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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU CURSO DE BACHAREL EM DIREITO Tema: Posicionamento Jurídico adotado nas decisões constantes no Acordão, e fundamentação de opinião - Posse – Bem Público – Disputa entre Particulares – Recurso Especial nº 1.484.304 – DF – Relator Ministro Moura Ribeiro – Órgão STJ – Publicação DJE 15/03/2016 São Paulo/SP 2018 - 2 - Sandra Macedo dos Santos Tema: Posicionamento Jurídico adotado nas decisões constantes no Acordão, e fundamentação de opinião - Posse – Bem Público – Disputa entre Particulares – Recurso Especial nº 1.484.304 – DF – Relator Ministro Moura Ribeiro – Órgão STJ – Publicação DJE 15/03/2016 Resenha apresentada para a disciplina Direito Civil Apl. Reais e Prop. In. no curso de Direito – Turma 003208G02, da Faculdade Metropolitanas Unidas – FMU. Professor: Leonardo Roberti Urioste São Paulo/SP 2018 - 3 - RESENHA MOURA RIBEIRO, relator Ministro. Título: Posicionamento Jurídico adotado nas decisões constantes no Acordão, e fundamentação de opinião - Posse – Bem Público – Disputa entre Particulares – Recurso Especial nº 1.484.304 – DF – Relator Ministro Moura Ribeiro – Órgão STJ – Publicação DJE 15/03/2016. O Bem Público ocupado por particular é entendido sempre foi entendido pela jurisprudência da seguinte forma: que se o particular ocupa um bem público, não se pode falar, neste caso, em posse, havendo mera detenção. Existem diversos julgado do STJ neste sentido. Temos que a ocupação de área pública, sem autorização expressa e legítima do titular do domínio, é mera detenção, que não gera os direitos, entre eles o de retenção, garantidos ao possuidor de boa-fé pelo Código Civil, conforme STJ. 2ª Turma. REsp 900.159/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/09/2009.Conclui-se que, o ocupante de bem público é considerado mero detentor da coisa e, sendo assim, não há que se falar em proteção possessória tão pouco em indenização por benfeitorias ou acessões realizadas, uma vez que trata-se de desvio de finalidade (interesse particular em detrimento do interesse público), valendo ressaltar ainda que tal situação agride os princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da supremacia do interesse público. Dito isto, é juridicamente impossível que um particular que esteja ocupando irregularmente um bem público ajuíze ação de reintegração ou de manutenção de posse contra o Poder Público, este tema é abordado por meio de precedentes do STJ, onde a ocupação irregular de terra pública não pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção, caso em que se não se admite o pleito da proteção possessória contra o órgão público, conforme jurisprudência - STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1200736/DF, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 24/05/2011. Entretanto existe uma exceção: no caso onde dois particulares estão litigando sobre a ocupação de um bem público, o STJ passou a entender que é possível que, entre eles sejam propostas ações possessórias, ou seja, reintegração, manutenção, interdito proibitório, portanto, sendo cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de terra pública arguida contra outros particulares.No acordão ora motivo de estudo (Resp nº 1.484.304 – DF, relator Ministro Moura Ribeiro, Órgão: STJ – Publicação DJE 15/03/2016), temos que a fundamentação utilizada pelo r. Ministro Moura Ribeiro fora de que, para caracterizar detenção, deveria haver relação de dependência entre o titular de domínio e o possuidor, fundamentando assim a essência ao artigo 1.198 do Código Civil. Neste interim, a posse deveria ser exercida em nome de outrem que ostenta o jus possidendi ou jus possessionis para que fosse admitida tal relação. Logo é entendido que aquele que invade área pública e nela constrói sua moradia, não está em hipótese alguma exercendo a posse em nome alheio, vez que não há relação de subordinação, não havendo que se falar em mera detenção. Portanto estaria evidenciado o animus domni, mesmo que juridicamente esse não possa prosperar, uma vez que as terras públicas não são passíveis de usucapião. Ainda segundo o relator, não é raro que invasores sequer tenham conhecimento dessa característica, tendo por intenção a terra para si, embora o obstáculo jurídico seja intransponível. Portanto ainda que a posse não possa ser - 4 - oposta frente ao ente público, titular de domínio, nada obsta que esta seja oposta contra outros particulares mediante pertinentes interditos possessórios. Vale ressaltar que tal posicionamento revisto não tem por condão descaracterizar a ocupação de toda e qualquer área pública como mera detenção, mas sim, trata-se de casos em que não haja relação de dependência. Por fim, vale relembrar que o art. 1196 do Código Civil, considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, logo ao considerar como possuidor aquele que se porta como dono, então, entende-se que o nosso Código adotou a teoria objetiva da posse, portanto, considera-se possuidor aquele de possua o poder de gozar, reaver, usar ou dispor do bem, por serem eles poderes inerentes à propriedade, segundo previsão do art. 1228 do Código Civil, todavia em se tratando de bem público, o eventual ocupante não possuirá quaisquer desses poderes, principalmente se ocupar o bem sem qualquer anuência ou autorização do Poder Público, isto posto, entendemos que a fundamentação utilizada pelo r. Ministro Moura Ribeiro o qual utiliza na dicção do artigo 1.198 do Código Civil, que para se caracterizar detenção deveria haver relação de dependência entre titular de domínio e possuidor, ainda ressalta o animus domni, a boa fé, a relação de dependência, bem como , o r. Ministro deixa claro que o morador de terra pública não é proprietário nem mesmo possuidor, mas sim, mero detento do aludido bem, contudo, nas hipóteses de ameaça ou efetiva turbação ou esbulho, tal sujeito tem direito de manejar ação possessória em desfavor de outro particular. Ainda conforme o referido tribunal, o particular detentor de terra pública não tem direito de mover ação possessória contra o Estado. Todavia por outros meios, pode proteger a própria moradia de injusta demolição/desocupação intentada pelo Poder Estatal, desde que habitante de área passível de regularização, haja vista o direito à moradia e a função social da propriedade, bem como os princípios constitucionais da razoabilidade, da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana. Assim concluímos que e tal posicionamento do r. Ministro vem de encontro à um bem maior, qual seja, o de trazer a luz à função social e preservar a dignidade da pessoa humana, bem como, possui o devido respaldo legal. Palavras-chave: Recurso Especial nº 1.484.304-DF
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