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peça corrigida da seçao 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA ___ VARA DO FÓRUM DA CAPITAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO GOVERNO DO ESTADO DE PERNANBUCO, neste ato representado pela Procuradoria Geral do Estado, por seu procurador que ao final assina, com os devidos poderes para tanto, conforme instrumento de mandato em anexo, vem perante V. Exa., com fundamento no art. 335 do CPC, apresentar a sua CONTESTAÇÃO nos autos da AÇÃO POPULAR nº ....... proposta por ANTONIO AUGUSTO, cidadão em pleno gozo dos direitos políticos, brasileiro, profissão, inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXXX, RG sob o nº XXXXXX SSP/PE, Título de Eleitor nº XXXXXXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, em desfavor de ato praticado pelo Exmo. Sr. GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO, pelo qual editou o Decreto X nomeando para cargo de Presidente do Banco do Estado de Pernambuco o Sr. MARTINIANO SANTOS. I – DO NÃO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR A presente ação foi ajuizada contra ato legítimo praticado pelo Governador do Estado de Pernambuco no uso de suas atribuições auferidas por lei. O autor fundamentou o cabimento da demanda no art. 5º, LXXIII da CF/88 onde se lê: “Art. 5º (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. (BRASIL, 1988) Do dispositivo constitucional utilizado pela parte autora, percebe-se que a ação popular deve ter como objeto o combate a ato lesivo, a um dos bens públicos enumerados no texto legal. Ocorre que, o ato contra o qual o autor se volta não traz qualquer tipo de lesão ou prejuízo, conforme exigido por lei. Nesse sentido, da leitura da peça inicial não se consegue vislumbrar qual a lesão que o mesmo pode ocasionar. Razão pela qual, requer-se que desde já a presente ação seja extinta sem resolução do mérito. II – DOS FATOS E FUNDAMENTOS QUE EMBASAM A PEÇA EXORDIAL O autor alega em sua peça inicial que o Decreto X editado pelo Governador do Estado, nomeando o Sr. MARTINIANO SANTOS para o exercício do cargo de Presidente do Banco do Estado de Pernambuco, viola a moralidade administrativa, eis que, segundo seu convencimento, é fato público e notório que o Sr. Martiniano responde a ação judicial movida pela Fazenda Nacional relativa ao não pagamento de impostos federais, mais precisamente ao seu imposto de renda. Diante disso, questiona como pode uma pessoa que responde por tal fato ser nomeada para exercer um cargo público de alta responsabilidade. Em suma, sustenta que o Decreto X/2018 atenta brutalmente contra a moralidade administrativa, ao passo que nomeia para o cargo de Presidente do Banco do Estado pessoa que responde à ação judicial POR SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS. II – DA REALIDADE DOS FATOS Excelência, a realidade é que o ato administrativo contra o qual o Autor se insurge encontra-se na mais perfeita legalidade, não havendo qualquer razão para a sua nulidade. O autor não conseguiu demonstrar com clareza quais os prejuízos decorrentes do ato impugnado, conforme exigido pela lei. Ademais, não há qualquer vedação legal para a realização do referido ato, conforme se demonstrará a seguir. III - DO DIREITO A República Federativa do Brasil se divide em Poderes organizados, com funções e estruturas pré-definida. O art. 2º da Constituição Federal determina: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988). O ato impugnado na presente ação foi praticado pelo Governador do Estado, chefe do Poder Executivo estadual, portanto. Excelência, o ato praticado pelo Governador é legítimo, eis que não se questiona a sua competência para a nomeação do Presidente do Bando do Estado, sendo a mesma atribuída por lei. Tal ato é discricionário, eis que a lei deixa uma margem de apreciação ao administrador, podendo ele exercer um relativo poder de escolha, pautado em critérios de oportunidade e conveniência. A lei não define quem deve ser nomeado pelo Governador para o cargo, apenas diz que ele deve fazê-lo, mas a escolha da pessoa a ser nomeada é feita pelo representante do Executivo, com base nos parâmetros legais, o que foi feito. A clássica doutrina do Direito Administrativo defende que o Poder Judiciário, ao realizar o controle de atos administrativos que estejam dentro do limite de atuação discricionária da Administração, não deve adentrar no mérito administrativo, ou seja, na análise de conveniência e oportunidade feita pelo administrador. Defendem que permitir a realização do controle judicial das escolhas feitas pela Administração seria transferir a sua discricionariedade para o Judiciário e, portanto, uma violação ao princípio da separação de poderes. Sobre o controle judicial do mérito administrativo, o Prof, Lênio Streck ensina: “Só há controle judicial de conteúdo quando o ato administrativo for vinculado, nos casos de ato discricionário cabe ao Judiciário apenas controle da forma, nos termos que especificamos acima. No contexto atual praticamente todos os países europeus estão revendo o conceito de discricionariedade administrativa, pois já se admite controle jurisdicional, mesmo nos casos de discricionariedade do administrador.” (grifo nosso) (STRECK, Lênio Luís. Verdade e consenso. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 41) Esse posicionamento da doutrina visa combater o conhecido fenômeno da judicialização da política, que vem ocorrendo com grande frequência atualmente. Não raro, diversas questões que envolvem escolhas políticas vêm sendo levadas à apreciação do Judiciário, o qual julga as razões que levaram a escolha tomada pelo administrador, como ocorre no presente caso. Anular o ato administrativo por não concordar com a escolha feita pelo Administrador configura verdadeira violação do princípio da separação de poderes, consagrado no art. 60º, §4º, III da CF/88, e no art. 16º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. O princípio da separação dos poderes garante que cada Poder, ao exercer as suas funções, não interfira naquilo que é função típica de outro. É uma garantia do Estado Democrático de Direito. Ou seja, um Poder não pode interferir em matérias de competência do outro. Logo, o Poder Judiciário, apesar de provocado, deve-se abster de interferir no mérito da escolha do administrador quando esta não revelar nenhum abuso ou ilegalidade. Por essas razões, deve a presente Ação Popular ser julgada improcedente. IV - DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS: A) Que seja acolhida a preliminar do não cabimento da ação popular e seja extinta sem resolução de mérito; B) Caso não acolhido o pedido preliminar, que seja julgada totalmente improcedente pelos fatos e fundamentos demonstrados; C) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito. Recife – PE, dia, mês e ano. PROCURADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO OAB/PA

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