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ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE

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Psicopatologia 
Mara Viana de Castro Sternick
ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE
A característica essencial da Esquizofrenia, Tipo Paranóide, é a presença de delírios ou alucinações auditivas proeminentes no contexto de uma relativa preservação do funcionamento cognitivo e do afeto. 
 Os sintomas característicos são o discurso desorganizado com conteúdo delirante. Sendo que a forma típica dos delírios são persecutórios e/ou grandiosos, ou ambos, mas delírios também surgem envolvendo outros temas (por ex., ciúme, religiosidade ou somatização. 
 
 Os temas persecutórios dos delírios podem predispor o paciente a um comportamento suicida, e a combinação de delírios persecutórios e grandiosos com raiva pode predispor à violência;
 
 O início desse tipo de esquizofrenia tende a ser mais tardio do que em outros tipos;
Sensação de que está sendo perseguido, vigiado, será punido a qualquer momento;
O primeiro surto a probablidade de tratamento é de 80%, o segundo 50% e o terceiro 30%;
Não devemos desconstruir o delírio do paciente; 
A crise aguda é facilmente percebida;
O paciente se acha estranho, algo nele está diferente, quando o surto acontece algo abriu, uma fissura está posta no psiquismo;
Caso Schreber (1911)
Durante os primeiros anos de sua moléstia, alguns de seus órgãos corporais sofreram danos tão terríveis que inevitavelmente levariam à morte qualquer outro homem; viveu por longo tempo sem estômago, sem intestinos, quase sem pulmões, com o esôfago rasgado, sem bexiga e com as costelas despedaçadas; costumava às vezes engolir parte de sua própria laringe com a comida etc. Mas milagres divinos (“raios”) sempre restauravam o que havia sido destruído, e portanto, enquanto permanecer homem, é inteiramente imortal. Estes fenômenos alarmantes cessaram há muito tempo e, como alternativa, sua “feminilidade” tornou-se proeminente. Trata-se de um processo de desenvolvimento que provavelmente exigirá décadas, senão séculos, para sua conclusão, sendo improvável que alguém hoje vivo sobreviva para ver seu final. Ele tem a sensação de que um número enorme de “nervos femininos” já passou para o seu corpo e, a partir deles, uma nova raça de homens originar-se-á, através de um processo de fecundação direta por Deus. Somente então, segundo parece, poderá morrer de morte natural e, juntamente com o resto da humanidade, reconquistará um estado de beatitude. Nesse meio tempo, não apenas o Sol, mas também árvores e pássaros, que têm a natureza de ‘resíduos miraculados (bemiracled) de antigas almas humanas, falam-lhe com inflexões humanas, e coisas miraculosas acontecem por toda a parte a seu redor.’ (386-8.)
Paim (1990), denomina esquizofrenia paranóide o tipo clínico da enfermidade que se caracteriza pela predominância de delírios a alucinações. À medida que a enfermidade progride, o doente se integra em seu mundo delirante e alucinatório, afastando-se cada vez mais da realidade, da qual retira apenas aqueles elementos que contribuem para fortalecer a sua convicção delirante. Em toda a sua evolução, não se observam alterações profundas da personalidade, como ocorre habitualmente nos outros subtipos de esquizofrenia. 
As alucinações auditivas são muito freqüentes no quadro paranóide e se manifestam com a mais completa lucidez da consciência. Apresentam-se geralmente como vozes que censuram, condenam, ameaçam ou interferem diretamente nos atos do paciente (PAIM, 1990, p. 78). 
Para o autor, o segundo lugar em importância na esquizofrenia paranóide é ocupado pelos delírios, vivências de influência corporal que se apresentam como sensações anormais e desagradáveis. Em certos casos, os doentes se queixam de serem vítimas da prática de atos sexuais ou têm a sensação de que os órgãos internos do corpo mudaram de lugar. Observa-se também, uma série de alterações da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa, que em muitos casos desempenham papel importante nos delírios persecutórios. Os pacientes se sentem influenciados pelo hipnotismo, pela telepatia, pelo rádio, pela eletricidade, pelo telefone, etc. 
De acordo com o DSM-IV-TR (2002), os delírios na esquizofrenia paranóide são tipicamente persecutórios ou grandiosos. Os temas persecutórios podem predispor o indivíduo ao comportamento suicida e a combinação de delírios persecutórios e grandiosos pode predispor à violência. Aspectos associados incluem ansiedade, raiva e tendência a discussões;
Paim (1990), coloca que estes pacientes muitas vezes mantém uma atitude de superioridade diante do médico. O tom de voz elevado, o olhar vivo e certa facilidade dos movimentos expressivos simulam uma atitude natural, nada indicando em sua aparência exterior de se tratar de um doente mental;
O paciente pode demonstrar uma atitude superior e condescendente, apresentar uma qualidade afetada ou formal, ou então extrema intensidade nas relações interpessoais. Estes indivíduos apresentam pouco ou nenhum prejuízo na testagem neuropsicológica ou em outros testes cognitivos (DSM-IV-TR, 2002).

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