria no terreno do sujeito, que dela se apossa. 
3. força da natureza: é a energia física e ativa que provoca o deslocamento natural das coisas, v.g., um furacão que tem energia para destruir casas e veículos, provocando a diminuição do patrimônio alheio. Está incluído no caso fortuito, assim, um veículo que após uma enchente vem parar no terreno alheio; Hipótese de tsunami que faz um barco encalhar em imóvel alheio. Pela correnteza derivada de uma enchente, para em um terreno uma bicicleta, cujo sujeito dela se apossa.  Em todas essas hipóteses há obrigação de devolução da coisa, sob pena de configurar-se a apropriação.
Na apropriação indébita a vítima não incide em erro, pois tem uma perfeita noção da realidade. O dispositivo típico prevê uma única modalidade (um único núcleo), razão pela qual é classificado como crime de ação única. No artigo 169 a vítima está em erro (equivoca-se, tem uma falsa percepção da realidade) não provocado pelo agente (pois neste caso estaríamos diante de um estelionato), que, também, está de boa-fé, ou seja, o agente recebe o bem (entra na posse da coisa) sem perceber o erro, porém, depois, ao perceber, apodera-se do objeto. Ademais, o núcleo do tipo é consubstanciado por um único verbo, razão pela qual o delito é classificado como de ação única. Ex: noiva que recebe vários presentes de casamento e, diante da pressa, não percebe que um deles foi entregue por engano, pois a sua vizinha também está por casar - ou seja, incidiu em erro ao receber o presente. Quando perceber o erro poderá devolver o bem, não acarretando qualquer responsabilidade penal, mas, porém, se ficar com o presente que não lhe pertence, sabendo disto, responderá pelo art. 169, caput, CP. Caso o agente perceba o erro da vítima no momento em que lhe é entregue a coisa, estaremos diante do estelionato. O erro pode recair sobre pessoa, coisa ou obrigação.
Elemento subjetivo
Trata-se de crime doloso, ou seja, a vontade livre e consciente de se apropriar de coisa que veio ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza. O dolo é genérico, ou seja, não há uma finalidade específica do agente, basta a pura e simples apropriação. Obviamente que, se o sujeito não sabe dessas razões após tomar a coisa, não á que se falar em crime, onde tudo deve ser resolvido no âmbito cível.
Art. 169, p. único, I, CP
Ocorrerá este delito no caso do agente que se apropria de tesouro encontrado no terreno alheioe não entrega a parte que é cabível a proprietário.
- Tesouro (objeto material) é a coisa sem dono - é o baú dos piratas, por exemplo. Já as jazidas de ouro ou pedras preciosas, além de serem consideradas bens imóveis, não estão propriamente enterradas ou ocultas, mas fazem parte do solo. O sujeito passivo (proprietário do imóvel) tem direito ao tesouro por inteiro quando o agente quando agir sem a sua autorização ou quando agir com sem empregado; mas terá direito à metade quando concede autorização ao agente para procurar o tesouro em sua propriedade.
Art. 169, p. único, II, CP.
Comete o crime em tela quem acha coisa perdida e dela se apodera, no todo ou em parte, deixando de restituí-la ao legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade em 15 dias.
- Coisa perdida é aquela que se extraviou do dono (ele não sabe onde o bem está) em lugar público ou aberto ao público. Caso o bem esteja “perdido” na residência da vítima, caso alguém encontre e se apodere, haverá furto (o mesmo ocorre quando a vítima esquece o bem em algum lugar e, logo em seguida, retorna ao local e o objeto já havia se apossado). Obs: sempre que o agente sabe quem é o proprietário haverá furto - isto no momento do perdimento. Não confundir coisa perdida (res desperdicta) com coisa abandonada (res derelicta) e com coisa de ninguém (res nullius).
Consumação e tentativa
Trata-se de crime material, exige o resultado naturalístico, consistente na diminuição do patrimônio da vítima. No tocante a figura equiparada de apropriação de coisa perdida, apenas se consumará depois de passados os 15 dias, mesmo que antes o sujeito já haja como se dono fosse da coisa, pois se trata de crime condicionado, pois o legislador impôs condição temporal para consumação o crime. A tentativa é admissível, trata-se de crime material. Salvo neste último caso (apropriação de coisa perdida) pois passando o lapso de 15 dias, o delito já se consuma.
Pena 
Detenção, de 01 mês a 01 ano, ou multa
Ação Penal
Pública incondicionada
Art. 170, CP - Apropriação privilegiada
“Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º”. Nos moldes no artigo 155, CP, quando a coisa for de pequeno valor (equipara-se o pequeno prejuízo) e o réu for primário a pena será diminuída de um a dois terços ou será aplicada somente multa.
 
Exercício 1:
O nomen iuris do artigo 169, CP é:
Para consulta:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
 
Apropriação de tesouro
 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
 
Apropriação de coisa achada
 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A)
apropriação indébita
B)
apropriação indébita previdenciária
C)
apropriação de coisa havida por caso fortuito ou força maior
 
D)
apropriação de coisa por erro
E)
apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força maior
 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
C) 
E) 
Exercício 2:
Considere as afirmações relativas ao artigo 169, CP:
I – na apropriação indébita a vítima incide em erro, pois não tem uma perfeita noção da realidade, enquanto que no artigo 169 a vítima não está em erro
II – caso o agente perceba o erro da vítima no momento em que lhe é entregue a coisa, estaremos diante de estelionato
III – o erro pode recair somente sobre a pessoa
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
A)
somente a I é correta
 
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
 
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) 
Exercício 3:
Noiva que recebe vários presentes de casamento e, diante da pressa, não percebe que um deles foi entregue por engano, pois a sua vizinha também está por casar - ou seja, incidiu em erro ao receber o presente. Quando perceber o erro poderá devolver o bem, não acarretando qualquer responsabilidade penal, mas, porém, se ficar com o presente que não lhe pertence, sabendo disto, responderá:
A)
apropriação indébita
B)
apropriação havida por erro
C)
apropriação de tesouro
D)
apropriação de coisa achada
E)
furto
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
A) 
B) 
Exercício 4:
Considere as afirmações relativas ao artigo 169, CP:
I – o sujeito ativo de apropriação de tesouro é aquele que se apropria de tesouro encontrado no terreno próprio
II – tesouro é o elemento subjetivo
III – tesouro é o pertencente a União
 
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
Para consulta:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
 
Apropriação de tesouro
 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
 
Apropriação de coisa achada
 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
 
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Exercício 5:
Considere as afirmações relativas ao artigo 169, parágrafo único, I, CP:
  
I – o sujeito passivo é a União
  
II – sujeito passivo (proprietário do imóvel) tem direito ao tesouro por inteiro quando concede autorização ao agente para procurar o tesouro
  
III – o sujeito passivo tem direito ao tesouro por inteiro, quando o agente agir sem a sua autorização
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
Para consulta:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
 
Apropriação de tesouro
 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
 
Apropriação de coisa achada
 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
D) 
A) 
B) 
C) 
Exercício 6:
Comete o crime previsto no Art. 169, p. único, II, CP quem acha coisa perdida e dela se apodera, no todo ou em parte, deixando de restituí-la ao legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade em:
A)
5 dias
B)
10 dias
C)
15 dias
D)
20 dias
E)
30 dias
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 7:
O objeto material ( a coisa ) do Art. 169, p. único, II, CP é:
Para consulta:
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
 
Apropriação de tesouro
 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
 
Apropriação de coisa achada
 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A)
res desperdicta
B)
res parelicta
C)
res nullius
D)
res derelicta
E)
res confundicta
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A)Exercício 8:
A ação penal do delito descrito no artigo 169, CP, em todas as modalidades é:
A)
pública incondicionada
B)
pública condicionada à representação
C)
publica condicionada à requisição do Ministro da Justiça
D)
privada propriamente dita
E)
privada personalíssima
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 9:
Qual é a pena da apropriação de coisa havida por erro ?
Para consulta:
“Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
A)
reclusão, de 01 a 03 anos, e multa
B)
reclusão, de 01 a 03 anos
C)
detenção, de 01 mês a 01 ano, ou multa
D)
detenção, de 01 mês a 01 ano, e multa
E)
detenção, de 01 mês a 01 ano
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) 
D) 
C) 
Exercício 10:
Qual é a ação penal cabível na apropriação de coisa achada ?
Para consulta:
“Art 169 Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
C) 
Exercício 11:
No que tange ao núcleo do tipo, qual classificação deve ser aplicada ao artigo 169, CP
Para consulta:
“Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:”
A)
Crime de ação única
B)
Crime de mera conduta
C)
Crime formal
D)
Crime de ação múltipla
E)
Crime vago
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
C) 
B) 
A) 
Exercício 12:
Caso o agente venha a incidir em erro de fato, que exclui o dolo, quando pelas condições da coisa pensar que a mesma fosse coisa abandonada e não perdida:
A)
Responderá a título de culpa consciente
B)
Responderá a título de culpa inconsciente
C)
Responderá a título de culpa imprópria
D)
Responderá a título de culpa própria
E)
Não haverá responsabilização penal
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
B) 
C) 
D) 
E) 
Artigo 171, CP
“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Estelionato contra idoso
§ 4 Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.” (acrescido pela Lei 13.228, de 28.12.2015)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.” (acrescido pela Lei 13.964, de 24.12.2019)”.
Nomen juris: Estelionato
Elementos do tipo
O capítulo VI, do título II, da parte especial do CP dispõe acerca dos crimes em que o agente utiliza do engodo, da trapaça, da astúcia para cometer delitos, diferentemente do que ocorre nos crimes precedentes, em que a violência, grave ameaça e clandestinidade imperavam.
- obter: é o elemento objetivo - significa conseguir. O verbo indica a necessidade de se obter o fim colimado, ou seja, a vantagem ilícita; por isto é um crime material;
- para si ou para outrem: é o elemento subjetivo do tipo, ou seja, o fim colimado pelo agente (conseguir a coisa para si ou para outrem);
- prejuízo alheio: é o elemento normativo do tipo - o prejuízo não pode ser próprio, mas de outrem;
- vantagem: é o objeto material, ou seja, qualquer utilidade em favor do agente ou de terceiro;
- ilícita: é o segundo elemento subjetivo do tipo, ou seja, é necessário que o agente tenha consciência da ilicitude da vantagem que obtém da vítima para que haja estelionato. Sem esta consciência, o fato é atípico - Nelson Hungria cita como exemplo a situação do agente que supõe ser credor de determinada pessoa. Em razão disto, emprega fraude para obter o dinheiro que julgar ser seu de direito. Neste caso, não haveria estelionato, mas somente art. 345, pois o agente não agiu com dolo de obter vantagem ilícita, mas lícita (o erro de fato afasta o dolo e, como o estelionato não admite a culta, torna o fato atípico);
- induzindo: significa levando, ou seja, a fraude é que levará a vítima em erro;
- mantendo: significa que a vítima foi levada a erro não provocado, mas quando o agente percebe tal fato, emprega esforço para mantê-la neste estado;
- erro: é a falsa percepção da realidade;
- mediante artifício: emprego de aparato material para enganar a vítima Ex/ disfarce, cheque falsificado, conto do bilhete premiado etc;
- mediante ardil: é a simples conversa enganosa;
- mediante qualquer meio fraudulento: o legislador se utiliza da interpretação analógica, ou seja, após o emprego de uma fórmula exemplificativa, emprega uma fórmula genérica. Nesta fórmula pode-se incluir, por ex., o silêncio.
Objetividade jurídica tutelada 
A inviolabilidade patrimonial.
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa. É comum que este crime seja cometido em concurso de agentes. Neste caso, todos serão responsabilizados por estelionato.
Sujeito passivo 
Quem sofre o prejuízo patrimonial. Atenção: a pessoa enganada pode ser diversa daquela que sobre a lesão patrimonial. Neste caso, haverá dois sujeitos passivos: a pessoa enganada e a que sofreu a lesão patrimonial, pois o tipo diz: induzir ou manter em erro alguém, em prejuízo alheio.
O meio fraudulento deve ser idôneo a enganar a vítima?
Sim, mas o meio para se aferir é que pode gerar discussões. São três as fórmulas: deve ser levada em consideração a prudência ordinária; o discernimento do homo medius; ou o discernimento da vítima em cada caso em concreto. A jurisprudência posicionou-se no sentido de que deva ser analisado o discernimento da vítima no caso concreto, ou seja, tendo em vista as condições da vítima. Entretanto, deve-se observar que haverá crime impossível, por absoluta ineficácia do meio, quando o engodo for grosseiro a qualquer pessoa.
Tipo subjetivo 
O tipo subjetivo é o dolo, ou seja, o querer ou assumir o risco de produzir um resultado naturalístico. O dolo deve ser precedente, antecedente, ou seja, o agente deve agir com o dolo de empregar fraude. Finalmente, como já foi exposto, o dolo deve ser de obter vantagem ilícita.
Consumação 
Com a obtenção da vantagem ilícita patrimonial. Trata-se de crime material em que o alcance do resultado é indispensávelpara a consumação do delito.
Tentativa 
A tentativa deve ser analisada em dois momentos:
- quando o agente emprega a fraude, mas não engana a vítima. Neste caso, deverá ser analisada se a fraude tinha ou não potencial para enganar. Se tinha (sendo analisada em razão das circunstâncias da vítima no caso concreto), haverá tentativa. Se não tinha, o crime será impossível, aplicando-se a regra do artigo 17, CP.
- o agente emprega a fraude, engana a vítima, mas não obtém a vantagem ilícita por circunstâncias alheias à sua vontade.
Estelionato privilegiado (artigo 171, § 1º, CP)
Sendo o réu primário e de pequeno valor o prejuízo, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 ou substituída pela de multa. A lei não se refere ao valor da coisa, mas ao prejuízo sofrido, que deverá ser de pequena monta, até um salário mínimo. O prejuízo deverá ser aferido no momento da consumação. Havendo reparação do dano na fase de processo, tal fato acarretará na incidência da circunstância atenuante do artigo 65, III, b, CP. Caso a reparação do dano ocorra antes do oferecimento da denúncia, tal fato redundará na incidência do art. 16, CP. A figura do privilégio estende-se ao parágrafo segundo, muito embora a posição dos artigos não leve a esta conclusão, pois este parágrafo indica que devem ser aplicadas as mesmas penas.
Formas equiparadas (§ 2º)
I - dá-se nos casos daquele que vende, permuta ou dá em pagamento coisa alheia como própria. Ex: nos casos de alienação fiduciária em que o detentor da posse direta do bem (fiduciário) aliena-o, sem levar em consideração que pertence ao fiduciante.
II - alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria. Neste caso, tal qual no anterior, é vedada a alienação, permuta ou dação em pagamento, mas, diferente daquele, só recai sobre bens próprios inalienáveis, gravados de ônus, litigioso ou que prometeu vender a terceiro. Coisa inalienável é a aquela que não pode ser vendida em razão de disposição legal, testamentária ou por convenção. Coisas gravadas com ônus são aquelas sobre as quais pesam direitos reais em razão de lei ou de contrato (enfiteuse, anticrese, servidão, usufruto, hipoteca etc). Coisa litigiosa é aquela que é objeto de discussão em juízo (a coisa litigiosa pode ser alienada, desde que o comprador seja advertido de tal fato, caso contrário haverá o crime em tela).
III - defraudação de penhor. Constitui na alienação de crédito pignoratício sobre o qual exerce a posse direta sem o consentimento do credor.
IV - Fraude na entrega de coisa. É a alteração ou troca fraudulenta sobre a essência (ex/ entrega de objeto novo por antiguidade), qualidade (ex/ entrega de peça de ouro 18 por de 24 quilates) e quantidade da coisa (ex/ entrega de 1kg quando deveria ser entregue 1,25 Kg).
V - fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro. Ocorre este crime quando o agente destrói ou oculta coisa própria ou lesa o próprio corpo para receber a indenização de seguro. É indispensável o contrato de seguro. Se a conduta causar perigo comum, o agente responderá pelo artigo 250 ou 251, pois nestes delitos consta como qualificadora a finalidade da vantagem pecuniária Ex/ se o indivíduo põe fogo na própria casa para receber o dinheiro do seguro, responderá somente pelo incêndio qualificado.
VI - fraude no pagamento por meio de cheque. Comete estelionato quem emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. O delito pode ser pratica por intermédio de duas condutas:
- emitir cheque sem suficiente provisão de fundos (nesta, o agente coloca em circulação a cártula, para pronto pagamento, sem que tenha saldo bancário);
- frustrar o pagamento de cheque (nesta, o agente tinha saldo quando da emissão da cártula, porém, antes do pagamento, retira o dinheiro da conta corrente, ou dá contraordem de pagamento ou, ainda, dá outro cheque que sabe será cobrado antes do pagamento do sujeito passivo).
Elementos do subtipo
- emitir: significa colocar o cheque em circulação (não basta o mero preenchimento, sendo necessária a efetiva colocação em circulação);
- frustrar: significa enganar, defraudar;
Deve-se ressaltar que o cheque é um título extrajudicial para pagamento à vista. Assim, quando for emitido para pagamento futuro, ou seja, pós-datado, não haverá estelionato, pois a cártula foi dada como garantia de dívida e não como ordem de pagamento à vista, surtindo, então, os mesmos efeitos da nota promissória, que é uma garantia para pagamento futuro. Não há delito quando o cheque é emitido para a substituição de nota promissória vencida e não paga. No cheque visado (o sacado atesta a existência de fundos) e no marcado (o sacado designa data para o pagamento do título) o emitente não poderá frustar o pagamento, por este motivo não poderá ser responsabilizado. No cheque especial, quando o agente supera o valor do crédito contratado, conforme posição do STJ, responderá por esta modalidade de estelionato.
Tipo subjetivo
Dolo. Assim, é necessário o agente queira emitir cheque sem fundos ou frustrar o seu pagamento. Além disto, é necessária a incidência do elemento subjetivo do injusto, ou seja, deve haver má-fé por parte do agente - a intenção de cometer fraude - Isto se extrai do entendimento da Súmula 246 do STF - “Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”.
Consumação:
Três posições:
- Basileu Garcia: entende que é um crime formal e por este motivo a consumação se daria no momento da emissão;
- Nelson Hungria: entende que a consumação ocorre quando o título é colocado em circulação;
- Magalhães Noronha: entende que é um crime material e, por este motivo, a consumação só ocorreria no momento em que a cártula é apresentada ao sacado e este se recusar ao pagamento pela inexistência de fundos ou em razão de contraordem.
O STF, por meio da Súmula 521, adotou a posição de Noronha, sendo o foro competente o do local onde se deu a recusa do pagamento – ex: cheque de S.P emitido em Salvador. O foro competente será do banco sacado, ou seja, São Paulo.
Tentativa
Admissível, mas rara. Ex: emissão: quando o banco sacado honra o pagamento do cheque ou quando terceiro deposita o valor necessário; Ex: frustrar: quando a contraordem for por escrito e esta for extraviada.
Pagamento antes e após o oferecimento da denúncia
Conforme posicionamento do STF, exposto na Súmula 534, o pagamento de cheque sem fundos, antes do oferecimento da denúncia, descaracteriza o crime, não havendo justa causa para o oferecimento da ação (extingue a punibilidade). Deve-se observar que, com a reforma da parte geral do CP em 1984, foi criada a figura do arrependimento posterior, que deveria tornar sem eficácia a Súmula, porém o Pretório Excelso reexaminando a questão, manteve o entendimento anterior, constituindo a Súmula exceção ao artigo 16, CP. Caso o pagamento ocorra após o oferecimento da denúncia, isto resultará somente na incidência da circunstância atenuante prevista no artigo 65, III, b, CP. Obs: deve-se relembrar que a substituição de título vencido por cheque sem fundos não caracteriza o crime. Da mesma forma, se a dívida precede a cheque, com o advento deste, não haverá crime – Ex: ‘A’ deve a ‘B’ certa quantia. Em razão disto, emite um cheque que, ao ser descontado, retorna por insuficiência de fundos - Não haverá crime, porque o prejuízo preexiste, além do que a situação da vítima melhorou, pois antes não tinha qualquer garantia e agora passou a ter um título.
Responsabilização pelo “caput” no uso de cheque sem fundos
- pagamento de dívida com cheque sem fundos emitido por terceiro, sabendo o agente dessa circunstância;
- emissão sobre conta que o agente sabe estar encerrada;
- emissão com nome falso;
- emissão sobre conta aberta com dados falsos;
- o endossante de cheque sem fundos não é responsabilizado pelo § 2º, VI, mas pelo “caput” (esta é a posição de Damásio e Fragoso - em sentido contrário Nelson Hungria e Noronha);
- comunicação falsa de furto de talonário para posterior emissão dos mesmos. A responsabilização se dará nos moldesdo caput.
Artigo 171, § 3º, CP
Aplica-se a causa de aumento de pena (de 1/3) quando o sujeito passivo for a Administração Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas), Institutos de Economia Popular, Assistência Social ou Beneficência.
Pena
Figura simples (caput) e figuras equiparadas (§ 2º): reclusão de 1 a 5 anos , e multa.
Circunstância privilegiadora (§ 1º): substituição da pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
Causa de aumento da pena (§ 3º e 4º): aumento de 1/3; ou aumenta em dobro.
Ação Penal
A Lei 13.964, de 24.12.2019 (com vigência a partir de 23.01.2020) trouxe alteração quanto a ação penal fixando a regra da ação penal pública condicionada a representação. Excepcionou esta regra, determinando que a ação será pública incondicionada quando o ofendido tratar-se de: I. Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.”. 
Art. 172, CP
“Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.” 
Nomen juris: Duplicata Simulada
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: aquele que emitiu a fatura, duplicata ou nota de venda. Trata-se de crime próprio, o praticam o comerciante ou o prestador de serviços que emite o título.
Sujeito passivo: o recebedor, aquele que desconta a duplicata, bem como o terceiro de boa fé contra o qual é sacada a duplicata, emitida a fatura ou na nota de venda.
Elemento Objetivo
O verbo, a conduta prevista é “emitir”, que significa por em circulação a fatura, duplicata ou nota de venda, que não corresponda a realidade da mercadoria (quantidade, qualidade) ou quanto ao serviço prestado. O legislador exige uma relação mercantil, ou seja, uma mercadoria vendida. No caso de fatura, duplicata ou nota venda sem qualquer venda realizada (venda ou serviço inexistente), pode a conduta se amoldar ao estelionato (art. 171 CP). Vejamos estes três objetos materiais do crime:
1. fatura: é a nota descritiva das mercadorias, objeto do contrato, ao serem entregues ou expedidas, com indicação da quantidade, qualidade, preço e outras informações feita pelo vendedor. é uma prova do contrato de compra e venda.
2. duplicata: é o título de crédito que emerge de uma compra e venda ou prestação de serviços, sacado com correspondência à fatura (por isso o nome duplicata – seria a duplicação da fatura), visando uma compra e venda à prazo.
3. Nota de venda: documento emitido por comerciantes para atender ao fisco, especificando a quantidade, qualidade, procedência e preço das mercadorias que foram objeto de transação mercantil.
Neste crime do art. 172 CP, o sujeito ativo altera nestes documentos:
1. quantidade: por exemplo, vende 100 objetos e inscreve vendido 1.000;
2. qualidade: vende cobre e faz constar ouro;
3. o serviço prestado: altera significativamente o que fez.
Elemento Subjetivo
Trata-se de crime doloso, consistente na vontade livre e consciente de emitir a fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à quantidade ou qualidade da mercadoria vendida, ou ao serviço prestado. Para a doutrina, trata-se de dolo genérico, ou seja, não há um fim específico do agente. Comprovada a boa fé do agente, tal excluirá o crime, pois este tipo não é punido na modalidade culposa.
Figuras equiparadas (parágrafo único)
Segundo este parágrafo, responderá pelas mesmas penas aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. Agora as condutas são: 1. falsificar: que significa alterar ou modificar fraudulentamente (é a falsidade ideológica – art. 299 CP - neste contexto); 2. adulterar: mudar ou viciar o conteúdo, modifica o dado correto substituindo-o pelo incorreto. Livro de Registro de Duplicatas trata-se de livro contábil obrigatório do comerciante, onde deve escriturar em ordem cronológica as duplicatas emitidas, contendo todos os dados que as possam identificar com perfeição.
Consumação e Tentativa
O tipo penal trouxe a simples conduta de “emitir”, ou seja, basta a mera emissão da fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à realidade da mercancia realizada. Retira-se disto que independe de prejuízo (resultado naturalístico), bastando a mera circulação do documento, logo, trata-se de crime formal, bastando a conduta de “emitir”. Com isto, torna-se impossível falar em tentativa.
Ação Penal
A ação penal é pública incondicionada.
Pena
Detenção de 2 a 4 anos, e multa.
Art. 173, CP
“Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.”
Nome juris: Abuso de incapazes
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa o pratica.
Sujeito passivo: há sujeito passivo próprio, que nesta hipótese confunde-se com o objeto material do crime, que é a pessoa ludibriada. Ademais, por expressa indicação do tipo, poderá ser vítima terceira pessoa que teve prejuízo patrimonial em razão do ato praticado pelo menor, alienado ou débil mental.
1. menor: aquele que não completou 18 anos;
2. alienado mental: é o louco, inimputável, totalmente incapaz (vide art. 26, caput CP)
3. débil mental: deficiente psíquico, relativamente incapaz (vide art. 26, § único CP).
Elemento Objetivo
A conduta, o núcleo do tipo é “abusar” que significa exorbitar, exagerar. O agente abusa do ofendido, exigindo a lei um contexto de indução, ou seja, não basta a aquiescência (concordância) do ofendido, deve haver persuasão, inspiração por parte do sujeito ativo:
1. da necessidade, paixão ou inexperiência do menor: necessidade é aquilo que é essencial para a pessoa. Paixão significa a emoção exacerbada, que termina por suplantar a própria razão. Inexperiência é a falta de prática de vida ou de habilidade em determinada função.
2. do estado mental do alienado ou débil: vide acima.
3. à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico: significa a prática de qualquer conduta suficiente a gerar efeitos danosos ao patrimônio da vítima. Ex.: convencer menor a comprar um bem inexistente. Caso contrário, não gerando efeitos patrimoniais, a conduta é atípica.
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de induzir, abusando da condição do ofendido. Há dolo específico, que é o fim especial de conseguir proveito próprio ou alheio (patrimonial).
Consumação e Tentativa
O tipo trouxe o abuso exigindo a indução. Assim o crime apenas se consumará quando comprovada a ocorrência do induzimento do ofendido, logo, consuma-se com qualquer ato capaz de produzir prejuízos à vítima, independentemente do agente obter algum proveito. Trata-se de crime formal (não exige resultado naturalístico, ou seja, o proveito), bastando a comprovação do êxito na indução. Assim, admite-se a tentativa se, por circunstâncias alheias a vontade do agente não consegue obter o proveito patrimonial mesmo o ofendido tendo praticado o ato.
Ação Penal
Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Pena
Reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.
Art. 174 CP
“Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.”
Nomen juris: Induzimento à Especulação
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo:trata-se de crime comum, qualquer pessoa o pratica.
Sujeito passivo: há sujeito passivo próprio, confundindo-se com o objeto material do crime, que é a pessoa ludibriada. O sujeito se vale de pessoa com:
1. inexperiência: falta de vivência, seja de pessoas de pouca idade, ou de pessoas ingênuas.
2. simplicidade: caracteriza-se pela franqueza, sinceridade e falta de malícia nas atitudes, pessoas crédulas e confiantes nas atitudes de terceiros.
3. inferioridade mental: são as pessoas portadoras de algum tipo de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Elemento Objetivo
A conduta, o núcleo do tipo é “abusar” que significa exorbitar, exagerar. O agente abusa do ofendido, exigindo a lei um contexto de indução, ou seja, não basta a aquiescência (concordância) do ofendido, deve haver persuasão, inspiração por parte do sujeito ativo à:
1. prática de jogo ou aposta: claro que o contexto exigido diz respeito à práticas de jogos de azar ou apostas que se referem à sorte ou azar, e não jogos esportivos.
2. especulação com títulos ou mercadorias: especular é explorar ou auferir vantagens aproveitando-se de determinada condição ou posição, v.g., investimento em bolsa de valores. Neste caso o legislador exigiu que o sujeito ativo saiba (dolo direto) ou deva saber (dolo eventual) que a operação é ruinosa, ou seja, que leva a prejuízo patrimonial.
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de induzir, abusando. Há dolo específico, que é o fim especial de conseguir proveito próprio ou alheio (patrimonial), inclusive, na especulação, o legislador expressamente exigiu dolo direto (sabe ruinosa) ou eventual (deva saber ruinosa). 
Consumação e Tentativa
O tipo trouxe o abuso exigindo a indução. Assim o crime apenas se consumará quando comprovada a ocorrência do induzimento do ofendido, logo, consuma-se com qualquer ato capaz de produzir prejuízos à vítima, independentemente do agente obter algum proveito. Trata-se de crime formal (não exige resultado naturalístico, ou seja, o proveito), bastando a comprovação do êxito na indução. Com base nisto, a maioria dos doutrinadores afirmam que no caso de especulação, mesmo que o ofendido acabe tendo lucro, o crime se perfaz, pois a só indução à ruína basta. Discordamos, pois nunca se provará no caso concreto que a especulação praticada pelo sujeito ativo era fruto e dolo direto (sabe) ou eventual (deva saber) que a operação era ruinosa. Afinal, quantos casos são conhecidos de pessoas que especulam no mercado, e acabam auferindo lucro. Se for assim, corretores da bolsa nunca poderiam investir para inexperientes! Admite-se a tentativa se, por circunstâncias alheias a vontade do agente não consegue obter o proveito patrimonial mesmo o ofendido tendo praticado o ato.
Ação Penal
Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Pena
Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
Art. 175, CP
“Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.”
Nomen juris: Fraude no Comércio
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, só o pratica o comerciante ou comerciário.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, mas deve ser determinada, pois se exige uma relação comercial, logo, há como se determinar o adquirente.
Elemento Objetivo
As condutas que recaem sobre a mercadoria (objeto material do crime) são:
1.enganar (caput), que significa iludir, ludibriar;
2.alterar (§ 1º), que significa modificar ou transformar; 
3. substituir (§ 1º), que significa trocar por outro; 
4. vender(§ 1º) que significa alienar.
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de enganar (dolo específico). Empregando o termo enganar somente é possível o dolo direto, ou seja, exige-se que o vendedor saiba que a mercadoria é falsificada ou deteriorada, ou que esteja alterada, sob pena de excluir-se qualquer responsabilização penal se o sujeito estava de comprovada boa fé.
Modalidades de fraude no comércio
As espécies previstas são: forma simples (caput), qualificada (§ 1º) e privilegiada (§ 2º). Interessante analisar que em ambas condutas criminosas (caput e § 1º) o legislador enumerou as condutas que conformam o crime, logo, trata-se de crime de forma vinculada. 
Fraude simples (caput)
É a forma base, o tipo simples, raiz, com pena abstrata de detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa. Consiste na conduta de enganar (iludir, ludibriar) o adquirente, cujo legislador especificou as únicas duas formas (por isso, crime de forma vinculada).
a) vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada (I): como o legislador se utilizou da expressão vendendo, no caso de permuta (troca) ou doação (entrega gratuita), não haverá este crime (afinal, a forma é vinculada). Mercadoria compreende qualquer coisa móvel apropriável e negociável, estando excluídas as mercadorias que possuem tipificação especial (Princípio da Especialidade), como os delitos contra a saúde pública como o que cuida de venda de produto alimentício (art. 272 CP), produtos para fins terapêuticos ou medicinais (art. 273 CP) etc. Falsificada é aquela que imita o original. Deterioradasignifica arruinada, estragada.
b) entregando uma mercadoria por outra: trata-se da substituição maliciosa de uma determinada mercadoria pelo comerciante, possivelmente de maior valor por uma de menor valor, causando prejuízo patrimonial ao adquirente.
Fraude qualificada (§ 1º)
Como sabido, qualificadora é a circunstância entendeu o legislador ser mais reprovável, merecendo uma pena maior que o tipo raiz (simples). No caso, a pena passa a ser de reclusão de 1 a 5 anos, e multa, caso o vendedor:
1. alterar (modificar, transformar) em obra que lhe é encomendada a qualidade ou peso de metal: via de regra é a atividade típica dos joalheiros. Pode ser praticada de duas formas:
a) modificando a qualidade do metal: retira parte valiosa e insere material menos valioso;
b) retirando parte do peso.
2. substituir (trocar por outro) em obra encomendada pedra verdadeira por falsa ou outra de menor valor: é o trabalho de quem lhe dá com pedras preciosas, tal como o joalheiro que recebe uma tarefa específica com jóia alheia e substitui por uma falsa ou menos valiosa.
3. vender (alienar): neste caso o comerciante aliena:
a) pedra falsa por verdadeira: sujeito aliena pedra brilhante e bem lapidada como se fosse brilhante.
b) como precioso metal de outra qualidade: para uma venda de metal específico, o sujeito aliena metal de qualidade inferior e sem o mesmo valor.
Figura privilegiada (§ 2º)
Conforme já verificamos anteriormente (art. 155, § 2º CP), cujo remetemos aos comentários quando do estudo daquele crime, se o criminoso é primário e a coisa de pequeno valor, pode o juiz:
a) substituir a pena de reclusão pela de detenção;
b) diminuí-la de 1 a 2/3.
c) aplicar somente a pena de multa.
Consumação e Tentativa
Trata-se de crime material, ou seja, exige resultado naturalístico consistente na diminuição do patrimônio da vítima, cujo se dará com a entrega pelo agente e aceitação pela vítima enganada. Admite a tentativa, v.g., vítima verifica mercadoria deteriorada, ou joalheiro entrega a peça e ofendido rapidamente descobre ser falsa a pedra.
Ação Penal
Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Pena
Forma simples (caput): detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa.
Forma qualificada (§ 1º): reclusão de 1 a 5 anos, e multa.
Figura privilegiada: (§ 2º): a) substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuí-la de 1 a2/3; c) aplicar somente a pena de multa.
Art. 176, CP
“Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.”
Nomen juris: Outras Fraudes
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa o pratica.
Sujeito passivo: há sujeito passivo determinado que precisa ser um prestador de serviço da área da alimentação, hospedagem ou transporte.
Elemento Objetivo
Os verbos, os núcleos do tipo são:
1. tomar (refeição): significa comer ou beber em restaurante, almoçando, jantando ou lanchando;
2. alojar-se (em hotel): significa hospedar-se mediante pagamento de preço calculado em diárias;
3. utilizar-se (de meio de transporte): é empregar um deslocamento pago de um lugar para outro.
Apesar de aparentar um tipo misto alternativo (aquele tipo que prevê várias condutas alternativamente, E mesmo praticando mais de uma delas, considera-se apenas um crime, v.g., tráfico de drogas – art. 33, L. 11.343/06, receptação – art. 180 CP etc.), tal não é correto, pois se o sujeito praticar cada uma dessas condutas com vítimas diferentes, tal consistirá em três crimes por haver três patrimônios distintos, devendo responder por três delitos em concurso material (art. 69 CP).
Restaurante: local onde se serve comida e bebida. Em tese não seria possível se estender tal conceito para lugares diversos como bares, cantinas de escolas, estações de trem ou quartéis, trailler de lanches, carrinho de pastel, boates, etc., cujo, tal ocorrendo, a conduta tecnicamente se amoldaria ao estelionato (art. 171 CP). Porém, como a pena do estelionato é muito maior que deste crime (reclusão de 1 a 5 anos), não seria justo, um que não pagou o restaurante receber uma pena de multa (este art. 176 prevê pena de detenção de 15 dias a 2 meses, ou multa), enquanto que aquele que não pagou a cantina receberia a pena do estelionato (reclusão). Portanto, os tribunais aplicam interpretação extensiva como forma de abrandar disparidades deste tipo, abrangendo todos os estabelecimentos que servirem comida e bebida. Porém, não se admite tal extensão, no entanto, no próprio domicílio do agente, como ocorre nas entregas delivery, tratando-se, neste caso, de estelionato se o sujeito não paga a entrega.
Hotel: local onde se alugam quartos por períodos pré determinados, normalmente estabelecidos por diárias (preço por um dia). Ocorre que, tal qual no caso dos restaurantes, não teria lógica alguma punir quem se aloja no hotel por um dia e não paga com uma pena de multa (ou até perdoado – parágrafo único), e àquele que se hospeda num motel, por algumas horas, seria aplicada pena de reclusão e multa do estelionato (art. 171 CP). Logo, haverá também a extensão a todo lugar que se hospeda mediante pagamento.
Meio de transporte: aquele utilizado para conduzir para conduzir pessoa de um determinado local a outro mediante remuneração. Óbvio que apenas haverá este crime para os meios de transporte cujo de praxe o pagamento se faz após o percurso, como no caso dos taxis. No caso de avião, como a passagem é sempre adquirida antes de a viagem ocorrer, este crime nunca se conforma. Claro que, no caso de pagamento da passagem de avião com cheque cujo não é compensando por falta de fundos após a viagem, o crime é de estelionato (art. 171, § 2º, VI CP). Idem se no caso da corrida do taxi, o agente paga com cheque onde o taxista o descobre sem fundos, haverá estelionato, pois o pagamento foi feito, e o título de crédito que representa o dinheiro é que era imprestável para solver o débito.
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de tomar refeição, alojar-se ou utilizar-se de transporte sem recursos para realizar o pagamento. Segundo a doutrina, não há uma vontade especial, tratando-se de dolo genérico. 
Sem dispor de recursos
Para configuração deste crime, é crucial que o agente não possua recursos para realizar o pagamento. Qualquer fato diverso disso deve ser resolvido na esfera cível. Assim, caso o cliente discorde da conta que lhe foi apresentada, ou que acreditava que poderia pagar com cartão de crédito ou cheque cujo gerente nega essa possibilidade, enfim, toda e qualquer discussão diversa da insuficiência do pagamento da conta, não haverá crime. Claro, no caso concreto é preciso verificar se o sujeito alega discordar da conta para exatamente fugir da fraude ao qual pretende.
Perdão judicial (parágrafo único)
O perdão judicial trata-se de uma causa de extingue a punibilidade do agente (art. 109, IX), ou seja, o sujeito é processado e condenado, mas na sentença o juiz o perdoa, ou seja, deixa de aplicar a pena. Trata-se de uma clemência (perdão) específico do Estado, que, no caso deste crime, será aplicado “conforme as circunstâncias do caso”. Ou seja, como o legislador não estipulou quais são os requisitos para aplicação do perdão judicial, buscamos os requisitos na doutrina e jurisprudência:
1. pequeno prejuízo para o ofendido;
2. réu primário e de bons antecedentes;
3. personalidade não voltada ao crime;
4. estado de penúria: trata-se de pessoa pobre. Não se trata de estado de necessidade (art. 24 CP), onde, se comprovado que o sujeito praticou a conduta em estado de necessidade, não haverá crime por exclusão da antijuridicidade da sua conduta. Na penúria, apesar de parcos recursos, a pessoa não está em estado de necessidade.
Pendura
Por tradição, os acadêmicos de direito costumam comemorar a instalação dos cursos jurídicos no Brasil (11 de agosto) dando penduras em restaurantes, tomando refeições sem efetuar o devido pagamento. A jurisprudência tem entendido não estar configurado este crime pois, em sua grande maioria os estudantes tem condições de pagar a conta, embora não queiram fazê-lo pela “tradição” animados pelo chamado animus jocandi (vontade de diversão). Assim, tratar-se-ia de mero ilícito civil. Porém, há que contextualizar os tempos: alguns estudantes tem nítido ardil e não mais o pendura é diplomático onde previamente era declarada a intenção ao comerciante, e nem se pode olvidar que os tempos são outros, a realidade econômica do país tem de ser levada em consideração. Portanto, o comerciante ludibriado por estudantes que não desejem simplesmente comemorar o dia 11 de agosto através de pedidos singelos e de valor razoável, mas sim causar prejuízo de monta através de fraude, como forma de demonstrar poder e esperteza nos meios acadêmicos, haverá de ser considerado o crime de estelionato (art. 171 CP).
Consumação e Tentativa
É crime material, exigindo resultado naturalístico, que consiste no prejuízo da vítima. Aliás, os verbos indicam exatamente o resultado do crime: tomar, alojar-se ou utilizar-se, que remonta ao serviço efetivamente realizado pelo ofendido. Admite a tentativa, v.g., tão logo o taxista inicia a corrida, o sujeito deixa sua carteira cair e o taxista verifica inexistir qualquer dinheiro para realizar o pagamento.
Ação Penal (parágrafo único)
Trata-se de ação penal pública condicionada a representação, ou seja, comete a vítima agir para o Ministério Público poder denunciar.
Pena
Detenção de 15 dias a 2 meses ou multa.
Art. 177, CP
“Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: 
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todoou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.”
Nomen juris: Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações
Subsidiariedade
Todas as figuras criminosas arroladas por este dispositivo são subsidiárias por força expressa (subsidiariedade expressa) do preceito secundário. Assim, “se o fato constitui crime contra economia popular”, não se aplica o artigo 177 CP. Os crimes contra economia popular estão catalogados na L. 1.521/51, e ocorrerão sempre que o fato praticado tenha lesado ou posto em risco as economias de indefinido número de pessoas, e não de algumas ou poucas.
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, o pratica o fundador da sociedade por ações no caput, havendo, em cada uma das figuras equiparadas dos incisos I a IX do § 1º, sujeito ativo próprio (crime próprio).
Sujeito passivo: qualquer pessoa que subscreva o capital e a própria sociedade como um todo vez que todos estão sujeitos à comunicação fraudulenta e ser prejudicados. No tocante à figura equiparada prevista no § 1º, inciso IX, figura como vítima o próprio Estado (“falsa informação ao governo”).
Elemento Objetivo
O verbo, o núcleo do tipo na conduta fundamental ou raiz (caput) é “promover” (fundação de sociedade por ações) que significa provocar, gerar ou originar uma informação falsa, que pode se dar mediante uma afirmação falsa (crime comissivo – ação) ou ocultação fraudulenta (crime omissivo – inação). Assim o sujeito promove uma sociedade por ações falseando o prospecto ou a comunicação ao público ou assembleia. 
Sociedade por ações: aquela cujo capital (investimento) é dividido em frações, representada por títulos que são chamados de ações. A conduta de falsear recai sobre o prospecto (material impresso) ou comunicação (qualquer meio de transmissão da mensagem, escrito ou falado).
Público: são as pessoas que poderão subscrever o capital social.
Assembleia: é o agrupamento de pessoas que já está formando a sociedade.
Não obstante, várias são as figuras equiparadas previstas no parágrafo primeiro, cujas condutas eleitas (verbos) pelo legislador muito se assemelham ao caput.
I. “afirmar” ou “ocultar”: trata-se do mesmo núcleo do caput.
II. “promover” falsa cotação: significa gerar ou dar causa à uma irreal visualização do preço.
III. “tomar” empréstimo ou “usar” bens ou haveres sociais: é tanto conseguir um empréstimo à sociedade como servir-se de seu patrimônio (bens ou haveres), sem a devida autorização.
IV. “comprar” ou “vender” ações emitidas pela própria sociedade: é adquirir ou alienar ações emitidas pela sociedade em nome da própria sociedade. A L. 6.404/76, em seu art. 30, § 1º veda expressamente a negociação com próprias ações, apenas permitindo algumas operações, como: resgate, reembolso ou amortização, restituições etc., de acordo com as normas expedidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão criado para disciplinar e fiscalizar o mercado de ações.
V. “aceitar” em penhor ou caução como garantia da própria sociedade: quando se vende ações de uma sociedade é imprescindível que a sociedade tenha a receber crédito de terceiros, ainda que o próprio acionista. Aceitar ações da própria sociedade para garantir créditos da própria sociedade é nitidamente fraudulento porque a pessoa não pode ser ao mesmo tempo credora e garantidora do crédito. Penhor é um direito real que vincula uma coisa a uma dívida, tornando-se a coisa garantia da dívida. Caução é o depósito efetivado como garantia de uma obrigação assumida.
VI. “distribuir”: é entregar, atribuir ou colocar à disposição lucros ou dividendos fictícios, ou seja, que não correspondam à realidade do caixa da sociedade.
VII. “conseguir” aprovação de conta ou parecer: o sujeito obtém aprovação das contas se valendo de terceira pessoa que surge na assembleia para votar, embora não seja acionista habilitado a fazê-lo, ou então, a pessoa é acionista que está macomunado (cooperando - concurso de agentes) com o sujeito ativo para prejudicar a sociedade ou os demais acionistas.
VIII. liquidante que pratica as condutas anteriores: dissolvida a sociedade judicialmente, é nomeado uma pessoa que deve praticar uma série de atos para proceder a liquidação (art. 1.102 e seguintes do CC - pagamento de contas e regularização de procedimentos etc.). Assim, o liquidante também pode praticar este crime.
IX. representante da sociedade anônima estrangeira que pratica dos fatos do inciso I e II, ou “dar” falsa informação ao governo: também é uma remissão aos crimes anteriores, diferenciando apenas o sujeito ativo bem como acrescentando como ofendido o próprio Estado (falsa informação ao governo).
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de afirmar ou ocultar dado relevante (caput), com consciência da falsidade, ou realizar quaisquer das condutas equiparadas (§ 1º). Há dolo genérico, ou seja, não trouxe o legislador um especial fim de agir do agente, contentando-se para conformação do crime, a simples conduta.
Formas equiparadas (§ 1º)
O legislador previu algumas condutas que se equiparam ao tipo fundamental (caput), inclusive, prevendo às condutas previstas nos incisos I a IX tanto a mesma pena abstrata àquele tipo quanto a subsidiariedade expressa - “se o fato não constitui crime contra economia popular.” Como as figuras previstas neste parágrafo são raiz do caput, a classificação muito se assemelha, razão pela qual apenas pontuaremos os dados diferenciadores em cada uma das condutas equiparadas (já analisadas quando do estudo do tipo objetivo), sendo certo que, quanto ao mais, aquilo falado quanto ao caput se aplica.
Forma privilegiada (§ 2º)
Na maioria dos crimes estudados, quando verificamos haver uma circunstância privilegiadora esta se apresenta na forma de uma redução de pena, ou seja, em alguma fração redutora da pena aplicada no tipo simples ou mesmo na forma qualificada. Neste caso, a circunstância privilegiadora se apresenta na forma de uma pena (detenção de 6 meses a 2 anos, e multa), que, pode-se afirmar ser privilegiada em relação à pena aplicada ao tipo fundamental (caput) e suas formas equiparadas (§ 1º), pois estas possuem pena de reclusão de 1 a 4 anos, e multa. 
Tipo objetivo: a conduta é “negociar”, que significa ajustar, o comercializar, a compra e venda de voto nas deliberações da assembleia geral. É a troca: o voto dado num ou outro sentido para receber um retorno qualquer. Observe-se que a L. 6.404/76 prevê a possibilidade de acordo de acionistas, inclusive quanto ao direito de voto (art. 118), logo, a incriminação existirá quando a negociação não estiver revestida das formalidades legais ou contrariar dispositivo expresso em lei.
Tipo subjetivo: a conduta é dolosa, consistente na vontade de negociar o voto paraobter vantagem para si ou outrem (dolo específico).
Sujeitos do delito: sujeito ativo somente pode ser o acionista (crime próprio); sujeito passivo são os demais acionistas e a própria sociedade.
Consumação: com a só negociação do voto, independentemente do seu próprio pronunciamento na assembleia, pois o tipo tem a locução “negocia” “a fim de obter vantagem”, ou seja, esta não é exigida. Há apenas que ressaltar que a L. 6.404/76 autoriza o acordo de acionistas e a tutela penal apenas recairá quando tal acordo advier de conduta criminosa com dolo específico, conforme observado acima.
Consumação e Tentativa
Tanto a forma simples prevista no caput, como as figuras equiparadas (§ 1º) e a privilegiada (§ 2º) se tratam de crime formal, consumando-se com a simples conduta prevista em cada uma das figuras, independentemente de qualquer resultado lesivo.
Ação Penal
Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Pena
Forma simples (caput) e equiparada (§ 1º): reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
Forma privilegiada (§ 2º): detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.
Art. 178, CP
“Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
Nomen juris: Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, o pratica somente o depositário das mercadorias, obrigado a emitir os títulos de crédito de acordo com as normas legais vigentes.
Sujeito passivo: a pessoa detentora do título, o portador ou endossatário dos títulos, que foi lesada por conta da emissão irregular.
Elemento Objetivo
A conduta, o verbo é “emitir”, que significa pôr em circulação o título. Conhecimento de depósito e warrant são elementos normativos do tipo, inclusive, são normas penais em branco (precisam de complemento), pois a forma de sua emissão é disposta pelo Decreto 1.102/1903. Ambos são os chamados títulos armazeneiros que são emitidos por empresas de Armazéns gerais e entregues ao depositante, que com eles fica habilitado a negociar as mercadorias em depósito, passando assim a circular, não as mercadorias, mas os títulos que a representam. Nos primórdios, bastava a simples locação dos armazéns para o proprietário das mercadorias deixar com o proprietário do armazém. Com o passar dos tempos essa relação meramente locatício cedeu lugar à “mobilidade” das mercadorias em depósito, de modo a se emitir títulos que representasse essas mercadorias, então temos:
Conhecimento do depósito é um título de representação e legitimação daquelas mercadorias, ou seja, representa a mercadoria e legitima o seu portador como proprietário da mesma. O proprietário das mercadorias tem um recibo de depósito de guarda nos armazéns derivado do contrato de depósito, que atesta não só o depósito, mas as próprias mercadorias, logo, este recibo é suscetível de transferência (endosso) que é feito mediante o conhecimento do depósito e warrant.
Warrant: enquanto o conhecimento do depósito incorpora o direito de propriedade sobre as mercadorias depositadas, o warrant representa o valor do crédito sobre as mercadorias. É um título de crédito que constitui uma promessa de pagamento, ou seja, o subscritor ao mesmo tempo se obriga a pagar certa soma em dinheiro no vencimento e confere ao portador e portadores sucessivos um penhor sobre as mercadorias depositadas. Ou seja, um descreve as mercadorias e seu proprietário; outro serve como transferência dessas mercadorias como garantia de pagamento no negócio (pois serve como penhor). Portanto, estes títulos andam juntos, mas podem ser negociados separadamente. Com o conhecimento do depósito em mãos, o depositante de mercadorias em um armazém pode negociá-los livremente, bastando endossar o título. Caso queira um financiamento, pode dar as mercadorias depositadas como garantia, de forma que endossa o warrant. 
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de emitir os títulos, ciente da sua irregularidade (dolo direto). Não há um fim específico do agente, logo, trata-se do dolo genérico. 
Consumação e Tentativa
Com a circulação dos títulos, independentemente de efetivo prejuízo. Trata-se, por isso, de crime formal, pois não há necessidade do desfalque patrimonial para sua consumação (a conduta é meramente “emitir”). Exatamente por isso a tentativa torna-se inadmissível, ou coloca o título em circulação, havendo consumação, ou não o coloca, não havendo crime.
Ação Penal
Trata-se de ação penal pública incondicionada.
Pena
Reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
Art. 179, CP
“Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.”
Nomen juris: Fraude à execução
Diferença da fraude contra credores
O CP não pune neste dispositivo a fraude contra credores, cuja diferença buscamos em Humberto Theodoro Jr.: “a) a fraude contra credores pressupõe sempre um devedor em estado de insolvência e ocorre antes que os credores tenham ingressado em juízo para cobrar seus créditos; é causa de anulação do ato de disposição praticado pelo devedor; b) a fraude de execução não depende, necessariamente, do estado de insolvência do devedor e só ocorre no curso de ação judicial contra o alienante; é causa de ineficácia da alienação.” (Humberto Theodoro Jr, RT, CPP Comentado, 2002, p. 101, neste sentido Nelson Nery Jr., CPC Comentado, RT, 2006, p. 849).
Objetividade Jurídica
Tutela-se o patrimônio. O sujeito passa a se desfazer de seus bens visando que o credor no processo cível, não consiga encontrar valores ou patrimônio para satisfazer seu crédito.
Sujeitos do delito
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, o pratica o devedor demandado judicialmente por dívida (executado).
Sujeito passivo: o credor que aciona o devedor (exequente).
Elemento Objetivo
O núcleo do tipo, o verbo é “fraudar” que significa lesar, iludir ou enganar com o fito de obter proveito. O agente frustra a execução judicial de uma dívida tornando-a irrealizável pela inexistência (real ou simulada) de bens que a garantam. Execução (ou Liquidação de sentença) é o processo instaurado onde se visa cumprir, compulsoriamente, uma sentença. O legislador taxou as formas como o sujeito frustra a execução, tratando-se de um crime misto alternativo, ou seja, apenas uma das condutas é bastante para consumação do crime:
1. alienando: onerando, vendendo o bem.
2. desviando: mudar o lugar ou a posição de, deslocar.
3. destruindo: significa extinguir, eliminar os bens.
4. danificando: significa arruinar, estragar os bens.
5. simulando dívidas: o sujeito inventa dívidas com terceiras pessoas dando seus bens como forma de pagamento dessas dívidas, o que na verdade tudo não passa de um conluio com o “suposto” credor destas dívidas, onde os contratos ou títulos que representam tais dívidas são fruto de fraude visando frustrar o pagamento da execução.
Lei especial
Tratando-se de devedor comerciante, poderá tipificar o crime de Fraude contra credores (art. 168) ou Favorecimento de credores (art. 172), crimes específicos da lei de falência - L. 11.101/05.
Elemento Subjetivo
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de fraudar a execução, praticando as condutas arroladas pelo legislador visando tornar irrealizável a constrição dos bens pra garantir a dívida. Há dolo específico, que é o fim especial de conseguir proveito próprio (frustrar já significa tirar proveito), impedindo que a dívida recair sobre seu patrimônio e, consequentemente, que o credor receba o que de direito. Não existe forma culposa. 
Ciência da ação
Para que o crime de conforme, há necessidade que o sujeito saiba da ação judicial em execução e que a diminuição de seu patrimônio torne impossível a execução da dívida. Como o crime exige dolo específico, não sabendo da ação, não há como se cogitar em frustração de algo que não se tem ciência. Não obstante, apesar de saber de uma dívida,o sujeito pode ter patrimônio maior que a dívida e suficiente para saldá-la, logo, nada o impede de desfazer-se de parte deste patrimônio, desde que o restante seja suficiente e esteja livre de quaisquer outros ônus que impeçam servir de garantia da dívida. A mera propositura de uma ação não pode tornar indisponível todo o patrimônio do devedor. Por exemplo, a execução diz respeito a 10 mil reais, e o sujeito possui três imóveis de alto valor, nada impede de vender um destes imóveis. No tocante à chamada citação por edital (art. 231 do CPC), tal ocorre de forma ficta pois o devedor não foi encontrado, há uma ficção jurídica onde acredita-se que aquele sujeito citado por edital leu o edital e sabe da ação, acreditamos que deve-se comprovar sua má fé, ou seja, que passou a desfazer-se do patrimônio dolosamente. Isso porque o direito penal não pode valer-se de presunções ou ficções jurídicas para levar a condenação de alguma pessoa, há que se ter prova do dolo do agente no sentido de frustrar propositadamente a dívida.
Consumação e Tentativa
Trata-se de crime material. É exigível o resultado que consiste na diminuição do patrimônio a que tem direito o credor. Logo, a consumação dá-se no momento em que a execução do crédito torna-se irrealizável, através da alienação, desvio, destruição, danificação ou simulação de dívidas.
Ação Penal (parágrafo único)
Trata-se de ação penal privada, mediante interposição de queixa crime. Entretanto, caso a vítima (exequente no processo cível) seja a União, Estado ou Município a ação será pública incondicionada por força do art. 24, § 2º do C.P.P.
Pena
Detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.
 
Exercício 1:
São crimes contra o patrimônio:
A)
roubo, furto, estelionato e lesão corporal
B)
roubo, furto, estelionato e usurpação de águas
C)
roubo, furto, estelionato e peculato
D)
 roubo, furto, estelionato e moeda falsa
E)
roubo, furto, estelionato e injúria
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
B) 
Exercício 2:
Paulo havia trabalhado como cobrador no asilo Alpha e, por isso, conhecia a lista das pessoas que contribuíam através de donativos para aquela entidade beneficente. Após ter deixado o referido emprego, Paulo procurou uma dessas pessoas e, dizendo-se funcionário do asilo Alpha, recebeu donativo de R$ 1.000,00 (um mil reais), que consumiu em proveito próprio. Nesse caso, Paulo responderá por crime de:
A)
furto simples
 
B)
furto qualificado pela fraude
 
C)
apropriação indébita
 
D)
estelionato
 
E)
extorsão
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
D) 
Exercício 3:
Pedro ateou fogo em sua loja de tecidos, com a finalidade de obter o respectivo seguro, colocando em risco os imóveis vizinhos. Em razão dessa conduta, Pedro responderá por crime de:
A)
perigo para a vida ou saúde de outrem
 
 
 
B)
incêndio culposo
 
C)
estelionato qualificado pela fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
D)
incêndio doloso qualificado pelo intuito de obter vantagem econômica em proveito próprio
 
E)
estelionato simples.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
C) 
D) 
Exercício 4:
Paulo postou-se em frente a um restaurante e apresentou- se como manobrista a um freguês que chegou para jantar. Entregou-lhe um papel com um número e recebeu deste as chaves o veículo, do qual se apossou, fugindo do local. Paulo responderá por crime de:
A)
apropriação indébita;
B)
estelionato;
C)
furto qualificado pela fraude;
D)
furto simples;
 
E)
furto com abuso de confiança.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
E) 
A) 
B) 
Exercício 5:
Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, se o agente, para obter vantagem ilícita em prejuízo alheio, falsifica documento público, responderá por:
A)
estelionato
B)
estelionato e falsificação de documento público, em concurso material
 
C)
falsificação de documento público
D)
estelionato e falsificação de documento público, em concurso formal
E)
estelionato e falsificação de documento público, em continuidade delitiva
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
B) 
D) 
E) 
A) 
Exercício 6:
B sempre deixa seu carro no mesmo estacionamento. C, querendo apossar-se do automóvel, vai a esse estacionamento e diz ao manobrista que foi buscar o carro a pedido de B. O manobrista lhe entrega o veículo; C assume a direção e deixa o local. Sobre a conduta de C, é correto afirmar tratar-se de:
A)
estelionato
B)
furto mediante fraude
C)
apropriação indébita
D)
furto qualificado pelo abuso de confiança
E)
apropriação de coisa havida por erro.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
C) 
E) 
D) 
B) 
A) 
Exercício 7:
O motorista e o estoquista de um depósito de bebidas resolvem, de comum acordo, cometer delito contra a empresa. Para tanto o estoquista altera um pedido de entrega, acarretando que o fiscal entregue ao motorista do caminhão mercadorias a mais, que não constavam do pedido original. Ao final do expediente o motorista se apropria das bebidas, conforme anteriormente combinado com seu colega de trabalho. Nesse caso,
A)
ambos cometem crime de furto qualificado pelo abuso de confiança
B)
o motorista comete crime de apropriação indébita qualificada e o estoquista de estelionato
C)
ambos cometem crime de apropriação indébita qualificada
D)
o motorista comete crime de apropriação indébita e o estoquista de furto qualificado
E)
ambos cometem crime de estelionato
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) 
A) 
C) 
A) 
A) 
E) 
Exercício 8:
Considere as afirmações relativas ao artigo171, CP:
  
I – a vantagem pode ser lícita ou ilícita
  
II – ardil é o emprego de aparato material para enganar a vítima, enquanto que artifício é a conversa enganosa
  
III – por ser crime formal, a consumação ocorre com a obtenção da vantagem patrimonial
  
Diante das as assertivas, é certo afirmar:
 
Para consulta:
“ Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155,
§ 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Estelionato contra idoso
                                      
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso”. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
A)
somente a I é correta
B)
somente a II é correta
C)
somente a III é correta
D)
todas são corretas
E)
todas são incorretas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) 
E) 
Exercício 9:
Qual é a ação penal cabível no estelionato?
Para consulta:
Art. 171, CP - "Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento". 
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
 
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
C) 
Exercício 10:
Qual é a pena do estelionato ?
Para consulta:
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:”
A)
Reclusão, de 01 a 04 anos, e multa
B)
Reclusão, de 01 a 04 anos
C)
Reclusão, de 01 a 05 anos, e multa
D)
Reclusão, de 02 a 06 anos, e multa
E)
Reclusão, de 02 a 06 anos.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
C) 
Exercício 11:
Dentre os meios de execução descritos na construção típica, qual se vale da interpretação analógica ?
Para consulta:
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:”
A)
Mediante ardil
B)
Mediante artifício
C)
Mediante concupiscência
D)
Mediante qualquer outro meio fraudulento
E)
Mediante torpeza
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) 
Exercício 12:
No que tange o momento consumativo,  estelionato é classificado:
A)
Crime formal
B)
Crime permanente
C)
Crime material
D)
Crime vago
E)
Crime de próprio
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) 
A) 
C) 
Art. 180, CP
“Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro”. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)”
Art. 180-A, CP
“Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”
Nomen juris: Receptação (art. 180) e receptação animal (art. 180-A)
Objetividade jurídica 
Inviolabilidade patrimonial
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa
Sujeito passivo 
É a pessoa que figura como vítima do crime anterior.
Receptação dolosa simples (art. 180, caput)
Tipo objetivo: 
A receptação é um crime acessório, pois a sua existência pressupõe a ocorrência de um crime anterior. Como a lei se refere a crime anterior, aquele que adquire produto de contravenção não pratica receptação.
- núcleos: adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar ou influir. A modalidade ocultar é similar ao crime do artigo 349 (favorecimento real). A diferença recai no fato de que, no art. 180, o receptador visa o seu próprio proveito ou o proveito de terceiro, que não o autor do crime antecedente. Já no artigo 349, o agente visa beneficiar o autor do crime antecedente. A modalidade transportar significa levar de um lugar a outro. Já conduzir significa estar na direção de um veículo. Adquirir é o ato de obter a propriedade da coisa de forma onerosa ou gratuita. A aquisição pode ser por título causa mortis, mas desde que o herdeiro saiba da sua origem ilícita (ou seja, que o de cujus veio obter a coisa de modo criminoso). As modalidades ocultar, transportar e conduzir constituem crimes próprios. Nos verbos adquirir e receber, o crime é instantâneo, consumando-se no exato momento em que o agente realizar o elemento descritivo. 
- coisa que sabe ser produto de crime: é o objeto material. O instrumento utilizado na prática do crime não pode ser objeto de receptação (obs: a arma poderá também ser produto quando ela pertencia à vítima e foi usada para exercer grave ameaça). Produto: pode ser direto ou indireto – ex: objeto oriundo de dinheiro furtado.
- quanto ao bem:
Fragoso e Mirabete entendem que no caso de imóvel produto de crime (ex: estelionato), a prática de receptação é possível, pois o artigo 180 não teria empregado a expressão coisa móvel. Porém, o entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência é no sentido de que a expressão coisa móvel não consta no tipo porque o legislador entendeu que seria desnecessária, por ser da própria natureza da receptação a necessidade de deslocamento. É possível receptação de receptação (receptação em cadeia), mas para tanto todos os envolvidos devem saber, ou ter condições de saber, da origem ilícita do bem.
Modalidades
1- própria: apresenta 5 verbos (adquirir, receber, ocultar conduzir e transportar). Conforme já apontado, os dois primeiros verbos constituem crimes instantâneos. Já os 3 últimos, crimes permanentes. Só haverá esta receptação quando o agente souber da origem ilícita do bem. Só admite o dolo direto (não admite do dolo eventual) – obs: se a pessoa está na dúvida, mas mesmo assim comprou, responderá por culpa (quando há a expressão: sabe, conhece etc, só se admite o dolo direto. Portanto, na receptação própria o agente adquire, recebe etc coisa que sabe ser produto de crime. Conforme já exposto, nas condutas transportar, conduzir e ocultar o crime será permanente. Nas condutas adquirir e receber, o crime é instantâneo. Admite-se em todas as hipóteses a tentativa. Constituem, todas, crime material.
2- imprópria: apresenta o verbo influir, que é o instigar o tentar convencer alguém (terceiro), de boa-fé (elemento normativo), a adquirir, receber ou ocultar objeto produto de crime. O terceiro de boa-fé á aquele não sabe da origem ilícita do bem e por isto não poderá ser punido por receptação dolosa. O intermediário (que é aquele que influencia), por sua vez,  tem que saber da origem ilícita. O intermediário age entre o autor do crime e o terceiro d e boa-fé, influenciando-o, Se o terceiro está de má-fé, o intermediário é partícipe na receptação própria cometida por este 3º. Não admite, também, o dolo eventual em relação ao intermediário. Consumação: a consumação delitiva ocorre no momento em o intermediário mantém contato com o 3º de boa-fé, visando convencê-lo a adquirir, receber ou ocultar objeto, mesmo que isto efetivamentenão venha a ocorrer, tendo em vista que constitui crime formal – ex: se o intermediário oferece e o 3º não aceita, o crime está consumado. Tentativa: não é admitida, pois ou o indivíduo aceita e o crime está consumado ou não aceita e não haverá crime (em tese é  possível na forma escrita).
Tipo subjetivo 
Dolo. Tendo em vista que o legislador empregou a expressão “que sabe”, será admitido, somente, o dolo direto, não se admitindo o dolo eventual. Consta, ainda, a necessidade de caracterização do elemento subjetivo do injusto, preconizado pela finalidade de se obter proveito ilícito para o próprio agente ou para outrem.
Receptação dolosa qualificada (Artigo 180, § 1º)
Dá-se quando o fato ocorre não exercício de atividade comercial ou industrial e o agente deve saber da origem ilícita. A atividade comercial constitui elemento normativo do tipo, cujo conceito é traçado pelo direito mercantil. De qualquer forma, a atividade mercantil deve ser praticada com habitualidade, caso contrário restará caracterizado o tipo previsto no caput.
Sujeito ativo 
Crime próprio, pois só pode ser cometido por quem está no exercício do comércio ou de atividade comercial. 
Tipo objetivo
O tipo emprega vários núcleos, constituindo crime de ação múltipla. Emprega, ainda, interpretação analógica. 
Consumação
O tipo é crime material, consumando-se com a prática de qualquer das condutas de forma que implique na obtenção da res. É admissível a tentativa.
Elemento subjetivo
Dolo eventual. O legislador emprega a expressão “deve saber”, o que nos leva a concluir que o dolo é eventual. Assim, devemos indagar: e se o comerciante age com dolo direto? Há entendimento em ambos os sentidos. A corrente majoritária entende que abarcaria também o dolo direto.
Figura equiparada (art. 180, § 2º)
Trata-se de norma penal explicativa. Equipara-se à figura de comerciante aquele que exerce as suas funções na clandestinidade ou irregularidade, inda que exercido em residência – ex camelô, comerciante irregular etc.
Receptação culposa (art. 180, § 3º)
Núcleos: adquirir ou receber. O verbo ocultar não está previsto pelo fato de que quem esconde sabe da origem ilícita. Só haverá a conduta culposa, se o juiz concluir que no caso concreto o agente, em comparação com o homem médio, deveria ter presumido a procedência ilícita em razão de um dos seguintes parâmetros: (tais parâmetros estabelecem uma exceção nos crimes culposos, no sentido que constituiria tipo fechado. Normalmente os tipos culposos constituem tipos abertos). 
Desproporção entre o valor de mercado e o preço pago
A conduta culposa somente aparece quando a desproporção de preço é considerável ao ponto de se concluir que o homem médio desconfiaria da conduta. Exige-se a avaliação pericial para se comprovar o preço de mercado. 
- a própria natureza do objeto que pressupunha cuidados especiais na aquisição, recebimento etc. Ex: comprar arma desacompanhada de registro
- a condição do ofertante. Ex: pessoa que não tenha condição de ter um bem daquele valor.
Consumação 
Quando o agente adquire ou recebe. A tentativa não é admitida
Art. 180, § 4º
Trata-se de norma penal não incriminadora explicativa. A receptação é punível ainda que desconhecido o autor do crime do qual proveio a coisa. Caso o delegado consiga identificar o autor do crime e o receptador, os crimes serão conexos e o juiz irá julgar primeiro o furto e depois a receptação. Caso o ladrão seja absolvido (crime principal), o juiz só poderá condenar o receptador se não houver incompatibilidade entre o decreto absolutório, quanto aos seus motivos, e a receptação. Haverá  incompatibilidade nos seguintes casos: art. 386, I, II, III, IV e V, CPP. A isenção de pena em relação ao agente do crime anterior não descaracteriza a receptação nos seguintes casos:
- excludentes da culpabilidade
- escusas absolutórias
Art. 180, § 5º
1ª parte:
Natureza jurídica: perdão judicial. Requisitos:
1-    que o agente seja primário;
2-    que as circunstâncias indiquem que o fato é de pouca gravidade – ex: receptação de objeto de pequeno valor. (obs/ este requisito é aberto, pois deixa ao juiz avaliar no caso concreto).
2ª parte:
Dispõe que será aplicada à receptação dolosa as regras do furto privilegiado. Conseqüentemente não se aplica à receptação culposa.
Causa de aumento de pena (art. 180, § 6º)
A pena será aplicada em dobro se o objeto pertencia a União, Estados, Municípios, concessionários de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Esta causa de aumento de pena só se aplica à receptação dolosa do caput, pois o agente deve saber da origem criminosa e que os bens pertenciam a estas pessoas públicas
Efeito da Condenação
A Lei 13.804, de 10.01.2019, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos crimes de contrabando, descaminho, furto, roubo e receptação inseriu o artigo 278-A no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) prevendo que o condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, descaminho, contrabando, previstos nos artigos 180, 334 e 334-A do Código Penal, condenado por um desses crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Receptação animal (art. 180-A)
Como se pode perceber, a receptação animal é uma qualificadora da receptação comum (art. 180 CP), conforme estudo já realizado. Restam apenas algumas questões específicas a este crime:
1. receptação animal privilegiada:o legislador se olvidou de estender o benefício do § 5º do artigo 180 do CP (criminoso primário e coisa receptada de pequeno valor) ao novo crime de receptação de animal. Como seria desproporcional aplicar essa benesse a um crime mais grave (artigo 180, § 1º do CP) e vedá-la ao delito de igual natureza e menos grave (artigo 180-A do CP), é perfeitamente possível a analogia in bonam partem, método de colmatação do ordenamento jurídico penal. 
2. receptação animal culposa: caso o agente adquira ou receba animal que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deva presumir-se obtida por meio criminoso, responde pela figura culposa do artigo 180, §3º do CP, desde que haja elementos acerca da origem ilícita da res.
3. concurso de crime: pode ocorrer o concurso de crimes entre crime ambiental de maus-tratos (artigo 32 da Lei 9.605/98) e abigeato ou receptação de animal, tendo em vista que há proteção a bens jurídicos distintos, ou tampouco a aplicação do princípio da consunção caso o animal seja atingido única e exclusivamente como meio para a concretização do furto ou receptação.
Consumação e tentativa
Na receptação própria (art. 180, caput primeira parte), na qualificada (§1º) e na receptação anila (art. 180-A), o crime é material, exige o resultado naturalístico advindos das condutas previstas (adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar – art. 180 CP – além de ter em depósito ou vender - art. 180-A). Já na receptação imprópria, o legislador exigiu a conduta de só “influir”, sem necessidade de ocorrer o resultado previsto (adquirir, receber ou ocultar), logo, trata-se de crime formal. Logo, em ambas admite-se a tentativa, mesmo na imprópria, basta verificar a conduta do sujeito que pratica vários atos para influenciar alguém a adquirir a coisa, quando é interrompido no curso da ação.
Ação Penal
É pública incondicionada.
Pena
Receptação simples (própria ou imprópria – caput): reclusão de 1 a 4 anos, e multa
Receptação qualificada (§§ 1º e 2º): reclusão de 3 a 8 anos, e multa
Receptação culposa (§ 3º): detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas.
Receptação privilegiada (§ 5º, segunda parte): a) substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuí-la de 1 a 2/3; c) aplicar somente a pena de multa.
Perdão judicial (§ 5º, primeira parte).
Causa de aumento de pena (§ 6º): aplica-se a pena em dobro.
Receptação animal (art. 180-A): reclusão de 2 a 5 anos e multa.
Artigo 181, CP
“É isento de pena quem comete qualquer dos crimesprevistos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”.
Imunidades Absolutas
Por uma questão de política criminal, o CP veio a prever hipóteses em que haverá imunidades absolutas para os crimes contra o patrimônio, o que significa que sequer poderá ser instaurado inquérito policial, salvo se houver participação de terceira pessoa. Isso se deve ao fato que tais imunidades são concedidas nas hipóteses em que o crime for praticado no seio familiar, não havendo, portanto, alarde social. São denominadas escusas absolutórias.
Natureza jurídica 
São causas extintivas da punibilidade, o que significa que subsiste o crime e a culpabilidade, não havendo somente, punibilidade. Estará isento de pena aqueles que vieram a cometer crime contra o patrimônio, sem violência ou grave ameaça, em prejuízo:
1. do cônjuge, na constância da sociedade conjugal. Entende-se por casamento civil legítimo em vigor.
Discute-se a situação do companheiro – união estável, sendo a posição predominante que sim.
2. de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Diz respeito ao crime contra o patrimônio praticado contra ascendente (pais, avós, bisavós e tetraavós) ou descendente (filhos, netos, bisnetos e tetranetos), seja o parentesco civil (adoção) ou natural.
Não será beneficiado com a imunidade o terceiro estranho à relação familiar, seja na qualidade de co-autor ou partícipe – artigo 183, CP.
Artigo 182, CP
“Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita”.
Imunidades Relativas
Nessa hipótese, em razão da relação do agente com a vítima, fica ao alvedrio desta a representação, o que significa que há crime, culpabilidade e punibilidade, mas a ação penal pública está condicionada à representação, constituindo-se, assim, esta hipótese, condição de procedibilidade.
Hipóteses em que o crime é praticado em prejuízo:
1. do cônjuge desquitado ou judicialmente separado: havendo divórcio, não há a mencionada imunidade;
2. de irmão, legítimo ou ilegítimo. Basta que seja irmão, não importando a espécie.
3. de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Não basta ser tio ou sobrinho, devendo a vítima coabitar com o mesmo, ou seja, devem viver sob o mesmo teto.
Este artigo só subsiste se o crime praticado for de ação penal pública incondicionada. Ser for de natureza privada ou pública condicionada, continuará a sê-lo.
Artigo 183, CP
“Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
O texto é objetivo, no sentido de apontar hipóteses em que não se aplicam os artigos 181 e 182.
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
“Tutela-se expressamente com o dispositivo o direito autoral, que pode ser conceituado como os direitos que o criador detém sobre sua obra, fruto de sua criação, e o que lhe são conexos” (Mirabete, p. 362/363). Interesse econômico e moral do autor da obra. Elemento do tipo: violar (ofender ou transgredir) direitos de autor e os que lhe são conexos (editora ou gravadora de divulgar e vender, etc.), tratando-se de uma norma penal em branco, pois necessita de vinculação com as leis que protegem o direito de autor (Lei nº 9.610/98). Abrange a obra literária, científica e artística. Os direitos do autor são reputados bens móveis (art. 3º Lei nº 9610/98). A violação do direito autoral pode ocorrer através de contrafação (publicação ou reprodução abusiva); publicação sem autorização ou excedente ao contratado; tradução não consentida; modificação; plágio. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o autor da obra, seus herdeiros ou sucessores e os detentores dos direitos conexos, não havendo nada que impeça que por cessão a pessoa jurídica possa vir a ser o titular do direito de autor (pessoa física). O elemento subjetivo é o dolo genérico para a figura do caput e dolo com especial finalidade de agir para os crimes qualificados, consistente na intenção de obter lucro, direito ou indireto. O crime se consuma com a violação (cópia, divulgação, compra, distribuição, etc.) de direito autoral ou conexo. A pena é de detenção de 3 meses a 1 ano ou multa.
O tipo apresenta três formas qualificadas qualificadas (reclusão de 2 a 4 anos e multa)
a) se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente;
b) com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente;
c) se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente.
A ação penal observará o disposto no artigo 186 do Código Penal, razão pela qual será privada no caput, pública incondicionada nos §§ 1º e 2º e contra entidades de direito público e pública condicionada no § 3º.
Finalmente, conforme dispõe o § 4º, não se aplicam os §§ 1º, 2º e 3º quando se tratar de exceção ou limitação de direito autoral, nos termos do art. 46 da Lei 9610/98, bem como autorizou o legislador a cópia de obra intelectual ou fonograma, quando feita em um só exemplar, para uso privado do copista, desde que não haja intuito de lucro.
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO
O artigo 197 do CP prevê o crime de Atentado contra a liberdade de trabalho. Os crimes previstos neste título protegem o bem jurídico liberdade de trabalho. Este delito tem por comportamento incriminado a conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias (pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência) ou II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica (pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência). Já o artigo 198 do CP tipifica a conduta de Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta, punindo-a com pena de detenção de 1 mês a 1 ano e multa, além da pena correspondente à violência. Configura o crime a conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola. No artigo 199 do CP encontra-se previsto o crime de Atentado contra a liberdade de associação, em que há a tipificação do comportamento de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinadosindicato ou associação profissional, o qual é punido com pena de detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
A Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem está prevista no artigo 200 do CP da seguinte forma: “participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa”, com pena de detenção, de 1 mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Por sua vez, o legislador também incriminou Paralisação de trabalho de interesse coletivo (art. 201 do CP), na qual seria crime a conduta de “participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo” (pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa). No entanto, a questão a ser discutida aqui é o direito de greve previsto constitucionalmente, assim, para o fato se tornar atípico, deve-se respeitar o mínimo previsto para o serviço essencial. A Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem está prevista no artigo 202 do CP, cujo comportamento delitivo é: “invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor”, impondo-se pena de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
A Frustração de direito assegurado por lei trabalhista, a (art. 203 do CP) é o delito de frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho, cuja sanção penal é de detenção de 1 a 2 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. A frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho está prevista no artigo 204 do CP (“frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho”), com pena de detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Importante comportamento delitivo é o Exercício de atividade com infração de decisão administrativa, previsto no artigo 205 do CP, em que o sujeito ativo exerce atividade, de que está impedido por decisão administrativa, razão pela qual será punido com detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. O Aliciamento para o fim de emigração, tipificado no artigo 206 do CP, é o crime de recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro, cuja pena é de detenção, de 1 a 3 anos e multa. Semelhante disposição é a do art. 207 do CP, no entanto é dirigida para o território brasileiro, sendo crime o Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional (“aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional”), com a mesma sanção penal.
 
Exercício 1:
Como se dará a responsabilização penal daquele que, agindo com dolo eventual, recebe produto de crime, não estando no exercício de atividade comercial ?
A)
artigo 180, ‘caput’ do CP;
B)
artigo 180, § 1º do CP;
C)
artigo 180, §§ 1º e 2º do CP;
D)
artigo 180, § 3º do CP;
E)
artigo 180, caput do CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
B) 
C) 
A) 
D) 
Exercício 2:
Caso José, sobrinho de Adamastor, que coabita com seu pai, João, venha a subtrair o relógio-despertador do seu tio, a ação penal será:
 
A)
pública incondicionada;
B)
pública condicionada à representação;
C)
publica condicionada à requisição;
D)
privada propriamente dita;
E)
privada personalíssima.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
D) 
E) 
B) 
C) 
A) 
Exercício 3:
Aponte a alternativa que apresenta somente modalidades de crimes permanentes da receptação própria
A)
 adquirir, receber e ocultar;
B)
adquirir, receber e influir
C)
adquirir, conduzir e transportar
D)
ocultar, conduzir e transportar
E)
receber, conduzir e transportar
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A) 
C) 
B) 
D) 
Exercício 4:
Aponte a alternativa correta
A)
a imunidade relativa será aplicada, inclusive, quando o delito ocorrer após o divórcio;
B)
as imunidades absolutas têm como conseqüência transformar a ação penal pública incondicionada em condicionada à representação;
C)
não há que se falar em imunidade absoluta quando o delito ocorre antes da celebração do matrimônio;
D)
somente as imunidades absolutas são afastadas quando o crime é cometido mediante violência ou grave ameaça;
E)
o amigo que auxilia o filho a subtrair um televisor também será beneficiado pela imunidade prevista no artigo 181, II, CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
B) 
C) 
Exercício 5:
O agente que recebe de terceiro, desconhecido, motor de procedência indeterminada, com o número adulterado, ciente dessa circunstância, e o instala em seu veículo, responde:
A)
por receptação dolosa
B)
por receptação dolosa em concurso material com o crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor
C)
pelos delitos referidos na alínea anterior, em concurso formal
D)
somente pelo crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor por ser apenado mais gravemente que a receptação
E)
nenhuma das anteriores
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) 
Exercício 6:
Assinale a alternativa correta: 
A)
o ato de ter em depósito, no interior da própria residência, no exercício de atividade comercial, coisa que deve saber ser produto de crime de estelionato constitui crime de receptação na modalidade dolosa do art. 180, “caput”, do Código Penal
B)
o crime de receptação, nas modalidades dolosa ou culposa, pressupõe, por expressa disposição legal, a anterior prática de crime contra o patrimônio
C)
no crime de receptação, a modalidade privilegiada (art. 180, § 5º, c.c. art. 155, § 2º, do CP) só pode ser reconhecida quando se tratar da figura culposa do delito
D)
o crime de receptação imprópria implica necessariamente que o terceiro que adquire ou recebe a coisa esteja de boa-fé
E)
o perdão judicial aplica-se à receptação culposa, mesmo na hipótese de o réu ser reincidente
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
C) 
A) 
E) 
D) 
Exercício 7:
Júnior, advogado, teve o seu relógio furtado. Dias depois, ao visitar uma feira popular, percebeu que o referido bem estava à venda por R$ 30,00. Como pagou R$ 2.000,00 pelo relógio e não queria se dar ao trabalho de acionar as autoridades policiais, Júnior desembolsou a quantia pedida pelo suposto comerciante e recuperou o objeto.
Nessa situação hipotética, Júnior:
A)
agiu em exercício regular de direito e não deve responder por nenhum delito
B)
não praticou delito, pois o bem adquirido já era de sua propriedade
C)
praticou o delito de receptação
D)
praticou o delito de estelionato
E)
praticou o delito de exercício arbitrário das próprias razões
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
Exercício 8:
Quem influi para que terceiro de má-fé adquira produto de crime, pratica:
A)
receptação própria
B)
receptação imprópria
C)
receptação privilegiada
D)
receptação culposa
E)
participação em receptação
 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
D) 
E) 
Exercício 9:
Qual é a ação penal cabível na receptação ?
Para consulta:
Art. 180, CP - "Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte".
A)
Pública Condicionada à Representação
B)
Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça
C)
Pública Incondicionada
D)
Privada Personalíssima
E)
Privada Propriamente Dita
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
C) 
Exercício 10:
Qual é a pena da receptação qualificada ?
Para consulta:
“§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saberser produto de crime:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
A)
Reclusão, de 02 a 06 anos, e multa
B)
Reclusão, de 02 a 06 anos
C)
Reclusão, de 03 a 08 anos, e multa
D)
Reclusão, de 03 a 08 anos
E)
Reclusão, de 04 a 10 anos, e multa
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) 
B) 
C) 
Exercício 11:
A natureza jurídica do artigo 181, CP é:
Para consulta:
“É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”.
A)
Causa excludente da culpabilidade
B)
Causa excludente da punibilidade
C)
Causa extintiva da antijuridicidade
D)
Causa extintiva da culpabilidade
E)
Causa extintiva da punibilidade
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
C) 
B) 
A) 
D) 
E) 
Exercício 12:
A natureza jurídica do §4° do artigo 180 é:
Para consulta:
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
A)
Norma penal incriminadora explicativa
B)
Norma penal incriminadora
C)
Norma penal não incriminadora permissiva
D)
Norma penal não incriminadora altruísta
E)
Norma penal não incriminadora explicativa
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D) 
C) 
B) 
A) 
E)

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