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1 ÉTICA E RESPONSABILIDADE SÓCIO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES Professor: EDMILSON DUARTE 2 INTRODUÇÃO Quando refletimos sobre a dimensão ética nas empresas, é necessário compreender que, além dos compromissos relativos ao seu funcionamento interno, a organização empresarial possui compromissos externos, de ordem social. É neste contexto que iremos desenvolver este trabalho, pois o compromisso social da empresa se expressa, ainda, no seu engajamento com programas culturais e filantrópicos de interesse da comunidade, nos seus projetos de preservação ambiental, especialmente porque, nesse ultimo caso, a tecnológica usada pelas organizações costuma causar impactos sobre o meio ambiente. Nos dias atuais para que uma empresa consiga credibilidade junto ao mercado em que atua, não basta só auferir qualidade a seus produtos ou serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor esteja cada vez mais exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Englobando outros itens como: ética, compromisso, respeito à sociedade e preservação ambiental. Este módulo irá trazer a importância e a necessidade de uma moderna gestão empresarial, gestão esta capaz de criar relacionamentos mais éticos no mundo dos negócios. A sociedade como um todo se beneficia, quando as organizações agem de forma honesta com todos os envolvidos no processo sejam eles: clientes, fornecedores, sócios, funcionários, o governo e a sociedade em geral. Os valores, os rumos e as expectativas devem levar em conta todo esse universo de relacionamento e seu desempenho também deverá ser avaliado quanto ao esforço no cumprimento de suas responsabilidades públicas e em sua atuação como empresa socialmente responsável. A importância deste módulo se dá pela necessidade que as empresas têm de incluir em sua estratégia de negócios o apoio a objetivos de interesse social e de responsabilidade pública, como: melhoria na educação, assistência médica, excelência na proteção ambiental, bem como conservação de recursos naturais. 3 Portanto um estudo sobre o compromisso ético que as empresas devem ter com a sociedade e principalmente com o meio ambiente, irá trazer melhorias tanto para as organizações quanto para o ambiente externo a elas. Então, como as empresas podem aumentar sua competitividade sendo éticas e sócio- ambientalmente responsáveis? A QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES. Responsabilidade Sócio-Ambiental está em evidência atualmente nas discussões referente à participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas, da sociedade e preservação do meio-ambiente. De acordo com o artigo 225 da Constituição Federal de 1998: “Todos têm direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Pode Público e á coletividade o dever de defendê-lo e preservá-la para as presentes e gerações futuras” (Constituição Federal 1998) Segundo o Instituto ETHOS de Responsabilidade Social (2000), a empresa que vise apenas interesses financeiros não é completa para o mercado atual, pois atualmente o interesse tem que visar contribuições para um conjunto maior, envolvendo outros públicos da empresa. De acordo com ETHOS, “a busca de excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental”. 4 Considerando-se a ética e a transparência nos negócios agrega-se valores positivos à imagem empresarial. Dessa forma, adotar posturas éticas e compromissos sociais torna-se um diferencial competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade a longo prazo. Para ETHOS: “Empresas socialmente responsáveis estão mais bem preparadas para assegurar a sustentabilidade a longo prazo dos negócios, por estarem sincronizadas com as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo empresarial... A empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos e observar as condições adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.” Baseando-se nos estudos de Aristóteles, pode-se afirmar que a finalidade da ética é promover o bem-estar. Desta maneira, uma organização estará sendo ética se estiver consciente que o que ela deve produzir inicial e fundamentalmente é o bem-estar, com a intenção final de maximizar os seus impactos positivos e reduzir os seus impactos negativos. Ética e Responsabilidade sócio-ambiental vem se destacando como tema principal no mundo dos negócios, visto que muitas empresas utilizam-na com marketing e diferencial competitivo no mercado. ÉTICA A avaliação da responsabilidade social de uma organização envolve seu relacionamento com o mundo externo. As questões éticas devem ser enfrentadas em todos os níveis da atividade empresarial, pois a ética empresarial esta relacionada com as regras básicas do comportamento individual, das empresas e da sociedade. Em diversas situações os indivíduos se defrontam com a necessidade de pautar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Algumas definições sobre ética nos ajudam a entender a importância de aplicá-la no ambiente empresarial e na sociedade como um todo. 5 "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7) Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. COMPORTAMENTO E CONDUTA ÉTICA Para as empresas atuais ética não é mais uma opção e sim uma exigência de mercado. Para Marizete Furbino “é através da ética que a organização realiza seu diferencial, ganhando respeito, confiança e credibilidade, portanto, tornou-se uma questão de sobrevivência”. Ser ético torna-se um diferencial, pois o comportamento ético rende bons resultados e agrega valor à imagem da organização. Dessa forma o gestor deve adotar o comportamento ético, ter consciência, tomar a decisão em ser ético e internalizar esses valores na empresa. Esse comportamento ético passou a ser adotado como forma de controlar, tentando diminuir atividades ilegais, e ainda algumas ações como: corrupção, ausência de respeito mútuo, egoísmo, etc. O compromisso da empresa com o comportamento ético é visto através dos códigos de ética. O código de ética deve ser feito de acordo com a filosofia da empresa, como Padrão de ação profissional e deve ser de conhecimento de todos, sendo explicitas com referência as suas expectativas e os seus padrões éticos. Agindo assim a empresa coloca a ética em prática, adotando princípios e valores como guia para o comportamento e conduta. 6 De acordo com Marizete Furbino (2007): “é preciso conduzir-se de forma ética não apenas quando lhe for conveniente, mas o tempo todo, demonstrando compromisso não só com a organização da qual faz parte, mas também com a comunidade para qual serve, contribuindo com o desenvolvimento e realizando de fato responsabilidadesocial.” A elaboração do código de ética é o início do caminho para a responsabilidade social-ambiental da empresa. O código de ética deve envolver todos os públicos de uma organização. Na página da internet do Instituto Ethos é disponibilizado o manual “Formulação e Implantação de Código de Ética em empresas- Reflexões e Sugestões”, relacionando quais seriam os aspectos básicos na formulação de um código de ética para as empresas responsáveis sócio-ambientalmente. RESPONSABILIDADE SOCIAL Hoje há pouca dúvida de que o público em geral espera que as empresas e outras organizações ajam com genuína responsabilidade social. Na verdade, as demandas de nosso complexo clima econômico e social apontam na direção de expectativas sempre crescentes de que as organizações irão integrar sua responsabilidade social expandida ao núcleo de seus valores e de suas atividades diárias. Os comentários feitos por Keith Davis, um respeitado teórico da gerência, diz que: “ a sociedade quer que as empresas, tanto quanto as outras instituições principais, assumam responsabilidade social significatica. A responsabilidade social se tornou a chancela de uma organização global, madura...As empresas que vacilam ou optam por não entrar na arena da responsabilidade social podem descobrir que mergulharão gradualmente no desagrado dos clientes e do público.” 7 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA A responsabilidade social corportaiva é definida por muitos autores como uma obrigação da organização de atuar em modos que sirvam tanto a seus próprios interesses quanto aos de seus diversos públicos externos. Estes públicos são considerados interessados ou beneficiários (stakeholders) – as pessoas e grupos que são afetados de um modo ou de outro pelo comportamento de uma organização. Nos círculos academicos e de politicas públicas prevalecem duas visões contrastantes da responsabilidade social corporativa: a visão clássica, que sustenta que a única responsabilidade da gerência é maximizar os lucros, e a visão socioeconômica, onde sustenta que qualquer organização deve se preocupar com o bem-estar social mais amplo. Existem muitos âmbitos de ação nos quais a responsabilidade social pode ser perseguida pelas firmas de negócio e outros tipos de organizações. Incluem as preocupações com a ecologia e a qualidade ambiental, a verdade na proteção ao consumidor, melhoria na educação e ainda atender a necessidades da comunidade, filantropia corporativa em geral, entre outras. No entendimento de D’Ambrósio e Mello (apud Melo Neto e Fróes, 2001:78), “a reponsabilidade social de uma empresa consiste na sua decisão de participar masi diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e minorar possíveis danos decorrentes do tipo de atividade que exerce.” Nesta perspectiva, podemos compreender o conceito de responsabilidade social corporativa como um compromisso da empresa com a sociedade na busca da melhoria da qualidade de vida da comunidade, e toda cadeia produtiva do meio ambiente à sociedade, presupondo um compromisso ético com os diversos agentes socias. A partir da década de 1970, a convergência de várias forças econômicas levou alguns acadêmicos a reexaminarem a noção de “responsabilidade social corporativa”, definida nos seus primórdios pelo princípio da caridade, que exigia um auxílio dos indivíduos mais ricos aos menos 8 afortunados da sociedade, diretamente ou com igrejas e fundos comunitários (Carnegie, apud Stoner e Freeman, 1985). Atualmente, os argumentos a favor da responsabilidade social corporativa podem ser classificados na linha ética e instrumental. Os argumentos éticos consideram dever das empresas praticar ações sociais por ser uma atitude moralmente correta. Já a linha instrumental defende a responsabilidade social corporativa como forma de trazer vantagem competitiva às empresas (Jones, 1996). Como já evidenciado, as práticas de responsabilidade social assumem cada vez mais importância nas empresas, como forma de criar valor para todos os stakeholders. Nesse contexto, as alianças entre empresas de diferentes setores, em especial entre grandes organizações e empresas sem fins lucrativos, são uma ferramenta crucial para incorporar o elemento social e o ambiental na estratégia corporativa. RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL A primeira questão a ser considerada é “o que é e como surgiu a Responsabilidade Socioambiental Empresarial”? Podemos dizer que “Responsabilidade Social Empresarial” é um processo contínuo e progressivo de envolvimento e desenvolvimento de competências cidadãs da empresa, com a assunção de responsabilidades sobre questões sociais e ambientais relacionadas a todos os públicos com os quais ela interage: o corpo de colaboradores diretos (público interno), sócios e acionistas, fornecedores, clientes e consumidores, mercado e concorrentes, poderes públicos, imprensa, comunidade e o próprio meio ambiente. Pode-se definir alianças sócio ambientais como formas de relacionamento entre empresas envolvendo troca, compartilhamento ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologia ou serviços, com o objetivo de implementar políticas e atividades que incluem pelo menos um parceiro sem fins 9 lucrativos e objetivos não-econômicos, isto é, objetivos voltados para a melhoria do bem-estar social e para a preservação do meio ambiente. A origem do conceito remonta aos fins da década de 60, quando há a insurgência de movimentos sociais (pacifistas, feministas, raciais, de direitos humanos e ambientalistas) que passam a, sistemática e organizadamente, exercer pressão sobre as grandes empresas, exigindo que respondam pelas conseqüências diretas de suas atividades. Nos anos que se seguem, nas décadas de 70 e 80, ocorre o nascimento e fortalecimento de vários grupos organizados da sociedade civil, ou, como hoje denominamos: Terceiro Setor. Neste mesmo período, por um lado, se intensificam os processos de transnacionalização de diversas empresas, o que causa impacto e conflitos culturais significativos em vários países, e, por outro, os governos começam a perder espaço como principais provedores do “bem-estar” social. O processo se acelera ainda mais com a queda do Muro de Berlim e abertura das economias de vários países, notadamente a partir de meados da década de 80 e começo dos anos 90. Nos últimos anos, vemos que, à medida que o poderio econômico das organizações privadas cresce, a pressão para que respondam por questões sócio-ambientais também se intensifica; é a cobrança pelos princípios fundamentais de coerência, justiça e respeito aos direitos humanos e ao ambiente. A vigilância sobre as atitudes das empresas, realizada principalmente pelas organizações da sociedade civil, órgãos de defesa de direitos e também pela mídia, aumenta significativamente e, em boa parte devido às novas tecnologias de comunicação, a transparência deixa de ser uma opção e passa a ser um fato inevitável a ser encarado pelas organizações. Muitas empresas percebem a responsabilidade socioambiental como uma nova oportunidade, uma “nova onda”, capaz de “agregar valor” às suas marcas. Assim, o tema da responsabilidade socioambiental toma corpo na pauta de estratégias da grande maioria das organizações privadas. Mas, cabe questionarmos se as práticas de RSE que vêem sendo adotadas, e fartamente divulgadas, estão no sentido dos princípios éticos fundamentais. Com relação à responsabilidade socioambiental e desempenho da empresa, Hart (1997) afirma que as empresas precisamcriar uma visão de economia global sustentável, ou seja, desenvolver 10 estratégias e competências integradas com o meio ambiente, e, ao mesmo tempo, coerentes com os problemas das diferentes economias (de mercado, de sobrevivência e da natureza). Na próxima década, o desenvolvimento sustentável será uma das maiores oportunidades da história dos negócios e cabe aos executivos liderar este caminho. Segundo Hart (1997), as empresas devem assumir o papel de educadoras, direcionando a preferência dos consumidores por produtos e serviços consistentes com a questão da sustentabilidade. ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES O comportamento ético das empresas é exigido pela sociedade, dessa forma a empresa adotando valores éticos e morais é um indicativo de rentabilidade e sustentabilidade a longo prazo. Assim numa empresa ética a tendência é que siga os valores morais da sociedade e seus gestores e todos os funcionários sigam regras e valores do “código de ética” da empresa. Vazquez define ética como: “um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.” A empresa para ter responsabilidade social e ambiental tem que ser ética, a prática da responsabilidade social indica compatibilidade dos valores morais e éticos da empresa com os da sociedade. “sem ética nos negócios não existe responsabilidade social” (ETHOS 2008). 11 RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES “Responsabilidade sócio-ambiental pode ser definida como um conjunto de ações que promovam o desenvolvimento em comprometimento com o meio-ambiente e áreas sociais”. (FELIPE COSTA) Esse conceito se deu origem quando os movimentos sociais (pacifistas, feministas, raciais, de direitos humanos e ambientalistas) de forma organizada passou a pressionar a grandes empresas, exigindo que respondam pelas conseqüências de suas atividades. No mercado atual os consumidores passam a escolher seus produtos não somente pela qualidade ou marca e sim pela imagem da empresa em relação à responsabilidade social e ambiental. Seguindo as exigências dos consumidores atuais as empresas passam a atuar externamente e internamente aplicando políticas de responsabilidade sócio-ambiental, essa atuação acarreta benefícios como: redução de custos, aumento das receitas, melhoria da imagem da empresa, desenvolvimento de novos modelos de negócios e desenvolvimento para pesquisas de tecnologias ecologicamente corretas. Pois a opinião pública negativa nessa realidade poderá afetar as vendas bem como a capacidade da empresa em atrair e reter pessoas talentosas. Segundo Bateman/Snell (1998): “as questões ambientais afetam a eficiência, a eficácia e as metas em longo prazo e requerem considerações técnicas, éticas, sociais e competitivas.” 12 As empresas devem auxiliar o meio-ambiente de modo que proteja seus negócios e agreguem valor a eles. Para muitas empresas a Responsabilidade Sócio-Ambiental é percebida como uma nova oportunidade estratégica e de diferencial competitivo. De acordo com Carlos Alberto de Farias Gaspar, em seu artigo, publicado em 29/05/05: “os princípios da Responsabilidade Sócio-Ambiental Empresarial, exigem muito mais cooperação do que competição; exigem compromisso social e ambiental; exigem a união e a convergência de esforços dos diferentes setores da sociedade em torno de causas significativas e inadiáveis. Mas é na competição e na sedução dos apelos de marketing que esses princípios correm o risco de sucumbir, passando a servir a propósito meramente estéticos e comerciais.” A Responsabilidade sócio-ambiental deve ser um processo contínuo e progressivo, visto que a cada dia o poder econômico das empresas privadas cresce, e com isso aumenta a pressão para que respondam por questões sócio-ambientais e sigam os princípios de coerência, justiça e respeito aos direitos humanos e ambientais. Os efeitos dessa política de Responsabilidade sócio-ambiental vão além da empresa e dos clientes englobando a sociedade como um todo. Algumas ações podem ser realizadas pelas empresas para contribuição com o meio-ambiente como: Minimização de resíduos (reciclagem); Estabelecimento de princípios ambientalistas; Redução da poluição/novas tecnologias; Reutilização de recursos naturais (água); Otimização do uso de energia. 13 MARKETING SOCIALMENTE RESPONSÁVEL Os efeitos do marketing vão além da empresa e dos clientes englobando a sociedade como um todo. Segundo Kotler (2006) “O sucesso nos negócios e a satisfação contínua dos clientes e outros públicos estão intimamente ligados à adoção e à implementação de altos padrões de conduta nos negócios e no marketing. As empresas mais admiradas do mundo obedecem a uma só lei: servir aos interesses das pessoas, não apenas aos seus próprios”. Algumas situações exigem um novo termo que amplie a orientação de marketing. Entre os termos temos: marketing humanista e marketing ecológico. Kotler (2006) propõe chamar essa orientação de marketing societal que é uma evolução do conceito de marketing. Esta orientação sustenta que a tarefa da organização é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e satisfazê-los de maneira mais eficiente e eficaz que os concorrentes, de um modo que conserve ou aumente o bem-estar do consumidor e da sociedade como um todo. Além do que a orientação de marketing social convoca as empresas a incluir considerações éticas e sociais em suas praticas de marketing. MARKETING RELACIONADO A CAUSAS SOCIAIS Para Kotler o marketing de causas “relaciona as contribuições da empresa em prol de determinada causa com a disposição dos clientes para manter transações com essa empresa e, assim, gerar receita para ela”. O marketing para causas é uma maneira eficaz de aperfeiçoar a imagem corporativa, aumentando as vendas e fortalecendo a fidelidade dos clientes. O marketing de causas pode também ser reconhecido com parte do marketing social corporativo, que Drumwright e Murphy citados em Kotler e Keller (2006) definem como os esforços de marketing “que têm pelos menos um objetivo não econômico, relacionado ao bem-estar social, e para alcançá-lo usa os recursos da empresa e/ ou dos seus sócios”. 14 Uma empresa com um programa de marketing de causas bem-sucedido pode produzir diversos benefícios Kotler e Keller (2006) citam alguns deles: melhorar o bem-estar social; criar posicionamento de marca diferenciado; criar fortes laços com o consumidor; aprimorar a imagem pública da empresa entre as autoridades públicas e outros tomadores de decisões; melhorar o clima interno; animar os funcionários, e impulsionar as vendas. Os consumidores são capazes de desenvolver um vinculo mais forte que vai além das relações normais de mercado com uma empresa mais humanizada. Kotler e Keller (2006) mostram “alguns dos meios específicos pelos quais os programas de marketing de causas podem criar brand equity entre os consumidores são: desenvolver conscientização, melhorar a imagem da marca, aumentar a credibilidade da marca, evocar sentimentos em relação à marca, criar um senso de comunidade de marca e obter compromisso com a marca”.MARKETING SOCIAL Segundo Zenone (2006 p.65) o marketing social refere-se à extensão de marketing ao longo se sua dimensão substantiva, ou seja, a um aumento das áreas relativa ao marketing para focar os interesses a longo prazo dos consumidores e da sociedade. Kotler e Armostrong (apud Zenone 2006 p. 67) diz que “o conceito de marketing social sustenta que a organização deve determinar as necessidades, desejos e interesses dos mercados-alvo, e então proporcionar aos clientes um valor superior, de forma a manter ou melhorar o bem-estar da sociedade. ... Segundo este novo conceito de marketing social, o conceito tradicional de marketing não percebe os possíveis conflitos entre os desejos a curto prazo. ... o conceito de marketing social exige que os profissionais de marketing equilibrem três fatores ao definirem sua política de mercado: os lucros da organização, os desejos dos consumidores e os interesses da sociedade.” 15 De acordo com Kotler (2006 p.717) “o marketing social é feito por uma organização não lucrativa ou governamental para promover uma causa”. Em Zenone (2006 p.68) a pratica do marketing social pode ser inserida em três categorias: setor público, setor privado e Terceiro Setor ou setor privado com fins públicos, do qual fazem parte as ONGs. Segundo Kotler marketing social surgiu há décadas atrás. Na década de 1950, a Índia lançou campanhas de planejamento familiar. Em meados de 1970, a Suécia criou campanhas para transformar o país em uma nação de não fumantes e abstêmios, e o governo australiano fez campanhas pelo uso de cinto de segurança e já o final da década de 70 o governo canadense promoveu campanhas com temas “Diga não as drogas”, “Pare de fumar” e “Exercite-se para ter saúde”. Na década seguinte, o Banco Mundial, a Organização Mundial da Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças começaram a usar e divulgar o termo marketing social. Aqui em João Pessoa, já agora no século XXI também tem um exemplo de marketing social que foi a campanha de conscientização da faixa de pedestres. Segundo Zenone o marketing social é uma tecnologia de gestão do processo de transformação social, ou seja, tem a função de trabalhar querendo mudar o comportamento da sociedade para o seu próprio bem. MARKETING INSTITUCIONAL Com diversas marcas concorrendo os mesmos segmentos de mercados, as organizações buscam maneiras de diferencia-se uma das outras. A organização se vê ameaçada por forças adversas que vão de encontro aos objetivos. A organização, para diminuir o efeito dessas forças, necessita aprender a dominar ou conviver estrategicamente com estas dificuldades, para se diferenciar a organização pode passar a desenvolver ações institucionais, buscando uma boa imagem perante os diversos públicos de interesses (Zenone 2006 p.54). 16 Vaz (apud Zenone 2006 p.54), “com o passar do tempo, as empresas foram absorvendo valores alheios aos seus objetivos imediatos de negocio, venda e lucro”. Diante desse fato, o marketing empresarial passa a constituir-se a partir de dois conceitos o de marketing comercial e o de marketing institucional. “O marketing comercial refere-se às atividades de comercialização de um produto ou serviço e tem um impacto econômico direto. O marketing institucional atua na sociedade onde a empresa está inserida fisicamente ou através de seus produtos, com o objetivo de garantir a boa imagem da marca” (Zenone 2006). Vaz (apud Valquíria Theodoro) “o marketing institucional presta-se às atividades de ‘polimento de imagem das organizações’, na busca de sólida reputação e reconhecimento público para a empresa. Utilizado para formar, manter, consolidar ou mudar o conceito público de uma organização, é o sentido mais usual em que se emprega a expressão Marketing institucional, voltado para a obtenção, preservação e melhoria de imagem da empresa no mercado”. Com isso cria a imagem de empresa socialmente responsável. De acordo com Zenone (2006), no marketing institucional tem como objetivo formar uma boa imagem institucional perante aos stakeholders. É no marketing institucional que há a aproximação da organização com causas sociais. E com essa parceria temos beneficios para todos, pois de um lado as empresas, com o incremento nas vendas e pela capitalização de imagem, do outro lado as entidades, com a divulgação de sus causas, atraindo voluntários e maior volume de recursos; e por fim, a sociedade. Deste modo não há nada de errado em uma empresa se aproximar de causas sociais, desde que tudo seja feito de forma transparente e clara, afim de não induzir a sociedade a uma falsa percepção da imagem da organização. (ZENONE 2006). 17 As atividades culturais, esportivas, comunitárias e ambientais, são áreas comuns aos interesses institucionais tanto das empresas com fins lucrativos como das ONGs. A diferença entre elas é que nas ONGs não há a presença do marketing comercial. INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL CORPORATIVA E SEUS BENEFÍCIOS: Segundo Tenório (2004) os indicadores de responsabilidade sócio-ambiental são métodos de avaliação que as empresas tem para verificar o seu nível de envolvimento com questões sócio ambientais. Além de auxiliar a administração, os indicadores facilitam na comunicação transparente da organização com seus diversos agentes e dessa forma as organizações reforçam seu compromisso com a ética nos negócios e com a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Os indicadores mais utilizados atualmente pelas empresas são: o balanço social, a demonstração do valor adicionado e as certificações de responsabilidade sócio-ambiental. O balanço social é um instrumento de informação para a sociedade a respeito dos impactos que as atividades empresariais exercem sobre os trabalhadores, a sociedade, a comunidade e o meio ambiente. Priorizando informações de ordem financeira, econômica e patrimonial, e por esse motivo, não é suficiente para a avaliação do desempenho empresarial. A demonstração do valor adicionado (DVA) é um relatório que permite identificar quantidade de valor que uma empresa agrega à sociedade e de que forma, ele é repartido entre os agentes. A certificação de responsabilidade sócio-ambiental corporativa surgiu no exterior visando padronizar indicadores referentes a aspectos éticos e de responsabilidade sócio-ambiental na condução dos negócios. Tenório (2004) nos diz que a norma BS 8000 aborda questões referentes às condições de segurança e saúde dos trabalhadores, que a norma AS 8000 concentra-se no respeito aos direitos humanos e trabalhistas e que a norma AA 1000 procura avaliar e analisar as relações existentes entre a empresa e a comunidade. Porém essas normas abordam parcialmente as dimensões 18 da responsabilidade sócio-ambiental corporativa e para a necessidade de uma análise mais detalhada, é necessário se obter informações adicionais e até mesmo certificados complementares, são eles: ISSO 9000 (referente à qualidade dos produtos) e a ISSO 14000 (referente às questões ambientais), essa última detalharemos a seguir em outro tópico. Cada vez mais as empresas vêm se querendo fazer parte desses indicadores, pois estão buscando alternativas para demonstrar seu envolvimento e preocupação com as questões sócio- ambientais. Para isso existem associações comprometidas com esses princípios, onde as empresas se comprometem a seguir um código de conduta. E ainda, Institutos e Fundações preocupados em medir seus desempenhos relacionados a:valores e transparência, público interno, meio ambiente, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e sociedade, que são as sete dimensões da responsabilidade sócio-ambiental corporativa. Com isso esses órgãos nos permitem identificar o nível de atuação e o grau de comprometimento empresarial com as questões sociais, ambientais e éticas. Sendo assim esses demonstrativos tornam-se complementares à análise do desempenho financeiro empresarial. Os benefícios econômicos que pode-se alcançar com a prática da responsabilidade sócio- ambiental nas organizações estão ligados a economia de custos: redução do consumo de água, energia e outros insumos, reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos, e diminuição de efluentes, redução de multas e penalidades por poluição; ao incremento da receita: aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”, aumento da participação no mercado, linhas de novos produtos e aumento da demanda; a benefícios estratégicos: melhoria da imagem institucional, renovação da carteira de produtos, aumento da produtividade, alto comprometimento do pessoal, melhoria nas relações de trabalho, melhoria na criatividade para novos desafios, melhoria nas relações com diversos órgãos, acesso assegurado ao mercado externo e por fim, a melhor adequação aos padrões ambientais. RELATÓRIO VERDE/ ISO 14000 19 Para Slack, Chambers e Johnston (2002) até o final da década de 90, relativamente poucas empresas no mundo disponibilizavam informações de suas práticas e desempenho ecológicos. Hoje esses relatórios são cada vez mais comum em parte isso pode ser motivado por um desejo altruístico de causar menores danos ao planeta, porém, é cada vez mais aceito que o relatório verde faz sentido comercial. Atualmente os relatórios ambientais estão cada vez mais confiáveis pois são submetidos a auditores externos para verificação e portanto, pessoas que antes criticavam as empresas agora elogiam a confiabilidade de seus relatórios. Ainda segundo Slack, Chambers e Johnston (2002) outro assunto importante que surgiu nos últimos anos é a introdução do padrão ISO 14000, que tem suas raízes históricas em dois sistemas: um britânico e um outro europeu. O padrão internacional ISO 14000 tem o objetivo de permitir que empresas de todo o mundo avaliem de maneira sistemática como seus produtos, serviços e processos interagem com o meio ambiente. A ISO 14000 faz alguns requerimentos específicos, tal como: compromisso da alta gerência com a administração ambiental; desenvolvimento e comunicação de uma política ambiental; estabelecimento de requerimentos que sejam relevantes do ponto de vista legal e regulador; estabelecimento de objetivos e metas ambientais; estabelecimento a atualização de um programa ambiental específico; implementação de sistemas de apoio como treinamento, controle operacional e planejamento de emergência; monitoramento e medidas freqüentes de todas as atividades operacionais e procedimento para auditoria completa a fim de rever o funcionamento e adequação do sistema. O grupo de padrão ISO 14000 cobre as áreas de sistemas de gerenciamento ambiental, auditoria ambiental, avaliação de desempenho ambiental, rotulação ambiental, avaliação do ciclo de vida. EQUILÍBRIO AMBIENTAL 20 Uma maneira de medir como anda o equilíbrio ambiental nas organizações é considerando a carga ambiental (CA) criada pela totalidade das atividades de produção: CA= P x A x T, onde: P é o tamanho da população; A é a afluência da população (medida aproximada para consumo); T é tecnologia (no sentido mais amplo). Segundo Slack, Chambers, Johnston (2002) atingir sustentabilidade significa reduzir, ou pelo menos estabilizar, a carga ambiental. Considerando a fórmula anterior isso somente pode ser feito por meio da mudança na maneira com que as organizações criam produtos e serviços. DECISÕES OPERACIONAIS E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL A implementação de uma estratégia deve ter um forte compromisso da organização, pois muitas das decisões dizem respeito ao lixo. Decisões operacionais durante o projeto de produtos e serviços afetam de maneira significativa a utilização de materiais a curto prazo, assim como a reciclagem a longo prazo. A redução de desperdícios, o refugo da produção, o desperdício de energia e mão-de-obra são preocupações da produção e por coincidência das preocupações ambientais também. Existem leis e regulamentos que amenizam os conflitos existentes entre as tecnologias de processo que são eficientes do ponto de vista operacional e as preocupações ambientais, porém esses mecanismos não são sempre eficientes. EMPRESAS SÓCIO AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEIS Os principais agentes do desenvolvimento econômico de um país são as organizações, onde seus avanços tecnológicos e a grande capacidade de geração de recursos fazem com que cada vez mais 21 precisem de ações cooperativas e integradas onde possam desenvolver processos que tem por objetivo a Gestão Ambiental e a Responsabilidade Social. As empresas socialmente responsáveis têm uma postura ética onde o respeito da comunidade passa a ser um grande diferencial. O reconhecimento destes fatores pelos consumidores e o apoio de seus colaboradores faz com que se criem vantagens competitivas e, conseqüentemente, atinja maiores índices de sucesso. A responsabilidade empresarial frente ao meio ambiente é centrada na análise de como as empresas interagem com o meio em que habitam e praticam suas atividades, dessa forma, uma empresa que possua um modelo de Gestão Ambiental já está correlacionada à responsabilidade social. Tais eventos irão, de certa maneira, interagir com as tomadas de decisões da organização, tendo fundamental importância na estratégia empresarial. Neste sentido, a Gestão Ambiental e a Responsabilidade Social são atualmente condicionadas pela pressão de regulamentações e pela busca de melhor reputação perante a sociedade. A sociedade atual está reconhecendo a responsabilidade ambiental e social como valor permanente, consideradas fatores de avaliação e indicadores de preferência para investidores e consumidores. Os investimentos destinados a Gestão Ambiental e a consciência da Responsabilidade Social pelas empresas são aspectos que fortalecem a imagem positiva das organizações diante dos mercados em que atuam dos seus colaboradores, concorrentes e fornecedores. A Responsabilidade Social em uma corporação representa o compromisso contínuo da empresa com seu comportamento ético e com o desenvolvimento econômico, promovendo ao mesmo tempo a melhoria da qualidade de vida de sua força de trabalho e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade em geral, sendo hoje um fator tão importante para as empresas como a qualidade do produto ou do serviço, a competitividade nos preços, marca comercialmente forte etc. Estudos mostram que atualmente mais de 70% dos consumidores preferem marcas e produtos envolvidos em algum tipo de ação social. A Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo desenvolvimento da sociedade. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, 22 funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio- ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários.A atuação baseada em princípios éticos elevados e a busca de qualidade nas relações são manifestações da responsabilidade social empresarial. Numa época em que os negócios não podem mais se dar em segredo absoluto, a transparência passou ser um diferencial: tornou-se um fator de legitimidade social e um importante atributo positivo para a imagem pública e reputação das organizações. Empresas socialmente responsáveis estão mais bem preparadas para assegurar a sustentabilidade a longo prazo dos negócios, por estarem em sintonia com as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo empresarial. As grandes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social, sejam construtores de uma sociedade mais justa. A empresa é sócio-ambientalmente responsável quando vai além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos e observar as condições adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará contribuindo para a construção de uma sociedade melhor, agregando valor à imagem da empresa. As mudanças sócio-econômicas dos últimos 20 anos têm afetado consideravelmente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social e ambiental. A responsabilidade social e ambiental nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores e 23 devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilitam a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar seu desempenho social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde seu desempenho é aferido nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-ambientais serão compulsórios num futuro próximo. EMPRESAS BRASILEIRAS No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas pelas questões sociais e ambientais. A obtenção de certificados de padrão de qualidade e de adequação ambiental, como as normas ISO, por centenas de empresas brasileiras, também é outro símbolo dos avanços que têm sido obtidos em alguns aspectos importantes da responsabilidade sócio-ambiental. Muito do debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado. 24 O Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI) foi criado em 1999 e, neste ano, 81 empresas mundiais do setor de petróleo e gás e 20 brasileiras tentaram seu ingresso O questionário aborda questões de sustentabilidade, como governança corporativa, gestão da marca e de risco, até as mais específicas para a indústria de petróleo e gás, como mudança climática, padrões para fornecedores e gestão de projetos sociais. A Petrobrás conquistou o direito de compor, o Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI), o mais importante índice internacional de sustentabilidade, usado como parâmetro para análise dos investidores sócios e ambientalmente responsáveis. No Brasil integram Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI): Aracruz Celulose, Banco Bradesco, Banco Itaú, Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). No setor de petróleo e gás estão incluídas: BG Group, BP PLC, EnCana, Nexen Inc, Repsol YPF, Royal Dutch Shell, Shell Canada Ltd., Statoil, Suncor Energy Inc.,Total S.A. O levantamento da Market Analysis de 2007 aponta as dez melhores corporações em Responsabilidade Social atuantes no Brasil. Entre as melhores avaliadas estão Petrobras, Nestlé, Coca- Cola, Rede Globo, Unilever, Natura, Vale do Rio Doce, AmBev, Bom Preço e Azaléia. A RESPONSABILIDADE SOCIAL E O AMBIENTE TECNOLÓGICO Segundo BARBIERI (2004), a contribuição e importância das empresas como agentes dos processos de organização das sociedades têm crescido sistematicamente, ao mesmo tempo em que se verifica a redução da liderança dos agentes estatais nesse processo. O mesmo autor ressalta que a responsabilidade da empresa se desdobra em três dimensões, sendo elas: eficiência econômica, eqüidade social e respeito ao meio ambiente. Elas devem ser tratadas de modo integrado, daí a denominação de responsabilidade sócio-ambiental, uma vez que a primeira dimensão já é inerente aos negócios, constituindo uma espécie de preocupação primária de qualquer empresário, investidor ou administrador. Porém, o tratamento integrado dessas dimensões 25 muda o próprio modo de pensar a eficiência econômica. Essa responsabilidade implica em um compromisso efetivo da alta administração em colocar o poder da empresa para contribuir na solução dos inúmeros problemas sócio-ambientais que se avolumaram perigosamente nas últimas décadas. Aquecimento global, destruição da camada de ozônio, esgotamento de espécies da fauna e flora, desertificação, contaminações e outros problemas ambientais são sinais inequívocos de que os limites da capacidade de suporte da Terra já foram ultrapassados. A preocupação em entender o que significa responsabilidade social tem origem no surgimento das empresas, no início da era moderna. Entendida como contrapartida de benefícios, pelos investidores, ela sempre foi usada para justificar a própria existência das empresas enquanto organizações produtivas. Diante da enorme capacidade que as empresas possuem, a filantropia, que erguia catedrais e orfanatos, já não é mais uma contrapartida satisfatória. O mesmo pode-se dizer de uma compensação que se resume em empregos e impostos pelo lucro auferido dentro da lei. A responsabilidade das empresas deve refletir a capacidade que elas têm sobre as comunidades e nações. Muito mais que assistencialismo aresponsabilidade social é uma forma de tornar a organização cidadã e co-responsável com a sociedade. Para o Instituto Ethos (organização brasileira orientada à disseminação de conceitos de responsabilidade social nas empresas), a responsabilidade social é a forma pela qual a organização conduz os negócios tornando-se “parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social”. A empresa socialmente responsável, segundo o Instituto Ethos, “é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários”. O conceito de responsabilidade social pode ser individual ou corporativo. O primeiro diz respeito à consciência dos cidadãos, seja individualmente ou em conjunto, dos deveres para com a comunidade em que vivem e a sociedade em geral. O último é “a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o 26 desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais” (ETHOS). De acordo com BARBIERI (2004), a empresa social e ambientalmente responsável deve proteger o meio ambiente e contribuir para a inclusão social com eficiência econômica, sob pena do seu desaparecimento em pouco tempo. Nesse sentido, na atualidade, para se manterem competitivas, as empresas devem apresentar níveis de sustentabilidade nas três dimensões anteriormente citadas, o que significa produzir mais com menos, reduzindo as pressões sobre o meio ambiente, praticando relações de trabalho elevadas com os trabalhadores, clientes, fornecedores e outros grupos afetados direta e indiretamente pelas suas atividades, requerendo uma revisão na configuração dos seus produtos, métodos de produção e do seu próprio modelo de gestão. 27 Referências: ASHLEY, Patrícia Almeida (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial, Conceitos, Modelos e Instrumentos. Editora: Saraiva, 2004. BATEMAN, Thomas S.; SCOTT A. Snell; tradução Celso A. Rimoli. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing como estratégia de gestão: encante seu cliente interno. 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