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DIREITO DO TRABALHO CONTRATO COLETIVO DE TRABALHO Sérgio Pinto Martins conceitua o contrato coletivo “com o negócio jurídico de caráter normativo e natureza coletiva, de modo a regulamentar, criar ou estipular condições de trabalho. O contrato coletivo irá regulamentar temporariamente o conflito coletivo entre as partes, sob a forma de resolução pacífica do conflito pelas próprias pessoas interessadas, mas não deixa de ser um instrumento destinado a auto-organizar a autonomia coletiva sindical”.CONT CONTRATO COLETIVO DE TRABALHO E CONVENÇÃO COLETIVA NÃO SÃO A MESMA COISA!!! - a convenção é como se fosse uma CLT, mas para aquela categoria em questão, já o contrato de trabalho é algo menor, negociável entre os sindicatos e os empresários contratantes A lei não define contrato coletivo de trabalho. É um instrumento normativo negociado. Porém, mais amplo. É negociado pelas cúpulas sindicais e empresariais, as centrais, as confederações, as federações, etc. Nesse ponto, não se confunde com a convenção coletiva e o acordo que são instrumentos normativos das bases sindicais e não das cúpulas. O sistema brasileiro de negociação foi bastante restritivo. Desatenderam as diretrizes da Recomendação n. 163 da OIT segundo a qual as negociações devem ser desenvolvidas em todos os níveis e não, apenas, nas bases sindicais. Assim, o contrato coletivo de trabalho é a ampliação dos níveis de negociação para permitir estipulações diretas entre as entidades representativas de segundo grau. O contrato coletivo do trabalho poderia ser um instrumento negocial de âmbito nacional e interprofissional, com conteúdo referente a regras básicas para os demais pactos coletivos ou, ainda, como forma de rompimento com o sistema corporativo, para se adotar um novo regime sindical, prestigiando a autonomia privada coletiva, em substituição às regras de ordem pública ou de natureza constitucional. Assim, seu âmbito não é delimitado e poderá ser nacional, categorial, intercategorial ou empresarial. Uma empresa com diversos estabelecimentos localizados em Municípios que têm sindicatos diferentes não terá que fazer um acordo coletivo com cada sindicato. Poderá desenvolver uma só negociação direta com entidade sindical de grau superior visando um instrumento normativo abrangente de todos os Municípios. É o contrato coletivo. O contrato coletivo, porém, não deixa de ser fonte do Direito do Trabalho, pois nele são criadas normas e condições de trabalho aplicáveis ao contrato de trabalho. Visa criar novas e melhores condições de trabalho, regulamentando-as. Deverá o contrato coletivo ter necessariamente uma parte normativa, onde se estabelecem as condições de trabalho, e uma parte obrigacional. o contrato coletivo não se confunde com o pacto social. Neste não se estipulam condições de trabalho, mas apenas se estabelecem regras para o combate à inflação e ao desemprego em épocas de crises econômicas. Nele existem regras de caráter tributário, previdenciário, visando à adoção de uma política econômica e social, enquanto que no contrato coletivo pretende-se estabelecer novas condições de trabalho. As partes no pacto social não são apenas os empregados e empregadores, mas existe a interveniência do Governo e até mesmo dos partidos políticos. • o contrato coletivo atua no âmbito nacional ou de natureza interprofissional. Enquanto que a convenção coletiva é intersindical, ou seja, a relação forma-se entre sindicatos dos empregados e empregadores. • o contrato coletivo também se distingue do acordo coletivo, sendo que este é realizado para o âmbito da empresa, com a participação desta e do sindicato da categoria profissional. • 2 - Características do Contrato Coletivo de Trabalho • Não há definição legal. • Ligado aos mecanismos de autocomposição de conflitos (próprios interlocutores acordam direitos e obrigações para si próprios). • Instrumento escrito relativo a condições de trabalho e emprego, aplicando-se por analogia o disposto na CLT, art. 613. • Fonte do Direito do Trabalho. • Legitimidade para negociação do contrato coletivo: sindicato, em primeiro grau; federação, em segundo grau ou em âmbito estadual, e confederação, em terceiro grau ou em âmbito nacional. Não há previsão para que as centrais sindicais façam parte das negociações, pois elas não fazem parte do nosso sistema confederativo (CF, art. 8º). • Instrumento negocial que pode ser de âmbito nacional e interprofissional, abrangendo várias categorias, com conteúdo sobre condições de trabalho e regras em caso do descumprimento do que foi estipulado. • Prestigia a autonomia privada coletiva, em substituição às regras de ordem pública ou de natureza constitucional. • Se de âmbito nacional, poderá substituir a lei em certos aspectos ou regular situações para certas profissões. Seria regra mínima a ser observada em âmbito nacional, substituindo a lei. • Conteúdo genérico, de interesse interprofissional e intercategorial, não se limitando a certa categoria ou a certos trabalhadores de determinados setores. • Poderia reservar certa e específica matéria regionalizada ou particularizadas para as convenções e os acordos coletivos de trabalho. • Não deveria haver cláusula sobre política social, saúde, previdência social e tributos, cujo objeto do pacto social. • Hierarquia: ante o princípio da norma mais favorável aplicável a norma que criar regras mais benéfica ao trabalhador, que poderá ser o contrato coletivo. • Vigência do contrato coletivo: poderia ser de até 2 anos, como nos casos do acordo e convenção coletiva (CLT, art. 614, § 3º); 4 anos no caso do dissídio coletivo (CLT, art. 868). O ideal seria um prazo de um ano, que atende às modificações da conjuntura econômica atual. • Poderia ser um instrumento para flexibilização das condições de trabalho. • Fatores inibidores do contrato coletivo de trabalho: • Unicidade sindical; • Representação por categoria; • Sistema confederativo; • Negociação coletiva em data-base; • Poder normativo da Justiça do Trabalho. CONTRATO COLETIVO DE TRABALHO É SINONIMO DE INTRUMENTO NORMATIVO!!! No que se refere ao contrato coletivo de trabalho é correto dizer que: este instrumento traria a ampliação dos níveis de negociação para permitir estipulações diretas entre as entidades representativas de segundo grau. O que seria necessário para a aplicação do contrato coletivo de trabalho no Brasil? Emenda à Constituição Federal, para então prever a pluralidade sindical. REPRESENTAÇÃO DOS TRABALHADORES NAS EMPRESAS O art. 11, CF, estabelece que “nas empresas de mais de 200 empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores”. Empresas com menos de 200 empregados não será obrigatória a eleição de representante. A eleição do representante dos trabalhadores é por empresa e não por estabelecimento da empresa. O candidato a representante dos trabalhadores não é membro do sindicato. CONCEITO – Sérgio Pinto Martins entende que “representação dos trabalhadores é o conjunto de meios destinados a promover os interesses dos trabalhadores com os empregadores sobre condições de trabalho”. Este representante não precisa ser sindicalizado, mas eleito pelos empregados para representá-los perante a empresa na discussão de interesses dos trabalhadores com aquela. O procedimento adotado pela CF vem a se constituir numa forma democrática de participação dos trabalhadores na empresa. FINALIDADE: a representação dos trabalhadores na empresa tem como principal finalidade promover o entendimento entre os empregados e a empresa. FUNDAMENTO: princípio da liberdade sindical e sua consequência é dar maior consistência à representatividade, capaz de superar a crise de representação do sindicato.ATRIBUIÇÕES dos representantes dos trabalhadores na empresa: • manter contato direto com o empregador, com as chefias e os dirigentes da empresa. • procede a discussões de questões de interesse dos empregados na empresa ou negociações sobre condições de trabalho e salariais dos empregados, inclusive condições técnicas referentes ao trabalho dos empregados, como questões do dia-a-dia, de qualidade de matéria- prima, de máquinas e equipamentos etc. • representa interesses coletivos dos trabalhadores. • solucionar conflitos existentes no próprio âmbito da empresa. • fiscalização trabalhista na empresa quanto ao cumprimento da legislação e das normas coletivas da categoria, quanto a normas de segurança e medicina do trabalho. • pode proceder à negociação individual ou do grupo de empregados dentro da empresa, não podendo celebrar convenção ou acordo coletivo de trabalho. EFEITOS: Possíveis efeitos que podem gerar a representação dos trabalhadores na empresa: • redução do número de processos judiciais na Justiça do Trabalho, uma vez que permite a solução de questões na própria empresa. • sobre os conflitos coletivos, atuando como forma de diálogo na empresa para impedir a repercussão do conflito na vida da sociedade. • sobre a estrutura da empresa, tornando-a democrática e social. • sobre a fiscalização trabalhista pela Superintendência Regional do Trabalho, uma vez que os órgãos de representação na empresa mantêm-se atentos contra o descumprimento da lei. • sobre os contratos individuais de trabalho, podendo cumprir função normativa e disciplinadora de direitos e deveres recíprocos dos seus sujeitos. • sobre o sindicato, maior penetração na empresa. • sobre o ambiente de trabalho, uma vez que a representação dos trabalhadores zela pela vida, integridade física, saúde dos trabalhadores e prevenção contra acidentes de trabalho. • sobre as condições salariais, os problemas de salários são melhor resolvidos quando as partes levam em consideração, mediante negociação direta, a peculiaridades de cada empresa e sua suficiência econômica. CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO 1) Formas de Composição dos Conflitos Trabalhistas O direito processual do trabalho tem por finalidade criar meios para resolver os conflitos entre pessoas e grupos perante a Justiça do Trabalho, que é o setor do Poder Judiciário especializado em solucionar controvérsias oriundas das relações de trabalho Os conflitos são muitos e contínuos. São solucionados não só na Justiça do Trabalho, mas também fora dela, extrajudicialmente, como todo tipo de conflito social regido pelo direito. Os conflitos trabalhistas, também denominados controvérsias ou dissídios, são parte de um fenômeno maior, os conflitos sociais, próprios da vida em comunidade. Assim, as sociedades coexistem com os conflitos e descobrem técnicas de solução que, teoricamente, podem ser reunidas em 3 tipos fundamentais: autodefesa, autocomposição e heterocomposição. O estudo dos conflitos trabalhistas pertence a 2 áreas autônomas mas que se completam, a do direito do trabalho e a do direito processual do trabalho. De modo geral, os conflitos trabalhistas são classificados em conflitos individuais e coletivos, segundo o interesse em choque, de indivíduos singularmente considerados ou de um grupo abstratamente compreendido. Os conflitos coletivos envolvem pessoas não determinadas, mas unidas em torno de um ponto comum. Os individuais envolvem pessoas determinadas agindo no interesse próprio, direto e imediato. Classificação dos conflitos trabalhistas: a) quanto às partes, os conflitos do trabalho podem ser individuais ou coletivos: - Individuais são os conflitos existentes entre pessoas determinadas, uma ou mais pessoas, de um lado, e uma ou mais pessoas, de outro, postulando direitos concretos, decorrentes de normas já existentes, relativos ao próprio individuo. DIREITO DE GREVE Introdução A semente do direito de greve remonta de séculos atrás. Na Idade Antiga, já se lutava por direitos, muito embora não se podia falar em greve, já que os escravos não eram empregados, mas sim meios de trabalho. A Idade Média, com seu regime feudal, também não admitia o instituto da greve, pois os trabalhadores camponeses e os vassalos não eram muito mais livres do que os escravos de outrora. Fazer greve é uma opção e nenhum destes poderiam concretiza-la sem represália física e até mesmo a morte, seja por imposição de fome pelo senhor, seja por açoites físicos. Importantes foram estas menores insurreições no nascimento do sentimento grevista. Somente no século XIX que observamos o nascer da greve com a Revolução Industrial surgindo assim o liberalismo econômico. As condições impostas por essa doutrina levaram o operariado a clamar por algo que nem ao menos ele tinha consciência da existência: seus direito. O instrumento para alcançar esta afirmação foi o uso da greve. Historicamente, a paralisação de atividades ou serviços é um dos recursos mais eficazes, à disposição dos trabalhadores ou do povo em geral, como meio de pressão para se obter determinada reivindicação. A greve é um conflito coletivo de trabalho, consistente na paralisação dos serviços necessários à empresa, seja estatal ou privada. Origina-se da própria natureza das relações de trabalho, onde quer que os desajustamentos das partes contratantes envolvam uma pluralidade de trabalhadores. Sendo assim, ela se desencadeia e se desenvolve sob a égide do poder de representação do sindicato, pois é um instrumento dos trabalhadores coletivamente organizados para a realização de melhores condições de trabalho para toda a categoria profissional envolvida. A força da greve é inegável. No Brasil, em menos de cem anos a greve que era considerada crime, converteu-se em direito fundamental assegurado pela nossa Lei Maior. 2. A greve no Brasil No Brasil, tornaram-se célebres as revoltas dos escravos, na época Colonial, contra a opressão e exploração, quando na época se organizavam em revoltas ou quilombos. Em 1890 a greve era proibida no Brasil pelo Código Penal. O decreto nº 1.162 de 1890 derrogou essa orientação. Na época as greves representavam uma ameaça aos governos totalitários que insistiam em exercer seu poder através de sanções. Porém, a partir de 1900, quando o sistema político caracterizou-se pela idéia liberal que defendia a confiança no indivíduo e não no Estado, a greve exerceu-se como uma liberdade dos trabalhadores, sem leis que a restringissem ou a disciplinassem. Com a implantação do Estado Novo e a Constituição de 1937 a greve tornou a ser considerada um delito. Ao ser instituída a Justiça do Trabalho pelo Decreto-lei nº 1.237/39 ficou fixado que a greve seria passível de punições que podiam ser de despedida e suspensão até prisão. O Código Penal de 1940 considerava a greve crime se tivesse perturbação da ordem pública ou se fosse contrária aos interesses públicos. O Decreto-lei nº 9.070 de 1946 permitiu a greve nas atividades acessórias, mesmo havendo a proibição da constituição de 1937 que a considerava anti-social. Sob o ponto de vista Constitucional, nossas Cartas Políticas de 1824, 1891 e 1934 se omitiram acerca do direito de greve; a Constituição de 1937, porém declarou a greve e o "locaute" como recursos anti-sociais. A Constituição de 1946 reconheceu como direito dos trabalhadores, mas com amplas restrições aos chamados serviços essenciais e industriais básicos. As Constituições de 1967 e 1969 reproduziram tais restrições, especificadas na legislação ordinária. A Carta Magna vigente assegurou amplo exercício do direito de greve, estabelecendo que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sendo que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 3. Conceito A "greve é instrumento de pressão,ou mesmo coerção, dirigido pela coletividade dos trabalhadores sobre o patronado” é um o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o fim de realizar uma abstenção coletiva do trabalho subordinado. Sob o ponto de vista do empregador, greve é um mal que acarreta prejuízos a produção, daí a sua força enquanto instrumento de reivindicação de melhores condições de trabalho. É uma paralisação passageira e sem emprego de violência do trabalhado pelos trabalhadores, com o fito de adquirir melhores condições de trabalho. A greve só pode ser feita pelos trabalhadores (subordinados), jamais pelo empregador. A greve é considerada em nossa legislação, como a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador (art. 2º da lei nº 7.783/89). É importante observarmos que a suspensão tem que ser coletiva, pois, se apenas um trabalhador resolver suspender o trabalho a greve não estará configurada, e ainda poderá ensejar uma dispensa por justa causa. A greve é uma garantia constitucional, considerada um direito social dos trabalhadores, tratando-se de garantia fundamental. 4. Garantia e previsão ao direito de Greve A Constituição Federal prevê em seu art. 9º:"É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender". É dado aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito de greve. Não poderá ser decidida a greve sem que os próprios trabalhadores a aprovem. Importante observar que, em virtude do direito de greve ser um direito social, inscrito no capítulo de direitos fundamentais dedicado na Constituição, deve-se entender que o interesse a ser reivindicado por meio dela seja também social. Quer dizer, o trabalhador pode recorrer à greve para obter o atendimento a uma reivindicação de natureza trabalhista, nunca para buscar o atendimento de reivindicações políticas ou outros ideais. Por outro lado, o art. 9.º, § 1º, da mesma Constituição dispõe: § 1º."A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade". Este parágrafo, condiciona o exercício do direito de greve em serviços ou atividades essenciais ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Assim, deve-se entender que, nesses serviços ou atividades, um mínimo efetivo tem de continuar em funcionamento, a fim de possibilitar o atendimento de necessidades essenciais da população. O § 2o do referido artigo nono declina que"Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei". O direito de greve, isto é, o direito de exercício é assegurado (legitimidade) apenas ao trabalhador subordinado, não podendo ser exercido pelo trabalhador autônomo, ao mesmo tempo em que poderá ser exercido pelo trabalhador avulso, pois tal tem os mesmo direitos em relação ao trabalhador com vínculo empregatício de acordo com o artigo 7, XXXIV da CF. A lei 7.783, de 28 de junho de 1989, regula o direito de greve, restringindo aos empregados o exercício do direito (arts. 1º e 17). O art. 2º, da citada lei dispõe:"considera-se legítimo exercício do direito de greve, a suspensão coletiva, temporária e pacífica total ou parcial, de prestação pessoal de serviços empregados". Verifica-se, que a greve legitima a paralisação coletiva do trabalho. Durante este período, somente o vínculo contratual permanece, não gerando qualquer efeito executivo. Em decorrência, não é devida nenhuma remuneração ao empregado (suspensão do contrato de trabalho). Segundo o art. 3º da mesma lei, a deflagração da greve está condicionada ao resultado das negociações realizadas com o objetivo de obter a celebração da Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho ou verificada a impossibilidade de via arbitral. Os arts. 8º e 14 da Lei nº 7.783/89 estabelecem que a justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, ao julgar o dissídio coletivo, decidirá: • Sobre a legalidade ou ilegalidade da greve, sem prejuízo de exame do mérito das reivindicações; • Sobre a cessação da greve, se antes não resolvida por conciliação das partes ou por iniciativa da entidade sindical. Declarada a ilegalidade, a Justiça determinará o retorno ao trabalho. 5. Natureza Jurídica A natureza jurídica da greve, de acordo com Maurício Godinho é um direito potestativo coletivo, resultante da autonomia privada coletiva inerente às sociedades democráticas. No âmbito nacional, o direito de greve é amparado pela Lei, dentro de determinadas situações, como enuncia o TST:"A greve, como ato jurídico, deve sujeitar-se à regulamentação legal, sendo, portanto abusivo o movimento deflagrado sem a observância dos requisitos contidos na Lei 7783/89"3. Entendeu o TST no sentido de que"a greve é um direito consagrado no texto constitucional, sendo facultado (o grifo é nosso) aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de desempenhá-lo. A simples adesão ao movimento paredista não constitui falta grave, porquanto somente atos de violência desencadeados por força desta paralisação conduzem ao reconhecimento da justa causa"4. Na sua origem, a greve é sem dúvida uma forma de autotutela, de coerção coletiva. Mas foi através de seu reconhecimento como direito fundamental que esta além de força recebeu “civilidade”. Diante disto, alguns doutrinadores têm o instituto da greve como um superdireito, contudo a presente denominação pode ensejar enganosa visão a respeito de não haver limites para sua prevalência, o que de fato está totalmente errado. Ao mesmo tempo em que o direito de greve ganhou muita força nos regimes democráticos, também recebeu limites inquestionáveis para a manutenção da civilidade e ordem social. 6. Limitações ao Direito de Greve A Constituição impõe limites a esse direito, tendo em vista que, antes de tudo, a nossa Lei Maior assegura o direito à vida, à liberdade, à segurança (art. 5º). De acordo com Sergio Pinto Martins “a greve não é um direito absoluto. Só por se tratar de um direito já existem limitações”.5 Sendo direito assegurado em sede constitucional (arts. 9º e 37, inciso VII, da Carta Magna), inobstante não é direito absoluto, posto que o Estado de Direito é incompatível com a existência de direitos absolutos. No que concerne ao direito de propriedade o art. 5º inciso XXII da Carta Magna preceitua que mesmo a greve sendo um direito, não é possível que venha a danificar bens ou coisas privadas ou públicas. A lei nº 7.783/89 também impõe limites ao direito de greve. Em seu art. 2º esclarece que a greve deve ser pacífica, vedando, portanto, greves violentas, inclusive por meio de tortura ou de tratamento desumano. Em seu art. 6º protege também a propriedade, não sendo possível causar dano a propriedade ou a pessoa. A moral e a imagem da pessoa também são protegidas pela nossa Constituição, portanto, se a greve ofendê-las, as vítimas terão que ser indenizadas. Os militares estão proibidos de fazer greve (art. 142, § 3º, IV da CF). Contudo, é permitido aos funcionários públicos exercerem o direito de greve, obedecendo aos limites definidos em lei específica (art. 37, VII da CF). O abuso de direito na greve, isto é, a greve abusiva6, ocorre quando ultrapassar os limites normais de civilidade, de respeito ao patrimônio particular alheio e dos bons costumes tais como: - ocupação ameaçadora de estabelecimentos; - sabotagem nas instalações e serviços da empresa; - boicote aos serviços da empresa e associados; - agressão física a membros do patronato e colegas dissidentes; - violência contra o patrimônio; - faltas graves e delitos trabalhistas. Haverá ainda uso abusivo do direito de greve se ele não for exercitado na conformidade da lei. O art. 14 da lei nº 7.783/89 estabeleceque a inobservância de suas determinações, bem como a manutenção da paralisação após a celebração do acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho, são caracterizadas como abuso do direito de greve. No entanto, não constitui abuso do direito de greve a paralisação com o fito de exigir o cumprimento de cláusula ou condição prevista no acordo, na convenção ou na sentença normativa. O abuso de direito dá ensejo à responsabilidade, que pode ser trabalhista, civil ou penal. Ao mesmo tempo que o trabalhador que porventura não queira exercer seu direito potestativo de greve (já que ela é exercida pelo indivíduo, não pelo sindicato) não pode ter impedido seu acesso ao trabalho, com ameaça ou agressão. Uma limitação de razoável aceitação, expelidos os objetivos políticos, é de natureza ideológica: haverá desvio de finalidade e conseqüentemente ilegitimidade da greve sempre que for esta direcionada a fins que não sejam de natureza trabalhista A legislação impõe ainda limitações ao exercício de greve quanto às atividades essenciais. Tais atividades, de acordo com a Constituição Federal devem ser conceituadas e determinadas pela legislação específica. A lei nº 7.783/89 descreve taxativamente, em seu art. 10, as atividades ou serviços essenciais: • Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; • Assistência médica e hospitalar; • Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; • Funerários; • Transporte Coletivo; • Captação e tratamento de esgoto e lixo; • Telecomunicações; • Guarda uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; • Controle de tráfico aéreo; • Compensação bancária. Ainda a respeito das atividades essenciais, cabe o atendimento das necessidades inadiáveis da população, previsto no artigo 9, parágrafo primeiro da CF e na Lei da Greve que dispôs: “os sindicatos, os empregados e os trabalhadores ficam obrigados de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis aos atendimento das necessidades da comunidade” (art. 11, Lei n. 7.7783/89). A Lei ainda dispõe que no caso de inobservância da previsão o “Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis” (art. 12), tais atividades são definidas como “aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população” (art. 11, parágrafo único). Em suma, o movimento paredista que viola tais previsões de limitações ao exercício de greve é invalidado pelos Tribunais e jurisprudência. O doutrinador GODINHO expressa que “a lei tem de ser interpretada em harmonia com a Constituição: direitos e garantias, em nenhuma hipótese, poderão, efetivamente, ser violados ou constrangidos”. 7- Garantias dos envolvidos na paralisação: São assegurados aos grevistas durante a greve: o emprego de meios pacíficos de persuasão; a arrecadação de fundos, bem como, a livre divulgação do movimento. As empresas não podem frustrar a divulgação do movimento, assim como, adotar meios que forcem o empregado a comparecer ao trabalho. Ao mesmo tempo em que os grevistas não podem proibir o acesso ao trabalho daqueles que quiserem fazê-lo. Ainda, é vedada a rescisão do contrato de trabalho durante a greve não abusiva, da mesma forma que contratar trabalhadores substitutos. Os salários e demais obrigações trabalhistas relativas ao período grevista serão regulados por acordo com o empregador. Ou seja, trata-se, a princípio, de hipótese suspensiva dos contratos de trabalho, mas, por força da negociação que pôr fim a greve, há a possibilidade Serviços essenciais. Dever legal de atender às necessidades comunitárias inadiáveis. O poder público poderá agir supletivamente, se os grevistas inobservam tal obrigação, mas não pode o Estado, alheio à lide, ser alcançado por imposição do judiciário nesse sentido, na apreciação do conflito. Recurso provido, para excluir da sentença normativa a cláusula determinante de apreciação de plano emergencial, pelo Estado de São Paulo (TST, RO-DC 265.937/96.7, Armando Brito, AC. SDC 48/97). De sua transformação em interrupção contratual (hipótese em que, embora não tenha havido prestação de serviços, há obrigações por parte do empregador). Garantias dos empregadores O empregador tem o direito de saber antecipadamente sobre a futura paralisação na empresa. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários para esse fim. Cabe ainda, contar com os serviços dos não grevistas. Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultar em prejuízo irreparável. É vedado a paralisação dos empregadores com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados," locaute ". De acordo com a lei nº 7.783/89 art. 6º os grevistas tem os seguintes direitos dentre outros: o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou a aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. O direito a livre divulgação do movimento é de extrema necessidade para o movimento grevista, pois é uma forma de persuadi o empregador, além de estimular outros trabalhadores a aderirem a greve. Pode-se usar megafone, distribui panfletos, enfim, pode ser usado qualquer meio de propaganda, contanto que não ofendam o empregador. Como já foi dito em tópico anterior, os grevistas tem que respeitar os limites constitucionais, principalmente aqueles elencados no art. 5º como o direito à vida, à liberdade, è segurança e à propriedade. É importante destacar que os trabalhadores que quiserem trabalhar não podem ser impedidos pelos grevistas. Contudo é permitido o piquete que é uma forma de pressão para os trabalhadores que não se interessam na greve, aderirem à paralisação. Já a sabotagem não será permitida, que é o emprego de meios violentos para que o empregador ceda às vantagens reivindicadas pelos trabalhadores. O empregador também tem que respeitar alguns limites como o de não constranger o empregado a trabalhar nem frustrar a divulgação da greve. É proibido também ao empregador contratar substitutos para os grevistas, de acordo com o art. 7º da lei nº 7.783/89. Considerações Finais Tem-se que a greve não é um simples direito fundamental dos trabalhadores, mas um direito fundamental de natureza instrumental e desse modo se insere no conceito de garantia constitucional. A greve é um recurso legítimo a que o sindicato pode recorrer, sempre que houver impasse nas negociações coletivas. Porém, mesmo que legal, não poderá ser indefinida, mas temporária, posto que não é um fim em si mesma, mas uma forma de pressão. Como um movimento de pressão contra o empregador, visando à obtenção de melhores condições de trabalho e de salário é intolerável como desobediência ao Estado ou a um de seus poderes, a permanência dos trabalhadores paralisados, constitui abuso do direito de greve e está sujeito à penalização. Sabe-se que a lei 7.783 e a Constituição Federal que regulam o direito de greve em geral, as atividades essenciais e a prestação de serviços inadiáveis à comunidade. Ao mesmo tempo em que tais Leis regulam e garantem a paralisação, limitam seu exercício a fim que a população não sofra em razão de possíveis abusividades decorrentes do exercício do direito de greve. Tais abusividades, se constatadas e declaradas serão passíveis de sanções impostas pela Justiça do Trabalho. . Greve e outros Atos Coletivos de Conflito BOICOTAGEM significa fazer oposição, obstrução ao negócio de uma pessoa, falta de cooperação. Tem o significado de obstaculizar ou impediro exercício da atividade do empregador, deixando de haver a cooperação com este, mas sem causar danos materiais ou pessoais. SABOTAGEM é a destruição ou inutilização de máquinas ou mercadorias pelos trabalhadores, como protesto violento contra o empregador, danificando bens da sua propriedade. A sabotagem em alguns sistemas penais é punida como infração penal. PIQUETES são uma forma de pressão dos trabalhadores para completar a greve sob a forma de tentativa de dissuadir os recalcitrantes que persistirem em continuar trabalhando. O piquete, no direito estrangeiro, é lícito, se pacífico, e ilegal, se violento, critério a que se coaduna também a lei brasileira. Melhor explicando, o piquete consiste numa forma de pressão dos trabalhadores sobre aqueles obreiros que não se interessam pela paralisação, preferindo continuar a trabalhar, e também para a manutenção do movimento. Serão, portanto, os piquetes permitidos, desde que não se ofendem as pessoas ou que se cometam estragos em bens, ou seja, o piquete pacífico será permitido como modo de persuasão e aliciamento da greve. Não serão admitidos piquetes que venham a impedir o trabalhador de ingressar no serviço. OCUPAÇÃO DE ESTABELECIMENTO pelos trabalhadores, recusando-se a sair do local de trabalho e lá permanecendo sem trabalhar. A justificação, precária por todos os motivos, é a necessidade de causar dano ao empregador como meio de eficácia do conflito. Contra o direito de ocupação militam 2 argumentos: • direito de propriedade, que deve ser respeitado. • liberdade de trabalho dos não aderentes à greve, que ficariam, com a ocupação, impossibilitados de exercê-la. BRAÇOS CRUZADOS são operações nas quais os empregados trabalham exagerando na meticulosidade com que se empenham no serviço, exatamente para entravar a sua marcha normal, e que alguns sociólogos denominam greve de excesso de zelo; a operação na qual os trabalhadores ficam de braços cruzados, sem trabalhar, conhecida por greve de braços cruzados; e a operação na qual o trabalho é executado lentamente ou com defeito. 7. “Locaute A expressão inglesa “lock-out” se traduz por olhar de fora, ou seja, os empregados ficariam do lado de fora da empresa, sem poder entrar para trabalhar. Trata-se de uma espécie de greve por parte do empregador, o qual paralisa suas atividades. Locaute, que é a paralisação das atividades pelo empregador para frustrar negociação coletiva, ou dificultar o atendimento de reivindicações dos trabalhadores, é vedado (Lei n. 7.783/89, art. 17) e os salários, durante o mesmo, são devidos. O cerramento, como também é chamado o “lock-out” pela doutrina, enseja penalidades para quem agir dessa forma e, ainda, obriga o empregador ao pagamento de salário aos empregados pelos dias em que manteve suas atividades empresariais paralisadas Logo, na ocorrência de locaute, os efeitos deste no contrato de trabalho são de interrupção, uma vez que há o pagamento dos salários dos empregados, mesmo sem ter trabalhado e conta o período como tempo de serviço. DISSÍDIO COLETIVO - A requerimento das partes ou do Ministério Público, a Justiça do Trabalho decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou a improcedência das reivindicações, cumprindo ao tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão. A CF, art. 114, § 3º, confere legitimidade ao Ministério Público do Trabalho para propor dissídio coletivo em caso de greve em atividade essencial, que apresente possibilidade de lesão do interesse público, competindo à Justiça do Trabalho, competência originário do Tribunal, decidir o conflito. A comissão de trabalhadores também poderá requerer a instauração do dissídio coletivo quando não houver entidade sindical que a represente. O tribunal trabalhista poderá apreciar a legalidade ou ilegalidade do movimento e os abusos de direito que forem cometidos. 8. Greve no Setor Público A Convenção n. 151 da OIT determina a institucionalização de meios voltados à composição dos conflitos de natureza coletiva surgidos entre o Poder Público e seus servidores (art. 8º). O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 8º, “c” e “d”) dispõe que a Administração Pública pode e deve estipular restrições ou limitações “no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteção dos direitos e liberdades de outrem”. A Lei 7.783/89 é aplicável inclusive às empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica, pois sujeitam-se ao regime jurídico das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas (CF, art. 173, § 1º). A Constituição Federal de 1988 assegurou o direito de greve ao servidor público da administração pública direta e indireta, que será exercido nos termos e limites definidos em lei específica (CF, art. 37, VII). É norma de eficácia contida, dependendo de lei específica (lei ordinária da União, Estados e Municípios) para poder ser exercitada. O STF ao julgar mandados de injunção firmou entendimento segundo o qual, diante da lacuna normativa existente (na falta de lei específica), esta deve ser preenchida com a aplicação, por analogia, da lei do setor privado (Lei n. 7.783/89), isto é, enquanto não regulamentado o direito de greve no setor público, os conflitos da mesma resultantes devem ser solucionados com base em uma norma jurídica vigente no ordenamento do páis, no caso a lei de greve do setor privado, com as adaptações necessárias que a jurisprudência pode fazer (MI 708-0-DF, de 25/10/2007; MI 712-PA, de 27/10/2007). O que causa estranheza diante da vedação da aplicação da Lei de Greve do setor privado no setor público (Lei n. 7.783/89, art. 16). No entanto, no entendimento firmado pelo STF , os servidores têm direito ao ajuizamento de dissídio coletivo, observando as diretrizes traçadas na Lei n. 7.783/89, que, todavia, não poderá contemplar pretensão relativa a reajuste de vencimentos, porque depende de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, a), mas apenas cláusulas que objetivem tratar de melhores condições de trabalho, inclusive relativas a meio ambiente de trabalho. O foro competente para processar esse dissídio coletivo será a Justiça Federal, para servidores federais, e a Justiça Estadual, para servidores estaduais ou municipais Os militares, integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) estão proibidos de sindicalizar-se e de exercer o direito a greve (CF, art. 142, § 3º, IV). Por igual, a regra se aplica aos policiais militares e aos corpos de bombeiros militares, que são forças auxiliares e reserva do Exército. (CF, art. 144, § 6º). Os servidores civis da Marinha, Exército e Aeronáutica gozam do direito de greve, como qualquer servidor público. Assim, também, os civis que trabalham para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros estaduais. SOLUÇÃO DE CONFLITOS INSTRUMENTOS NORMATIVOS NEGOCIADOS 1. Convenção e Acordos Coletivos As convenções e os acordo coletivos do trabalho são fruto do mecanismo de autocomposição de solução de conflitos. É fonte formal autônoma do Direito do Trabalho, isto é, direito positivo auto- elaborado pelos próprios interlocutores. Trata-se de plurarismo jurídico, coexistindo o direito estatal, que fonte formal heterônoma, e o não-estatal (fonte autônoma). CONVENÇÕES COLETIVAS - A CF, art. 7º, XXVI, reconhece as convenções coletivas e considera obrigatória a participação dos sindicatos nas mesmas (art. 8º, VI). A CLT define convenção coletiva de trabalho como o “acordo de caráter normativo pelo qual 2 ou mais sindicatos estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho (art. 611)”. Eis aí o efeito “erga omnes”. Convenção coletiva - elementos básicos que permitem a compreensãodo conceito e da natureza: • acordo entre sindicato de empregados e sindicato de empregadores. • resulta da autonomia da vontade de ambas as entidades. • surge como resultado de um ajuste bilateral e só se perfaz caso os 2 contratantes combinem suas vontades. • no direito do trabalho, as convenções coletivas são uma importante manifestação da autonomia privada coletiva, podendo ser equiparada aos contratos no direito comum. • a ordem jurídica se completa com essa atividade negocial reconhecida pelo direito às pessoas. Aos sindicatos também é conferida igual atuação. No Brasil, sujeitos legitimados para negociar são os Sindicatos (CLT, art. 611), do lado dos trabalhadores o sindicato profissional e do lado dos empregadores o sindicato patronal. Os Sindicatos são os da categoria e base territorial. Não pode um Sindicato negociar fora da sua base territorial, que corresponde no mínimo a área de um Município. A Convenção Coletiva é instrumento normativo em nível de categoria. Alcançam os seus efeitos todas as empresas representadas pelo Sindicato patronal e todos os empregados da categoria profissional do respectivo sindicato na base territorial representada. A legitimidade do sindicato exclui e prefere a das federações. Estas só podem negociar nas categorias inorganizadas em sindicato. O mesmo ocorre com as confederações sindicais quanto às federações e sindicatos (CLT, art. 611, parágrafo 2o.). ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO (CLT, art. 611, parágrafo 1o.) são ajustes entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas. Não se aplicam a toda a categoria, mas só à(s) empresa(s) estipulante(s). O art. 617 da CLT permite que os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar acordo coletivo de trabalho com suas empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 dias para assumir a direção das negociações. O mesmo procedimento deverá ser observado pelas empresas interessadas com relação ao sindicato da respectiva categoria econômica. Terminado o prazo de 8 dias sem que o sindicato tenha iniciado a negociação, poderão os interessados dar conhecimento do fato à federação a que estiver vinculado o sindicato e, na falta daquela, à correspondente confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado o referido prazo, poderão os interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva até o final. O ponto em comum da convenção e do acordo coletivo é que neles são estipuladas condições de trabalho que serão aplicadas aos contratos individuais dos trabalhadores, tendo, portanto, efeito normativo. Procedimentos para formalização e vigência do acordo e convenção coletiva do trabalho: • O acordo e a convenção coletiva do trabalho devem ser celebrados por escrito, em emendas ou rasuras, em tantas vias quanto forem os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além de um destina a registro (CLT, art. 613, parágrafo único). • Os sindicatos convenentes ou as empresas acordantes devem promover, conjunta ou separadamente, dentro de 8 dias da assinatura da convenção ou acordo coletivo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo no Ministério do Trabalho e Emprego (CLT, art. 614). • As convenções e acordos coletivos de trabalho entrarão em vigor 3 dias após a data da entrega dos mesmo no órgão do MTE (CLT, art. 614, parágrafo 1o.). • Cópias autenticadas das convenções e acordos coletivos de trabalho deverão ser afixadas de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas respectivas empresas, dentro de 5 dias da data do depósito (CLT, art. 614, parágrafo 2o.). • O prazo de vigência das convenções e acordos coletivos de trabalho é de até 2 anos (CLT, art. 614, parágrafo 3o.), podendo ser renovado por acordo das partes. DIFERENÇA ENTRE A CONVENÇÃO COLETIVA E O ACORDO COLETIVO é um ajuste intersindical porque em ambos os lados atuam sindicatos, dos trabalhadores e o patronal. os entendimentos são feitos diretamente com um empregador ou com dois ou mais empregadores. Não é um ajuste intersindical porque num dos lados, o patronal, não atua o sindicato. o âmbito de aplicação é maior, uma vez que se refletem sobre todos os membros da categoria. o âmbito de aplicação é menor, uma vez que envolvem apenas o pessoal da empresa que o fez com o sindicato dos trabalhadores. destina-se à matéria mais geral de interesse de toda a categoria na base territorial. destina-se à matéria mais específica de interesse dos trabalhadores da empresa. é um instrumento normativo de efeitos sobre a categoria profissional e econômica. é um instrumento normativo de efeitos sobre uma ou mais de uma empresa da categoria, mas não sobre toda a categoria. destina-se a resolver problemas na categoria. destina-se a resolver problemas na empresa. 2. Eleitos das Cláusulas dos Instrumentos Normativos EFEITO OBRIGACIONAL: • é constituído das cláusulas que tratam de matéria que envolvem os sindicatos pactuantes e o conteúdo normativo envolve matéria que atinge os representados pelos sindicatos. • exemplo: uma cláusula prevendo uma multa sobre o sindicato que descumprir a convenção tem caráter obrigacional assumida pelo sindicato como pessoa jurídica. Já uma cláusula que assegura um aumento salarial para toda a categoria tem natureza normativa, porque não se cria uma obrigação para o sindicato como pessoa jurídica e, sim, para os empregadores do setor e um benefício para todos os empregados do mesmo setor. EFEITO NORMATIVO: • há uma diferença entre o contrato do direito comum e as convenções coletivas do direito do trabalho porque aqueles obrigam apenas os contratantes que são as partes que diretamente os ajustam. As convenções coletivas têm um campo de aplicação que não se limita aos sindicatos. Projetam-se sobre todas as pessoas que os sindicatos representam, os empregados que integram a categoria econômica dos empregadores. • as convenções coletivas são um acordo de caráter normativo. São normas jurídicas, portanto. São normas elaboradas pelos sindicatos. O Estado admite essa atividade normativa sindical, respeita-a, atribui-lhe efeitos e a considera parte integrante da ordem jurídica. • em decorrência do efeito normativo, as convenções coletivas aplicam-se não apenas sobre os sócios dos sindicatos, mas sobre todos os membros da categoria. Obrigam a todas as empresas que nelas encontram uma série de deveres a serem cumpridos nas relações individuais de trabalho. Beneficiam inúmeros empregados que trabalham nessas empresas, pelo simples fato de integrarem o setor de atividade econômica a que pertence o seu sindicato. • as convenções coletivas se aproximam mais da lei do que dos contratos, pois têm eficácia geral no âmbito do grupo para o qual se destinam. • um juiz, ao decidir um processo na Justiça do Trabalho, pode aplicar uma convenção coletiva. Um empregado quando ingressa com uma reclamação trabalhista pode pedir a aplicação da convenção do seu sindicato. Um advogado ao fazer uma petição inicial pode fundamentar o direito que pretende ver reconhecido em uma cláusula de convenção coletiva e são muitos os direitos cujo fundamento não é a lei, mas a convenção. Exemplo: diversas figuras de estabilidade no emprego, estabilidade do menor de idade de prestação de serviço militar, a estabilidade do empregado que sofre acidente de trabalho etc. INCORPORAÇÃO DAS CLÁUSULAS NO CONTRATO INDIVIDUAL – Em recente entendimento o TST editou a Súmula 277 (sessão do Tribunal Pleno em 14/09/2012), que dispõe sobre a ultratividade dos acordos e convenções coletivas do trabalho nos contratos individuaisdo trabalho, como abaixo transcrito: “Convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho. Eficácia. Ultratividade (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho”. A jurisprudência fixou que as cláusulas não repetidas permanecem vigentes até norma coletiva superveniente. Há críticas negativas e positivas sobre a efeito da ultratividade das cláusulas normativas no contrato individual do trabalho, uma vez que estas integram os contratos individuais de trabalho, podendo ser alteradas somente por expressa manifestação sindical em acordo ou convenção coletiva de trabalho posteriormente celebrado. As críticas negativas são no sentido de enfraquecer e dificultar a negociação coletiva, uma vez que pode engessar cláusulas que poderiam ser modificadas de acordo com as reais necessidades das categorias. As críticas positivas são no sentido de que preserva o trabalhador de ficar desprovido de algum benefício existente na norma que perdeu vigência, mas que continua com validade até que outra a substitua, mantendo, modificando ou até mesmo eliminando um direito existente na regra antiga. 3 - Negociação Coletiva: conceito É um mecanismo de autocomposição de conflitos, que compreende todas as negociações em que tem lugar, de uma parte, um empregador, um grupo de empregadores ou uma organização ou com várias organizações de empregadores, e de outra parte, uma ou várias organizações de trabalhadores visando: • fixar as condições de trabalho e emprego; • regular as relações entre empregadores e trabalhadores; • regular as relações entre empregadores ou suas organizações e uma ou várias organizações de trabalhadores ou alcançar todos esses objetivos de uma só vez. Negociação coletiva é o processo tendente a realizar acordo ou convenção coletiva de trabalho. É qualificada assim pelo resultado, sendo forma de ajuste de interesse entre as partes, que afetam as diferentes posições existentes visando encontrar uma solução capaz de compor suas posições. Funções da negociação: Normativa e Compositiva A função primordial da negociação coletiva é a normativa, assim entendida a criação de normas que serão aplicadas as relações individuais de trabalho desenvolvidas no âmbito da sua esfera de aplicação. Tem ainda a função compositiva, como forma de superação dos conflitos entre as partes. A própria constituição federal em seu artigo 7º, inciso XXVI reconhece as convenções e os acordos coletivos de trabalho, assegurando em seu artigo 8o. que ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos da categoria, seja em questões judiciais ou administrativas, e ainda, o artigo 8º, inciso VI da CF, pede e reclama a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho. A CLT em seu artigo 616 proíbe a recusa a negociação coletiva, quando houver provocação. Em síntese, a negociação coletiva visa a um procedimento de discussões sobre divergência entre as partes, procurando um resultado, que é o acordo ou a convenção coletiva. Se a negociação for frustrada não haverá norma coletiva. Tanto é que a negociação é que vai induzir a formação da norma coletiva sendo uma fase necessária para a instauração do dissídio coletivo (artigo 114 parágrafos 1º e 2º da CF). Procedimento - arts. 616 e seguintes da CLT. PODER NORMATIVO E SENTENÇAS NORMATIVAS CONCEITO DE PODER NORMATIVO: É a faculdade conferida por lei a órgãos não integrantes do Legislativo, para que possam estabelecer enlaces jurídicos espontâneos ou decidir conflitos coletivos submetidos à jurisdição. Há poder normativo no direito do trabalho, conferido por lei: • sindicatos de trabalhadores e empregadores quando estipulam contratos coletivos, convenções coletivas e acordos coletivos nos seus respectivos âmbitos de representação; e • Tribunais do Trabalho para que possam proferir sentenças nos dissídios coletivos aplicáveis a todos os membros das categorias dissidentes, como forma de solução de conflito resultante de negociação coletiva de trabalho. CONCEITO DE DISSÍDIOS COLETIVOS: São processos da competência originária do Tribunal, para a solução dos conflitos coletivos entre os sindicatos, quando frustrada a tentativa de conciliação e ante a impossibilidade de solução por arbitragem. Há dissídios coletivos propostos pelos sindicatos de empregados contra os sindicatos de empregadores, de sindicato de empregados contra uma ou mais empresas (CF, art. 114, §§ 1º e 2º). As decisões proferidas pelos Tribunais nos dissídios coletivos têm o nome de sentenças normativas. Criam com as decisões proferidas nos dissídios coletivos, normas que serão aplicáveis à relações individuais de trabalho dos setores representados pelos sindicatos que figuram no dissídio, razão pela qual têm natureza jurídica constitutiva, uma vez que podem criar, modificar ou extinguir normas sobre condições de trabalho. CONCEITO DE SENTENÇA: É o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito da causa. Assim, sentença é uma decisão proferida pelo Poder Judiciário nas questões submetidas ao seu julgamento. A sentença normativa terá vigência de até 4 anos (CLT, art. 868, parágrafo único). Se proferidas em dissídios individuais, as sentenças trabalhistas são denominadas sentenças individuais, restringindo-se o seu âmbito de validez às partes litigantes. Se, todavia, manifestadas num dissídio coletivo, são sentenças normativas, e podem atingir uma categoria econômica-profissional. Introdução 2. A greve no Brasil 3. Conceito 4. Garantia e previsão ao direito de Greve 5. Natureza Jurídica 6. Limitações ao Direito de Greve 7- Garantias dos envolvidos na paralisação: Garantias dos empregadores Considerações Finais
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