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Informativo 628-STJ (27/07/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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Informativo 628-STJ (RESUMIDO) 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
DIREITO AO ESQUECIMENTO 
Excepcionalmente, é possível que o Judiciário determine o rompimento do vínculo estabelecido 
por sites de busca entre o nome da pessoa, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia 
desabonadora apontada nos resultados 
 
Importante!!! 
Determinada pessoa se envolveu em uma suspeita de fraude há mais muitos anos, tendo sido 
inocentada das acusações. 
Ocorre que todas as vezes que digita seu nome completo no Google e demais provedores de 
busca, os primeiros resultados que aparecem até hoje são de páginas na internet que trazem 
reportagens sobre seu suposto envolvimento com a fraude. 
Diante disso, ela ingressou com ação de obrigação de fazer contra o Google pedindo a 
desindexação, nos resultados das aplicações de busca mantida pela empresa, de notícias 
relacionadas às suspeitas de fraude no referido concurso. Invocou, como fundamento, o 
direito ao esquecimento. 
O STJ afirmou o seguinte: em regra, os provedores de busca da internet (ex: Google) não têm 
responsabilidade pelos resultados de busca apresentados. Em outras palavras, não se pode 
atribuir a eles a função de censor, obrigando que eles filtrem os resultados das buscas, 
considerado que eles apenas espelham o conteúdo que existe na internet. A pessoa 
prejudicada deverá direcionar sua pretensão contra os provedores de conteúdo (ex: sites de 
notícia), responsáveis pela disponibilização do conteúdo indevido na internet. 
Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a intervenção pontual do 
Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos provedores de 
busca, entre dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para interesse 
público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo. 
Nessas situações excepcionais, o direito à intimidade e ao esquecimento, bem como a proteção 
aos dados pessoais deverá preponderar, a fim de permitir que as pessoas envolvidas sigam 
suas vidas com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador corriqueiramente 
rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca. 
No caso concreto, o STJ determinou que deveria haver a desvinculação da pesquisa com base 
no nome completo da autora com resultados que levassem às notícias sobre a fraude. Em 
outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: o Google não precisa retirar de seus resultados as 
notícias da autora relacionadas com a suposta fraude no concurso. Mas para que esses 
resultados apareçam será necessário que o usuário faça uma pesquisa específica com 
palavras-chaves que remetam à fraude. Por outro lado, se a pessoa digitar unicamente o nome 
completo da autora, sem qualquer outro termo de pesquisa que remete à suspeita de fraude, 
não se deve mais aparecer os resultados relacionados com este fato desabonador. 
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Informativo 628-STJ (27/07/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
Assim, podemos dizer que é possível determinar o rompimento do vínculo estabelecido por 
provedores de aplicação de busca na internet entre o nome de prejudicado, utilizado como 
critério exclusivo de busca, e a notícia apontada nos resultados. 
O rompimento do referido vínculo sem a exclusão da notícia compatibiliza também os 
interesses individual do titular dos dados pessoais e coletivo de acesso à informação, na 
medida em que viabiliza a localização das notícias àqueles que direcionem sua pesquisa 
fornecendo argumentos de pesquisa relacionados ao fato noticiado, mas não àqueles que 
buscam exclusivamente pelos dados pessoais do indivíduo protegido. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.660.168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 08/05/2018 (Info 628). 
 
MÚTUO FENERATÍCIO 
Descabimento da repetição do indébito com os mesmos encargos do contrato 
 
Importante!!! 
Pessoa celebrou contrato de mútuo feneratício com instituição financeira. 
Por algum motivo (ex: nulidade, ato ilícito, abusividade etc.) o mutuário ingressou com ação 
judicial pedindo a resolução do contrato e a restituição das parcelas pagas. 
Se esta ação for julgada procedente, o mutuário terá direito de receber os valores pagos 
acrescidos de juros remuneratórios no mesmo percentual que era previsto no contrato para 
ser cobrado pelo banco mutuante? 
NÃO. O mutuário que celebrar contrato de mútuo feneratício com a instituição financeira 
mutuante, não tem direito de pedir repetição do indébito com os mesmos índices e taxas de 
encargos previstos no contrato. 
Tese aplicável a todo contrato de mútuo feneratício celebrado com instituição financeira 
mutuante: “Descabimento da repetição do indébito com os mesmos encargos do contrato”. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.552.434-GO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 13/06/2018 
(recurso repetitivo) (Info 628). 
 
HIPOTECA 
Interesse de agir do credor hipotecário de que o imóvel dado em garantia seja construído de 
acordo com os padrões de qualidade previstos no contrato de compra e venda 
 
O credor hipotecário tem interesse de agir para propor ação em face do mutuário visando ao 
cumprimento de cláusula contratual que determina a observância dos padrões construtivos 
do loteamento. 
Ex: João celebrou contrato de compra e venda de um imóvel (terreno) em um loteamento. O 
contrato de compra e venda foi celebrado entre João e a sociedade empresária Constrói Ltda. 
Ocorre que neste contrato de compra e venda havia ainda um pacto adjeto (contrato 
acessório) de mútuo feneratício com garantia hipotecária, que foi firmado entre João e a 
sociedade empresária Habitac Crédito Imobiliário S.A. Por força deste pacto adjeto, João 
recebeu da Habitac um empréstimo (mútuo) para adquirir o imóvel e, como garantia de que 
iria pagar a dívida, deu o bem em hipoteca. 
A ideia deste loteamento era a de que todas as casas ali construídas fossem parecidas e 
mantivessem uma qualidade mínima. Assim, no contrato havia cláusulas dizendo os padrões 
que deveriam ser respeitados no momento da construção (ex: construção toda em alvenaria, 
fachada com mármore ou granito etc). 
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Informativo 628-STJ (27/07/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
João construiu a sua casa no loteamento, mas não respeitou os padrões previstos no contrato. 
O estilo da fachada não estava igual ao que determinava o projeto e os materiais empregados 
eram de menor qualidade que o exigido. Diante disso, a empresa Habitac Crédito Imobiliário 
S.A. ajuizou ação de obrigação de fazer contra João pedindo que ele fosse condenado a 
reformar a casa a fim de deixá-la dentro dos padrões previstos no contrato. 
O STJ afirmou que a credora hipotecária tem interesse de agir para propor esta ação. Isso 
porque ela tem interesse jurídico na valorização do bem dado em garantia. Se o devedor não 
pagar a dívida, o bem dado em hipoteca será alienado. Logo, o credor hipotecário tem 
interesse em que o imóvel seja construído de acordo com os padrões estabelecidos para o 
loteamento a fim de que ele se mantenha valioso e, em caso de inadimplemento, possa ser 
vendido por um bom preço, pagando a dívida. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.400.607-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/05/2018 (Info 628). 
 
DIVÓRCIO 
No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do 
casamento, desdeque comprovado o esforço comum para sua aquisição 
 
Importante!!! 
No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do 
casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição. 
Esse esforço comum não pode ser presumido. Deve ser comprovado. 
O regime de separação legal de bens (também chamado de separação obrigatória de bens) é 
aquele previsto no art. 1.641 do Código Civil. 
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.623.858-MG, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador Convocado do TRF 
5ª Região), julgado em 23/05/2018 (recurso repetitivo) (Info 628). 
 
ALIMENTOS 
É possível a fixação de alimentos em valores ou em percentuais diferentes entre os filhos? 
 
Em regra, não deverá haver diferença no valor ou no percentual dos alimentos destinados a 
prole, pois se presume que, em tese, os filhos - indistintamente - possuem as mesmas 
demandas vitais, tenham as mesmas condições dignas de sobrevivência e igual acesso às 
necessidades mais elementares da pessoa humana. 
A igualdade entre os filhos, todavia, não tem natureza absoluta e inflexível, de modo que é 
admissível a fixação de alimentos em valor ou percentual distinto entre os filhos se 
demonstrada a existência de necessidades diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades 
contributivas diferenciadas dos genitores. 
Exemplo: João possui dois filhos, com mulheres diferentes. Para o filho 1, paga 20% de seu 
salário e para o filho 2, 15%. O STJ admitiu que essas pensões sejam em valores diferentes 
porque a capacidade financeira da mãe do filho 2 é muito maior do que a genitora do filho 1. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.624.050/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/06/2018 (Info 628). 
 
 
 
 
 
 
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Informativo 628-STJ (27/07/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO 
Concessionária de transporte ferroviário deve pagar indenização à passageira 
que sofreu assédio sexual praticado por outro usuário no interior do trem 
 
Importante!!! 
A concessionária de transporte ferroviário pode responder por dano moral sofrido por 
passageira, vítima de assédio sexual, praticado por outro usuário no interior do trem. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 628). 
 
 
PROTEÇÃO CONTRATUAL 
O consumidor paga uma multa para a operadora do cartão de crédito caso atrase as parcelas, 
não se podendo querer aplicar essa mesma multa, com base no equilíbrio contratual, para a 
empresa que vende os produtos pela internet 
 
Em compras realizadas na internet, o fato de o consumidor ser penalizado com a obrigação de 
arcar com multa moratória, prevista no contrato com a financeira, quando atrasa o pagamento 
de suas faturas de cartão de crédito não autoriza a imposição, por sentença coletiva, de 
cláusula penal ao fornecedor de bens móveis, nos casos de atraso na entrega da mercadoria e 
na demora de restituição do valor pago quando do exercício do direito do arrependimento. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.412.993-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, 
julgado em 08/05/2018 (Info 628). 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
A Súmula 345 do STJ continua válida mesmo com o art. 85, § 7º, do CPC/2015 
 
Importante!!! 
O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 
345 do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais 
de cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e 
promovidos em litisconsórcio. 
O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não se aplica para as execuções individuais, ainda que promovidas 
em litisconsórcio, pedindo o cumprimento de julgado proferido em sede de ação coletiva lato 
sensu, ação civil pública ou ação de classe. 
Em resumo, a Súmula 345 do STJ continua válida mesmo com o art. 85, § 7º, do CPC/2015. 
Súmula 345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções 
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas. 
Art. 85. (...) § 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda 
Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.648.238-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso 
repetitivo) (Info 628). 
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Informativo 628-STJ (27/07/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
 
IMPENHORABILIDADE 
Os valores recebidos pelo beneficiário como indenização do seguro de vida são impenhoráveis, 
mas até o limite de 40 salários mínimos 
 
Importante!!! 
A impenhorabilidade dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita-se ao 
montante de 40 (quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica do art. 833, X, do 
CPC/2015, cabendo a constrição judicial da quantia que a exceder. 
Cuidado com a redação literal do art. 833, VI, do CPC/2015: “São impenhoráveis: (...) VI - o 
seguro de vida”. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.354-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/05/2018 (Info 628). 
 
 
EMBARGOS DE TERCEIRO 
Não é cabível a reconvenção apresentada em embargos de terceiro, sob a égide do CPC/1973 
 
Não é cabível a reconvenção apresentada em embargos de terceiro, sob a égide do Código de 
Processo Civil de 1973. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.578.848-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/06/2018 (Info 628). 
 
E sob a égide do CPC/2015? Na vigência do CPC/2015, é possível a apresentação de reconvenção em 
embargos de terceiro? O Min. Relator Ricardo Villas Bôas Cueva afirmou o seguinte em seu voto: (...) anote-
se que o Código de Processo Civil de 2015, alterando profundamente a sistemática anterior, passou a 
prever, além da possibilidade de reconvenção e contestação em peça única (artigo 343), a adoção do 
procedimento comum após a fase de contestação nos embargos de terceiro (artigo 679), o que certamente 
reascenderá a discussão em torno do cabimento da reconvenção nas demandas ajuizadas sob a égide do 
novo diploma.”

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