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16 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA Resistividade de um fio de níquel-cromo e ponte de Wheatstone Engenharia Química – Física Experimental III Maringá, PR 23/04/2014 INTRODUÇÃO A resistividade está presente em todo nosso cotidiano, não da forma como a mecânica está, pois de fato muitos dos fenômenos elétricos são invisíveis aos nossos olhos, ou estão dentro dos aparelhos eletrônicos em nossas casas, a forma como cada material reage a eletricidade cria o conceito de resistividade. A resistividade é especifica de cada material por sua capacidade de conter a corrente transmitida por entre seus átomos, criando então o conceito de resistência que depende também de fatores como comprimento e área da secção transversal. De modo que os objetivos deste experimento são: analisar a dependência da resistência de um fio condutor, com o comprimento e área de seção reta, calcular a resistividade de um fio de níquel-cromo e medir resistências pelo método da comparação, através da ponte de fio. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA RESISTIVIDADE Para podermos avaliar a influência que os materiais de que são constituídos os corpos exercem sobre suas resistências elétricas, tomamos amostras dos mesmos com dimensões (comprimento e área de seção reta), escolhidas, todas na mesma temperatura, e medimos suas resistências. Os valores encontrados são resistências correspondentes a comprimentos e seção reta conhecidos, e como sabemos que a resistência é diretamente proporcional ao comprimento e inversamente proporcional à área de seção reta será fácil determinar a resistência de um corpo feito de um determinado material e com área de seção reta e comprimento conhecidos. Não é difícil concluir que a resistência de um corpo é diretamente proporcional à sua resistividade, que denominamos com a letra grega ρ. Do exposto acima, podemos escrever que: (2.1) Onde o índice “T”, indica a resistência de um corpo a uma determinada temperatura. PONTE DE FIO (PONTE DE WHEATSTONE) A ponte de Wheatstone tradicional é um arranjo de resistores que não pode ser transformado em um resistor equivalente, como é o caso das associações comuns em série, paralelo ou mista. A resolução do circuito deve ser feita, entre outras possibilidades, pelas aplicações das leis de Kirchhoff. Todavia, é um circuito, cujo arranjo especial de resistores permite uma acurada medida da resistência ôhmica de resistores. Eis a configuração clássica: Figura 1: Ponte de Wheatstone A ponte de Wheatstone é 'equilibrada' mediante o ajuste dos valores de resistência em R3 e R4 de modo que não flua corrente através do galvanômetro. Quando essa situação é conseguida, os potenciais elétricos em C e D tornam-se iguais (VC = VD) ou seja, UCD = 0 volts. Assim, como consequência, as diferenças de potenciais entre os terminais de R1 e R3 são iguais e, do mesmo modo, serão iguais entre si as diferenças de potenciais entre os terminais de R2 (no caso, Rx, a resistência incógnita) e R4. A intensidade de corrente através de Rx é igual à aquela através de R1 (i2 = i1), assim como aquela através de R4 é igual à através de R3 (i4 = i3). Assim, como já vimos que as d.d.p. sobre R1 e R3 são iguais, escrevemos: i1.R1 = i3.R3 . Do mesmo modo, como as d.d.p. entre Rx e R4 são iguais, escrevemos: i1.Rx = i3.R4 . Dividindo-se essas duas expressões, membro a membro, têm-se: (2.2) ou, para finalizar: (2.3) Expressão que nos permite calcular Rx conhecendo-se os valores de R1, R3 e R4. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO Materiais Utilizados Trena 5m; Multímetro; Cabos e jacarés; Fonte de tensão; Placa de Bornes Galvanômetro de escala a , de forma a facilitar o encontro do ponto onde ; Resistores; Pontes de níquel-cromo: constituídas de um trilho de 1,20m graduado, com um terminal soldado em cada extremidade e um fio de níquel-cromo esticado e conectado entre os terminais; Procedimentos 3.2.1. Resistividade Mediu-se a área da seção reta e calculou-se valor teórico da resistividade para o fio de níquel-cromo fornecido; Com a função ohmímetro do multímetro, mediu-se a resistência do fio gradualmente a cada 20cm, partindo de um dos terminais; Mediu-se a resistência correspondente a 1m de distância de um dos terminais para os 5 demais fios fornecidos; 3.2.2. Ponte de Wheatstone Com a função ohmímetro do multímetro e a placa de Bornes, mediu-se a resistência experimental dos resistores; Montou-se, com o auxílio da placa de Bornes, o circuito equivalente a aquele da Figura 1, incluindo a ponte de Wheatstone no sistema: Figura 2: Determinação de resistores com a Ponte de Wheatstone onde Rp é o resistor padrão escolhido e Rx o resistor a ser medido. 3) Montado o sistema, deslizou-se a ponta de prova no trilho, observando a tendência do ponteiro do galvanômetro, tomando nota das distâncias dos terminais no ponto no qual esse indicasse zero. 4) Repetiu-se o processo para todos os resistores, com excessão do de número 5. RESULTADOS Tabela 4.1 – Resistências dos resistores utilizados. Ordem R (kΩ) 1 (0,560±0,001) 2 (0,794±0,001) 3 (1,012±0,001) 4 (1,193±0,001) 5* (2,194±0,001) 6 (2,196±0,001) 7 (3,96±0,01) 8 (6,92±0,01) *Não foi utilizado, pois é igual ao resistor 6. Tabela 4.2 – Dados de resistência para um fio de níquel-cromo (equipamento 9). L (cm) R (Ω) 20 (3,2±0,1) 40 (4,3±0,1) 60 (6,0±0,1) 80 (7,3±0,1) 100 (8,8±0,1) Diâmetro = (0,445±0,001) mm Área = (1,555x10-7) m2 Tabela 4.3 – Dados de resistência para outros fios. Equipamento R (Ω) Área de seção reta (m2) 3 (5,5±0,1) (2,957x10-7) 18 (5,5±0,1) (4,162x10-7) 8 (8,8±0,1) (1,626x10-7) 7 (10,4±0,1) (1,255x10-7) 6 (4,8±0,1) (5,039x10-7) L (cm) = (1,00±0,05) Tabela 4.4 – Determinação do valor de resistores com a ponte de Wheatstone. Rx (Ω) Rpadrão (Ω) x (cm) (L-x) (cm) Desvio (%) (556±32) (794±1) (69,60±0,05) (48,80±0,05) 0,71 (802±83) (560±1) (48,70±0,05) (69,70±0,05) 1,01 (980±64) (1193±1) (65,00±0,05) (53,40±0,05) 3,16 (1207±107) (1012±1) (54,00±0,05) (64,40±0,05) 1,17 (2169±105) (3960±10) (76,50±0,05) (41,90±0,05) 1,23 (3922±482) (2196±1) (42,50±0,05) (75,90±0,05) 0,96 (6648±791) (3960±10) (44,20±0,05) (74,20±0,05) 3,93 L = (118,40±0,05) cm ANÁLISE DOS RESULTADOS RESISTIVIDADE DE UM FIO DE NÍQUEL-CROMO Utilizando os dados da Tabela 4.3 e fazendo um gráfico de R x A, temos: Figura 5.2 - Gráfico R x A, obtido com os dados da Tabela 4.3. Verifica-se que a reta não se ajusta com os dados, pois o coeficiente R quadrado é 0,80. O próximo passo é verificar se a resistência é proporcional ao inverso da área. Com os dados da Tabela 4.3, vem: Figura 5.3 - Gráfico R x A-1, obtido com os dados da Tabela 4.3. Neste caso, verifica-se que R é proporcional ao inverso da área, pois o coeficiente R quadrado (que quando mais próximo de 1, melhor é o ajuste da reta aos dados), é de 0,96. Portanto temos: (5.1) (5.2) A unidade de C é: (5.3) Sabendo disso, e que a unidade de resistividade é [Ω.m] e a de comprimento do fio é [m], concluímos que C é: (5.4) Então, aplicando a equação 5.4 na 5.2: (5.5) Para encontrar a resistividade (ρ), isolamos ρ na equação 5.4,como L = 1 m, a resistividade do fio de níquel-cromo é numéricamente igual à inclinação da reta na Figura 5.2: ρ = (1,04x10-6) Ω.m Comparando com o valor teórico fornecido pelo equipamento (ρ = (1,14x10-6)), temos que o desvio percentual é de 8,77%. O desvio não é o ideal, a provável causa é a composição de cada fio, não temos como garantir que todos os fios sejam compostos da mesma liga níquel-cromo, tanto que observamos dois fios com resistências iguais e áreas de seção reta completamente diferentes. Outra causa plausível é devido à oxidação, nos foi informado que as medidas teóricas originais de resistividade foram feitas no ano de 2004, portanto estes fios já estão há 10 anos expostos ao ar atmosférico, o fator determinante é o tempo de exposição ao ar, já que ligas de níquel-cromo são pouco reativas e tendem a sofrer mínima oxidação em temperaturas ambientes. PONTE DE FIO DE NÍQUEL-CROMO Para calcular o valor da resistência elétrica do resistor desconhecido (Rx) basta ajustar o valor de pelo menos uma das três resistências de forma que o galvanômetro meça 0 Volt, situação na qual a relação de proporcionalidade da eq. 2.2 é respeitada. Utilizando a Lei de Kirchhoff das correntes pode-se encontrar a corrente nos nós C e D: Então, A Lei de Kirchhoff das tensões é utilizada para encontrar a tensão nas malhas BCD e ACD: Quando a ponte está em equilíbrio , logo o segundo conjunto de equações pode ser escrito como: Assim, dividindo-se as equações e rearranjando tem-se: Da Lei de Kirchhoff das correntes, e . Desta forma o valor desejado de pode ser calculado por: (5.6) Em nosso experimento, utilizamos as resistências que apresenta o fio de níquel-cromo em diferentes pontos como R1 e R2, um resistor padrão Rp no lugar de R3 e, a aquele cuja resistência desejamos calcular, o R4 da equação 5.6, chamaremos de Rx. Desta forma, de acordo com a eq. 5.5, considerando a distância entre o terminal esquerdo e a ponta de prova como , e aquela entre o terminal direito e a ponta como ,: Substituindo em 5.6: Usando Rp e Rx como R3 e R4, (5.7) Conforme queríamos demonstrar. O desvio percentual para as resistências calculadas desta forma se manteve abaixo de 4%. Parece-nos que este tende a ser maior quanto maior for a diferença entre a resistência padrão Rp e a resistência a ser calculada Rx. Contudo, haja vista a pequena quantidade de variáveis e a alta confiabilidade dos valores dados pelo ohmímetro para as resistências, A mais provável fonte de erro é a paralaxe, tanto para medir as distâncias L e x com a trena, quanto para observar o ponto no qual o galvanômetro zera. BIBLIOGRAFIA [1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física 3. 5ª Ed. Rio de Janeiro, Editora LTC, 2011. [2] CAVALCANTI, P. J. M. Fundamentos de eletrotécnica. 17ª Ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos S.A.
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