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Avaliação Gramática Tradicional - Morfossintaxe

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UFMG/FALE – Gramática Tradicional - Morfossintaxe
Valor: 30 pontos
Data: 23/01/2017
Prof. Laila Hamdan
O Menino é o pai do homem
Machado de Assis
	Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é o pai do homem. Se isso é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
	Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher de doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mão no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a uma e outro lado, e ele obedecia, - algumas vezes gemendo, - mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um _“ai, nhonhô!” - ao que eu retorquia: _ “Cala a boca, besta!” – Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, das beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade, em particular dava-me beijos.
(In Memórias Póstumas de Brás Cubas)
QUESTÃO 1(7 pontos):Destaque e classifique os períodos e as orações dos trechos transcritos abaixo: 
a) Um poeta dizia(1) que o menino é o pai do homem.(2)
(1) Oração principal.
(2) Oração Subordinada Substantiva.
Período Composto por Subordinação.
b) Se isso é verdade,(1) vejamos alguns lineamentos do menino.(2)
(1) Oração principal.
(2) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa.
Período Composto por Subordinação.
c) Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”(1); e verdadeiramente não era outra coisa(2); fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso.(3)
(1) Oração Coordenada Assindética.
(2) Oração Coordenada Sindética Aditiva.
(3) Oração Coordenada Assindética.
Período Composto por Coordenação.
QUESTÃO 2(8 pontos): Transcreva e classifique as orações do texto.
Canção da América (fragmento)
Mílton Nascimento e Fernando Brant
Mesmo esquecendo a canção, 
o que importa é ouvir 
a voz que vem do coração.
Mesmo esquecendo a canção, 
Oração Principal. 
o que importa é ouvir 
Oração Subordinada Substantiva Predicativa.
a voz que vem do coração.
Oração Subordinada Adverbial Final.
QUESTÃO 3 (7 pontos): Numere os parênteses assim:
(1) se as duas afirmações são verdadeiras.
(2) se as duas afirmações são falsas.
(3) se a 1ª é falsa e a 2ª verdadeira.
(4) se a 1ª é verdadeira e a 2ª falsa. 
a - ( 2 ) Surgiu de uma era distante esta arte fascinante que o mundo inteiro deslumbrou (Beija-Flor): “era” é verbo / “mundo” é sujeito.
b- ( 1 ) A estrela Dalva brilha e ilumina o meu sonhar (Imperatriz): as orações são coordenadas / “sonhar” é substantivo.
c- ( 4 ) Eis aí a Verde-e-Rosa cantando em verso e prosa o que ao poeta inspirou (Mangueira): “verde-e-rosa” é substantivo / “ao poeta” é sujeito.
d- ( 1 ) Se um dia o mundo acordar, verá uma luz brilhando no horizonte (Salgueiro): “brilhando” equivale a um adjetivo / “um dia”, a advérbio.
e- ( 4 ) Enquanto o filho do pai rico desfruta o bom e o bonito, o menino pobrezinho acorda bem cedinho para vender bala no trem. (São Clemente): “bom” e “bonito” são adjetivos / “cedinho” está no superlativo.
f- ( 1 ) Pombo-correio, voa e vai dizer ao meu amor que a saudade machucou meu coração. (Império Serrano): “meu” é pronome adjetivo / “que” é conjunção integrante.
g- ( 3 ) No verde-esperança dos olhos de Maria luzia a fé de um povo que sofria (Império da Tijuca): “luzia” é substantivo / O período é composto por subordinação.
QUESTÃO 4 (8 pontos): Responda às questões propostas sobre o texto seguinte:
A onça e a hora
Carlos Drummond de Andrade
	Está na hora da onça beber água, ou está na hora de a onça beber água? A questão tem visitado a coluna de cartas de leitores, e demonstra não ter fenecido, entre nós, a preocupação com o bom uso da língua nacional. Dizem que cada vez se ensina (ou se aprende) menos português no curso secundário, mas fora do meio escolar há um gramático vigilante em cada colaborador espontâneo de jornal. Um deles, o meu coestaduano Moacir Mata Machado, chega ao debate da onça e da água citando trecho do professor Evanildo Bechara, que registra a variante rara: “Está na hora de beber a onça água”.
	Li e senti, de estalo, que a hora, a água e a onça, combinadas, oferecem numerosas possibilidades de expressão e recriação do mesmo fato fundamental, desdobrado, multiplicado e multifacetado ao sabor da fantasia, gerando imagens novas que por minha vez ofereço de graça ao leitor. Assim:
	Esta na hora de beber água a onça. Está na hora de a água beber onça. Está na água a onça de beber hora. Está na onça a hora de beber água. Está na onça a água de beber hora. A hora da onça está na água de beber: A água está no beber da hora da onça. O beber está na hora da onça da água. No beber na hora da água está a onça. A onça e o beber estão na água da hora. O beber está na hora e a onça na água. A onça está no beber a hora da água. Beber está na onça e a água na hora. Água, onça e hora estão no beber:(...)
a) Das expressões contidas no terceiro parágrafo, quais apresentam gramaticalidade?
As diversas expressões do terceiro parágrafo não apresentam gramaticalidade, por mais que as palavras estejam escritas da forma correta, o modo em que estão ordenadas faz com que não esteja de acordo com a gramática normativa, tendo assim uma omissão dos elementos indispensáveis para a comunicação e entendimento dos falantes.

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