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TOPOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO

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BIBLIOTECA PARA O CURSO DE 
TOPOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO 
 
Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet 
onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias 
para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões 
de temas para futuras pesquisas na área. 
Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como: 
www.scielo.br 
www.anped.org.br 
www.dominiopublico.gov.br 
 
 
SUGESTÕES DE TEMAS 
1. TOPOGRAFIA E SENSORIAMENTO REMOTO; 
2. SENSORIAMENTO REMOTO; 
3. CARTOGRAFIA BÁSICA; 
4. FOTOGRAMETRIA E FOTOINTERPRETAÇÃO; 
5. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS; 
6. RETIFICAÇÃO DE ÁREAS E PARCELAMENTO DO SOLO; 
7. CERTIFICAÇÃO SÉRIE ISO 14000 GESTÃO AMBIENTAL; 
8. HIGIENE DO TRABALHO; 
9. ADMINISTRAÇÃO APLICADA A SEGURANÇA DO TRABALHO 
10. GEOPROCESSAMENTO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES; 
11. TÉCNICAS E USOS RELACIONADOS AO GEOPROCESSAMENTO; 
12. ORIENTAÇÃO A OBJETOS; 
13. EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA DA GEOINFORMAÇÃO; 
14. INTERDISCIPLINARIDADE: CARTOGRAFIA X GEOINFORMAÇÃO; 
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15. A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA, OS PROBLEMAS SOCIAIS E APLICAÇÕES 
DO GEOPROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES; 
16. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E QUALIDADE DE VIDA; 
17. URBANIZAÇÃO BRASILEIRA E OS PROBLEMAS SOCIAIS; 
18. GEOPROCESSAMENTO E COMBATE A CRIMINALIDADE; 
19. GEORREFERENCIAMENTO. 
20. PRINCÍPIOS E NATUREZA DA CARTOGRAFIA; 
21. UM POUCO DE HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA; 
22. ESCALAS; MAPAS, CARTAS E PLANTAS; 
23. CLASSIFICAÇÃO DOS MAPAS DE ACORDO COM OS OBJETIVOS; 
24. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A ESCALA; 
25. A COMUNICAÇÃO VIA CARTOGRAFIA; 
26. REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA; ORIENTAÇÃO; 
27. A DIREÇÃO NORTE; RUMOS E AZIMUTES; 
28. A REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA X A FORMA DA TERRA; 
29. LOCALIZAÇÃO DE PONTOS – PROJEÇÃO E COORDENADAS; 
30. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS; LOCALIZAÇÃO DE PONTOS; 
31. SISTEMAS DE COORDENADAS; LOCALIZAÇÃO DE PONTOS EM UM 
MAPA; 
32. OBTENÇÃO DAS COORDENADAS EM CAMPO; 
33. CLASSIFICAÇÃO DOS RECEPTORES GPS; 
34. FUSOS HORÁRIOS; 
35. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG; 
36. O QUE É UM SIG; FINALIDADE, OBJETIVOS E ÁREAS DE APLICAÇÃO DOS 
SIG; 
37. EVOLUÇÃO DOS SIGS; 
38. ELEMENTOS DE UM SIG; 
39. ARQUITETURA DOS SIGS; 
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40. AS POSSIBILIDADES DA TECNOLOGIA DOS SIGS; 
41. SISTEMAS DE GERÊNCIA DE BANCO DE DADOS (SGBD); 
42. ARQUITETURA DOS SIGS; 
43. ESTRUTURA DOS DADOS GEOGRÁFICOS; 
44. APLICAÇÕES DOS SIGS; 
45. SIG E MEIO AMBIENTE; 
46. CONTROLE DE QUEIMADAS; 
47. DESMATAMENTO E REFLORESTAMENTO; 
48. AGRICULTURA; TURISMO; OS SIGS E SUAS APLICAÇÕES COMERCIAIS; 
49. GEOMARKETING; 
50. MERCADO IMOBILIÁRIO; 
51. NOÇÕES BÁSICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO; 
52. DEFINIÇÃO, ORIGEM E EVOLUÇÃO e APLICAÇÕES DO SENSORIAMENTO 
REMOTO; 
53. SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES; 
54. RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA; 
55. SISTEMAS SENSORES E ORBITAIS; 
56. SISTEMAS SENSORES; 
57. SATÉLITES E ÓRBITAS; 
58. A IMPORTÂNCIA DA RESOLUÇÃO: ESPACIAL, ESPECTRAL, 
RADIOMÉTRICA, TEMPORAL; 
59. SISTEMAS SENSORES PASSIVOS A BORDO DE SATÉLITES; 
60. AVALIAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITES; 
61. IMAGENS DIGITAIS E INTERPRETAÇÃO VISUAL; 
62. PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS; 
63. CLASSIFICAÇÃO DIGITAL DE IMAGENS; 
64. USO PEDAGÓGICO DE DADOS DO SENSORIAMENTO REMOTO. 
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65. OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA MODELAÇÃO 
HIDROLÓGICA. 
66. POPULAÇÃO E MEIO AMBIENTE: DEBATES E DESAFIOS 
67. A GEODÉSIA – ORIGEM E EVOLUÇÃO; 
68. MODELOS DE REPRESENTAÇÃO DA TERRA; 
69. TOPOGRAFIA, DEFINIÇÃO E CONCEITOS; 
70. OBJETO, IMPORTÂNCIA E CAMPOS DE APLICAÇÃO; 
71. LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS; 
72. MEDIÇÃO DE ALINHAMENTOS; 
73. MEDIÇÃO DE DISTÂNCIA; 
74. GONIOLOGIA; 
75. TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO; 
76. APLICAÇÕES DE GEOPROCESSAMENTO; 
77. ILUMINAÇÃO PÚBLICA UTILIZANDO LUMINÁRIAS DE ALTO RENDIMENTO; 
78. APLICAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL; 
79. APLICAÇÃO PARA GESTÃO DE VIAS PÚBLICAS; 
80. CARTOGRAFIA TEMÁTICA; 
81. MAPAS TEMÁTICOS; 
82. A QUESTÃO DA DIMENSÃO; 
83. ALTIMETRIA; 
84. MAPAS TEMÁTICOS; 
85. APLICAÇÃO PRÁTICA DAS CARTAS TOPOGRÁFICAS; 
86. DELIMITAÇÃO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA; 
87. MEDIÇÕES EM CARTAS TOPOGRÁFICAS IMPRESSAS; 
88. A IMPORTÂNCIA DO PERFIL TOPOGRÁFICO; 
89. OS MAPAS DE DECLIVIDADE. 
90. A DEMOGRAFIA DO RISCO AMBIENTAL 
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91. REFLEXÕES SOBRE A HIPERPERIFERIA: novas e velhas faces da pobreza 
no entorno municipal 
92. POBREZA E ESPAÇO: padrões de segregação 
93. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SEGURANÇA AMBIENTAL GLOBAL 
94. DE OLHO NO BRASIL: a geografia médica e a viagem de Alphonse Rendu 
95. A INSURREIÇÃO DA ALDEIA GLOBAL CONTRA O PROCESSO CIVIL 
CLÁSSICO: apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais do meio 
ambiente e do consumidor 
96. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO E MEIO AMBIENTE 
97. CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DA ZONA COSTEIRA DO BRASIL: 
elementos para uma geografia do litoral brasileiro 
98. GÊNERO E MEIO AMBIENTE 
99. ESTIMATIVAS DE PERDA DA ÁREA DO CERRADO BRASILEIRO 
100. SAÚDE E AMBIENTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 
101. ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: uma abordagem de geografia em 
saúde pública 
102. DESCENTRALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE 
OU REFERÊNCIA 
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GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS: Aspectos Relevantes 
 
Gustavo Burgos de Oliveira, 
Assessor Jurídico do Centro de Apoio Operacional 
da Ordem Urbanística e Questões Fundiárias do 
Ministério Público/RS. 
 
 
 
Georreferenciar uma imagem ou um mapa significa tornar suas coordenadas 
conhecidas num dado sistema de referência. A Lei Federal nº 10.267/01, entre 
outras alterações, criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR) e determinou 
a obrigatoriedade de georreferenciamento ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) 
dos imóveis rurais após transcorridos os prazos fixados por ato do Poder Executivo 
(na espécie, a definição veio por Decreto Federal, conforme se verá infra). 
Imóvel rural, a grosso modo, é todo prédio rústico de área contínua, 
localizado na zona rural do município, em que se aplique ou se possa se aplicar a 
exploração extrativa agrícola, pecuária, ou agro-industrial. A Constituição Federal 
traz a definição de imóveis rurais e urbanos utilizando, para tanto, somente o critério 
da localização (“v.g.”, art. 191 da CRFB/88). O Código Civil também adotou o critério 
da localização (“v.g.”, arts. 1.239, 1.276, § 1º, e 1.303, todos do CC/02). O Estatuto 
da Terra exprime, ao contrário, o critério da destinação do imóvel para defini-lo como 
rural, independentemente de sua localização, importando, apenas, que se destine às 
suasexplorações agrárias (art. 4o, inciso I, da Lei Federal nº 4.504/64). Este 
conceito do Estatuto da Terra, além de aplicar-se apenas “para os efeitos desta Lei” 
(art. 4º, “caput”, do Estatuto), não foi recepcionado pela atual Constituição Federal, 
pelo menos no que tange à hipótese do georreferenciamento. A título ilustrativo, 
cumpre informar que para fins tributários (ITR e IPTU) o critério da destinação 
econômica é admitido pela jurisprudência (vide, por exemplo, o REsp nº 492.869 do 
STJ, julgado em 15/02/2005). 
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A Lei Federal nº 10.267/01, salienta-se, veio em boa hora e ao encontro dos 
anseios nacionais no sentido de promover a identificação, estreme de dúvidas, dos 
imóveis rurais, com nítido objetivo de fiscalização e segurança nos negócios 
jurídicos entabulados, evitando-se com isso a indesejável sobreposição de áreas, 
fato recorrente num país de dimensões continentais como o Brasil. Após estas 
considerações preliminares, passo a tecer alguns comentários sobre a nova 
sistemática georreferencial de identificação dos imóveis rurais. 
A análise de qualquer instituto jurídico deve começar pela norma que o 
institui. Com o advento da Lei Federal nº 10.267/01, os artigos 176 e 225 da Lei dos 
Registros Públicos (Lei Federal nº 6.015/73) passaram a adotar a seguinte redação, 
nos pontos relevantes: 
 
“Art. 176. (...) 
§ 1º (...) 
II – (...) 
3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: 
a) se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da 
denominação e de suas características, confrontações, localização e área; 
b) (...) 
§ 3º Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de 
imóveis rurais, a identificação prevista na alínea ‘a’ do item 3 do inciso II do § 1º será 
obtida a partir do memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a 
devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas 
dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema 
Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a 
isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da 
área não exceda a 4 (quatro) módulos fiscais. 
§ 4º A identificação de que trata o § 3º tornar-se-á obrigatória para 
efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos 
prazos fixados por ato do Poder Executivo. 
(...) 
Art. 225 (...) 
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§ 3º Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os 
limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por 
profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – 
ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis 
rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional 
a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários 
de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a 4 (quatro) módulos fiscais.” 
(grifou-se). 
De notar que a obrigatoriedade da apresentação da descrição 
georreferenciada dos imóveis rurais só ocorrerá em certas hipóteses e, se 
verificadas estas, após transcorrido o prazo fixado por ato do Poder Executivo 
(Decreto Federal nº 4.449/02, alterado pelo Decreto Federal nº 5.570/05). Há ainda 
uma hipótese na qual o georreferenciamento é obrigatório, de exigência imediata, 
independentemente da dimensão da área do imóvel rural. Senão vejamos. 
Será exigido o georreferenciamento dos imóveis rurais quando se pretender 
o registro imobiliário dos seguintes atos: a) qualquer situação de transferência do 
imóvel rural (alienação, por exemplo); e b) loteamento, desmembramento e 
remembramento do solo rural. É o que dispõe o artigo 10 do Decreto Federal nº 
4.449/02, com a redação que lhe foi atribuída pelo Decreto Federal nº 5.570/05. 
Os incisos I a IV do artigo 10 do Decreto Federal nº 4.449/02 estabelecem 
os prazos a partir dos quais o georreferenciamento dos imóveis rurais será 
obrigatório. Para a contagem dos referidos prazos, deve-se utilizar como termo “a 
quo” o dia 20 de novembro de 2003 (vide artigo 10, §3º, do Decreto Federal nº 
4.449/02, incluído pelo Decreto Federal nº 5.570/05). Aliás, tal termo “a quo” já vinha 
sendo adotado antes mesmo do advento do Decreto Federal nº 5.570/05, por força 
da interpretação que se fazia do próprio § 3º do artigo 176 da Lei Federal nº 
6.015/73 (acrescentado pela Lei Federal nº 10.267/01), que exige a fixação de uma 
“precisão posicional” pelo INCRA sem a qual era impossível a realização do 
georreferenciamento do imóvel. Tal precisão posicional veio a ser fixada mediante a 
Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais homologada pela 
Portaria do INCRA nº 1.101, de 19 de novembro de 2003, publicada no Diário Oficial 
da União no dia 20 de novembro de 2003 (daí o termo “a quo” ter sido fixado nesta 
data). No Estado do Rio Grande do Sul, esta foi, inclusive, a orientação da 
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Corregedoria-Geral da Justiça aos Oficiais Registradores, “no sentido de que o 
termo ‘a quo’ para contagem dos prazos estabelecidos no artigo 10 do Decreto 
4.449/02 é o da publicação das Instruções Normativas nº 12 e 13 e Portarias nº 
1.101 e 1.102 do INCRA, ou seja, 20 de novembro de 2003” (Ofício-Circular nº 
162/05-CGJ, publicado no Diário da Justiça de 17/10/2005). Atualmente, repita-se, a 
questão do termo “a quo” para a contagem dos prazos do georreferenciamento 
encontra-se pacificada, nos termos do artigo 10, § 3º, do Decreto Federal nº 
4.449/02, incluído pelo Decreto Federal nº 5.570/05. 
Estabelecido o termo “a quo” para a contagem dos prazos de 
georreferanciamento, resta evidenciar o termo “ad quem”, ou seja, a partir de 
quando o imóvel rural deverá ser, obrigatoriamente, georreferenciado em ocorrendo 
alguma das hipóteses previstas no “caput” do artigo 10 do Decreto Federal nº 
4.449/02. Os prazos são os seguintes: 
I ) imóveis rurais com área de cinco mil hectares ou mais: prazo de noventa 
dias, ou seja, devem ser georreferenciados a partir de 17 de fevereiro de 2004; 
II ) imóveis rurais com área de mil a menos de cinco mil hectares: prazo de 
um ano, ou seja, devem ser georreferenciados a partir de 20 de novembro de 2004 
(vide artigo 1o da Lei Federal nº 810, de 06 de setembro de 1949); 
III ) imóveis rurais com área de quinhentos a menos de mil hectares: prazo 
de cinco anos (conforme alteração procedida pelo Decreto Federal nº 5.570/05), ou 
seja, devem ser georreferenciados a partir de 20 de novembro de 2008 (vide artigo 
1o da Lei Federal nº 810, de 06 de setembro de 1949); 
IV ) imóveis rurais com área inferior a quinhentos hectares: prazo de oito 
anos (conforme alteração procedida pelo Decreto Federal nº 5.570/05), ou seja, 
devem ser georreferenciados a partir de 20 de novembro de 2011 (vide artigo 1o da 
Lei Federal nº 810, de 06 de setembro de 1949); 
Após transcorridos tais prazos, de acordo com a dimensão da área do 
imóvel rural, o Oficial do Registro de Imóveis fica proibido de praticar na matrícula 
imobiliária os seguintes atos: a) desmembramento; b) parcelamento; c) 
remembramento; d) transferência de área total; e e) criação ou alteração da 
descrição do imóvel, resultante de qualquer procedimento judicial ou administrativo 
(art. 10, § 2º, do Decreto Federal nº 4.449/02,com a redação conferida pelo Decreto 
Federal nº 5.570/05). 
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Ademais, o artigo 2º do Decreto Federal nº 5.570, de 31 de outubro de 2005, 
contempla nova regra a par das modificações aduzidas ao Decreto Federal nº 
4.449/02. De acordo com o referido dispositivo legal (art. 2º), para as ações judiciais 
ajuizadas antes da entrada em vigor do Decreto Federal nº 5.570/05 (antes de 
1º/11/05 – data da publicação do Decreto no Diário Oficial da União), a exigência do 
georreferenciamento dos imóveis rurais deverá observar os prazos previstos no 
artigo 10 do Decreto Federal nº 4.449/02. Entretanto, para as ações judiciais 
ajuizadas após a publicação do Decreto Federal nº 5.570/05 (isto é, a partir do dia 
1º/11/05), a exigência do georreferenciamento do imóvel rural é imediata, qualquer 
que seja a dimensão da área. 
No caso da ação de usucapião de imóvel rural, portanto, ajuizada após o dia 
1º de novembro de 2005, a exigência da descrição do imóvel georreferenciado é 
imediata, qualquer que seja a dimensão da área do imóvel (art. 2o do Decreto 
Federal nº 5.570/05). Assim, deve o autor instruir a petição inicial com a identificação 
do imóvel na forma do artigo 225, § 3º, da Lei Federal nº 6.015/73. Isso porque o 
artigo 3o do Decreto Federal nº 4.449/02 estabelece o seguinte: 
“Art. 3º Nos casos de usucapião de imóvel rural, após o trânsito em julgado 
da sentença declaratória, o juiz intimará o INCRA de seu teor, para fins de 
cadastramento. 
§ 1º Para dar maior celeridade ao cadastramento do imóvel rural, poderá 
constar no mandado de intimação a identificação do imóvel na forma do § 3º do art. 
225 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e o endereço completo do 
usucapiente. 
§ 2º Recebendo a intimação, o INCRA convocará o usucapiente para 
proceder às atualizações cadastrais necessárias.” 
Com efeito, o artigo 226 da Lei dos Registros Públicos (Lei Federal nº 
6.015/73) já asseverava que “tratando-se de usucapião, os requisitos da matrícula 
devem constar do mandado judicial”. E para constar do mandado judicial, a 
descrição georreferenciada do imóvel rural deve vir aos autos por ocasião da petição 
inicial da ação de usucapião, até porque será com base nesta descrição do imóvel 
que serão identificados os lindeiros que necessariamente deverão ser citados para 
contestar, querendo, a demanda. A descrição do imóvel, nas ações de usucapião, 
constitui a causa de pedir da demanda, não podendo ser alterada após a citação dos 
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réus. Ademais, dispõe o § 5º do artigo 22 da Lei Federal nº 4.947, de 06 de abril de 
1966 (com a redação dada pela Lei Federal nº 10.267/01), que “nos casos de 
usucapião, o juiz intimará o INCRA do teor da sentença, para fins de cadastramento 
do imóvel rural”. Assim, conclui-se que, nas hipóteses de ação de usucapião, o 
cadastro georreferenciado do imóvel perante o INCRA e, obviamente, perante o 
álbum imobiliário ocorrerá apenas após o trânsito em julgado da sentença de 
procedência do pedido. 
Cumpre referir que o roteiro para troca de informações entre o INCRA e o 
Registro de Imóveis foi estabelecido pela Instrução Normativa do INCRA nº 26, de 
28 de novembro de 2005, publicada no Diário Oficial da União nº 234, de 07 de 
dezembro de 2005, Seção 1, p. 142). 
Feitas estas considerações pontuais, encerro o presente artigo 
reproduzindo, para fins ilustrativos, um modelo de matrícula imobiliária 
georreferenciada, confeccionada por um dos maiores especialistas no assunto, o 
Doutor João Pedro Lamana Paiva, Oficial Registrador da Comarca de Sapucaia do 
Sul/RS: 
 
MODELO DE AVERBAÇÃO 
AV-2/2.000(AV-dois/dois mil), em 17 de setembro de 2004.- 
GEORREFERENCIAMENTO COM ABERTURA DE MATRÍCULA E 
ENCERRAMENTO - Nos termos do (i) requerimento datado de quinze (15) de 
setembro (9) de dois mil e quatro (2004), instruído com (ii) planta e memorial 
descritivo elaborados pelo engenheiro agrimensor Fulano de Tal – CREA - xxx - D, 
de acordo com o artigo 9º da Lei nº 10.267/01, regulamentada pelo Decreto nº 
4.449/02, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis 
rurais, georreferenciados; com (iii) declaração firmada sob pena de responsabilidade 
civil e criminal, de que não houve alteração das divisas do imóvel registrado e que 
foram respeitados os direitos dos confrontantes; com (iv) Escritura Pública 
Declaratória outorgada pelos proprietários dos imóveis confrontantes, objetos das 
matrículas números 1.000, 2.000 e 3.000, Livro 2-Registro Geral, desta Serventia; e, 
com (v) Certificação emitida pelo INCRA, em doze (12) 02.04, assinada por Beltrano 
- FCT-04 - CREA 0001-RS, de que a poligonal referente ao memorial descritivo 
deste imóvel, não se sobrepõe, nesta data, a nenhuma outra poligonal constante de 
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seu cadastro e que a execução foi efetuada em atendimento às especificações 
técnicas estabelecidas para o georreferenciamento de imóveis rurais, fica constando 
que a área do imóvel objeto desta matrícula passa a ser de oitocentos e sessenta e 
cinco hectares e oitenta e seis centiares (865,00,86 ha), encerrada num perímetro 
de dezesseis mil, cento e trinta metros e setenta e sete centímetros (16.130,77m), 
confrontando, AO NORTE, com Edeilton Wagner Soares e córrego do Morro, AO 
LESTE, com Córrego do Morro, AO SUL, com Rio Urucuia e Jesus Alves Teodoro e, 
AO OESTE, com Jesus Alves Teodoro e Edeilton Wagner Soares, cujas dimensões 
e confrontações são as seguintes: “PARTINDO do piquete P-5, georeferenciado ao 
Sistema Geodésico Brasileiro, meridiano central 45WGr, Datum SAD-69, cravado na 
margem direita do córrego do Morro, definido pela coordenada geográfica de latitude 
15º34’11.555216” Sul e Longitude 47º35’37.112377”Wgr., e pelas coordenadas 
Plano Retangulares Sistema UTM Norte: 8.277.997,60m e Leste: 329.114,12m, 
segue-se confrontando pelo referido córrego, sentido jusante, em uma distância de 
7.449,11 m, chega-se ao piquete P-6, (Norte: 8.273.291,87m e Leste: 331.511,00m), 
cravado na foz do Córrego do Morro com o Rio Urucuia; daí, segue-se pela margem 
esquerda do referido rio, sentido montante, com uma distância de 2.600,62m, chega-
se ao piquete P-1, (Norte: 8.272.053,17m e Leste: 330.164,66m); daí, segue-se 
confrontando com terras de Jesus Alves Teodoro, com a distância de 14,04m e 
azimute verdadeiro de 302º08’22”, chega-se ao piquete P-2 (Norte: 8.272,060,64m e 
Leste: 330.152,77m); daí, seguindo com a distância de 1.620,27m e azimute 
verdadeiro de 349º09’46”, chega-se ao piquete P-3 (Norte: 8.273.652,10 m e Leste: 
329.848,13); daí, segue-se confrontando com terras de Edeilton Wagner Soares, em 
uma distância de 2.104,41m, chega-se ao piquete P-4 (Norte: 8.275.719,91 m e 
Leste: 329.457,84 m); daí, seguindo com a distância de 2.342,32m e azimute 
verdadeiro de 349º46’29”, chega-se ao piquete P-5, ponto inicial da presente 
descrição, fechando, assim, o seu perímetro”. O imóvel acima descrito foi 
matriculado nestes Serviços sob o número 25.000, Livro 2-Registro Geral, com o 
quê ENCERRA-SE a presente escrituração. 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO GEORREFERENCIAMENTO - FAROL 2007 
 
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VIEIRA, Francisco Pedro. Importância do Georreferenciamento. 2007. Artigo 
(trabalho de conclusãode curso) que será apresentado ao curso de Pós-Graduação 
em Georreferenciamento, da Faculdade de Rolim de Moura – Farol em Cacoal/Ro. 
A necessidade de conhecer a localização da terra é antiga, há registro histórico que 
comprova a existência desta necessidade antes do Cristianismo, passando pelo 
Império Romano e chegando a Revolução Industrial, mas sempre focando o mesmo 
objetivo. Somente no século X, especificamente nos anos 70 em função do 
gerenciamento dos recursos terrestres foi impulsionado o aparecimento de sensores 
para o mapeamento da superfície terrestre. Nos anos 40 começou-se a trabalhar 
com o SGB (Sistema Geodésico Brasileiro), passando sua responsabilidade a partir 
dos anos 60 para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Somente 
no ano de 2001 com a Lei de n. 10.267, tentando minimizar ou eliminar a grilagem 
de terras no Brasil é que surgiu o georreferenciamento, que nada mais é do que a 
localização de todas as propriedades da área rural brasileira via satélite, usando o 
GPS, como um aparelho moderno e de alta precisão. 
Palavra-Chave: Georreferenciamento, Lei 10.267, Imóvel Rural, Profissional 
Habilitado. 
A necessidade de entender nossa localização na Terra é universal e vem desde as 
civilizações mais remotas, que já utilizavam os mapas como um meio de armazenar 
dados para veicular informação sobre a superfície terrestre. 
Homens usaram mapas nas idades mais antigas, e provavelmente já tinham feito 
isto em momentos pré-históricos. É possível que até mesmo alguns desenhos 
achados em cavernas e refúgios, com um significado desconhecido até agora, sejam 
esboços dos territórios aonde eles vieram e caçaram. 
Com as primeiras civilizações estáveis aparece, junto com o mapa utilitário, um 
conceito novo e mais intelectual. Há uma dualidade: o mapa não só aparece como 
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um instrumento com uma direção concreta, a utilidade imediata, mas também como 
imagem que é símbolo e ilustração. 
O mapa mais velho conhecido até hoje é uma tabua de lama assada de Sul Ga, na 
Mesopotâmia; acredita-se que foi feito aproximadamente no ano 250 a.C. e 
representa o vale de um rio em certa zona do país. 
Na China encontra-se o mapa mundial circular (mapa imagem). Os mais velhos (do 
século V. A.C.), possuem inclusive textos budistas, e parecem ser de origem 
indiana. Nos mais recentes, a China chamada de “Império do Meio”, ocupa o centro 
de um grande continente cercado por um grande oceano com numerosas ilhas com 
nomes imaginários. 
Graças ao impulso das ciências, do pensamento e das artes na Grécia Velha, e 
depois em Alexandria, sob o Império romano, os sábios, astrônomos e matemáticos 
puderam estabelecer as primeiras diretrizes para a representação cientifica da 
superfície terrestre. 
Durante o Império romano, os agrimensores com seus mapas, formavam um setor 
importante da organização governamental. Com a queda do Império Romano, os 
mapas praticamente ficaram esquecidos no mundo ocidental. 
Comparados com os mapas gregos, os mapas em Roma significavam um recuo. 
Nas poucas reproduções temos uma concepção centrista do Império romano, 
completamente primitivo. O trabalho de Ptolomeu marca, sem nenhuma duvida, o 
ápice da cartografia velha, mas também marca o fim do grande impulso investigativo 
dos alexandrinos neste campo. 
Os mapas medievais na concepção da Geografia, tentam representar o mundo por 
abstrações místicas. A ideia da esfericidade da Terra é totalmente esquecida. Nesta 
época, somente as civilizações pré-colombianas possuem conhecimento sobre a 
representação da superfície da Terra, principalmente os astecas. Com a era dos 
Grandes Descobrimentos, com a invenção da imprensa e o redescobrimento da obra 
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de Ptolomeu, a cartografia apresenta um salto de qualidade. O aparecimento de 
instrumentos como o teodolito, o cronômetro e o barômetro possibilitam a medição 
de ângulos e distancia com precisão. 
A Revolução Industrial permitiu a Inglaterra obter a hegenomia na cartografia. No 
inicio do século X, todo o pais foi mapeado. As Guerras Napoleônicas também 
contribuíram para o desenvolvimento da cartografia. O século XIX culmina com uma 
grande produção cartográfica da costa africana e da Austrália. Começa também a 
produção de mapas temáticos. 
Com o grande desenvolvimento do século X, a cartografia consegue produzir uma 
quantidade enorme de material. 
No século X, mais especificamente a partir da década de 70, a crescente 
preocupação com o gerenciamento dos recursos terrestres como meio de melhoria 
da qualidade de vida das populações, impulsionou o avanço das tecnologias de 
aquisição de dados utilizando-se diversos sensores para observação da superfície 
terrestre. 
O uso de fotografias aéreas aumentou a área que se poderia trabalhar e, 
atualmente, o uso de imagens de satélites, facilitam o poder do homem para 
observar aterra em sua totalidade, podendo estudar todas as transformações nela 
desenvolvidas. Os sistemas computacionais diminuem o tempo de produção e 
aumentam a qualidade dos mapas desenvolvidos e o uso de sistema de 
posicionamento via satélite também facilitam os trabalhos cartográficos. 
Segundo conceito introduzido pelo matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-
1855), a forma do planeta, é o GEÓIDE que corresponde à superfície do nível médio 
do mar homogêneo (ausência de correntezas, ventos, variação de densidade da 
água, etc.) supostamente prolongado por sob continentes. 
Essa superfície se deve, principalmente, às forças de atração (gravidade) e força 
centrifuga (rotação da Terra). 
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É a superfície equipotencial (superfície de potencial gravítico constante) e que, em 
media, coincide com o valor médio do nível médio das águas do mar. 
É preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para 
contornar este problema lançou-se mão de uma figura geométrica chamada elipse 
que ao girar em torno do seu eixo menor, forma um volume, o elipsóide de 
revolução, achatado nos polos. 
Assim, o elipsóide é a superfície de referencia utilizada nos cálculos que fornecem 
subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica. 
A definição, implantação e manutenção do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é de 
responsabilidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 
O Sistema Geodésico Brasileiro é definido a partir do conjunto de pontos geodésicos 
implantados na porção da superfície terrestre delimitada pelas fronteiras do país - 
pontos estes que são determinados por procedimentos operacionais e coordenadas 
calculadas, segundo modelos geodésicos de precisão compatível com as finalidades 
a que se destinam. 
Para o Sistema Geodésico Brasileiro, a imagem geométrica da Terra é definida pelo 
Elipsóide de Referência Internacional de 1967, aceito pela Assembleia Geral da 
Associação Geodésica Internacional que teve lugar em Lucerne, no ano de 1967. O 
referencial altimétrico coincide com a superfície equipotencial que contém o nível 
médio do mar, definido pelas observações maregráficas tomadas na baía de 
IMBITUBA, no litoral do Estado de Santa Catarina. 
O estabelecimento do Sistema Geodésico Brasileiro desenvolve-se tendo como 
objetivo contribuir para a solução do problema geodésico, sem, contudo, se 
descuidar dos aspectos aplicados, em que a preocupação maior é a referência para 
as atividades cartográficas.Os pontos geodésicos, subsidiariamente, suprem a 
comunidade técnica nacional das informações necessárias à condução dos assuntos 
públicos, principalmente as que permitem apoiar as grandes obras de engenharia 
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tais como: sistemas de comunicação; transmissão de energia; barramentos para 
geração de energia ou abastecimento de água e titulação de propriedades, dentre 
outras não menos importantes. 
O SGB começou a ser implantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
- IBGE em 17 de maio de 1944, e tem sido utilizado ao longo dos anos por usuários 
necessitados de informações posicionais para diversos fins, tais como: apoio ao 
mapeamento, demarcação de unidades politico-administrativas, obras de 
engenharia, regulamentação fundiária, posicionamento de plataformas de 
prospecção de petróleo, delimitação de regiões de pesquisas geofísicas, etc.. 
Ao longo de seus mais de 40 anos, a componente planimetrica do SGB utilizou 
diferentes métodos de posicionamento. Inicialmente foram empregados os 
denominados métodos clássicos (triangulação, métodos astronômicos e poligonação 
geodésica), que foram responsáveis pela determinação de coordenadas em um 
conjunto de vértices, cuja ocupação era imprescindível na materialização do Sistema 
Geodésico de Referencia. Em 1978, a Geodésia à Satélite, passou a ser utilizada 
através do emprego do sistema TRANSIT; o que possibilitou que a Região 
Amazônica, inacessível até então, fosse integrada ao SGB. Em 1991, o IBGE 
passou a empregar exclusivamente o NAVSTAR/GPS (Navigation Satellite with time 
and Rancing / Global Positioning System), para a densificação da componente 
planimétrica do SGB, gerando a Rede Nacional GPS. A operacionalização da Rede 
Brasileira de Monitoramento Contínuo – RBMC, iniciada em 1996, implantou o 
conceito de rede ativa, através do monitoramento contínuo de satélites do GPS. 
Paralelamente as diferentes metodologias empregadas, também foram utilizados 
diferentes sistemas de referência. Atualmente, o sistema de referência adotado é o 
SAD 69 (South American Datum 1969), definido pela Resolução IBGE – PR n◦ 2, de 
21/07/1983, subitem 2.1. Este sistema de referência, entretanto, não é compatível 
com as modernas técnicas de posicionamento, como por exemplo o GPS. Este fato 
fez com que o IBGE, em 2000, durante o I Seminário sobre Referencial Geocêntrico 
no Brasil, apresenta-se proposta de atualização do sistema de referência nacional, 
através da criação do Projeto Mudança do Referencial Geodésico – PMRG. Este 
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projeto tem como objetivo promover a substituição do sistema de referência atual, o 
SAD 69, para um novo sistema, compatível com as novas tecnologias de 
posicionamento e representação, no caso o SIRGAS 2000. 
Até a descoberta do Brasil, todo solo pertencia à Coroa Portuguesa. A partir de 
1822, com a Independência do Brasil, paulatinamente a propriedade foi passando 
para o domínio privado. Posteriormente, com o intuito de colonização, através de 
concessões e de legitimação das posses - art. 5º, da Lei nº 601, de 1850, o Império 
exigia que as terras fossem cultivadas e exploradas, sob pena de serem 
consideradas terras devolutas. Desta forma, o domínio privado, ante o crescimento 
demográfico, acentuo se e expandiu, sendo hoje dominante. 
O georreferenciamento de imóveis rurais surgiu em 28 de agosto de 2001, com a Lei 
Federal 10.267, que consiste na descrição do Imóvel rural, seus limites, 
características e confrontações, através de memorial descritivo assinado por 
profissional habilitado, com a devida ART, contendo as coordenadas dos vértices 
definidores dos limites dos Imóveis rurais georreferenciados ao Sistema Geodésico 
Brasileiro. 
O Art. 1º determina que os prazos previstos no art. 10º do Decreto nº 4.449, de 30 
de outubro de 2002, sejam observados da mesma forma, para os casos de 
desmembramento, parcelamento ou remenbramento de imóveis rurais, quais sejam: 
I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou superior; I - um 
ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares; I - dois anos, 
para os imóveis com área de quinhentos a menos de mil hectares; IV - três anos, 
para os imóveis com área inferior a quinhentos hectares; porém o governo federal 
através do Decreto nº 5.570, de 31 de outubro de 2005, dá uma nova redação a 
dispositivos do Decreto anterior: Artigos 1º. Os arts. 5º,9º,10º e 16º do Decreto nº 
4.449, de 30 de outubro de 2002, passam a vigorar com nova redação: Podendo 
exemplificar o artigo 10º onde a identificação da área do imóvel rural, prevista nos 
parágrafos 3º e 4° do art. 176 da Lei nº 6.015, de 1973, será exigida nos casos de 
desmembramento, parcelamento, remembramento e em qualquer situação de 
transferência de imóvel rural, na forma do art. 9º somente transcorridos os seguintes 
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prazos: I - cinco anos, para os imóveis com área de quinhentos a menos de mil 
hectares; IV - oito anos, para os imóveis com área inferior a quinhentos hectares; 
Parágrafo 1º, usando se tratar da primeira apresentação do memorial descritivo, 
para adequação da descrição do imóvel rural ás exigências dos parágrafos 3º me 4º 
do art.225 da Lei nº 6.015, de 1973, aplicar-se-ão as disposições contidas no 
parágrafo 4º do art. 9º deste Decreto. 
O Georreferenciamento é um marco na história da Agrimensura, porém trouxe uma 
série de mudanças para os diferentes órgãos envolvidos no trabalho de certificação 
de Imóveis Rurais. Com o objetivo de conhecer melhor a dificuldade encontrada nos 
trabalhos de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e sanar dúvidas freqüentes 
entre os profissionais da área realizou-se a referida pesquisa. 
O georreferenciamento consiste na descrição do imóvel rural em suas 
características, limites e confrontações, realizando o levantamento das coordenadas 
dos vértices definidores dos imóveis rurais, georreferenciados ao sistema geodésico 
brasileiro, com precisão posicional fixada pelo INCRA. 
O trabalho de georreferenciamento envolve, além do levantamento de dados, 
cálculos, análises documentais, projetos e desenhos, em consonância com o 
disposto na legislação federal e na norma técnica do INCRA. O trabalho possui 
estreita relação com o processo gerencial da propriedade, pois é através deste que 
o proprietário atualiza a situação cartorial e cadastral da propriedade. Além disso, é 
com base nestes dados que o proprietário irá unificar e gerenciar de forma mais 
eficiente às informações da propriedade no que diz respeito INCRA, Receita Federal 
e cartório. A lei 10.267 de 28 de agosto de 2001, regulamentada pelo decreto 4.449 
de 30 de outubro de 2002 que foi alterado pelo decreto 5.570 de 31 de outubro de 
2005, criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR). A referida lei torna 
obrigatório o georreferenciamento do imóvel para inclusão da propriedade no CNIR, 
condição esta, necessária para que se realize qualquer alteração cartorial da 
propriedade. 
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Os trabalhos de georreferenciamento só poderão ser realizados por profissionais 
habilitados e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (art. 176, 
§ 4º da lei 6.015/75, com Georreferenciar uma imagem ou um mapa é tornar suas 
coordenadas conhecidasnum dado sistema de referência. Este processo inicia-se 
com a obtenção das coordenadas (pertencentes ao sistema no qual se planeja 
georreferenciar) de pontos da imagem ou do mapa a serem georeferenciados, 
conhecidos como Pontos de Controle. Os Pontos de Controle são locais que 
oferecem uma feição física perfeitamente identificável, tais como intersecções de 
estradas e de rios, represas, pistas de aeroportos, edifícios proeminentes, topos de 
montanha, dentre outros. A obtenção das coordenadas dos Pontos de Controle pode 
ser realizada em campo (a partir de levantamentos topográficos, GPS – Global 
Positioning System), ou ainda por meio de mesas digitalizadoras, outras imagens ou 
mapas (em papel ou digitais) georreferenciados. 
A lei 10.267/01 exige, desde então, que todo imóvel rural deva ser georreferenciado 
ao SGB, respeitando os prazos previstos. Em 28 de agosto de 2.001, foi criado e 
sancionada a Lei 10.267, que regulamentada pelo Decreto 4.449 de 30 de outubro 
de 2002 cria o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR, que terá base comum 
de informações, gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Secretaria da Receita 
Federal, produzida e compartilhada pelas diversas instituições públicas federais e 
estaduais produtoras e usuárias de informações sobre o meio rural brasileiro. 
Essa Lei torna obrigatório o georreferenciamento do imóvel na escritura para 
alteração nas matrículas, como mudança de titularidade, remembramento, 
desmembramento, parcelamento, modificação de área e alterações relativas a 
aspectos ambientais. Para o registro do imóvel no Cadastro Nacional de Imóveis 
Rurais (CNIR), o proprietário precisa fazê-lo com planta georreferenciada, não pode 
ser por imagem de satélite, deve ser no campo com equipamento de precisão (GPS 
topográfico, Geodésico, etc.) com fixação de marcos e somente empresas 
credenciadas podem fazer o serviço. 
Imóvel rural, a grosso modo, é todo prédio rústico de área contínua, localizado na 
zona rural do município, em que se aplique ou se possa se aplicar a exploração 
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extrativa agrícola, pecuária, ou agro-industrial. A Constituição Federal traz a 
definição de imóveis rurais e urbanos utilizando, para tanto, somente o critério da 
localização ("v.g.", art. 191 da CRFB/8). O Código Civil também adotou o critério da 
localização ("v.g.", arts. 1.239, 1.276, § 1º, e 1.303, todos do C/02). O Estatuto da 
Terra exprime, ao contrário, o critério da destinação do imóvel para defini-lo como 
rural, independentemente de sua localização, importando, apenas, que se destine às 
suas explorações agrárias (art. 4o, inciso I, da Lei Federal nº 4.504/64). Este 
conceito do Estatuto da Terra, além de aplicar-se apenas "para os efeitos desta Lei" 
(art. 4º, "caput", do Estatuto), não foi recepcionado pela atual Constituição Federal, 
pelo menos no que tange à hipótese do georreferenciamento. A título ilustrativo, 
cumpre informar que para fins tributários (ITR e IPTU) o critério da destinação 
econômica é admitido pela jurisprudência (vide, por exemplo, o Resp nº 492.869 do 
STJ, julgado em 15/02/2005). 
A Lei Federal nº 10.267/01, salienta-se, veio em boa hora e ao encontro dos anseios 
nacionais no sentido de promover a identificação, extreme de dúvidas, dos imóveis 
rurais, com nítido objetivo de fiscalização e segurança nos negócios jurídicos 
entabulados, evitando-se com isso a indesejável sobreposição de áreas, fato 
recorrente num país de dimensões continentais como o Brasil. Após estas 
considerações preliminares, passo a tecer alguns comentários sobre a nova 
sistemática georreferencial de identificação dos imóveis rurais. 
Com o georreferenciamento se pretende criar uma base de dados de todos imóveis 
rurais que compõem o território nacional objetivando, aumentar a confiabilidade das 
informações do meio rural através da integração das diversas fontes, dar maior 
consistência, uniformidade e integridade aos dados de natureza fundiária e dispor 
para o setor público um instrumento de apoio eficaz no combate a grilagem de 
terras, além de potencializar as ações de caráter fiscal, ambiental, de 
desenvolvimento rural e de Reforma Agrária. 
O georreferenciamento é relativamente novo no Brasil e com ele surgiram leis, 
decretos e outros cada qual com algumas alterações. Com o Decreto 5570/2005, 
que prorrogou os prazos de exigência do georreferenciamento dos imóveis rurais á 
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partir de 20 de novembro de 2003, ficando cinco anos, para os imóveis com área de 
quinhentos a menos de mil hectares, ou seja, em 2008 e oito anos para os imóveis 
com área inferior a quinhentos hectares, sendo em 2011, provavelmente vai levar 
um tempo maior para os imóveis rurais estarem todos georreferenciados. 
O número de imóveis georreferenciados no Brasil em dezembro de 2005 era de 
2537, cinco meses depois (maio de 2006) são.3787.certificados. Na tabela 1 
podemos observar os imóveis georreferenciados por estado (site INCRA). Pode-se 
perceber que o Estado do Mato Grosso é o campeão em imóveis georreferenciados, 
seguido do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. Esses quatro (4) Estados são 
responsáveis por quase 85% dos imóveis georreferenciados. 
TABELA 1 – Indica o número de imóveis rurais georreferenciados por estado e o seu 
total até o dia nove de maio de 2006 no Brasil. UF DESCRIÇAO DO IMOVEL Dados 
até dezembro/2005 Dados até maio/2006. 
AC Acre 011 012 BA Bahia 043 065 CE Ceará 015 016 DF Distrito Federal 003 006 
ES Espírito Santo 015 020 GO Goiás 336 494 MG Minas Gerais 131 194 MS Mato 
Grosso do Sul 579 824 MT Mato Grosso 861 1.317 MA Maranhão 0 019 PR Paraná 
0 002 PA Pará 0 001 PI Piauí 0 003 RN Rio Grande do Norte 011 020 RO Rondônia 
004 011 RS Rio Grande do Sul 033 069 SC Santa Catarina 002 004 SP São Paulo 
400 568. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sociedade & Natureza 
versão On-line ISSN 1982-4513 
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Soc. nat. vol.25 no.3 Uberlândia set./dez. 2013 
http://dx.doi.org/10.1590/S1982-45132013000300011 
ARTIGOS 
 
Georreferenciamento e Cartometria dos mapas da capitania 
de Minas Gerais elaborados por José Joaquim da Rocha em 
1778 e 1793 
 
Geocoding and cartometric maps in the province of Minas Gerais, 
drawn by José Joaquim da Rocha in 1778 and 1793 
 
 
José Flávio Morais Castro 
Dr. em Geografia, Prof. Adjunto. Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas), Belo 
Horizonte, Minas Gerais, Brasil, joseflavio@pucminas.br 
 
 
 
RESUMO 
A exatidão dos mapas históricos vem sendo avaliada nas pesquisa em Cartografia 
Histórica por meio do uso de técnicas de geoprocessamento. Esta pesquisa tem como 
objetivo geral aplicar técnicas de georreferenciamento e cartométricas nos mapas da 
Capitania de Minas Gerais, elaborados por José Joaquim da Rocha em 1778 e 1793; 
especialmente a superposição de layer, os deslocamentos de vetores e as distorções da 
grade em relação ao mapa atual. 
Palavras-chave: Cartografia Histórica; Geoprocessamento; Cartometria; Capitania de 
Minas Gerais; José Joaquim da Rocha. 
 
ABSTRACT 
The accuracy of historical maps is being evaluated in research Historical Cartography 
through the use of geospatial technologies. This research aims to apply general 
techniques geocoding and cartometric maps in the province of Minas Gerais, drawn by 
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José Joaquim da Rocha in 1778 and 1793, especially the overlay layer, the displacement 
vector and distortions of the grid over the map current. 
Keywords: Historical Cartography; GIS; Cartometric; Captaincy of Minas Gerais; José 
Joaquim da Rocha. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Reconstituir a evolução do discurso geográfico sobre um determinado espaço ao longo do 
tempo não passa apenas pelas fontes textuais, envolve também a pesquisa em 
Cartografia Histórica, que tem sido diversificada, na qual a análise do mapa se relaciona 
com a representação gráfica de dinâmicas e de padrões territoriais. 
Entender os mapas históricos em diferentes contextos espaciais e culturais pressupõe o 
entendimento das diversas informações representadas graficamente nos documentos, 
bem como a variedade de técnicas utilizadas na produção. 
A descoberta dos veios auríferos em Minas Gerais no final do século XVII, despertou 
grande interesse dos portugueses e dos espanhóis. O domínio desse território dependia 
do conhecimento da sua localização, das características, das dimensões e dos caminhos 
que levavam à região. 
Com a crescente ocupação de espaços no século XVIII, decorrente das produções 
auríferas nas regiões mineradoras, crescia também a preocupação da Coroa em produzir 
meios eficazes para o planejamento político e econômico da Capitania de Minas Gerais, 
dentre eles, os textos e os mapas de valores administrativos e estratégicos. 
No século XVIII, os mapas apresentavam várias inadequações, havia problemas com o 
cálculo da longitude, com a precisão de escala, com a autoria, etc. Em alguns casos, a 
manipulação dos mapas era associada à discussão de acordos, sobretudo com interesse 
geopolítico, o que levava a construções cartográficas diferentes. 
No processo de construção, cada mapa era um recorte espacial (ou um detalhe) que, 
posteriormente, em maior número, eram compilados para compor um mapa 
generalizado. Quando se dava o trabalho por concluído, faziam-se várias cópias, a fim de 
se garantir a chegada ao destino, pois os originais eram vulneráveis a naufrágio, incêndio 
ou pirataria. 
Esta pesquisa tem como objetivo geral aplicar técnicas de georreferenciamento e 
cartométricas nos mapas da Capitania de Minas Gerais, elaborados por José Joaquim da 
Rocha em 1778 e 1793; especialmente quanto à a superposição de layer, aos 
deslocamentos de vetores e às distorções da grade em relação ao mapa atual. 
O uso das técnicas de georreferrenciamento em mapas históricos, dentre elas as 
cartométricas, tem se mostrado eficiente no resgate de importante patrimônio cultural da 
sociedade, evidenciando um riquíssimo instrumento de pesquisa e um poderoso 
instrumento didático-pedagógico. 
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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E GEOGRÁFICA DA CAPITANIA 
DE MINAS GERAIS NO SÉCULO XVIII 
Com a descoberta do ouro em Minas Gerais no ano de 1693 surgiram as primeiras 
povoações, que se espalharam rapidamente pelo território mineiro. Assim, houve a 
necessidade de se organizar a estrutura administrativa e eclesiástica da capitania, por 
meio do estabelecimento e criação de comarcas, vilas, paróquias, freguesias e registros. 
A descoberta das minas de ouro e, posteriormente, de diamante, marcou o início dos 
conflitos administrativos e eclesiásticos em Minas Gerais e seus vizinhos: Bahia, São 
Paulo e Goiás. Em 1702, havia uma disputa de circunscrição entre o Bispado do Rio de 
Janeiro e o Arcebispado da Bahia, que reivindicavam para as suas respectivas jurisdições 
as terras auríferas do vale do Rio das Velhas. Em 1709, a Coroa assumiu o controle da 
ocupação das Minas; inicialmente incluída na capitania do Rio de Janeiro, foi submetida 
ao governador da nova Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Em 1711, o então 
Governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (1705-1710) criou as primeiras 
vilas (Mariana, Ouro Preto e Sabará), e em 1714, foram estabelecidas três comarcas: 
Vila Rica (sede em Ouro Preto), Rio das Velhas (sede em Sabará) e Rio das Mortes (sede 
em São João d'El-Rei). Em 1720, conquistou sua autonomia com a criação da capitania 
de Minas Gerais. Para implantar as estruturas eclesiásticas, judiciárias e fiscais, bem 
como as respectivas divisões territoriais, a Coroa apoiou-se nas conquistas realizadas 
pelos colonos, instituindo os centros de poder, religioso e civil, nas sedes das freguesias 
e das comarcas. As disputas territoriais acirraram com as descobertas de ouro no vale do 
Jequitinhonha, em 1727, e com as descobertas dos diamantes, em 1731, na mesma 
região (FONSECA, 2010, p. 149 e 151). 
(...) além da perspectiva de descobrimento de novas minas, a ampliação do território 
implicava na expansão da fronteira agrícola e pastoril e, consequentemente, em aumento 
da receita do dízimo e das taxas relativas à circulação de mercadorias". Para legitimar a 
expansão da fronteira os governadores estabeleceram "registros" e "guardas" (postos 
alfandegários e militares), fundaram freguesias (administradas por padres), vilas e 
julgados (administradas por juiz), e lutaram contra os invasores das capitanias vizinhas, 
os índios e os negros quilombolas (FONSECA, 2010, p. 154 e 158). 
Os impactos socioeconômicos da atividade mineradora na capitania foram complexos. No 
caso do Arraial do Tejuco (atual Diamantina), a história revela especificidades no período 
colonial, pois a política administrativa portuguesa para a região foi variada, devido às 
dificuldades enfrentadas pela Coroa em controlar a produção e, consequentemente, o 
preço dos diamantes no mercado europeu; assim, houve a necessidade de demarcar o 
"Distrito Diamantino" - (ver, por exemplo, ALMEIDA, 2001). Demarcado em 1731, por 
Rafael Pires Pardinho na Comarca do Serro Frio, o Distrito circundava o Tejuco, centro 
administrativo do Distrito, composto por outros arraiais e povoados como: Gouveia, Milho 
Verde, São Gonçalo, Chapada, Rio Manso, Picada e Pé do Morro, e visava o controle 
sobre a extração dos diamantes na região, uma vez que os limites alteravam-se em 
função de novas descobertas, principalmente ao norte da Capitania (FURTADO in COUTO, 
1994, p. 20 e 27). Segundo Couto (1994, p. 54), "esta demarcação forma quase um 
círculo de 14 léguas de diâmetro (...)"; ou seja, em torno de 84 km. 
Algumas ordens régias demonstravam que a cartografia das Minas era uma preocupação 
da Coroa. Em 23 de janeiro de 1714, uma delas determinava a confecção de um mapa 
das capitanias de São Paulo e Minas, com todas as "minudências" - perfis o mais possível 
exatos e indicação de rios e montes - necessários para "sua boa 
administração" (RESENDE apud ROCHA, 1995, p. 20-21). 
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Com a intensificação da mineração, havia a necessidade de se demarcarem limites 
administrativos a fim de se evitar os conflitos de jurisdição. Os mapeamentos realizados 
até então não atendiam as demandas de controle, pois, os mapas eram esquemáticos, 
contendo distorções e erros de localização (FONSECA, 2010, p. 150-151). Foram nestas 
circunstâncias que a Coroa contratou em 1729 os padres matemáticos, Diogo Soares e 
Domenico Cappacci, para mapear o território mineiro em escala detalhada contendo 
informações precisas, indicando as coordenadas geográficas, a rede hidrográfica, o 
relevo, a vegetação, o traçado das estradas, a posição e a distância das povoações 
existentes (vilas e arraiais). 
Entre os anos de 1734 e 1739 a exploração de diamante foi proibida criando-se uma 
administração própria, a "Intendência dosDiamantes". Com a reabertura das lavras, em 
1739, a administração passou a ser monopólio particular de um contratante, uma 
concessão privilegiada que comprava o direito de extração do diamante no território 
demarcado. Em 1745, na tentativa de controlar o fluxo populacional, a Coroa fechou o 
Distrito e permitiu o acesso nos seguintes registros: Caeté-Mirim, Rabelo, Palheiro, Pé-
do-Morro, Inhacica e Paraúna, locais onde se passavam bilhetes e se cobravam os 
direitos de entrada sobre o comércio de diversos gêneros, inclusive escravos. Em 1771, 
durante as reformas pombalinas, a Coroa assumiu a extração e comercialização dos 
diamantes, que foi declarado monopólio régio, criando a "Real Extração", administrada 
pela "Junta" ou "Intendência dos Diamantes" (FURTADO apud COUTO, 1994, p. 20 - 27). 
Em meados do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, 
promoveu reformas em várias áreas. As medidas adotadas causaram superposição de 
atribuições, gerando conflitos de autoridade e jurisdição. O problema geopolítico era 
crucial na América Portuguesa, momento que as colonizações espanholas e portuguesas 
atingiram o máximo das suas expansões territoriais, fazendo-se necessária a definição de 
soberanias. 
Do lado português, as expansões ocorriam pelo litoral, conquistada a partir de embates 
com índios e estrangeiros (ingleses, franceses e holandeses), pelo domínio da empresa 
agrícola da cana-de-açúcar ou pela expansão do gado na bacia do Rio São Francisco; 
pelo interior, por meio das ações dos padres missionários de diferentes ordens religiosas 
ou pelos bandeirantes, nas suas atividades de caça ao índio ou de prospecção metalífera. 
Do lado espanhol, as expansões ocorriam a partir do rio da Prata, avançando pelas 
costas do Oceano Pacífico até o Caribe, fundamentadas na procura e exploração da 
prata, sujeitando o império Inca, ou ainda, no rastro do pastoreio. Em ambos os lados, 
surgiam núcleos urbanos, propriedades agrícolas, áreas de mineração, abertura de 
estradas, entre outras atividades. O enorme território, definitivamente incorporado na 
Coroa portuguesa, necessitava de uma administração eficaz e vigilante, que contou com 
instrumentos administrativos, fiscais e militares como sua garantia geopolítica, dentre 
eles, os mapas (SILVA, 1986, p. 263 - 274). Os conflitos arrastaram-se durante anos e 
exigiram a arbitragem do rei e do seu Conselho Ultramarino. 
 
JOSÉ JOAQUIM DA ROCHA (1740-1804) 
Na segunda metade do século XVIII, o governador Luís Diogo Lobo da Silva (1763-
1768), nomeou o português José Joaquim da Rocha para realizar levantamentos de 
dados topográficos e geográficos da Capitania de Minas Gerais, com o objetivo de 
solucionar, por meio de mapas, os diversos litígios relativos aos limites externos e 
internos. Com o agravamento dos conflitos, a rainha D. Maria I (1777- 816) ordenou o 
então governador Dom Antonio de Noronha (1775-1780) que remetesse ao Conselho 
Ultramarino mapas em escala adequada para solucionar os litígios, contendo divisões de 
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comarcas, câmaras e termos de suas vilas. Foi ao sucessor de Noronha, Dom Rodrigo 
José de Menezes (1780-1783), que José Joaquim da Rocha entregou, em 1780, o mapa 
geral da capitania de 1778 e os quatro mapas das comarcas, em escala de detalhe 
(FONSECA, 2010, p. 163 e 165). 
Os documentos históricos produzidos por José Joaquim da Rocha (1740-1804) são fontes 
amplamente utilizadas pela historiografia referente ao período colonial brasileiro. O 
estudo crítico de Maria Efigênia Lage de Resende sobre a Geografia histórica da Capitania 
de Minas Gerais; a Descrição geográfica, topográfica, histórica e política da Capitania de 
Minas Gerais (Rocha 1995), apresenta uma análise minuciosa sobre a importância do 
memorialista histórico e cartógrafo. Na referida obra, Rocha elaborou importantes 
documentos históricos e geográficos na forma de textos e mapas, instrumentos voltados 
para o governo na Colônia visando à gestão fiscal, administrativa, política e econômica 
da capitania; e formam um conjunto de estudos que guardam entre si estreita e íntima 
correlação, que se explicam e se complementam (RESENDE apud ROCHA, 1995, p. 13-
14). 
José Joaquim da Rocha era um perito em assuntos estratégicos e de segurança da 
Capitania. Conhecedor profundo do território realizou extenso e minucioso levantamento 
geográfico das diversas regiões das Minas. Natural da freguesia de São Miguel da Vila de 
Souza, atual distrito de Aveiro em Portugal, chegou a Minas Gerais durante o governo de 
Luís Diogo Lobo da Silva (1763-1768) e exerceu as funções de cabo-de-esquadra, 
sargento-mor das Ordenanças de Minas Novas, cartógrafo, autor de memórias, "laborioso 
e ilustrado engenheiro militar". Após a baixa da carreira militar em Minas Gerais no ano 
de 1778, residindo em Vila Rica, reuniu os dados coletados a partir da confecção da carta 
geográfica geral da Capitania e, em separado, das quatro comarcas: Sabará, Serro Frio, 
Rio das Mortes e Vila Rica, com outros documentos levantados junto aos órgãos do 
governo, dando forma a Geografia Histórica da Capitania de Minas 
Gerais (RESENDE in ROCHA, 1995, p. 17 - 22). 
As mesmas questões que perpassam a produção das Memórias Históricas de José 
Joaquim da Rocha, podem ser percebidas a partir da análise da cartografia da capitania 
produzida pelo autor. No desempenho da atividade como militar, particularmente como 
engenheiro responsável pelas edificações militares situadas em pontos-chave da 
capitania das Minas Gerais, José Joaquim da Rocha percorreu, nela, suas mais diversas 
partes. Por meio dessas atividades, conheceu profundamente a região, tomando medidas 
das distâncias entre as diversas localidades, e foi esse conhecimento que lhe permitiu 
produzir importantes mapas da área. Inicialmente essa atividade esteve diretamente 
ligada à sua função militar, mas, depois de ele dar baixa do serviço, a cartografia 
adquiriu uma dimensão ainda maior e, como a produção das memórias, tornou-se uma 
atividade autônoma e autorreferente (FURTADO, 2009, p. 169). 
Na obra de José Joaquim da Rocha, a articulação entre cartas e escritos são partes de 
um mesmo projeto de inventário da Capitania de Minas Gerais, que agrega dados 
referentes a: origens históricas, topografia, rios, limites, cidades, divisões administrativa, 
judiciária e eclesiástica, recolhimentos e misericórdias, situação e distribuição da força 
militar, da população, situação dos registros, das entradas e passagens, formas de 
cobrança do quinto, rendas da Coroa, folhas de pagamento eclesiástico, civil e militar, 
produção agrícola, caça, pesca, pecuária, comércio interno, condições do solo, 
vegetação, clima, animais, pedras preciosas e tintas. Sob a forma de um balanço 
quantitativo e qualitativo, demonstrou a situação da Capitania, elaborou comentários e 
observações sobre as possibilidades de restaurar as rendas da Coroa, reformar a 
administração pública e retornar a Capitania à condição de centro econômico no Brasil, 
segundo os interesses da Metrópole. A situação dos mineradores, comerciantes e 
indígenas, os atropelos dos facinorosos, a questão do trabalho, a vadiação, a pobreza e a 
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quebra da lealdade das guardas dos registros foram objetos de reflexão 
(RESENDE apud ROCHA, 1995, p. 52). 
Os textos de José Joaquim da Rocha "(...) serviam não apenas de panegírico para exaltar 
as ações dos governadores precedentes, como também para instrumentar os recém-
empossados nos assuntos da capitania. Assim, continham não só as descrições históricas 
sobreas Minas Gerais, mas reuniam um conjunto notável de documentos - listas de 
impostos, mapas de população, tábuas de ofícios, folhas de despesa dos ofícios, folhas 
eclesiásticas, relação de paróquias, entre outros. As informações estavam sistematizadas 
por vilas ou comarcas, permitindo, ao governador recém-chegado, uma visão integral 
das Minas Gerais (ou em partes), o que em muito facilitaria suas futuras ações" 
(FURTADO, 2009, p. 164). 
Os mapas elaborados por José Joaquim da Rocha no século XVIII, fundamentais no 
processo de ocupação da capitania, podem ser encontrados nos acervos de arquivos 
históricos e de bibliotecas, tanto no Brasil como em Portugal, que necessitam de 
pesquisas geográficas, históricas e cartográficas, dentre elas, as cartométricas. 
No Mapa da Capitania de Minas Geraes com a deviza de suas comarcas (Figura 1), de 
José Joaquim da Rocha, elaborado em 1778 e que se encontra no Arquivo Histórico do 
Exército (AHEx) - Rio de Janeiro, os centros populacionais são representados a partir do 
uso de símbolos que espelham a hierarquia no interior do império português e 
apresentam paralelismo com a hierarquia da estrutura social pois, o enobrecimento das 
localidades se desenvolvia no interior de um sistema de concessão de títulos, patentes e 
privilégios (FURTADO, 2009, p. 173). 
Referenciado ao meridiano da Ilha de Ferro, que corresponde a 17º 39' 46" W em relação 
ao meridiano de Greenwich (MARQUES, 2001), e com escala em léguas (1 légua = 6 
km), o mapa delimita a capitania e as quatro comarcas: Vila Rica, Rio das Mortes, Sabará 
e Serro Frio; e representa os rios, as estradas, o alinhamento das serras e, 
principalmente, a distribuição de vilas, paróquias, capelas, fazendas, registros, entre 
outros elementos. 
Em 1778, a capitania contava com 1 (uma) cidade (Mariana) e 8 (oito) vilas: Vila Rica 
(atual Ouro Preto), Vila do Sabará, Vila de São João (atual São João del Rei), Vila do 
Príncipe (atual Serro), Vila do Caeté, Vila do Pitangui, Vila de São José (atual Tiradentes) 
e Vila do Fanado (atual Minas Novas). A região do Triângulo Mineiro, não está 
representada no mapa pois, pertencia à capitania de Goiás. 
No Mappa da Capitania de Minas Geraes (Figura 1), do mesmo autor, elaborado em 
1793, cópia atualizada do mapa de 1778 - portanto, 15 anos mais tarde, e que se 
encontra na Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) em Portugal, os centros 
populacionais espelham uma hierarquia urbana emancipada em relação ao de 1778, ou 
seja, encontram-se representadas as novas vilas recém criadas (Itapecerica - 1789, 
Queluz - atual Conselheiro Lafaiete - 1790 e Barbacena - 1791), entre outros elementos. 
A legenda, denominada "Explicação", identifica através de símbolos: "Cidades", "Villas", 
"Parochias", "Fazendas", "Guardas Militares", "Aldeias de Gentio" e "Capellas". O relevo 
aparece figurado pelo desenho de pequenas elevações alinhadas. A densa rede 
hidrográfica encontra-se identificada. A vegetação representada por pequenos símbolos, 
distribui-se principalmente no sector Este do mapa. A Capitania de Minas Gerais 
encontra-se dividida nas suas quatro Comarcas - Sabará, Serro Frio, Rio das Mortes e 
Vila Rica -, e confronta com as Capitanias de Pernambuco, Bahia, Goiás, São Paulo, Rio 
de Janeiro e Espirito Santo. O limite entre as Capitanias e Comarcas é assinalado por 
linhas aguareladas a cores diferentes. O povoamento está identificado e hierarquizado. 
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Em relação ao povoamento autóctone estão referenciadas as "Aldeias do Gentio" e, no 
vale do rio Arapuca, Comarca do Serro Frio: "São 4 Aldeias de Indios Malallis sevelizados 
por hua negra q. fugio p.a este Certão". As "Guardas Millitares", indicadas na legenda, 
localizam-se fundamentalmente junto ao rio Preto, no limite da Capitania do Rio de 
Janeiro; junto ao limite da Capitania de S. Paulo; entre o rio "Pará" e o rio das Velhas; 
junto à Paróquia de Paracatú e no "Destacam.to Diamantino do R.o da prata". Na 
Comarca do Sabará estão assinaladas: a "Guarda p.a empedir os extravios de oiro e 
Diamantes" e a "Guarda, ou quartel do Comandante das patrulhas, que vegião os 
Diamantes". A rede viária, figurada por linhas duplas, é composta por vários caminhos 
que estabelecem a comunicação entre os vários núcleos de povoamento. Alguns destes 
caminhos aparecem identificados (FERNANDES apud GARCIA, 2011, p. 101). 
O processo de criação de vilas da capitania de Minas Gerais permaneceu paralisado 
durante 60 anos, entre os anos de 1729 e de 1789 (Figura 2), fato que indica períodos 
socioeconômicos turbulentos e complexos. Em 1731, foi demarcado o Distrito 
Diamantino, fechado 3 anos mais tarde, entre 1734-1739; em 1734, os padres 
matemáticos produziram mapas de detalhe de parte da capitania, sem contudo, definir 
limites; em 1745, foi criado o Bispado de Mariana, demarcando um novo momento 
geopolítico de colonização do sertão mineiro; em 1771, ocorreu a reforma pombalina que 
promoveu conflitos de variadas ordens. Assim, o período foi marcado por uma 
reestruturação administrativa e eclesiástica da capitania. Foi neste contexto que José 
Joaquim da Rocha produziu em 1778 os mapeamentos da capitania e de suas comarcas, 
provavelmente, referências para a criação das novas vilas, entre 1789 e 1791, e que 
necessitavam de uma atualização. 
Com base na atualização cartográfica realizada pelo autor nos dois mapas, quanto a 
hierarquia urbana, a rede viária e a projeção, os dois mapas foram georreferenciados em 
SIG e avaliados por técnicas cartométricas, para fins de análise espacial e identificação 
de desvios de projeção. 
 
CARTOMETRIA 
A exatidão dos mapas históricos vem sendo avaliada nas pesquisa em Cartografia 
Histórica, por meio do uso de técnicas de georreferenciamento e cartométricas. 
"Cartometria é o campo da Cartografia que trata das medições e cálculo de valores 
numéricos relativos aos mapas e cartas" (GASPAR, 2009, p. 9), tais como: distâncias, 
áreas, direções, entre outras operações. Por meio do georreferenciamento, "um sistema 
de coordenadas (latitude e longitude) é associado a um mapa antigo, com o objetivo de 
facilitar a sua leitura, recuperar a informação geográfica nele contida, determinar e 
interpretar as suas características geométricas, medir a sua exatidão ou compará-lo com 
outros mapas". 
Segundo Gaspar (2007, p. 76), o método foi sugerido pela primeira vez por Tobler 
(1966), que calculou os erros de projeção do Mapa de Hereford (1283) em relação ao 
mapa atual, que permitiu a identificação da projeção adotada e avaliar os erros 
cartográficos contidos no mapa histórico (LIVERATOS, 2006; GASPAR, 2007 e 2009; 
DAVEAU, 2010; entre outros). 
As duas técnicas, georreferenciamento e cartometria, foram aplicadas nos dois mapas da 
Capitania de Minas Gerais, elaborados por José Joaquim da Rocha em 1778 e 1793, com 
o objetivo de se identificar a distorção de projeção implícita em ambos mapeamentos. 
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O primeiro passo, consiste em identificar pontos de controle no mapa histórico e associá-
los ao mapa atual, projetado em um sistema de coordenada retangular (x,y). O 
coeficiente de correlação entre os dois conjuntos de coordenadas aponta para os acertos 
e os erros de projeção. No georreferenciamento dos dois mapas da capitania e na 
associação com o mapa do Estado de Minas Gerais atual, por meio da conversão do 
meridiano de origem do mapa de 1778, meridiano da Ilha do Ferro, e do mapa de 1793, 
meridiano de Paris, em relação ao meridiano deGreenwich, adotando-se o datum SAD 
69. 
Em seguida, por meio de superposiçãode layer no software ARC GIS®, foi possível 
estabelecer os desvios de projeção contidos nos dois mapas (Figura 3). A análise 
da figura 3 revela que no mapa de 1778, houve desvios significativos de projeção a oeste 
da capitania, e que no mapa de 1793 os desvios foram a leste, ambos associados aos 
meridianos de referencias adotados pelo cartógrafo. Note-se que o mapa de 1793, em 
relação ao mapa de 1778, apresenta-se com dimensões inferiores no sentido norte-sul e 
com dimensões superiores no sentido leste-oeste. 
O passo seguinte, consistiu na análise cartométrica. Segundo Jenny et al. (2007), 
existem vários softwares de cartografia digital que utilizam técnicas cartométricas para 
avaliar a precisão de mapas históricos. A maioria delas deriva de dois pontos 
correspondentes nos mapas, isto é, um se origina de uma referência atual, precisa, e o 
outro, é selecionado no mapa antigo, supostamente impreciso, que devem compartilhar 
sistema de coordenadas comuns. Dentre os softwares disponíveis, o 
MapAnalyst® (JENNY; HURNI, 2011) vem sendo utilizado na avaliação da precisão do 
mapa histórico em relação ao atual, por meio dos vetores de deslocamentos e 
da distorção da grade de coordenadas; software desenvolvido por Bernhard Jenny e 
Adrian Weber (Instituto de Cartografia, ETH Zurich), disponível livremente na Internet 
(Http://www.ika.ethz.ch/mapanalyst/index.html). 
Nos vetores de deslocamento, cada linha do vetor começa em um ponto previamente 
identificado do mapa antigo e termina na posição onde o ponto seria no mapa atual. 
Quando os vetores são longos, indicam outliers, isto é, erro excessivo de 
posicionamento. Para a construção de redes de distorção da grade, o MapAnalyst® utiliza 
o método de interpolação multi-quadrática com base nos vetores de deslocamentos, que 
envolve a construção de uma grade regular no sistema de coordenadas do mapa de 
referência (atual) e sua transformação afim no mapa antigo, distorcendo a grade no 
sistema do mapa antigo (JENNY et al., 2007, p. 89 e 90). 
Utilizando uma amostra de 62 pontos de controle nos mapas antigo e atual, relacionada 
às principais vilas e paróquias, bem como as confluências de alguns rios, a rede 
geográfica de meridianos e paralelos implícita foi interpolada (Figura 4). Os pontos de 
controle foram associados aos topônimos antigos e atuais. 
Os mapas da figura 4 representam as distorções da grade de coordenadas e os 
descolamentos de vetores ocorridos no mapeamento da capitania em 1778 e 1793, 
principalmente na longitude, desvios inerentes às dificuldades técnicas de levantamento 
no século XVIII. 
Na associação de coordenadas antigas e atuais dos dois mapas (Figura 5), note-se que 
os paralelos e os meridianos são curvas, com ângulos variáveis e que houve semelhança 
nos desvios da grade e nos deslocamentos de vetores em ambos os mapas. 
Independente da atualização da rede urbana e da alteração de meridiano de referência 
realizada pelo autor, os desvios da rede de meridianos e paralelos implícita nos dois 
mapas se mantiveram constantes. 
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Quanto ao deslocamento de vetores, note-se que no centro da capitania, na região de 
Vila Rica e Vila de São João, os deslocamentos foram significativamente menores quando 
comparados com a periferia, principalmente no vale do rio São Francisco, norte da 
capitania, no vale do rio Jequitinhonha (leste) e no sul de Minas. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As reformas pombalinas, a partir de 1771, motivaram a Coroa e seu Conselho 
Ultramarino a adotarem mecanismos de garantir o controle dos conflitos de jurisdição, 
fiscal e militar. Assim, o mapeamento da capitania e sua atualização figura como 
instrumento estratégico nas decisões políticas e geopolíticas. 
Após o longo período de paralisação do processo de criação de vilas, entre os anos de 
1729 a 1789, o mapa elaborado em 1778 foi importante para a criação das novas vilas, 
entre os anos de 1789 a 1791, e que necessitava de uma atualização. Tomando-se como 
exemplo a Vila de Paracatu em ambos os mapas, note-se um aumento significativo do 
número de Registros em seu entorno, meio de garantir o controle fiscal e militar da 
mineração naquela região. 
O trabalho apresentado pretendeu contribuir com as pesquisas em Cartografia Histórica 
por meio da aplicação de técnicas de geoprocessamento em importantes documentos da 
Capitania de Minas Gerais do século XVIII. Outro aspecto relevante consistiu no resgate 
da obra de José Joaquim da Rocha, que exerceu funções administrativas de relevo para a 
História de Minas Gerais. 
A análise cartométrica realizada consistiu em resultados preliminares de uma pesquisa 
ampla em Cartografia Histórica da Capitania de Minas Gerais no século XVIII que vem 
sendo realizada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC Minas. Os 
resultados obtidos necessitam de maior detalhamento, principalmente quanto a 
ampliação do número de pontos de controle no cálculo de desvios de projeção e de 
deslocamentos de vetores. 
Quanto a validação da técnica aplicada neste trabalho, serão realizadas pesquisas com 
maior profundidade, bem como, testados softwares com aplicações de técnicas 
cartométricas diferenciadas. Por outro lado, a partir do georreferenciamento e da 
vetorização dos dois mapas, serão desenvolvidas análises espaciais ligadas a rede 
urbana, a demografia, a economia, entre outras aplicações. 
 
AGRADECIMENTOS 
O artigo resulta de pesquisa financiada pelo CNPq-Brasil. 
 
REFERÊNCIAS 
BERTIN, Jacques. Semiologie Graphique. 2a. ed., Paris: Mouton-Gauthier-Villars, 1973. 
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