Buscar

insetos na medicina popular

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INSETOS UTILIZADOS NA MEDICINA POPULAR 
POR COMUNIDADES DO INTERIOR DE 
PERNAMBUCO 
 
Sara Samanta da Silva Brito1, Moema Kely Nogueira de Sá2, Cláudia Helena Cysneiros Matos3 e Carlos Romero Ferreira 
de Oliveira3 
 
 
 
________________ 
1. Bolsista de Extensão, Estudante do Curso de Agronomia, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Fazenda Saco, s/n, Caixa 
Postal 063, Serra Talhada - PE. CEP 56900-000. E-mail: sarauast@yahoo.com.br 
2. Estudante do Curso de Agronomia, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Fazenda Saco, s/n, Caixa Postal 063, Serra 
Talhada - PE. CEP 56900-000. 
3. Professor Adjunto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Fazenda Saco, 
s/n, Caixa Postal 063, Serra Talhada - PE. CEP 56900-000. E-mail: romero@uast.ufrpe.br ; c.helena@uast.ufrpe.br 
Apoio financeiro: PRAE/UFRPE. 
Introdução 
 O homem sempre buscou na natureza os recursos 
básicos a sua sobrevivência. Isso incluía a utilização de 
plantas, animais e minerais na produção de remédios 
visando a cura de suas enfermidades. 
 Durante muito tempo, uma atenção maior foi voltada 
à divulgação da flora medicinal, relegando-se os 
estudos sobre animais medicinais a um segundo plano 
[1]. 
 Apesar de ser o único bioma exclusivamente 
brasileiro e ocupar 1.037.517,80 Km2, ou seja, 
aproximadamente 7% da superfície do país, até pouco 
tempo a Caatinga era relegada ao descaso científico, 
considerada como uma região onde apenas se reuniam 
espécies de ambientes de áreas abertas de outros 
biomas brasileiros, sem endemismos ou mesmo 
importância biológica [2]. 
 Atualmente, a grande diversidade de espécies de 
insetos é percebida, classificada e utilizada de 
diferentes maneiras por diferentes sociedades humanas. 
Considerando os aspectos afetivos, cognitivos e 
comportamentais da complexa relação dos seres 
humanos com os insetos, foi realizado um levantamento 
etnoentomológico junto aos moradores de uma 
pequena comunidade do interior de Pernambuco [3]. 
 
Material e métodos 
O trabalho desenvolveu-se mediante visitas à 
comunidade previamente selecionadas (Mimoso) 
localizadas no município de Pesqueira – PE. 
Os dados foram obtidos através da aplicação de 
questionários e entrevistas (baseadas numa lista de 
tópicos previamente selecionados ou de conversas 
casuais). Foi levada em consideração a composição da 
comunidade quanto ao sexo, idade, dentre outros 
aspectos. O registro das informações foi feito através 
de anotações e fotografias, de acordo com a 
necessidade e disponibilidade do entrevistado. 
As entrevistas ocorreram em contextos individuais e 
coletivos, buscando-se sempre registrar o 
conhecimento das pessoas sobre a utilização de insetos 
na medicina. 
Os dados obtidos foram avaliados sob os aspectos 
quantitativos e qualitativos, sendo apresentados na 
forma de percentagem. 
 
 
Resultados 
Na comunidade de Mimoso foram entrevistadas 63 
pessoas , sendo 27% do sexo masculino e 36% do sexo 
feminino (Fig.1A). Estas apresentavam idade variando 
entre 20 e mais de 60 anos, onde 39,62% representam 
acima de 60 anos (Fig.1B). 
Ao serem questionados sobre a utilização de insetos 
como medicamentos, os entrevistados ficaram 
entusiasmados em saberem que essas informações eram 
importantes. 
O fato da maioria dos entrevistados residirem em área 
rural e desempenhar trabalhos agrícolas, o senso 
comum é relevante no tipo de informação pesquisada. É 
pertinente salientar que não existe hospital na 
comunidade, apenas posto de saúde; sendo este pouco 
procurado pelos entrevistados acima de 60 anos que 
por questões culturais ainda se utilizam de alguns 
animais para tratar doenças. 
Foram citados 30 animais . Destes 12 mamíferos, 6 
artrópodes, 5 aves, 2 répteis, 1 anfíbio e 1 molusco. Dos 
6 artrópodes 5 são da Classe Insecta e se encontram na 
Ordem Hymenoptera (Tab. 1). 
Destaca-se a tanajura, que consumida frita serve para 
garganta; o mel da abelha Cupira para problemas de 
visão e também outros produtos como a casa do 
marimbondo preto para curar papeira. Além destes 
animais , outros pertencentes a diferentes grupos 
zoológicos, como a lagartixa e o gato para asma; veado 
e gia, cuja banha serve para dores nos ossos e coceira, 
respectivamente, e a banha da galinha de capoeira para 
catarro no peito (Tab. 1). 
A forma de uso desses animais é bastante diversa, 
podendo ser utilizados inteiros ou em partes, como 
 
pêlo, banha, leite, fígado, orelha, entre outros; além dos 
produtos de seu metabolismo, como fezes, urina, méis e 
matérias construídas por eles, como ninhos e casas. 
Quando perguntados sobre como ficaram sabendo 
que esses animais poderiam servir para curar doenças, 
39% responderam que obtiveram informações através 
dos pais e pelas pessoas idosas (Fig 2). 
De acordo com Fleming-Moran [4], os conhecimentos 
e práticas zooterapêuticas são transmitidos de geração 
a geração, especialmente por meio da tradição oral, e 
estão bem integrados com outros aspectos da cultura 
da qual fazem parte. Assim, o uso de produtos ou 
partes dos animais deve ser compreendido segundo 
uma perspectiva cultural. 
Não houve relato de contra-indicação no uso desses 
organismos e todos afirmaram que os mesmos são 
eficazes. 
Através desses resultados percebemos a relevância 
que as informações obtidas na comunidade de Mimo so 
possuem. De acordo com Costa-Neto [5] o potencial 
zooterápico dos insetos representa uma contribuição 
importante para o debate da biodiversidade, bem como 
abre perspectivas para a valorização econômica e 
cultural de animais considerados inúteis, nojentos e 
daninhos. Sugere-se a realização de estudos mais 
aprofundados, permitindo supor que informações com 
grande valor ainda podem ser desconhecidas. 
 
Agradecimentos 
A todos os moradores participantes da pesquisa, por 
terem permitido o registro de seus conhecimentos e 
práticas relacionadas ao uso de insetos como recurso 
medicinal. 
 
Referências 
[1] COSTA-NETO, E. M. 1999. “Barata é um santo remédio”: 
introdução à zooterapia popular no Estado da Bahia. Feira de 
Santana: UEFS. 103p. 
[2] MARQUES, J. 2007. As caatingas: debates sobre a 
ecorregião do raso da Catarina. Paulo Afonso: Fonte Viva. 
59p. 
[3] 
[4] FLEMING-MORAN, M. 1992. The folk view of natural 
causation and disease in Brazil and its relation to traditional 
curing practices. Bol. Mus. Para. Emilio Göeldi, 8: 65-156. 
[5] COSTA NETO, E. M.; PACHECO, J. M. 2004. Utilização 
medicinal de insetos no povoado de Pedra Branca, Santa 
Terezinha, Bahia, Brasil. Feira de Santana: UEFS. 128p. 
 
 
 
 
 
 
0%
27 %
36 %
sexo masc fem
 
0% 4%
5%
7%
8%39 %
idade 20 a 30 31 a 40
41 a 50 51 a 60 acima 60
 
Figura 1. Distribuição, por sexo (A) e faixa etária (B), dos entrevistados em Mimoso (Pesqueira-PE). 
 
 
 
0%
39%
39%
22%
como soube Pessoas idosas
Pelos Pais Populção
 
Figura 2. Modo pelo qual os entrevistados adquirem os conhecimentos acerca dos insetos usados como medicamento 
Em Mimoso (Pesqueira – PE). 
 
A 
B 
 
 
 
Tabela 1. Animais incluídos na etnocategoria “inseto” e sua utilização como recurso medicinal na comunidade de Mimoso (Pesqueira-
PE). 
 
NOME 
POPULAR 
GRUPO 
ZOOLÓGICO 
PARTES OU 
PRODUTO 
UTILIZADO 
FORMAS DE 
USO 
FINALIDADE 
(ENFERMIDADE) 
Abelha Cupira Arthropoda: 
Hymenoptera 
Mel Pingar o mel Problemas de visão 
Abelha Italiana Arthropoda: 
Hymenoptera 
Inteira Chá Garganta 
Cachorro Chordata: 
Mammalia 
Dejetos Chá Sarampo 
Coelho Chordata: 
Mammalia 
Pêlo Torrado/Pasta Queimadura 
Cágado Chordata: 
Arachnida 
Urina Usotópico Dor de ouvido 
Carneiro Chordata: 
Mammalia 
Banha Pomada Reumatismo/Dores nos 
ossos 
Cavalo-marinho Chordata: Pisces Chá Beber Asma 
Escorpião Arthropoda: Próprio animal Pomada Picada do animal 
Galinha de 
capoeira 
Chordata: Aves Banha Pomada Catarro no peito 
Galinha Chordata: Aves Banha Pomada Asma 
Gambá Chordata: 
Mammalia 
Inteiro/Ossos Chá Reumatismo/Coluna 
Gato Chordata: 
Mammalia 
Orelha Chá Asma 
Gia Chordata: 
Anphibia 
Banha Pomada Coceira 
Guiné Chordata: Aves Carne Ingerir sem sal Gripe 
João de barro Chordata: Aves Casa Pasta Papeira 
Jumenta Chordata: 
Mammalia 
Leite Beber Bronquite/Asma 
Lagartixa Chordata: Reptilia Inteira/Fígado Chá Garganta/Asma 
Lesma Mollusca: 
Gastropoda 
Próprio animal Uso tópico Rachadura 
Louro Chordata: Aves Dejetos Chá Dores de ouvido 
Marimbondo 
preto 
Arthropoda: 
Hymenoptera 
Casa Pasta Papeira 
Mocó Chordata: 
Mammalia 
Dejetos Pomada Feridas 
Pássaro Anum Chordata: Aves Ossos Chá Tosse 
Preá Chordata: 
Mammalia 
Carne/Cloaca Ingerir sem sal Dentes/Reabilitação 
Raposa Chordata: 
Mammalia 
Banha Pomada Próstata/Hemorróidas 
Tanajura Arthropoda: 
Hymenoptera 
Inteira Frita Inflamação na garganta 
Tatu Chordata: Reptilia Rabo Uso tópico Dor de ouvido 
Teju Chordata: Reptilia Banha Pomada Verruga no olho/Dor de 
ouvido/ garganta 
Vaca Chordata: 
Mammalia 
Urina Chá Hepatite 
Veado Chordata: 
Mammalia 
Banha Pomada Dores nos ossos

Continue navegando