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1 PODER JUDICIÁRIO SUSTENTÁVEL: UM NOVO PARADIGMA DE JUSTIÇA Monica Lucia Cavalcanti de Albuquerque Duarte Mariz-Nóbrega * Sulamita Escarião Nóbrega ** Nos últimos anos a preocupação com a reforma do Poder Judiciário vem se mostrando bastante expressiva. No Brasil, a preocupação deriva principalmente da morosidade da prestação jurisdicional, de um lado e, de outro, do custo que importa o acesso à Justiça, quer seja devido às custas judiciais, quer seja pela insuficiência de defensores públicos e outros profissionais habilitados – advogados – que prestem advocacia gratuita. Paralelo a este problema, a falta de publicidade e o abuso da “máquina” pública mermaram significativamente a confiança social no Poder Judiciário brasileiro. Com vistas a melhorar o exercício da Jurisdição e resgatar a Justiça, várias foram as modificações introduzidas na legislação e que vem resultando em uma significativa transformação deste Poder. Neste sentido, poderíamos mencionar a Lei 9099/95 que criou os Juizados Especiais. Por outro lado, grandes debates sobre o desenvolvimento sustentável passaram a ser necessários, principalmente a partir da década de 1970 e a seguinte. Não deve ser indiferente a este debate o Poder Judiciário, por meio da modificação de sua postura para alcançar sua finalidade, qual seja, a de dirimir os conflitos sociais e alcançar a Justiça possível. É bem verdade que inumeráveis vêm sendo as iniciativas do Poder Judiciário no sentido de propiciar maior respeito ao meio ambiente, o que inequivocamente se insere no contexto do desenvolvimento sustentável. No entanto, observe-se que o discurso vem restringindo-se ao aspecto ambiental deste desenvolvimento, o que não é suficiente. * Doutora em direito processual pela Universidade de Valência (Espanha); mestre em direito econômico pela UFPB; professora titular da Unipê; professora convidada do “Máster en Violencia de Género” da Universidade de Valência (Espanha) e pesquisadora visitante do “Grupo Interdisciplinar de Estudios de Género” de mesma universidade (www.uv.es/genero). ** Doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino (UMSA) Buenos Aires. Professora Assistente (Direito Tributário/Financeiro) do Centro Universitário de João Pessoa/PB (UNIPÊ). Advogada militante. Membro do grupo de pesquisa: Constituição, propriedade, desenvolvimento e cidadania ambiental perante o Núcleo de Pesquisa do UNIPÊ. 2 Curiosamente, podemos observar que as mudanças pelas quais a Justiça vem passando nos últimos anos – em verdade, nas duas últimas décadas, se nos referimos ao Brasil – demonstram uma tomada de postura diferente, que se coadunam verdadeiramente ao que chamamos de desenvolvimento sustentável. Assim, em diversas áreas podemos observar que as transformações não deixam de preencher os “requisitos” do que se entende por desenvolvimento sustentável - integral -, ou seja: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Ora, como é sabido, a ideia de desenvolvimento atualmente está inexoravelmente associada à sustentabilidade, uma vez que já não mais se confunde com o mero crescimento econômico de uma sociedade. Por sua vez, desenvolvimento sustentável é aquele “que satisfaz as necessidades atuais – do presente – sem comprometer a habilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”1. O ideal de desenvolvimento se concretizando como aquele que seja “economicamente viável, ecologicamente correto, socialmente justo e culturalmente aceito”2 radica na possibilidade de o ser humano se desenvolver plenamente, em todo o seu potencial, conforme o artigo 1º da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986, da Assembleia Geral das Nações Unidas, que preconiza que “o direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados”, e que “o direito humano ao desenvolvimento também implica a plena realização do direito dos povos de autodeterminação que inclui, sujeito às disposições relevantes de ambos os Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos, o exercício de seu direito inalienável de soberania plena sobre todas as suas riquezas e recursos naturais”3. Por sua vez, também aos auspícios da ONU, foram traçados oito objetivos para o desenvolvimento que, hipoteticamente, deverão ser alcançados até o ano de 2015, quais 1 No original: that meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs. Relatório Brundtland, 1987, disponível em: http://www.un-documents.net/ocf- 02.htm#I, acesso em: 28/03/2011. 2 O conceito é uma tradução da expreção em inglês “economically feasible, ecologically sound, culturally adapted and socially just”, extraída da obra “Plantando para o future...” de Reijntjes, Bertus e Water-Bayer, de 1992. Vid. REIJNTJES, C, BERTUS, H, WATER-BAYER, A Farming the Future: An Introduction to Low External Input and Sustainable Agriculture. London: Macmillan, 1992. 3 Declaração sobre Direito ao Desenvolvimento, Resolução 41/128 da Assembléia geral das Nações Unidas (A/RES/41/128), aprovada na 97ª Reunião, em 4 de dezembro de 1986, disponível em: http://www.un.org/documents/ga/res/41/a41r128.htm, acesso em: 28/03/11. 3 sejam: erradicar a pobreza extrema e a fome; atingir o ensino fundamental universal; promover a igualdade entre os gêneros e a autonomia da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV/AIDS, o paludismo e outras doenças; garantir a sustentabilidade do meio ambiente; e, fomentar a associação mundial para o desenvolvimento 4 . Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011 (Sustentabilidade e equidade: um futuro melhor para todos) 5 “as previsões sugerem que o continuado insucesso na redução dos riscos ambientais graves e das crescentes desigualdades ameaça abrandar décadas de progresso sustentado da maioria pobre da população mundial”6. Neste quadro, o Brasil se encontra em décimo primeiro lugar no índice de desenvolvimento humano, de entre 20 países; bem como em octogésimo quarto lugar na Classificação IDH para 2011. Analisaremos estes aspectos nas seguintes páginas, de modo a verificar se o Poder Judiciário brasileiro está verdadeiramente se encaminhando para o desejável desenvolvimento sustentável tão almejado e que acreditamos deva ser o novo paradigma de Justiça. 1. Desenvolvimento ecologicamente correto e Poder Judiciário Para se falar em desenvolvimento ecologicamente correto, é necessário ter como base a ideia de que a preservação do meio ambiente é fundamental. Ou seja, é o desenvolvimento que respeita o meio ambiente. Por sua vez, o meio ambiente é um bem jurídico a ser protegido, isto porque é indispensável à vida, à saúde, e à felicidade do homem. Em realidade a esta ideia de meio ambiente estão agregados aspectos naturais, culturais e às modificações humanas que afetam aos elementos naturais, ou seja, aqueles considerados artificiais. Conforme já se afirmou, o meio ambiente natural corresponde à biosfera (constituído pelo solo, água, o ar, a flora, a fauna); o meio ambiente cultural corresponde ao patrimônio artístico, histórico, turístico, arqueológico, espeleológico, ou seja, aquele afetado pelo homem e que se4 Sobre os Objetivos do Milenio, vid. ONU, disponível em: http://www.un.org/millenniumgoals/. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 5 Disponível em: hdr.undp.org, último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 6 Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011 (Sustentabilidade e equidade: um futuro melhor para todos), página 2. Disponível em: hdr.undp.org, último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 4 relaciona com sua cultura, e; meio ambiente artificial corresponde ao espaço urbano edificado e modificado pelo ser humano, sejam cidades, ruas, casas, praças etc. 7 . A destruição do meio ambiente é, indubitavelmente, a do ser humano. Neste sentido, o papel do Poder Judiciário é fundamental, uma vez que é por meio dele que medidas efetivas poderão ser tomadas, por meio da tutela inibitória. Se, por uma lado, o meio ambiente é protegido constitucionalmente por meio do art. 225, caput, da CF/88, por outro sem que existam os instrumentos jurídicos adequados não há como garantir esta proteção. Talvez mais importante ainda do que a reparação do meio ambiente, que pode ser obtida coercitivamente através do Poder Judiciário, a tutela inibitória tem por finalidade fazer cessar uma conduta preventivamente, no seu curso, ou que volte a ser repetida. Assume, assim, esta atuação do Poder Judiciário, uma faceta indispensável para a proteção do meio ambiente. Como bem explica Marinoni: Dessa forma, torna-se claro que a ação inibitória não visa somente impor uma abstenção, contentando-se, assim, com um não-fazer. O seu objetivo é evitar o ilícito, seja ele comissivo ou omissivo, razão pela qual pode exigir um não-fazer ou um fazer, conforme o caso. O direito brasileiro possui normas processuais (arts. 84, CDC, e 461, CPC) que autorizam ao juiz não apenas impor um fazer ou um não-fazer, como também impor um fazer quando houver sido pedido um não- fazer, desde que o fazer seja mais adequado à proteção do direito no caso concreto8. Esta atuação, pelo princípio da inércia da Jurisdição, apresenta-se como um atuar passivo, se nos permitem a contradição. Atuar porque foge ao princípio da adstrição e congruência porque permitem a comutação do pedido por parte do magistrado, se o resultado prático for equivalente ao adimplemento do que foi pedido e se mostrar mais adequado. Passivo porque sujeito á inércia. Quer dizer, somente pode atuar se quem for legitimo detentor do direito (ainda que por meio da substituição processual) e tiver interesse impetrar demanda com este objetivo. Embora indispensável esta atuação do Poder Judiciário, nos últimos anos também passou a ter, este poder, uma preocupação com um atuar ativo, ou como preferem atualmente diversos setores sociais, proativo. Neste aspecto, algumas medidas passaram a 7 MILARË, Édis. Processo Coletivo Ambiental. In: BEJAMIN, Antonio Hermam V. Dano Ambiental: Prevenção, Reparação e Repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p.263-264. 8 MARINONI, Luiz Guilherme. As ações inibitória e de remoção do ilícito (na dimensão do direito ambiental), página 9. Disponível em: http://www.mpes.gov.br/anexos/centros_apoio/arquivos/10_212612493411112009_tutela%20inibit%C3%B3 ria.pdf. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 5 ser tomadas com vistas a propiciar o desenvolvimento sustentável e, mais precisamente uma atuação ecologicamente correta por parte da Justiça. Assim, um exemplo desta atuação foi o encontro realizado (em Brasília) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em agosto de 2012, e intitulado “O Poder Judiciário e o Meio Ambiente”. Neste encontro o STJ assinou, conjuntamente com o Ministério do Meio Ambiente, o termo de sustentabilidade, ou seja, assinaram o Termo de Adesão à Agenda da Administração Pública (gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável). Observe-se que o STJ desenvolve inumeráveis ações por meio do Programa Socioambiental 9 . Neste sentido, destaque-se que o tribunal já reduziu significativamente o consumo de papel, água e energia, tendo intenção de continuar avançando nessa economia. O trabalho desenvolvido se dirige “principalmente a mudança de consciência dos servidores, levaram para casa as práticas sustentáveis implementadas no ambiente de trabalho”10. Concretamente, o encontro teve três grandes objetivos: 1. Disseminar a prática dos valores socioambientais no STJ e a sua contribuição para a sociedade como Tribunal da Cidadania. 2. Promover a conscientização e sensibilização com relação à responsabilidade socioambiental e à necessidade de efetiva proteção ao meio ambiente, especialmente o bioma cerrado, além do desenvolvimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, mediante atividades de educação ambiental quando são propostos novos hábitos e novas posturas que contribuam para a qualidade de vida da sociedade. 3. Integrar os segmentos de forma participativa em prol de medidas efetivas de conservação e desenvolvimento sustentável. Outra iniciativa neste sentido é o Projeto Estratégico Agilis, conduzido pela Coordenadoria de Gestão Documental 11 , e que tem por finalidade a reciclagem do autos judiciais 12 para descarte. Como exemplo, podemos mencionar o volume de habeas corpus 13 9 O próprio crachá do evento foi confeccionado de sementes e pode ser plantado (as instruções de como plantar foram distribuídas no evento e divulgadas na internet, no site do evento), enquanto o cordão foi confeccionado em algodão e é biodegradável. Cf. O Superior Tribunal de Justiça convida para o Encontro “O Poder Judiciário e o Meio Ambiente”, disponível em: http://encontrojudiciario.akamido.com/. Ultimo acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 10 Vid. STJ, O tribunal da Cidadania, disponível em: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=106676. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 11 Criado em atendimento à Recomendação n. 37, de 15 de agosto de 2011, do Conselho Nacional de Justiça. 12 Fundamentado na Resolução STJ n. 5 de 30 de março de 2012, norma que dispõe sobre o plano de classificação e tabela de temporalidade dos processos e documentos judiciais do STJ (PCTT/Área Fim). 13 A resolução determina que os habeas corpus, por serem feitos incidentais, cujas ações originárias tramitam em outros tribunais, podem ser descartados depois de transcorridos 10 anos do trânsito em julgado, excetuando-se aqueles autos selecionados para guarda permanente por critérios previamente definidos (art. 8º). 6 que deverá ser reciclado 14 . Ressalvados aqueles cujo valor jurídico, histórico ou informativo requeiram a guarda permanente do STJ, sua reciclagem (equivalentes a 13 toneladas de papel), acarretará diversos benefícios: (a) financeiros, “pela economia de espaço físico e material, utilizados no armazenamento dos documentos” 15; (b) ambiental, “pois a reciclagem do papel poupará da derrubada cerca de 260 árvores adultas” 16, e; (c) social, uma vez que “a venda do material reverterá cerca de R$ 2.600,00 para a cooperativa de catadores de material reciclável com a qual o Tribunal mantém Termo de Cooperação”17. Iniciativas semelhantes estão sendo desenvolvidas em vários Tribunais nacionais, a exemplo do trabalho desenvolvido pelo STJ, a saber: o primeiro Fórum sustentável do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) 18 ; o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho 19 , e; o Projeto Justiça Sustentável, do Juizado Especial Civil e Criminal da comarca de Parintins (Amazonas) 20 . 2. Desenvolvimento economicamente viável e PoderJudiciário Outro ponto crucial para o verdadeiro desenvolvimento sustentável é que o mesmo seja economicamente viável. Neste aspecto, duas vertentes merecem ser analisadas: (a) as modificações do Poder Judiciário e o custo que isto envolve são economicamente viáveis? 14 Em todo o caso, todas as decisões monocráticas e acórdãos proferidos pelo STJ são de guarda permanente e estão à disposição dos interessados na página da Corte na internet. 15 Cf. STJ. Descarte de autos judiciais findos. Disponível em: http://encontrojudiciario.akamido.com/MTMzMw==/. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 16 Vid. nota anterior. 17 Idem. 18 Em cuja construção foi utilizada ao todo, “20% de materiais reciclados e 40% de materiais regionais, produzidos em um raio de 800 km da obra. Também foi utilizada a gestão sustentável de resíduos durante a fase de execução, garantindo que 75% dos resíduos gerados fossem reaproveitados ou reciclados”. Mais informações: Conselho Nacional de Justiça, disponível em: http://www.cnj.jus.br/atos- administrativos/14154:tjdft-inaugura-o-primeiro-forum-sustentavel-do-judiciario-nesta-sexta-feira. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 19 Cf. Conselho Nacional da Justiça do Trabalho (CNJT). Segundo o CNJT o Guia visa a “orientar os servidores envolvidos com os processos de contratações de bens e serviços na Justiça do Trabalho de Primeiro e Segundo Graus (estados e municípios), de modo a auxiliar os gestores públicos do Poder Judiciário na busca por padrões mais sustentáveis de consumo e, em consequência, colaborar para o desenvolvimento sustentável”. Disponível em: http://www.csjt.jus.br/responsabilidadesocial. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 20 Coordenação do MM Juiz Áldrin Henrique de Castro Rodrigues (Juiz de Direito) e Lydia de Jesus Azêdo Neta (Diretora de Secretaria). Projeto disponível em: http://www.tjam.jus.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=3932&Itemid=579. Ùltimo acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 7 E, (b) Para aqueles que necessitam da prestação jurisdicional é também viável este desenvolvimento? Melhormente considerando, em ambos os aspectos observe-se que a Justiça e o acesso a ela são considerados de custo alto. Alto para o Estado, pois o Poder Judiciário necessita de instrumentos apropriados para executar sua função (pessoal apropriadamente treinado, como Juízes, serventuários e meirinhos – mencionando somente alguns -, instalações adequadas, material de consumo etc.) e estes gastos são, de fato, bastante elevados. Ao mesmo tempo, para ter acesso à Justiça, aquele que precisa da prestação jurisdicional normalmente necessita de advogado (a exceção daquelas Ações que tramitam nos Juizados especiais e cujo valor não excede vinte salários mínimos, na Justiça Estadual 21 ; nos Juizados Especiais Cíveis Federais, aquelas até sessenta salários mínimos 22 , e; nos Juizados Especiais Fazendários – quer estaduais, quer federais – até sessenta salários mínimos 23 ). Além do mais, salvo raras exceções, é necessário antecipar as custas judiciais. Em muitas situações, o acesso à Justiça é verdadeiramente tolhido devido a estes fatos. Destarte, analisemos primeiramente a viabilidade econômica que se refere ao Estado e, em especial, ao Poder Judiciário. Medidas que impliquem economia de gastos normalmente permitem maior viabilidade econômica para a prestação das funções estatais fundamentais, como o é a jurisdicional. Bem gerir os recursos econômicos à disposição da Justiça permite que ela seja mais bem prestada, uma vez que indubitavelmente o desperdício impede o acesso de mais pessoas a esta prestação e a encarece. Ora, as ações que tentam implementar o desenvolvimento ecologicamente correto normalmente passam por atitudes que diminuem e evitam o desperdício, o que leva a viabilidade econômica. Neste sentido, as anteriormente mencionadas ações ora desenvolvidas em todo o território brasileiro com vistas a respeitar o meio ambiente também levam ao desenvolvimento economicamente viável do Poder Judiciário. Também é fundamental a utilização das tecnologias disponíveis como meio tanto de aumentar a transparência e a celeridade da prestação jurisdicional quanto de tornar a Justiça mais barata. Assim, a criação e a posta a disposição das ferramentas de Judiciário Eletrônico (qualquer que seja o nome dado nas diversas partes da Federação brasileira) permite uma prestação economicamente mais viável (além de ecologicamente correta, pois 21 Artigo 9º da Lei 9099/95. 22 Artigo 3º cumulado com artigo 10 da Lei 10.259/2001. 23 Lei 12.153/2009. 8 tende a diminuir a necessidade de utilização de papel, por exemplo) do que a tradicional Justiça e suas inumeráveis petições e cópias. Ora, embora pareça que instalar o maquinário necessário, treinar quem vá utilizar o sistema dentre outras necessidades iniciais seja um gasto elevado, em longo prazo significa a diminuição da necessidade de manutenção de arquivos, sua conservação, catalogação. Especificamente em relação à preocupação econômica, interessante é o planejamento estratégico da Justiça Estadual do Pará (2010-2014), cuja meta de eficiência operacional estabelecida consistia em “reduzir em 40% o índice de custo operacional, sendo 10% a.a nos anos 2010, 2011, 2012 e 5% a.a nos anos de 2013 e 2014”24. Dentre os projetos para alcançar a meta, merece destaque o de sistema de gestão de custos, cuja finalidade é a redução de custos, com o aumento de produtividade e melhoria dos controles internos. Assim, possibilitando maior eficiência e eficácia das atividades de planejamento, de execução e de controle, uma vez que permite a obtenção de informações gerenciais em tempo real (detalhadamente) e, portanto, permitindo ao gestor que tome decisões de modo mais preciso e tornando a administração mais eficiente 25 . Outro projeto com bastante êxito vem sendo implementadas pela Justiça do Mato Grosso, com a emissão online e gratuita de certidões negativas criminais e cíveis, quando para a defesa de direito ou esclarecimento de situação pessoal, proporcionando maior agilidade na prestação de serviço, evitando o gasto com o deslocamento até o Fórum que seria inevitável e diminuindo a impressão em papel 26 . Estas iniciativas são fundamentais para realmente modificar a forma de gerir os recursos econômicos do Poder Judiciário, de modo a prestar um serviço mais eficiente. Por outro lado, no que se refere aquele que necessita da prestação jurisdicional, as modificações da legislação processual que teve como ponto de partida a aprovação da Lei 9099/95, com a criação dos Juizados Especiais, permitiu maior acesso à Justiça. Isto 24 Vid. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ. Planejamento estratégico do Poder Judiciário do Estado do Pará 2010/2014, estabelecido pela Resolução nº 027/2009. Disponível em: http://www.tjpa.jus.br/planejamentoestrategico/docs/ANEXOI_Resolucao_027_FINAL.pdf. Último acesso em 18 de fevereiro de 2013. 25 Vid. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ. Planejamento estratégico do Poder Judiciário do Estado do Pará 2010/2014, estabelecido pela Resolução nº 027/2009. Disponível em: http://www.tjpa.jus.br/planejamentoestrategico/docs/ANEXOI_Resolucao_027_FINAL.pdf. Último acesso em 18 de fevereiro de 2013, p. 6-7. 26 Vid. CNJ, notícia intitulada “Certidão online: serviço gera economia à Justiça e à população”, divulgada em 06 de outubro de 2011. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/judiciario/16270-certidao-online- servico-gera-economia-a-justica-e-a-populacao.Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 9 porque inexiste a necessidade de antecipar custas e a facilitação do acesso por meio da concessão do jus postulandi à parte, independentemente de ela ser advogada 27 . De mesmo modo, os convênios firmados entre o Poder Judiciário e Universidades (bem como com Centros Universitários) permitem uma economia significativa para os cofres públicos, de um lado, e maior acesso á Justiça com gastos menores (tendendo à zero) para a população. Neste sentido, podemos verificar a importância destes convênios pelos trabalhos voluntários desenvolvidos pelos estudantes, assim, a modo de exemplo: Convênio para o funcionamento na Faculdade Guararapes de um Juizado Estadual Especial Criminal Universitário e outro de natureza cível (convênio de janeiro/2006), e, em mesma faculdade, funcionamento de uma Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem (janeiro/2010); o Convênio entre o Centro Universitário de João Pessoa, com vistas à instalar o maior complexo jurídico do Norte/Nordeste, e; Convênio entre as Faculdades Integradas Rio Brando (SP) e o poder judiciário, firmado para atendimento em datas especiais, propiciando a participação dos alunos em ações sociais. Na contramão destas inciativas, a inauguração de Fóruns inacabados e cujo gasto para construção e instalação superam a casa dos trinta milhões de reais se torna inaceitável 28 . Sobre estes gastos excessivos, o historiador Marco Antônio Villa publicou artigo “Triste Judiciário”, veiculado pelo jornal O Globo, que demonstra a falta de sensibilidade econômica de um órgão que deveria fomentar o acesso à Justiça, inclusive por meio da melhor aplicação do dinheiro público. O autor ressalta que: Não é por falta de recursos que os processos demoram tantos anos para serem julgados. Dinheiro sobra. Em 2010, a dotação orçamentária foi de R$940 milhões. O dinheiro foi mal gasto. Só para comunicação e divulgação institucional foram reservados R$11 milhões, para assistência médica a dotação foi de R$47 milhões e mais 45 milhões de auxílio-alimentação. Os funcionários devem viver com muita sede, pois foram destinados para compra de água mineral R$170 mil. E para reformar uma cozinha foram gastos R$114 mil. Em um acesso digno de Oswaldo Cruz, o STJ consumiu R$225 mil em vacinas. À 27 Instrumento de acesso á Justiça que, a nosso ver, tem que ser tomada com muito cuidado, sob a pena de gerar uma falta de igualdade de armas. Ora, em determinadas situações, se a parte adversa está amplamente e adequadamente orientada por um causídico, aquele que sozinho estiver necessariamente está em desvantagem. Ao mesmo tempo, determinados instrumentos processuais que tentam equilibrar as partes (como a possibilidade de inverter o ônus da prova) não podem se tornar meio de prejulgar determinada causa, de modo a ferir o princípio da imparcialidade, fundamento imprescindível para uma prestação jurisdicional adequada. Neste caso, entendemos que deveria ser estritamente observado, por parte dos magistrados, o parágrafo 2º do artigo 9º da Lei 9099/95. 28 Cf. “Paraíba: novo Fórum Cível da Capital já funciona há um mês”, notícia veiculada pelo Correio Forense em 16 de novembro de 2006. Disponível em: http://www.correioforense.com.br/noticia/idnoticia/17557/titulo/paraiba_novo_forum_civel_da_capital_ja_fu nciona_ha_um_mes.html. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 10 conservação dos jardins – que, presumo, devem estar muito bem conservados – o tribunal reservou para um simples sistema de irrigação a módica quantia de R$286 mil29. Se, por um lado, parece que iniciativas do Poder Judiciário vêm se mostrando em coadunação com a ideia de desenvolvimento economicamente sustentável (leia-se: viável), por outro é extremamente condenável que determinados setores deste mesmo Poder ainda se ressintam da velha tradição de uma Justiça Pomposa e sem compromisso social. 3. Desenvolvimento socialmente justo e culturalmente aceito e Poder Judiciário Finalmente, o binômio desenvolvimento “socialmente justo” e “culturalmente aceito” é inseparável. Não há como pensar em justiça social dissociada da cultura em que esta mesma justiça social deve ser alcançada. Em realidade, uma das consideradas maiores conquistas da Justiça brasileira foi a criação do seu Conselho Nacional (CNJ), cuja representação integrada dos diversos setores sociais propiciam maior transparência à prestação Jurisdicional 30 . Lembremo-nos que uma das grandes bases do sistema internacional de garantias relacionado com a prestação jurisdicional se refere justamente ao princípio da publicidade. Ora, como já foi dito, Justiça não se faz às escuras, sem que a sociedade possa verificar que estejam sendo seguidos: o devido processo legal (material e procedimentalmente), a imparcialidade, o contraditório etc. É interesse da sociedade que a Justiça tenha seus trâmites fiscalizados por ela – a sociedade – sem que sejam mascarados os processos, as relações existentes internamente e, como não?, também os gastos efetuados pelo Poder Judiciário. A criação deste órgão não somente se enquadra na ideia de socialmente justo como, poderíamos afirmar, foi durante muito tempo, socialmente ansiado. Culturalmente também não se pode negar que sua criação atende ao verdadeiro ideal (cultural ocidental) da Justiça cristalina. 29 Artigo ainda disponível na página do Instituto Millenium (http://www.imil.org.br/artigos/triste-judiciario/). Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 30 Embora, em alguns casos, este mesmo Conselho, nos parece, extrapola os limites legais de sua atuação, imiscuindo-se em funções precipuamente jurisdicionais (que está fora de sua alçada), como na cassação de liminares. É muito condenável que se merme a estabilidade que o sistema processual, por ter regras anteriores e procedimento recursal próprio, insere em um Ordenamento Jurídico. Mais ainda que o mesmo possa ser simplesmente ignorado com a justificativa de que o entendimento do CNJ diverge. Ora, é exatamente o sistema recursal que deve ser instrumento de modificação de decisões judiciais. É muito perigoso que, nesta esteira, não se admita futuramente que um órgão alheio ao Poder Judiciário resolva minar os fundamentos básicos de um Estado (democrático) de Direito, qual seja, aquele que respeita o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e, acima de tudo, a coisa julgada. 11 Outra iniciativa bastante interessante é a chamada TV Justiça, que também permite o acompanhamento da prestação jurisdicional por parte da sociedade, principalmente no que se refere aos procedimentos de grande repercussão nacional e em trâmite no Distrito Federal (Brasília) nas Cortes Superiores 31 . Na verdade, não somente estas iniciativas demonstram uma preocupação do Poder Judiciário com o interesse social. Observe-se que a criação dos Juizados Especiais também é, inequivocamente, socialmente justa e culturalmente aceitável. De modo similar o são as iniciativas de diminuição de gastos indevidos, as anteriormente mencionadas atividades com finalidade de viabilizar um desenvolvimento ecologicamente correto. Pari passo, a implementação do “processo eletrônico” não deixa de ser, também, socialmente justo, uma vez que proporciona maior acesso á Justiça e mais celeridade em seu tramitar. No que tange a ser culturalmente aceito, não há que se falar em discrepância. Muito pelo contrário, se levamos em consideração a ampla utilização de tecnologias por todos os segmentos da população brasileira, país que possui o terceiro maior número deinternautas no mundo 32 , embora esteja em 63º lugar se for considerado o acesso domiciliar, segundo o Relatório de Inclusão Digital da Fundação Getúlio Vargas 33 . Considerações Finais Está claro que, nos dias atuais, é inconcebível a ideia de desenvolvimento sem que todos os seus aspectos sejam levados em consideração. Parece-nos que não pode se afastar desta realidade o Poder Judiciário. Isto porque a prestação jurisdicional é imprescindível para o próprio desenvolvimento de uma sociedade. Ora, se é através da prestação jurisdicional que se almeja e se pode alcançar a Justiça possível, ela responde a um fator importantíssimo, pois permite realmente a segurança jurídica dos jurisdicionados. Sendo assim, já não se pode aceitar mais aquela Justiça afastada da realidade, cujos gastos e desperdícios importam em grande perda. Não somente perda econômica, pelo aviltamento do erário público que, por sua vez, é produto do esforço social (com a arrecadação dos tributos, por exemplo). 31 Como exemplo, o julgamento do caso que ficou conhecido como Mensalão, no final de 2012. As seções de julgamento, transmitidas através da TV Justiça, tiveram ampla divulgação e expectação por parte da população. 32 Segundo relatório do IBOPE Nielsen Online, disponível em: http://www.ibope.com.br/pt- br/relacionamento/imprensa/releases/Paginas/Internet-no-Brasil-cresceu-16-em-um-ano.aspx. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. 33 Disponível em: http://www.cps.fgv.br/cps/bd/mid2012/MID_sumario.pdf. Último acesso em 18 de fevereiro de 2013. 12 Claro está que o Poder Judiciário vem sofrendo importantes mudanças desde meados da década de 1990 e, com maior influência, nos últimos anos. Parece-nos que estas modificações, inclusive de postura, vêm trazendo, em grande medida o desenvolvimento sustentável da prestação jurisdicional. E, assim, nos parece que estamos diante de um novo paradigma de Poder Judiciário ou, mais precisamente, da Justiça. Esta no sentido da que pode ser possível, que parte justamente da prestação jurisdicional do Estado. É bastante louvável a preocupação do Poder Judiciário com o desenvolvimento ecologicamente correto. Mas, nos parece, hodiernamente esta não é somente a face do desenvolvimento que vem sendo amplamente modificada. Medidas que propiciam um maior acesso à Justiça, princípio do Direito Processual entendido como garantia internacionalmente reconhecida como direito humano, não podem deixar de ser consideradas em seu papel como instrumento fomentador do desenvolvimento sustentável integral, ou seja, aquele que atende ao ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. De mesmo modo, aproximar o jurisdicionado da atuação da Justiça, permitindo maior transparência, por um lado, e fiscalização, por outro, também são instrumentos que propiciam este desenvolvimento. É bem verdade que ainda existem determinados órgãos mais recalcitrantes, e que parecem ainda não ter “acordado” para esta necessidade. No entanto, todo o conjunto de mudanças e preocupações que nos últimos anos permeiam a Justiça brasileira vem, verdadeiramente, levando ao seu maior desenvolvimento e, pari passo, ao maior desenvolvimento nacional. Entendido bem, desenvolvimento sustentável integral. Bibliografia citada CNJ, notícia intitulada “Certidão online: serviço gera economia à Justiça e à população”, divulgada em 06 de outubro de 2011. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/judiciario/16270-certidao-online-servico-gera-economia-a- justica-e-a-populacao. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. CONSELHO NACIONAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO (CNJT). Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho. Disponível em: http://www.csjt.jus.br/responsabilidadesocial. Último acesso em: 18 de fevereiro de 2013. CORREIO FORENSE. Paraíba: novo Fórum Cível da Capital já funciona há um mês. Notícia veiculada pelo Correio Forense em 16 de novembro de 2006. 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