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Direito Civil VI ativ. estrut. (aula 04)

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ATIVIDADE ESTRUTURADA (aula 04) 
OBJETIVO: Identificar os efeitos sucessórios da fertilização “post 
mortem” 
O pioneiro da Reprodução Humana no Brasil, é o médico Professor 
Doutor Franco Júnior, do Centro de Reprodução Humana Professor 
Franco Junior em Ribeirão Preto – Estado de São Paulo. Foi 
naquela instituição, que os jornalistas Willian Bonner e Fátima 
Bernardes, tiveram os seus trigêmeos, e também ali que no início 
do Século XXI, eu e minha esposa, fizemos tratamento de 
fertilização “in vitro” (FIV), quando após 3 (três) tentativas, também 
tivemos trigêmeos tri amnióticos e tri coriônicos, com três placentas 
independentes. 
Cumpre ressaltar, que foi no Centro de Reprodução Humana 
Professor Franco Junior, que 1990 – ocorreu o 1º nascimento após 
FIV do interior de São Paulo, em 1994, o 1º nascimento após 
criopreservação de embriões, em 1995, o 1º nascimento após 
coleta de espermatozoides do testículo/ICSI, em 1995, o 1º 
nascimento com a utilização do Laser para Assisted Hatching, e em 
2007, o 1º nascimento após seleção de espermatozoides em alta 
magnificação (SUPER-ICSI) – e esses são os principais e mais 
modernos procedimentos utilizados para a Reprodução Humana, 
segundo também o médico Lídio Jair Cintra, conforme o link da 
reportagem e outras entrevistas dadas pelo médico de Curitiba no 
“youtube”. 
Destaca-se, que segundo informações do Dr. Franco Júnior, as 
chances de uma gravidez para quem implanta 4 (quatro) embriões, 
é de apenas 15% (quinze por cento), para que se tenha apenas um 
filho, e para gravidez de gêmeos, trigêmeos ou quadrigêmeos, 
essas chances diminuem. 
Importante salientar, que no Brasil, a primeira Resolução do 
Conselho Federal de Medicina, não estabelecia limites de idade e 
definia a transferência de até 4 (quatro) embriões, e isto valia já 
naquela época (anos 2001, 2002 e 2003). 
Há que se observar, que no final do Século passado, uma técnica 
muito utilizada por médicos do Rio de Janeiro, era a inseminação 
artificial, que ainda é muito usada (até por ser bem mais em conta), 
que consiste em uma forma de reprodução assistida, na qual o 
sêmen é depositado diretamente dentro da cavidade uterina. Eu e 
minha esposa, no final da década de 90 (Século XX), tentamos 4 
(quatro) vezes a inseminação artificial, sem sucesso. 
No Brasil, não existe uma legislação que regulamente a prática da 
Reprodução Assistida. A Resolução CFM nº 2.013/13, veio 
preencher uma lacuna importante, e destaca a segurança da saúde 
da mulher e a defesa dos direitos reprodutivos para todos os 
indivíduos. A última vez em que a Resolução havia sido atualizada 
foi em 2010, depois de ficar quase 20 (vinte) anos sem renovação. 
Para esta revisão, o CFM contou novamente com contribuições dos 
Conselhos Regionais de Medicina do país e sociedades de 
especialidades. A partir de então, no Brasil a idade máxima para 
uma mulher se submeter às técnicas de reprodução assistida 
passou a ser 50 (cinquenta) anos. Antes não havia um limite 
estabelecido e essa idade foi considerada pelo risco obstétrico. 
A Resolução do CFM ainda definiu os termos para a doação 
compartilhada de óvulos. Isso ocorre quando uma mulher, em 
tratamento para engravidar, doa parte dos seus óvulos para uma 
mulher mais velha (que não produz mais óvulos) em troca do 
custeio de parte do tratamento. Neste caso, a norma define a idade 
limite do doador de 35 (trinta e cinco) anos para mulher e 50 
(cinquenta) para homem. A nova redação também deixa mais claro 
quanto ao número de oócitos (mesmo que óvulos) e embriões 
(fecundação entre óvulo e espermatozoide) a serem transferidos no 
caso de doação: estes devem respeitar a idade da doadora e não 
da receptora. 
Há de se destacar dois marcos legais quanto aos primeiros indícios 
acerca das técnicas de engenharia humana no Brasil, conhecida 
como Lei de Biossegurança, Lei nº 8.974 ∕ 95, revogada pela Lei nº 
11.105 ∕ 2005 que estabelece normas de segurança e mecanismos 
de fiscalização de atividades que envolvam organismos 
geneticamente modificados, cria o Conselho Nacional de 
Biossegurança, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de 
Biossegurança, bem como dispõe sobre a Política Nacional de 
Biossegurança. 
Infelizmente essa lei ainda é insuficiente porque não regulamentou 
a procriação realizada de forma artificial, o que ainda causa grande 
preocupação entre os operadores do direito, visto que é uma 
discussão que está longe de acabar. 
De acordo com a resolução 1.385 do Conselho Federal de 
Medicina, só é autorizada a fecundação após a morte, quando 
houver autorização por escrito do falecido. De acordo com a 
assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina (CRM), 
a regulamentação que impede o procedimento é reforçada pelo 
Código de Ética Médica, que proíbe a reprodução assistida sem a 
autorização dos dois cônjuges. 
Para esse Caso Concreto, Kátia tentou retomar o tratamento de 
inseminação sem ter o filho do marido morto, sendo surpreendida 
pela informação de que Roberto, necessitaria ter dado uma 
orientação expressa para que ela pudesse fazer o uso do sêmen. 
Questionou ela: "O sêmen me pertence, posso fazer o que quiser, 
menos destinar para mim mesma". Desta forma, Kátia procurou 
ajuda de advogados, que conseguiram demonstrar com 
declarações da família, de amigos, dos médicos que a assistiram, 
que a vontade do marido era ter uma filho. 
Foi o entendimento do Juiz Alexandre Gomes Gonçalves, da 13ª 
Vara Cível de Curitiba, que na sentença disse: "Não parece, porém, 
que essa manifestação de vontade deva ser necessariamente 
escrita; deve ser, sim, inequívoca e manifestada em vida, mas 
sendo também admissível a vontade não expressada literalmente, 
mas indiscutível a partir da conduta do doador - como a do marido 
que preserva seu sêmen antes de submeter-se a tratamento de 
doença grave, que possa levá-lo à esterilidade e incentiva a esposa 
a prosseguir no tratamento". E particularmente, concordo 
plenamente com a decisão do Magistrado. 
O legislador brasileiro não proibiu nem autorizou a prática da 
inseminação “post mortem”. O Conselho Federal de Medicina, por 
sua vez, restringiu-se a deliberar que "as clínicas, centros ou 
serviços podem criopreservar espermatozóides, óvulos e pré-
embriões" (Resolução 1.358/92, item V.1), silenciando-se quanto ao 
demais. 
A ausência de norma jurídica, cuja imposição é coercitiva e 
independente da convicção íntima do jurisdicionado, dificulta 
demasiadamente a atuação dos operadores do Direito. 
Outro aspecto importante da reprodução póstuma é quanto ao 
direito sucessório. 
A lei civil garante direitos sucessórios às "pessoas nascidas ou já 
concebidas no momento da abertura da sucessão" (art. 1.798, 
Código Civil). Assim, filhos de inseminações “post mortem” não 
seriam herdeiros para o Direito Positivo, contrariando o princípio 
constitucional da igualdade entre os filhos, previsto no art. 227, 6º 
da Carta Magna, que determina que "os filhos, havidos ou não da 
relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação". 
Em atenção a tal risco, a III Jornada de Direito Civil aprovou o 
Enunciado 267, segundo o qual "a regra do art. 1.798 do Código 
Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de 
técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação 
hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais 
se submetem às regras previstas para a petição da herança". 
Para fins de herança, portanto, é preciso estabelecer limites 
temporais, pois a decisão pela inseminação poderá ocorrer bem 
para além do falecimento do pai ou da mãe, concretizando-se 
depois do inventário finalizado. Nesse caso, a partilha haverá que 
ser revista por Ação de Petição de Herança, nesse caso, 
imprescritívelpara alguns dos doutrinadores, que poderá desaguar 
na restituição dos bens do acervo e sua consequente redistribuição, 
com todas as implicações cartorárias e fiscais. 
A polêmica estende-se também sobre diversos outros pontos: qual 
é a natureza do embrião? Por não ser objeto de herança, de quem 
seria a titularidade do sêmen depositado na clínica de fertilização? 
A simples autorização em formulário da própria clínica é suficiente 
para legitimar o procedimento? Ou o consentimento deve ser 
manifesto em escritura pública ou testamento? 
Fontes: 
http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article
&id=23788:resolucao-de-reproducao-assistida-&catid=3 
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/05/justica-autoriza-
professora-usar-semen-de-marido-morto-no-parana.html 
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2209896/liminar-autoriza-
reproducao-post-mortem

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