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Aula 4 Equac¸a˜o Diferencial de Segunda Ordem Linear e Coeficientes constantes: E´ uma equac¸a˜o que pode ser escrita da forma: ay′′ + by′ + cy = G(x), onde a, b e c sa˜o constantes reais e G(x) e´ uma func¸a˜o cont´ınua em um dado intervalo. Primeiramente iremos estudar o caso em que G(x) = 0, dito homogeˆneo. Exemplo 1. Considere a equac¸a˜o diferencial y′′ + 3y′ + 2y = 0. Vamos reescrever esta equac¸a˜o utilizando o operador derivac¸a˜o D, tal que Dy = y′. (D2 + 3D + 2)y = 0 (D + 1)(D + 2)y = 0 Se (D+2)y = 0, enta˜o (D+1)(D+2)y = 0. Logo, uma soluc¸a˜o para (D+2)y = 0, tambe´m e´ soluc¸a˜o para (D + 1)(D + 2)y = 0. Temos (D + 2)y = 0 ⇔ y′ + 2y = 0 ⇔ y′ = −2y ⇔ y1 = c1e−2x, c1 ∈ R Assim, y1 = c1e −2x e´ uma classe de soluc¸o˜es particulares da equac¸a˜o. Analoga- mente, como (D+1)(D+2)y = 0⇔ (D+2)(D+1)y = 0, e resolvendo (D+1)y = 0, obtemos a segunda classe de soluc¸o˜es particulares y2 = c2e −x, c2 ∈ R. Note que y2 e´ linearmente independente de y1. A soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o linear e´ obtida fazendo combinac¸a˜o linear destas soluc¸o˜es particulares. Vamos verificar que y1 + y2 e´ soluc¸a˜o do problema. (y1 + y2) ′′ + 3(y1 + y2)′ + 2(y1 + y2) = (y′′1 + 3y ′ 1 + 2y1) + (y ′′ 2 + 3y ′ 2 + 2y2) = 0 + 0 = 0. A soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o e´ enta˜o dada por y = c1e −2x + c2e−x, c1, c2 ∈ R Note que para resolver esta equac¸a˜o, e´ necessa´rio apenas resolver uma equac¸a˜o alge´brica de segundo grau, chamada de equac¸a˜o caracter´ıstica: r2 + 3r + 2 = 0 ⇔ (r + 1)(r + 2) = 0 ⇔ r = −1 ou r = −2 pois a fatorizac¸a˜o do operador de derivac¸a˜o D2 + 3D + 2 e´ igual a` fatorizac¸a˜o da equac¸a˜o carater´ıstica. De fato, utilizamos este mecanismo para encontrar as soluc¸o˜es destes tipos de equac¸o˜es como vemos a seguir. Equac¸a˜o Diferencial de Segunda Ordem Linear de Coeficientes constan- tes: caso Homogeˆneo ay′′ + by′ + cy = 0 Para resolver esta equac¸a˜o diferencial, devemos considerar as ra´ızes da equac¸a˜o caracter´ıstica: ar2 + br + c = 0 1 2 onde a, b, c sa˜o os mesmos coeficientes da equac¸a˜o diferencial. Estas ra´ızes sa˜o dadas por: r1 = −b+√b2 − 4ac 2a e r2 = −b−√b2 − 4ac 2a Se estas ra´ızes sa˜o reais e distintas, enta˜o temos duas soluc¸o˜es reais linearmente independentes e a soluc¸a˜o geral e´ obtida como no exemplo anterior. Caso contra´rio, precisamos fazer outras considerac¸o˜es como veremos a seguir. Caso 1) b2 − 4ac > 0 (Duas ra´ızes reais e distintas) Neste caso, a soluc¸a˜o geral e´ dada por y = c1e r1x + c2e r2x , c1, c2 ∈ R Exemplo 2. Resolva a equac¸a˜o 2y′′ − y′ − y = 0. Fazemos: 2r2 − r − 1 = 0 ⇔ r = 1± √ 9 4 ⇔ r1 = 1, r2 = −1 2 logo a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial e´: y = c1e x + c2e − 12x, c1, c2 ∈ R. - Caso 2) b2 − 4ac = 0 (Uma u´nica raiz real) Neste caso, temos uma u´nica raiz r1 = − b 2a . Portanto, temos que y = c1e r1x e´ uma classe de soluc¸o˜es particulares da equac¸a˜o diferencial. Precisamos de uma outra soluc¸a˜o linearmente independente destas. Utilizando a notac¸a˜o do operador derivac¸a˜o, escrevemos a equac¸a˜o como: (D − r1)(D − r1)y = 0 Vamos fazer a mudanc¸a de varia´vel z = (D − r1)y. Com isso, a equac¸a˜o fica da forma: (D − r1)z = 0⇔ z = c2er1x Voltando para y, temos: (D − r1)y = c2er1x ⇔ y′ − r1y = c2er1x Trata-se de uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem linear, cujo fator inte- grante e´ I(x) = e−r1x. Assim, sua soluc¸a˜o e´ dada por: (e−r1xy)′ = c2 ⇔ e−r1xy = c2x+ c1 ⇔ y = c1er1x + c2xer1x , c1, c2 ∈ R 3 Exemplo 3. Resolva a equac¸a˜o 16y′′ + 24y′ + 9y = 0. Fazemos: 16r2 + 24r + 9 = 0 ⇔ r = −24± √ 576− 576 32 ⇔ r = −3 4 logo a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial e´: y = c1e − 34x + c2xe− 3 4x, c1, c2 ∈ R. Caso 3) b2 − 4ac < 0 (Ra´ızes complexas conjugadas) Seja i = √−1, logo i2 = −1. Primeiramente, lembre-se de que o conjunto dos nu´meros complexos C = {a + bi | a, b ∈ R} e´ um corpo, portanto, e´ fechado para multiplicac¸a˜o. Isto e´, dados a+ bi, c+ di ∈ C, (a+ bi)(c+ di) = ac+ adi+ bci+ bi2 = (ac− bc) + (ad+ bc)i ∈ C Isto significa que toda a a´lgebra que fizemos em R se estende a C. Voltando ao problema, as ra´ızes complexas sa˜o dadas por: r1 = −b 2a + i √ 4ac− b2 2a e r2 = −b 2a − i √ 4ac− b2 2a Para simplificar, vamos escrever: r1 = α+ iβ e r2 = α− iβ Note que este caso e´ similar ao caso 1, isto e´ podemos resolver da mesma maneira mas em C. Enta˜o a soluc¸a˜o geral complexa e´ dada por y = c1e r1x + c2e r2x, c1, c2 ∈ C. Vamos extrair as soluc¸o˜es reais desta soluc¸a˜o geral. Isto e´, zerar a parte imagina´ria de y. y = (a+ bi)e(α+iβ)x + (c+ di)e(α−iβ)x, a, b, c, d ∈ R = eαx[(a+ bi)eiβx + (c+ di)ei(−βx)] Pela fo´rmula de Euler eiθ = cos θ + isen θ, podemos escrever y = eαx[(a+ bi)(cos (βx) + i sen (βx)) + (c+ di)(cos (βx)− i sen (βx))] = eαx[(a+ c) cos (βx) + (−b+ d) sen (βx) + i((b+ d) cos (βx) + (a− c) sen (βx))] Como queremos apenas soluc¸o˜es reais, devemos ter a− c = 0⇔ c = a b+ d = 0⇔ d = −b Portanto, y = eαx(2a cos (βx)− 2b sen (βx)), a, b ∈ R Podemos escrever y = eαx (c1 cos (βx) + c2 sen (βx)) , c1, c2 ∈ R 4 Exemplo 4. Resolva o problema da mola com “pouco”atrito e sem forc¸a externa modelado por: y′′ + 4y′ + 6y = 0, y(0) = 2, y′(0) = 4. Fazemos: r2 + 4r + 6 = 0 ⇔ r = −4± i √ 8 2 ⇔ r1 = −2 + i √ 2, r2 = −2− i √ 2 ⇒ y = e−2x(c1 cos ( √ 2x) + c2 sen ( √ 2x)) y(0) = 2⇔ c1 = 2 ⇒ y(x) = e−2x(2 cos (√2x) + c2 sen ( √ 2x)) ⇒ y′(x) = −2e−2x(2 cos (√2x) + c2 sen ( √ 2x)) + e−2x(−2√2 sen (√2x) + c2 √ 2 cos ( √ 2x)) y′(0) = 4⇔ 4 = −2(2) +√2c2 ⇒ c2 = 4 √ 2 ⇒ y(x) = e−2x(2 cos (√2x) + 4√2 sen (√2x)) Resumo Para resolver a equac¸a˜o: ay′′ + by′ + cy = 0, encontre as ra´ızes r1 e r2 da equac¸a˜o caracter´ıstica: ar2 + br + c = 0. (1) Se r1 6= r2 ∈ R, enta˜o y = c1e r1x + c2e r2x , c1, c2 ∈ R (2) Se r1 = r2 ∈ R, enta˜o y = c1e r1x + c2xe r1x , c1, c2 ∈ R (3) Se r1 = α+ iβ e r2 = α− iβ ∈ C, enta˜o y = eαx(c1 cos (βx) + c2 sen (βx)) , c1, c2 ∈ R Exerc´ıcio 1) Existe soluc¸a˜o para o problema de contorno y′′ + 5y′ − 6y = 0, y(0) = 0, y(2) = 1? Exerc´ıcio 2) Considere o problema da mola com atrito e sem forc¸a externa mo- delado, como visto anteriormente, por: my′′ + ν0y′ + ky = 0 Qual a relac¸a˜o que as constantes positivas m, ν0 e k devem satisfazer de modo que estejamos (1) no caso 3? Note que neste caso, a mola oscila. O sistema se diz fracamente amortecido. (2) no caso 2? Este caso e´ intermedia´rio. (3) no caso 1? Neste caso o sistema se diz fortemente amortecido e na˜o ha´ oscilac¸o˜es. Resolva o problema em cada um dos casos.
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