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Para cada caso concreto, elabore narrativa jurídica simples e valorada. Nas valoradas, destaque, obrigatoriamente, os modalizadores valorativos. 
Caso concreto
Marcelo e Camila são casados há 10 anos. Em 01 de novembro de 2008, quando Camila digitava um trabalho da faculdade no computador utilizado pelo casal, ficou estarrecida: encontrou uma série de e-mails comprometedores, armazenados pelo marido, na máquina da família.
Descobriu que, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 30 de outubro de 2008, seu marido, usando o apelido “homem carente de meia idade”, trocava quase diariamente mensagens de natureza erótica com uma mulher que assinava “cheia de amor pra dar”.
Ao ler as mensagens, constatou que o marido se declarara diversas vezes para a internauta, com quem construía fantasias sexuais e praticava sexo virtual. A situação ficou ainda mais grave, porque, nessas ocasiões, Marcelo fazia comentários jocosos sobre o desempenho sexual de Camila e afirmava que ela seria uma pessoa "fria" na cama.
Por conta de todos esses fatos, Camila se separou de Marcelo. Cerca de quatro meses após a separação, ajuizou ação de reparação por danos morais em face do ex-marido, na qual pediu indenização no valor de 20 mil reais. Em síntese, alegou na Petição Inicial que: a) o ex-marido manteve relacionamento com outra mulher na constância do casamento; b) a traição foi comprovada por meio de e-mails trocados entre o acusado e sua amante; c) a traição foi demonstrada pela troca de fantasias eróticas (sexo virtual) entre os dois; d) precisou passar por tratamento psicológico para superar a dor que sofria; e) foram violados sua honra subjetiva e seu direito à privacidade no casamento. 
Em sua defesa, o ex-marido alegou a improcedência do pedido sustentando o seguinte: a) sexo virtual não caracteriza traição; b) houve invasão de privacidade e violação do sigilo das correspondências; c) os e-mails devem ser desconsiderados como prova da infidelidade; d) não difamou a ex-esposa, ao contrário, ela mesma denegria sua imagem ao mostrar as correspondências às outras pessoas.
Em entrevista à imprensa, a autora afirmou que não houve violação de sigilo das correspondências. Para ela, não está caracterizada a invasão de privacidade porque os e-mails estavam gravados no computador de uso da família e os cônjuges compartilhavam a mesma senha de acesso. "Simples arquivos não estão resguardados pelo sigilo conferido às correspondências", concluiu.[1: Estudo interdisciplinar: o caso concreto favorece o estudo de várias questões. Tente pesquisar sobre violação do sigilo das correspondências (CRFB/88), produção de prova ilícita (CPC), indenização por danos morais (CRFB/88 e CC), dissolução do vínculo conjugal (CC), etc.]
Caso Concreto 
O torneiro mecânico José Ramalho morava em uma casa humilde, no interior de Alagoas, com sua mulher e dois filhos. A renda mensal da família era de, aproximadamente, R$ 1.300,00 (hum mil e trezentos reais). O único bem que possuíam era a casa onde residiam, avaliada em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais).
Em março de 2008, Joaquina da Silva Ramalho, mulher de José Ramalho, começou a desconfiar do comportamento de seu marido. Durante a exibição do jornal noturno – programa preferido da família – desligava a televisão e tirava o telefone da tomada durante o dia. Deixou de trabalhar. Além disso, mostrava-se pensativo e agressivo. Dois dias após a mudança de hábitos, José Ramalho pediu a separação judicial a Joaquina, que não entendeu o porquê do comportamento do marido.
A separação foi consensual. Joaquina não queria obrigar o marido a continuar com ela se não a amava mais. Afirma que passou por intenso sofrimento, teve depressão grave e perdeu mais de 15 quilos. “O pior de tudo”, afirma a mulher, é que “vivíamos bem e enfrentávamos juntos todas as nossas dificuldades. Não sei onde foi que errei”. Joaquina e os filhos continuaram residindo no único imóvel da família.[2: ESTUDO INTERDISCIPLINAR: pesquise sobre as formas de composição extra judicial.][3: ESTUDO INTERDISCIPLINAR: busque, com seu professor de Psicologia Aplicada ao Direito, informações sobre como a Psicologia pode contribuir com a ciência jurídica na composição dos conflitos na área de direito de família.]
Em agosto de 2008, Joaquina descobriu que José comprara um outro imóvel para morar, no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). De imediato, Joaquina cobrou explicações do ex-marido, que disse que ela era muito fofoqueira e estava se metendo na vida dele. Insistiu que as atitudes dele não lhe competiam mais, já que estavam separados.
Viciado em jogo, José Ramalho passou a frequentar uma roda de carteado, o que lhe fez perder grandes quantias em dinheiro. Joaquina estima, pelos relatos dos demais frequentadores com quem conversou, que o ex-marido tenha perdido no jogo cerca de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Intrigada, Joaquina investigou melhor a história com alguns amigos e descobriu que José havia recebido um prêmio de loteria no valor de R$ 550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil reais), quando ainda eram casados. Essa era a razão pela qual, antes da separação, adotou o comportamento de não atender ao telefone e querer manter a televisão desligada; tinha receio de que a mulher desconfiasse do prêmio, o maior já recebido naquela pequena cidade.
Diante do contexto, Joaquina propôs ação judicial em face de José Ramalho, na qual pediu: a) partilha do valor recebido no sorteio, ou seja, R$ 275.000,00 (duzentos e setenta e cinco mil reais), já que eram casados pelo regime de comunhão parcial de bens; b) indenização por danos morais, fixada em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), tendo em vista a humilhação e o sofrimento a que foi submetida. Afirma que não pretende a indenização pelo término do casamento, mas pela dor de ter sido ludibriada pelo ex-marido que pretendia ficar com o prêmio sozinho, mesmo após tantos anos de companheirismo incondicional. 
Em contestação, o réu alegou, em primeiro lugar, que o bilhete de loteria fora comprado por ele e que a mulher não contribuiu em nada para o recebimento do prêmio. Soma-se a esse o argumento de que a autora sempre se manifestava contrária ao réu jogar. Dizia que ele era um “viciado em jogo”. “Agora vem querer repartir a bolada? Sempre me reprimiu...”.
Ademais, mesmo que quisesse repartir a metade do prêmio, não poderia, já que a compra do imóvel em que reside atualmente consumiu, sozinha, mais que a metade do valor recebido. Afirma, ainda, que as perdas em carteado e os gastos pessoais já consumiram R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). Restam do prêmio, apenas, R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).
Em segundo lugar, alegou que o imóvel que comprou não pode ser penhorado para pagar à mulher o valor pedido, na medida em que está resguardado pelo instituto “bem de família” (Lei 8.009/90), já que esse é o único bem que possui e onde reside atualmente.[4: ESTUDO INTERDISCIPLINAR: busque na Internet algumas informações sobre o instituto denominado “bem de família”.]
Quanto à indenização, afirma que se separou da ex-mulher porque ela o infernizava e o controlava. A convivência tornou-se insuportável. Não há que se falar em indenização por danos morais.

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