Buscar

Aula de Direito Civil

Prévia do material em texto

Aula do dia 07 de março de 2014
Continuação de Posse:
A Doutrina através do conceito de possuidor trabalha com o conceito de posse. Sendo essa posse exercida. 
Pode-se dizer ser a posse situação de direito caracterizada por dois elementos: corpus e animus. Da relação jurídica inerente a própria situação de posse, decorre apenas um direito real, o direito a proteção possessória. A esse direito corresponde uma obrigação real da parte dos não possuidores, qual seja, não ameaçar, perturbar ou esbulhar o possuidor. 
Nas ações possessórias se discute a qualidade da posse, pois temos posses diferentes.
Classificação: 
Posse direta e indireta:
Direta: É a posse de quem usa a coisa, sem interposta pessoa, ou seja, será direta quando o possuidor exercer sobre a coisa poder físico imediato . Não preciso de ninguém para exercer posse sobre o que está no meu domínio, isso pq o individuo exterioriza (aparenta) ser dono. 
Indireta: É aquela reconhecida a quem não usa a coisa pela presença de um terceiro. A coisa não é usada devido a existência de um terceiro entre ele e a coisa, que é o possuidor direto. Nesse caso o possuidor pleno desmembra a sua posse, surgindo a posse indireta. Apesar da existência do possuidor direto, o possuidor indireto continua agindo segundo age o dono. 
Posse justa e injusta:
Injusta: É aquela posse que passou a ser exercida através de atos de violência, clandestinidade e atos de precariedade. Na violência, a pessoa afasta o individuo da posse por meio do uso da violência física ou moral. Na clandestinidade, são atos praticados a oculta, na calada sem violência, de esperteza sem permitir que o possuidor legitimo tome conhecimento do esbulho. No caso da precariedade são atos praticados por aqueles que tinham o dever jurídico de devolver a coisa e não devolveu. 
Justa: É aquela posse que não foi adquirida nem por atos violentos, nem clandestinos e nem de precariedade.
Posse de boa-fé e de má-fé:
De boa fé: É aquela cujo possuidor desconhece eventual vicio.
De má-fé: É a posse daquele que sabe da existência dos efeitos que maculam (manchão) a posse. 
Posse com justo titulo e sem justo titulo:
Obs: Justo titulo pode ser um documento, mas não é somente documento, é uma causa que seria apta para transmitir a posse/propriedade, mas que não o faz em virtude de um vicio. EX: um sujeito que vende algo que não lhe pertence, só que o titulo não é justo. Isso porque o justo titulo não transfere, pois existe um vicio na causa transmissora da posse.
Com justo titulo: Tem um motivo para estar na posse, porém este motivo contem um vicio que não transmite plenamente a posse. EX: A venda de um imóvel por alguém que não é o proprietário, ele tem uma causa para ter a posse, só que essa causa tem um vicio. 
Sem justo titulo: Nesse caso, não existe uma causa que fundamenta a posse dele, ele simplesmente passou a exercer a posse sem justo titulo, ou seja, o sujeito simplesmente invadiu e passou a exercer a posse.
Posse as usucapionem e posse ad interdicta: 
Ad usucapionem: É a posse mansa, pacifica, ininterrupta, incontestada, apta para gerar o direito de aquisição da propriedade pelo usucapião. É observada essa posse para aquisição do usucapião. É uma posse qualificada, não basta simplesmente usar é necessário uma posse especial, em que o sujeito consiga retirar a posse de outra pessoa. 
OBS; A teoria da posse que se aplica ao usucapião é a teoria subjetiva (tem que existir corpus e animus domini).
OBS˸ O locatário não pode adquirir a propriedade, pois ele não possui o animus domini. 
Ad interdicta: É a posse que pode ser tutelada pelo interditos possessórios (reintegração de posse, manutenção da posse e interditos proibitórios). 
Aula do dia 14 de março de 2014
Continuação de Posse
Detenção ou tença:
Conceito
Trata-se de uma situação de fato semelhante a posse, mas que dela se diferencia em virtude da lei, como um diferenciador da figura do possuidor para a figura do detentor. O detentor não possui proteção possessória, pois não é considerado possuidor.
Art 1198_ Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Esse artigo traz a figura do detentor fâmulo da posse ou servidor da posse, ele parece ser o possuidor, mas não é. 
Temos três hipóteses de detenção: 
O detentor parece ser o possuidor, ou seja, tem dependência para com o outro (o possuidor), conserva a posse em nome de outro, e usa em cumprimento de ordens ou instruções.
Art. 1208, primeira parte_ Não induz posse os atos de mera permissão ou tolerância. A permissão é expressa e a tolerância e tácita.
Art. 1208, segunda parte_ Não permite a aquisição do bem por meio da pratica de atos violentos e clandestinos. Se não forem cessados os atos de violência o sujeito é detentor, a sua posse só inicia quando esses atos forem cessados.
OBS: Bens públicos são outra hipótese de detenção (art. 191 C/88 com uma leitura sistemática com o art. 102 C.C). Os bens de uso comum (as praças, as praias, as ruas) são colocados a disposição de todos e não são passiveis de posse, por mais que o sujeito pareça ser possuidor, é permitido que o sujeito use, mas não será considerado possuidor. Já os bens dominiais são aqueles destinados a uma situação especifica, como aluguéis de prédios e utilização de imóveis. 
Art 191 Const. 88_ Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade (é uma espécie de usucapião constitucional rural). Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 102 C.C_ Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Art. 1210_ Vai trazer os interditos possessórios. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em casos de turbação, restituição no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
Esbulho é a perda da posse, não podendo exercer as faculdades inerentes a propriedade. No caso de esbulho o interdito que deve ser utilizado é a reintegração de posse. O possuído esbulhado tem direito a desforço imediato.
O possuidor que sofreu violência na sua posse tem o direito de autotutela da sua posse sem em um primeiro momento buscar a ajuda do judiciário. Só que essa autotutela tem que ser exercida o mais rápido possível.
Na turbação não existe perda na posse, significa que o possuidor tem a sua posse perturbada, atrapalhado no exercício da sua posse. Se houver turbação (perturbação) no exercício da posse usa-se a manutenção da posse, nesse caso, o possuidor turbado tbm tem o direito a legítima defesa. 
E os interditos proibitórios serão utilizados nos casos de ameaça da posse, nesse caso não temos a perda da posse, o possuidor tem o justo receio de que poderá vir a perder a posse. É cominada uma multa para o caso do possuidor ser violentado na sua posse. 
Art. 1223_ A perda da posse é a extirpação da posse em seu âmbito de controle, para o possuidor presente. 
Art. 1224_ É a perda da posse do possuidor ausente da coisa do objeto possuído, nesse caso o sujeito fica sabendo do esbulho e se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recupera-la é violentamente reprimido. Deve ser feita uma leitura sistemática com o artigo 1210, parágrafo primeiro. 
OBS: Existe a hipótese no nosso ordenamento jurídico que é permitido a autotutela da posse, quando o possuidor violentado na sua posse, tem o direito de utilizar naquele momento de violência, do desforço imediato para evitar a perda da posse. O possuidor tem esse direito sem se preocupar em um primeiro momento de buscar o judiciário. O possuidor turbado terá direito a utilizar a legitima defesa, o esbulhado do desforço imediato, a forma que vai ocorrer será observado de acordo como caso concreto. No caso da posse o possuidor deverá agir de forma comedida, com um certo limite, a força não pode ir além do dispensável para a manutenção. 
OBS: As ações possessórias típicas são: a reintegração de posse nos casos de esbulho (art. 926 a 931 CPC);manutenção da posse (art. 926 a 931 CPC); interditos proibitórios (art. 932 a 933 do CPC).
Características das ações possessórias (art. 920 a 922 do CPC): 
Fungibilidade: permite que o juiz no momento do proferimento da sentença possa deferir uma ação possessória diferente da pedida na inicial, de acordo com a necessidade do caso concreto. 
Caráter dúplice: permite que seja pedida a defesa da posse na sua própria defesa, ele não precisa ajuizar uma reconvenção.
As ações possessórias permitem a cumulação de pedidos (art. 921), só que nesse tipo de ação não se discute o iuris possessionis (discussão da posse em razão da posse). No caso do juízo petitório se discute a posse em razão da propriedade, vai ser buscada a posse com fundamento em sua propriedade, discute a iuris possidendi.
OBS: Para o ordenamento jurídico a posse será regulada para garantir e preservar a paz social, desse modo nenhum esbulho é permitido. 
OBS: No juízo possessório não interessa quem é o proprietário, interessa saber quem é que tem a posse, e isso é uma questão de tranquilidade social. 
Aula do dia 15 de março de 2014
Composse:
Conceito
É quando mais de uma pessoa exerce posse sobre um mesmo objeto. Nesse caso, existem vários possuidores sobre o mesmo objeto e são estabelecidos direitos iguais para todos, a cada um desses possuidores é possível a utilização dos interditos possessório, da autotutela, mesmo que seja contra um outro possuidor.
Existem situações de composse que não tem como determinar como cada um exerce a posse (ex: o cavalo), a própria natureza do objeto não permite saber em qual lugar o sujeito exerce a posse. E existem situações em que a própria natureza do objeto permite estabelecer que o sujeito A, B e C são compossuidores de um mesmo imóvel e o local em que cada um exercerá a sua posse. 
Espécies:
Composse simples: Deve ser observada a origem, se um mesmo motivo gerou a posse.
Origens independentes: Os motivos que geraram aquela composse são motivos independentes entre si. O sujeito A adquiriu a sua parte no terreno por sucessão, B por compra e venda e C por doação. 
Composse de mão comum: Quando a situação de composse é gerada em virtude de um único motivo, seja por sucessão, compra e venda, doação ou uma obrigação (um contrato de locação em que mais de um locatário loca o mesmo objeto, todos tem o direito de tutelar aquela posse). 
OBS: A composse localizada se divide em:
Composse pro-diviso: É aquela posse que pode ser exercida em locais identificados, em que cada possuidor exerce a sua posse em um local determinado. É uma questão interna entre os possuidores, só existe um único bem, mas o exercício da posse é independente. 
Composse pro-indiviso: O objeto aqui não permite que seja feita a identificação de locais específicos para que a posse seja exercida, o todo é de todos os possuidores. 
Extinção da Composse: 
Pela vontade das partes ou pelo termino (cessação) da causa geradora.
Como exemplo, temos a sucessão, após o transito em julgado da sentença que homologa a partilha a posse é individualizada, colocando fim a composse. 
Principio da continuidade do caráter de posse:
Esse principio determina que a qualidade da posse tem que permanecer no tempo, mantendo as suas características. A qualidade da posse tem que ser observada no inicio do exercício da posse. 
Presunção iuris tantum:
Art. 1203_ Salvo prova em contrario entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. Cabe prova em contrário, ou seja, mantem a posse o caráter que ela adquiriu quando naquele primeiro momento em que pode ser identificado aquele caráter de posse. 
Interversão intima do caráter de Posse:
Ocorre quando uma posse injusta se torna justa por um fato externo ao esbulho. Temos duas situações:
Por fato de natureza jurídica, que pode ser por meio de uma relação jurídica real (comandato) ou uma relação jurídica obrigacional. Se tivermos um esbulhador e este esbulhou a posse de um possuidor, e futuramente ele entra em acordo com este individuo esbulhado para alugar o imóvel. Esse evento jurídica alterou o caráter de posse, o convalescimento do caráter de posse tornou possível, no momento em que houve uma anuência do esbulhado, um fato externo a vontade do esbulhador para alterar aquele caráter. Nesse caso, a posse que era de má-fé se torna de boa-fé. 
E por fato de natureza material, trata-se de fâmulo da posse quando o detentor agindo por determinação ou prescrição do possuidor passa a esbulhar a posse, ele deixa de ser detentor porque passa a agir em nome próprio. Nesse caso, ele vira possuidor (de má-fé, ilegítimo ou injusto). Só que frente ao possuidor esbulhado ele não tem força para proteger a sua posse, mas contra terceiros que não nada a haver com aquela situação de esbulho ele tem, vai garantir a proteção possessória. De acordo com o art. 1211_ Quando mais de uma pessoa de disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Nesse caso, deve ser feita uma comparação para observar se a posse do sujeito é viciosa ou não, comparada com a posse daquele que foi esbulhado, se for deverá reintegrar a posse daquele que foi esbulhado, se não é, a posse desse sujeito poderá se mostrar mais justa que a do possuidor esbulhado. 
OBS: Art. 1198 e parágrafo único, trata da hipótese em que o sujeito parece ser possuidor, mas não é porque a lei fala que não é, pois exerce a posse em nome alheio. 
OBS: A posse que não cumpre a função social é passível de ser tutelada? Não, pois não tem como ter dentro de um contexto constitucionalizado, que tem por objetivo a erradicação da pobreza, a igualdade social e como principio básico a dignidade da pessoa humana, não tem como ter uma posse sem que ela cumpra com a sua função social. O proprietário que não da função a sua propriedade ele não exerce a posse sobre o imóvel, a punição que ele sofre é a usucapião, que é a perda da propriedade pela usucapião. 
Aquisição da posse (art. 1204):
Art. 1204 _ Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
A partir do momento que o individuo passa a exercer as faculdades inerentes ao proprietário ele passa a ter a posse. 
São legítimos para exercer a posse:
A própria pessoa que se pretende possuidora.
Terceiros podem no caso do mandatário, por exemplo, entretanto pode ser sem mandato desde que o ato de imissão da posse fique sujeito a ratificação pelo legitimo possuidor. 
OBS: A posse em si não se vincula a capacidade, o menor pode exercer a posse. Agora se ele for esbulhado ele precisa ter capacidade postulatória e de fato, devendo ser representado para requer a posse. 
Espécies de Posse: 
Originária: Quando a aquisição ocorre sem a relação com o possuidor anterior.
Derivada: Quando o individuo depende de possuidor anterior.
Forma derivada de aquisição da posse: 
Pela tradição que é a entrega da coisa. Essa tradição pode ser ficta, real, ou simbólica. 
Ficta: por meio do constituto possessório e traditio breve manui. A clausula da constituto é muito utilizada em contratos de imóveis, permite que alguém que exerce posse em nome alheio possa exercer em nome próprio. Já a traditio breve manui vem de Roma, significa que o sujeito que exercia posse em nome próprio através dessa clausula passa a utilizar a posse em nome alheio. 
Real: significa pegar a coisa e entregar.
Simbólica: é quando a coisa é recebida através de símbolos. 
A sucessão tbm é outra forma derivada de aquisição da posse. 
Perda da Posse: (art. 1223 e 1224)
Principais formas de perdada posse: 
Pode ser com o sujeito ausente ou presente.
Abandono: Art. 1223 _ Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. O sujeito deixa de exercer a posse por vontade própria, ou seja, ele deixa de usar a coisa, a perda aqui é tácita. 
Renuncia: Essa por sua vez tem que ser expressa.
Perda: É o extravio da coisa, só que não é qualquer extravio, é aquele que impossibilita o reencontro com a coisa.
Destruição: Como exemplo, temos a hipótese de um carro incendiado.
Posse de outrem: Ocorre quando outra pessoa tbm possua a mesma coisa, fazendo com que o possuidor perca a posse.
Outra forma de perda da posse é a colocação do objeto fora do comercio.
Efeitos da Posse: 
Utilização das ações possessórias. Art. 1210_ O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Percepção dos frutos (art. 1214 a 1216). Os frutos são um bem, uma riqueza ligada ao bem principal. Temos os frutos naturais, civis, industriais, os percebidos, percipendos, estantes e os pendentes. 
O fruto natural surge naturalmente através do bem principal, como exemplo, temos os animais e os frutos das árvores. O fruto civil está relacionado com vendas, dinheiro, juros, aluguéis. Já o fruto industrial surge de uma coisa, mas é necessário uma conduta humana para que apareça o fruto. 
Os frutos percebidos são aqueles colhidos que não se encontram mais unidos ao bem principal. Os percipiendos são aqueles não colhidos que deveriam ser percebidos, mas não foram. O estante é aquele percebido e armazenado. Os pendentes são aqueles que devem ser colhidos, mas ainda não forma está na hora de colher. Já os frutos consumidos são aqueles que já foram usados e que perdeu a sua natureza, ou seja, não existem mais. 
Art. 1214 _ O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Os frutos pendentes quando acaba a boa fé devem ser restituídos e tbm os colhidos com antecipação. 
Art. 1215 _ Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. Ou seja, os frutos naturais e industriais são colhidos após separados da coisa, já os civis são percebidos dia a dia. 
Art. 1216_ O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Isso porque não é permitido o enriquecimento sem causa. 
Art. 1217_ O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. 
Perda é uma espécie de deterioração, só que é tão profunda na sua natureza que o objeto não serve mais para o uso.
Deterioração é uma avaria parcial do objeto, que ainda permite a utilização parcial do objeto. 
Art. 1218_ O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Aula do dia 21 de março de 2014
Efeitos da Posse: (art. 1219 a 1222) 
Indenização por benfeitorias:
As benfeitorias são obras, melhoramentos realizados em um bem caracterizado como principal, é um acessório ao bem principal. São três as espécies de benfeitorias, as necessárias, as úteis e as voluptuárias.
Necessárias: é aquela obra ou melhoramento realizado no bem principal objetivando a manutenção da sua estrutura. 
Úteis: é aquela obra ou melhoramento realizado com o objetivo de aumentar a utilidade do bem principal, não tem como objetivo manter a estrutura do objeto.
Voluptuárias: são aquelas realizadas para o mero para o mero deleite do possuidor, para o embelezamento da coisa. 
A benfeitoria é diferente da pertença. A benfeitoria precisa de um bem principal, a pertença por sua vez, existe por si só é autônoma em relação ao bem que ela serve, mas serve a um bem principal. EX: o som de carro.
Haverá o direito do possuidor de ter resguardado o seu direito a indenização, nesse caso deverá ser observado se ele esteve na posse de boa-fé ou de má-fé. 
No caso de possuidor de boa-fé, tem direito a recebimento das benfeitorias necessárias e uteis que ele fez no objeto de outrem. Além disso, tem o direito de retenção da coisa, poderá ficar com o bem em razão da compensação das benfeitorias realizadas enquanto não receber o valor equivalente. No que diz respeito as benfeitorias voluptuárias, o possuidor tem o direito de ser ressarcido se a benfeitoria realizada foi autorizada pelo proprietário possuidor. Se não autorizou e mesmo assim o possuidor fez, ele terá o direito de levanta-la, deixando o bem principal no estado em que se encontrava. O possuidor de boa-fé é indenizado pelo valor atual da benfeitoria 
Em relação ao possuidor e má-fé somente tem direito de receber as benfeitorias necessárias, sem o direito de retenção da coisa. No caso das benfeitorias voluptuárias ele não tem qualquer direito. No momento da indenização, quem vai indenizar vai escolher entre o valor da época e o atual.
Posse velha e posse nova: (art. 920, 926 e 928 do CPC)
As ações possessórias são instrumentos que o sujeito tem para a tutela da sua posse. 
Nas ações possessórias deve ser observado o tempo para que o sujeito possa buscar o beneficio da sua posse, depois desse prazo poderá ser concedida a ação, entretanto sem benefícios. 
A lei estabelece um prazo em que ela vai classificar a posse, para que o sujeito tenha o beneficio de buscar a proteção de sua posse o quanto antes e tenha alguns benefícios. 
Prazo de 1 ano e 1 dia: Esse prazo é o limite para que o sujeito tenha o beneficio da liminar em ação possessória liminar. Só que para requerer esse beneficio da liminar inaudita altera parte tem que ser respeitado esse prazo.
A posse que for violada até esse período de 1 ano e 1 dia é a posse nova e a ação que discute a violação é chamada de ação possessória de força nova. 
A posse que foi violada a mais de 1 ano e 1 dia é chamada de posse velha e a ação que discute essa violação é chamada de ação possessória de força velha. 
Portanto, o benefício de liminar inaudita altera parte (sem ouvir a parte contraria, reintegra a posse e depois discuti, com ampla defesa e contraditório) em ação possessória só cabe para as ações possessórias de força nova. 
Art. 924: Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório. Esse art. fala sobre as ações de força nova, se não for utilizado o procedimento especifico dentro do prazo de 1 ano e 1 dia a ação correrá pelo procedimento ordinário. 
Usucapião: (aquisição pelo uso)
É a forma originária de aquisição da propriedade pelo exercício continuado da posse. Não é necessária a existência de uma relação com o proprietário anterior para adquirir a propriedade. Em regra, os bens públicos não são sujeitos passíveis de serem adquiridos pela usucapião. A única exceção está relacionada aos quilombolas.
É um dos efeitos da posse, permite a utilização da auto tutela da posse, e a utilização das ações possessórias (interditos possessórios).
Contagem de prazo (art. 132 §3):
Estabelece que os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de inicio, ou no imediato, se faltar exata correspondência. 
A acessio possessonis e a sucesssio possessiones serão analisados na contagem do prazo, eles dizem respeito a possibilidade de somar posses diferentes e a continuidade do exercício da mesmaposse por pessoas diferentes.
Acessio possessiones: é a possibilidades de somar o tempo de posses diferentes, mas essas posses precisam ser semelhantes exercidas por pessoas diferentes. Art. 1203_ Salvo prova em contrário entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. 
Sucessio possesionis: é a continuidade do exercício da mesma posse por pessoas diferentes, não temos aqui somas de posses, mas a continuidade do exercício de uma posse por uma pessoa cujo exercício fora iniciado por outra. 
OBS: Sucessão em geral significa substituir, só que no direito civil temos 2 formas: inter vivos e causa mortis. 
Na sucessão inter vivos temos duas espécies: 
A titulo singular (acessio possessionis): significa que o sucessor sabe exatamente quais os bens em que se sucede, como exemplo, temos a compra e venda de 5 veiculos. 
A titulo universal (sucessio possessionis): nesse caso, o sucessor não tem condições de identificar todos os bens e direitos a que está sucedendo, como exemplo, temos a compra e venda de uma fazenda com as porteiras fechadas.
A sucessão causa mortis é aquela que promove a transmissão do patrimônio do falecido para os seus sucessores que pode ser estabelecido em lei ou em testamento.
A titulo singular (sucessio possessonis): Como exemplo temos a hipótese de sucessão testamentaria com a indicação de legado. OBS: O legado identifica os bens a herança não. 
A titulo universal (sucessio possessonis): é legitima com a transmissão de herança, quando o sujeito é herdeiro ele recebe todo o patrimônio do falecido. 
OBS: 
Sucessio possessonis: está relacionado com o principio da continuidade da posse de outra pessoa, se a posse é viciada vai continuar viciada, só que nesse caso não vamos ter a soma das posses.
Acessio possessonis: permite que duas posses semelhantes exercidas por pessoas diferentes podem ser somadas. Para proceder a essa soma deverá ser observado o tipo de usucapião. 
Elementos da Usucapião: 
Tempo: para saber basta contar o tempo que a pessoa tem a posse, tanto a acessio quanto a sucessio levam em conta a contagem de prazo e identificam os sujeitos diferentes, e se é uma posse ou mais. 
Posse ad usucapionem: é a posse mansa, pacífica, ininterrupta, incontestada, apta para gerar o direito de aquisição da propriedade pela usucapião.
OBS: As ações de usucapião não são fungíveis, pois cada uma possui os seus requisitos.
Aula do dia 22 de março de 2014
Usucapião Ordinário: 
Art. 1242 caput: Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Requisitos: 
Posse ad usucapionem.
Justo titulo.
Boa fé.
Prazo10 anos. 
Usucapião ordinária com posse trabalho: 
Art. 1242 § único: Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Requisitos:
Posse ad usucapionem.
Aquisição onerosa do imóvel.
Titulo aquisitivo do imóvel no CRI (cartório de registro de imóvel) anulado. Quando a pessoa pensa ter adquirido um imóvel, mas houve fraude no documento do titulo, embora o proprietário secundário esteja de boa-fé. 
Fixação de residência ou realização de investimento de caráter ou interesse social.
Prazo de 5 anos.
OBS: O sujeito pensou que estava adquirindo de fato o imóvel, mas por um erro ou uma fraude aquele documento possui vícios. Como exemplo, temos a compra e venda, o individuo comprou de quem não era proprietário e futuramente o registro vem a ser registrado por terceiros, nesse caso ele tem direito a entrar com o pedido dessa espécie de usucapião. 
Usucapião extraordinário: 
Art. 1238 Caput: Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Requisitos:
Posse ad usucapionem.
Prazo de 15 anos.
OBS: O sujeito de má-fé pode entrar com o pedido dessa espécie de usucapião. 
Usucapião extraordinário com posse trabalho: 
Art. 1238 § único: O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Requisitos:
Posse ad usucapionem (animus domini).
Prazo de 10 anos. Esse prazo será observado a função que o possuidor da a posse, se tem um caráter social, moradia.
Estabelecer moradia ou obras de caráter produtivo.
OBS: Para a estipulação do prazo será observado a destinação que o possuidor dá a posse. 
Usucapião constitucional (especial) urbano:
Art. 183 (CF/88) combinado com o art. 1240: Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Requisitos:
Posse ad usucapionem.
Imóvel urbano de até 250m².
Deve ser o imovel utilizado para moradia.
Não pode o requerente ter outro imóvel urbano ou rural.
Não pode o requerente utilizar o pedido mais de uma vez.
Prazo de 5 anos. 
OBS: O art. 9 do Estatuto da Cidade (10257/01), estabelece a hipótese de edificação urbana, o que da a possibilidade de imaginar um imóvel construído, nesse caso a diferença com o art. 1240 é a possibilidade da área ser edificada. Sendo a área edificada usa-se a usucapião do Estatuto da Cidade. 
Usucapião constitucional rural:
Art. 191 (CF/88) combinado com o art. 1239: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Requisitos:
Posse ad usucapionem 
Imóvel rural de até 50 hectares.
O possuidor deve fazer do imóvel a sua moradia.
O possuidor deve fazer produtivo o imóvel.
O possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel (urbano ou rural).
Prazo de 5 anos.
Usucapião urbano coletivo:
Art. 10 da lei 10257/01: As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Requisitos:
Área urbana com mais de 250m²
População de baixa renda 
Posse ad usucapionem
Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Prazo de 5 anos.
Tem que está expressa uma situação de composse, essa composse será transformada em condomínio na sentença que reconhece a usucapião.
OBS: É uma modalidade de usucapião que o legislador criou para resolver a questão de grandes ocupações de maneira irregular, aglomeração populacional em determinada área urbana de forma irregular, são as chamadas favelas. Imaginou o legislador que dando titulo de propriedade, ele conseguiria dar dignidade à aquela utilização desordenada do solo urbano. 
Usucapião familiar:
Foi incluído pela lei 12424/11, tenta evitar que o sujeito abandone o lar.
Art. 1240 A_ Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-áo domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Requisitos:
Posse ad usucapionem
Posse direta exercida pelo cônjuge abandonado com exclusividade.
Co-propriedade com o ex-cônjuge ou ex. companheiro que abandonou o lar conjugal.
Posse sem oposição ou interrupção.
Único imóvel urbano ou rural.
Prazo de 2 anos.
Esse direito será reconhecido apenas uma vez, pois é um direito de eficácia minuritária.
Usucapião indígena:
Art.33 da lei 6001/73: O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinqüenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena.
Requisitos:
Posse ad usucapionem.
Tem que ser índio, independente de ser integrado ou não.
Imóvel inferior a 50 hectares. 
Prazo de 10 anos.
OBS: Essa usucapião é pouco utilizado devido a existência da usucapião constitucional rural (art. 191 CF/88 e do art. 1238 C.C), o prazo é muito menor. Percebe-se que estes institutos trouxeram maiores benefícios que a usucapião indígena. 
Usucapião especial: (art. 68 da ADCT_ em consonância com o art. 12 do Dec. 4887/03 relativo aos quilombolas)
Art. 68 ADCT: Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecido a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Art. 12 do Dec.: Em sendo constatado que as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos incidem sobre terras de propriedade dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o INCRA encaminhará os autos para os entes responsáveis pela titulação.
Essa espécie é uma exceção ao art. 191 da Constituição, que estabelece que em regra os bens públicos não são passiveis de usucapião, esses dispositivos em comento são uma exceção, possibilitando a aquisição pela usucapião em relação aos quilombolas.
Propriedade móvel: 
Formas de aquisição da propriedade móvel (art 1260 a 1276): 
Tradição: é uma forma de aquisição da propriedade móvel que se dá entre pessoas vivas. Está é a regra. 
Art. 1226_ Os direitos reais sobre coisas imóveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. 
Sucessão hereditária: é uma forma de aquisição da propriedade tanto móvel quanto imóvel, isto pq o seu objetivo é impedir que existiam bens sem proprietários, que não haja turbulência social. Será no procedimento de inventario que o sujeito vai decidir se quer ou não a transmissão da propriedade. 
Ocupação (art. 1263): trata-se de incorporação patrimonial, sendo que uma coisa sem dono pode ser ocupada livremente. 
OBS: Res nulius: é coisa sem dono.
Res derilicta: é coisa abandonada, só que deve ser observado se o sujeito manifestou a vontade de abandonar a coisa (animus dereliquendi).
Art. 1263_ Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. 
Achado de tesouro (art. 1264 a 1266): a coisa tem que ser oculta, não pode se saber quem é o dono ou cujo dono não se tenha a memória. Nesse caso, o tesouro encontrado deverá ser divido entre o proprietário do terreno e quem encontrou, ou pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio se for achado por ele. 
OBS: Enfiteuse é um direito real de uso e fruição tão amplo que o titular (enfiteuta) é parecido com o proprietário. E o proprietário é o senhorio direito que limita a sua propriedade pela enfiteuse, transmitindo o uso e a fruição da propriedade pelo enfiteuta (muito parecido com o usufruto), é um direito real eterno. Essa enfiteuta existia no código de 16 e foi substituída pela superfície. Se o enfiteuta encontra tesouro no imóvel aforado sozinho ele será o proprietário do tesouro.
Aula do dia 28 de março de 2014 
Continuação de aquisição da propriedade móvel:
Descoberta ou invenção (art. 1233 a 1237/ art. 1170 CPC): não tem haver com criar algo, mas achar uma coisa é tratado como uma forma de aquisição não mediata, pois antes dele tornar dono deverá obedecer a um procedimento. É achado de coisa que tenha valor ou destinação econômica. 
Em um primeiro momento a coisa achada deverá ser restituída, se não for encontrado o dono, deverá ser a coisa achada entregue a autoridade competente. 
A aquisição da coisa ocorrerá caso o dono a abandone (art. 1234). 
Ou caso o dono apareça. O prazo para o dono aparecer é de 60 dias contados a partir da divulgação da noticia pela imprensa, ou do edital. Caso o dono não apreça, será a coisa vendida em hasta pública e, deduzida do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor. 
OBS: Quem achar a coisa terá o direito a recompensa não inferior a 5% do valor da coisa, além do direito a indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa. 
Especificação (art. 1269 a 1271): é uma forma de aquisição da propriedade imóvel pela transformação de gênero em espécie. Exemplo: madeira em estatua, tintas e talas em pintura e etc. De acordo com o código civil aquele que, trabalhando matéria-prima, obtiver espécie nova, desta será dono, se a matéria lhe pertencia. Se a matéria-prima não era do especificador, abrem-se várias hipóteses:
OBS: Especificador é aquele que coloca a sua arte na coisa bruta para transforma-la em algo refinado. Em primeiro lugar deve tentar volta a coisa ao normal, não conseguindo temos duas situações:
A primeira é quando a matéria prima era em parte do especificador, nesse caso o especificador adquire a propriedade se não for possível reverter a coisa à forma anterior, entretanto, deverá indenizar pelo valor da coisa bruta. Aqui não existe má-fé, pois parte do objeto é do especificador. 
A segunda hipótese é quando a matéria prima pertencia a outrem (terceiro), nesse caso temos que observar se o especificador agiu de boa-fé ou má-fé. No caso se o especificador agiu de boa-fé não puder reduzir a forma anterior, será seu o produto da especificação, desde que indenize o dono da matéria. No entanto, caso tenha agido de má-fé, e não for possível a reversão a forma anterior, a coisa especificada pertencerá ao dono da matéria. Em qualquer caso, havendo um valor excessivo da espécie nova em relação a matéria, a espécie nova será do especificador, com direito a indenização ao proprietário primário.
Confusão, comistão e adjunção (art. 1272 a 1274): é a mistura de coisas diversas. 
Confusão: é a mistura de coisas liquidas diversas, que se transforma em uma só substancia homogênea. 
Comistão: é a fusão de coisas diversas em uma só substância sólida homogênea (cimento e areia, por exemplo). 
Adjunção: relaciona-se a incorporação de um bem acessório a um bem principal.
Tanto em um quanto noutro caso, se as espécies fundidas pertenciam à mesma pessoa, não haverá problema algum, a substancia nova lhe pertencerá. Mas, se pertenciam a donos diferentes, a substancia nova será dividida entre eles, proporcionalmente ao valor de cada uma das espécies confundidas ou misturadas. Sendo vários os donos, e a confusão ou comistão for fruto de má-fé de um deles, os outros poderão ficar com a substancia nova, pagando a porção que não for sua, ou renunciar a ela, recebendo nesse caso, indenização integral. 
OBS: Se forem coisas equivalentes e não existir a possibilidade de divisão, caberá a cada um o seu proporcional. 
Usucapião (art. 1260 a 1262): se divide em duas situações, em ambas, cumpre observar, desde ogo, a existência de posse ad usucapionem, mansa, ininterrupta e com intenção de dono:
Ordinário: são seus requisitos, a posse ad usucapionem, o justo titulo, a boa-fé e o período de exercício da posse por 3 anos.
Extraordinário: basta a posse pelo período de cinco ano, independente do justo titulo e da bo-fé. 
Aula do dia 29 de março de 2014
Direito de vizinhança (art. 1277 a 1313):
Conceito:
É a disciplina do direito civil que regula o exercício do direito de propriedade, bem comoda posse, de forma a evitar o uso anormal do objeto da relação jurídica observando, necessariamente a figura do vizinho. Desse modo, a lei visando contribuir para a paz social, impõe normas de conduta entre vizinhos. 
OBS: No caso de prédio vizinho, pode ser aquele confinante ou não. É de fato todo aquele que sofre os efeitos do exercício do direito de propriedade advindos de outro imóvel alheio. 
Natureza jurídica: 
É um limite ao direito da propriedade vinculado ao imóvel. 
Não se trata de direito real, pois não está vinculado ao rol dos direitos reais (que é taxativo), nem de direito obrigacional porque pode advim de contratos ou não e nem um direito pessoal, pois não se vincula a uma pessoa especifica, nem ao proprietário e nem ao possuidor. É um direito in rem scriptae significa que está vinculado a coisa, é claro que será o proprietário ou o possuidor que vai dar um motivo para que o seu vizinho procure tutelar o seu direito de vizinhança. 
Classificação: 
Poderá ser gratuito ou oneroso, ou seja, mediante paga ou não.
Nos casos de indenização advindos do direito de vizinhança a responsabilidade será objetiva, não interessa a culpa, se foi causado dano o sujeito deve indenizar. 
Espécies: 
Uso anormal da propriedade (art. 1277 a 1281): Será todo aquele uso que gerar prejuízo ao sossego, a salubridade (saúde) e a segurança do imóvel vizinho. Na praticas desses atos não tem o vizinho qualquer intuito de proveito para si, seu objetivo é meramente causar dano ao outro, incomoda-lo. Vale ressaltar que existem condutas que devem ser toleradas e tem outras que não devem ser toleradas. 
Atos permitidos: são todos aqueles atos que não afetam a segurança, a saúde e o sossego do prédio vizinho, devem estar de acordo com a legislação de uso e ocupação do solo correspondente. 
Atos que devem ser tolerados: vai depender da região e do ato violado, desse modo, deve ser considerada a natureza da utilização, e a localização do prédio, atendendo as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância. 
Atos proibidos: serão todos aqueles atos que geram prejuízos a segurança, a saúde e o sossego da prédio vizinho. Art. 1277 _ Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
OBS: No caso de interferências que geram prejuízos a segurança, a saúde e o sossego, que forem justificados por interesse públicos, não serão cessadas, entretanto, o proprietário ou possuidor causador das interferências, pagará ao vizinho indenização cabal (devida). 
Árvores limítrofes (art. 1282 a 1284): nesse caso temos 2 hipóteses:
Quando a árvore encontra-se exatamente na linha divisória entre os 2 terrenos, nesse caso, os vizinhos devem partilhar igualmente as despesas, os cuidados, os frutos e a cada um caberá o que está em sua parte. 
Outra hipótese diz respeito as arvores frutíferas que, plantadas no terreno de um vinho, estenda seus ramos por sobre o terreno do outro, nesse caso, os frutos caídos de arvore do terreno vizinho pertence ao dono do solo onde caíram, se for de propriedade particular, caso seja de solo público será daquele que encontrar primeiro. 
OBS: O corte dos ramos e raízes só pode ser exercido pelo dono do imóvel, jamais pelo mero possuidor. Ademais, há de ser respeitada a legislação ambiental, que regulamenta e impõe ao corte e poda de árvores. 
Passagem forçada (art. 1285): é assegurado ao dono de terreno urbano ou rural, que se achar encravado em outro, sem saída para via pública, nascente ou porto, o direito de reclamar ao vizinho que lhe ceda passagem, mediante pagamento de indenização cabal de acordo com o impacto causado por esta passagem forçada. A doutrina diz que essa passagem forçada é uma espécie de servidão legal. 
OBS: Em caso de parte do imóvel ser alienado, quem adquirir deverá tolerar a passagem forçada, para que o outro não perca o acesso a via pública. Neste caso, o prédio dominante só poderá exigir saída daquele a quem vendeu.
Passagem de cabos e turbações (art. 1286): existe para permitir que um proprietário que não tem acesso a serviço público o tenha, desse modo, ocorrer essa hipótese quando os cabos e turbações não puderem passar por outro local, seja por ser impossível, seja por ser extremamente oneroso. O proprietário terá direito a indenização, em razão da desvalorização da área remanescente em virtude da afetação.
Das aguas (art. 1288 a 1296): tem que ser observada a conformação do solo e da gravidade (de acordo com a lei da gravidade), além da necessidade de observação das regras de vizinhança. O proprietário de um terreno não poderá impedir o fluxo normal das aguas para o prédio vizinho, da mesma forma que o vizinho não poderá impedir a passagem natural das aguas por seus terrenos, inundando o prédio fronteiriço. O uso da água deve ser de forma racional para a subsistência. Alguns direito do proprietário: 
Facilitar o escoamento de águas pelo prédio superior;
Suavizar o escoamento natural;
Captar águas de que se serve (seja de água fluvial ou artificial), desde que para a satisfação de suas necessidades;
Captar água de fonte;
Utilizar águas fluviais de rio púbicos;
Captar água de rio que banha o seu terreno;
Algumas obrigações impostas ao proprietário:
O dono do prédio inferior deve receber as águas que vem naturalmente do prédio superior (não podendo obstaculizar);
Não pode aumentar artificialmente a vazão do prédio inferior;
O proprietário deve permitir a instalação de aqueduto no seu imóvel, desde que, necessário.
Não poderá represar toda a água que passa pelo seu imóvel.
OBS: O direito de águas entre imóveis diferentes está regulado pela legislação de águas. 
OBS: Se o escoamento das aguas não for natural, mas devido a obras realizadas pelo vizinho, o dono do prédio por onde escoem poderá exigir seu desvio ou indenização por todos os prejuízos sofridos. É permitida a passagem de aguas captadas para irrigação pelo terreno do vizinho, mediante previa indenização. 
Aula do dia 04 de abril de 2014 
Limites entre prédios e direito de tapagem (art. 1297 e 1298): são regras que vão estabelecer qual é o direito dos vizinhos no momento da limitação. Os imóveis nesse caso devem ser limítrofes. No momento de construção de divisão, os vizinhos são condôminos. 
O art. 1297 assegura a todo proprietário a faculdade de obrigar seu vizinho a proceder com ele à demarcação de seus terrenos, estabelecendo por onde deve passar a linha divisória. 
OBS: No direito de tapagem, cabe ao proprietário do prédio urbano ou rural promover-lhe a tapagem mediante muro, cerca, parede ou vala, ou por qualquer meio que não ofenda as disposições administrativas nem cause danos aos vizinhos, que são obrigados a concorrer para as despesas de sua realização e conservação. A presunção é que as cercas e muros pertencem aos dois, mas se por algum motivo um dos confinantes não aceita a construção, deverá este provar que de acordo com os costumes da localidade ele não tem ligação com a divisa. 
Art. 946 a 966 CPC: Existe a possibilidade do proprietário pedir a demarcação do seu imóvel, de acordo com o seu direito imprescindível de propriedade. Nesse caso, o juiz nomeará perito topográfico e dois arbitradores que medirão a área e a dividirão. 
Ação demarcatória simples: tem por objetivo a indicação ou demarcação dos limites entre imóveis confinantes.
Ação demarcatória qualificada: além da indicação dos limites tem por objetivo discutir questão possessória ou petitória, o objetivo não é reintegrar e nem manter, mas sim a restituição de glebas ocupadas indevidamente.
Direito de construir (art. 1299 a 1313): O proprietário tem o direito de construir o que bem entenda em seu terreno, observados os regulamentos administrativos que subordinam as edificações as exigências técnicas,sanitárias e estéticas, e observado o respeito ao direito dos vizinhos que não devem ser violado pelas edificações. Temos o direito de construir ditado pelo Estado, e o direito de construir pertinente ao direito de vizinhança:
Limites ao direito de construção ditado pelo Estado: 
Limitação genérica: lei de uso e ocupação do solo;
Servidões administrativas;
Tombamento; 
Reserva legal;
Limitações ao direito de construção pertinentes ao direito de vizinhança: (art. 1300 e 1311)
Tem sempre que ser observado a legislação de ocupação uso do solo.
Não pode construir a menos de 1 metro e meio do terreno vizinho, salvo nos casos de abertura de janelas obliquas não maiores de 10 por 20 de comprimento.
A ação de nunciação de obra é utilizada para que seja parada a obra, essa ação pode ser utilizada enquanto a obra durar. Se a obra já tiver sido terminada a ação cabível é a demolitória, o prazo para intentar essa ação é de 1 ano e 1 dia após a conclusão da obra. 
A ação de dano infecto é aquela que será utilizada para questionar o uso anormal da propriedade (art. 1277 a 1281).
Aula do dia 05 de abril de 2014
Perda da propriedade (art. 1275): 
Vários são os modos de perda da propriedade, tanto móvel quanto imóvel, o art. 1275 vem trazer algumas modalidades, ocorre perda da propriedade por meio de: alienação, pela renúncia, por abandono, por perecimento da coisa e por desapropriação. 
Alienação: 
Se dá por meio da compra e venda, doação e permuta.
Na alienação haverá um alienante ou transmitente e um adquirente. Entretanto, não basta a simples alienação para que o transmitente deixe de ser dono. Isto só ocorrerá após a tradição ou o registro, dependendo de ser o bem alienado móvel ou imóvel respectivamente. 
Compra e venda: sempre que houver a perda de um lado existe o ganho de outro. 
OBS: Temos os bens no comercio, que são aqueles que podem ser alienados livremente, e temos os bens fora do comercio que são aqueles bens que por motivo legal ou vontade das partes encontram obstáculo para a sua alienação.
São os bens no comercio que estão dentro da perda da propriedade.
A alienação pode ser gratuita ou onerosa, pura ou condicional.
Renúncia: 
É um ato jurídico através do qual a pessoa abdica do direito de propriedade que lhe pertence.
 Só renuncia quem tem direito e só tem direito a pessoa, que é o ente que possui personalidade. 
A renuncia é ato unilateral, que independe de aceitação sendo considerado irrevogável.
OBS: Se um bem imóvel é abandonado ele vira uma coisa sem dono, e este pode ser ocupado por qualquer pessoa. A diferença da renúncia para o abandono, é que no abandono é necessário a existência do animus dereliquend, e a renúncia por sua vez, precisa ser expressa (art. 1275). 
Art. 108 e 80: estabelece uma forma de aquisição, modificação e extinção dos direitos reais sobre bens imóveis, por meio de escritura pública registrada na matrícula do imóvel. 
Abandono:
Caracteriza-se por ato normalmente tácito de desdenho aos direitos de propriedade. O abandono na maioria das vezes importa certo desdém, certo desleixo com a propriedade, podendo ser tácito ou expresso. Ao contrario da renúncia que não significa desleixo e nem desdém e será sempre expressa. 
Para que se caracterize o abandono são necessários dois elementos, um objetivo, outro subjetivo. O primeiro é o poder de dispor, ou o ato de abandonar em si, do ponto de vista material. O segundo é o animus deliquendi, ou vontade de não mais ter a coisa. 
O art. 1276 e seu parágrafo único trata de abando de bens imóveis: o imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Municipio ou à do DF, se se achar nas respectivas circinscrição.
Perecimento: 
É tbm uma forma de perda da propriedade, sendo a impossibilidade do objeto. A coisa se torna impossível de ser objeto do direito, por causas materiais ou jurídicas. 
É uma destruição tamanha que não existe a possibilidade de reaver a coisa. 
Desapropriação:
Todo o seu procedimento é estudado em direito administrativo. 
É uma forma de intervenção do estado na propriedade particular, com o objetivo de realizar uma transferência compulsória da propriedade particular para o patrimônio do Estado, desde que sejam observada a necessidade ou utilidade pública, ou interesse social. O bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação.
Podem desapropriar a União, os Estados, o DF e os Municípios em seu próprio beneficio ou em favor de suas autarquias, fundações, entidades paraestatais e concessionárias de serviços públicos.
Necessidade ou utilidade pública: é um termo aberto para possibilitar ao poder público aumentar o leque de possibilidades de fundamentação para a desapropriação.
Interesse social: busca fazer cumprir a função social destinada ao imóvel.
Para o Estado não existe necessidade de saber quem é o proprietário.
No caso do interesse social o art. 5°, XXIV da Const. estabelece que se o sujeito cumpre a função social ele deverá receber a indenização prévia. 
O art. 184 da Constituição. vem trazer a hipótese de desapropriação para os fins de reforma agrária (para os fins de cumprimento da função do social), de acordo com está disposição: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.” Nessa hipótese de desapropriação não será observado o pagamento prévio e nem em dinheiro, o indivíduo vai receber em títulos da dívida agrária. Entretanto, as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
O art. 182 §3° determina que mesmo a propriedade cumprindo a sua função social ela poderá ser desapropriada. Mas, a própria constituição estabelece que no caso daquela propriedade que não cumpre a sua função social, a desapropriação é o último instrumento utilizado pelo poder público, antes disso ele poderá forçar o proprietário a dá uma função social a propriedade. Se o proprietário mesmo assim não cumprir a função social, será desapropriado, pago o titulo com dívida pública resgatados daqui a 10 anos, o pagamento será previamente, não em dinheiro, mas em título da dívida pública.
O decreto 3365/41 vem trazer os pressupostos da desapropriação:
O art. 5°, do Decreto estabelece a necessidade pública de si mostrar a urgência na realização da obra ou da atividade estatal.
Sem demonstrar a urgência o Estado deve mostrar conveniência na aquisição do bem particular. 
O interesse social busca fazer cumprir função social destinada.
Condomínio 
Condomínio em geral (art. 1314 a 1331) 
Conceito: é o exercício conjunto do domínio, ou seja, existe condomínio quando mais de 1 pessoa exerce, concomitantemente, domínio sobre o mesmo objeto. Todos os condôminos têm igualmente a propriedade da coisa por inteiro, sendo assegurada a cada um deles uma cota ou fração ideal. Cada condômino pode usar livremente a coisa, conforme seu destino, não se lhe permitindo, contudo, excluir os demais condôminos. 
OBS: O condomínio edilício tem regras próprias até para permitir a manutenção da estrutura do imóvel. Pode acontecer que por meio de determinação judicial desapareça o condomínio edilício e passa a existir um condomínio geral e os condôminos passam a ser donos no todos em conjunto. 
Objeto: Todos os bens passíveis de apropriação.
Parte ideal: É exatamente a representação do seu domínio sobre o objeto, de forma a identificar a sua participação na aquisição daquele objeto. Presume-se que todos os condôminos tem a mesma parte ideal, salvo prova em contrário, tem que ser especificado aparte de cada um. EX: Semoventes é uma espécie de bem móvel que se locomove pela sua própria força, como é o caso do cavalo.
Classificação: em pro-diviso e pró-indiviso:
Pró-diviso: ocorre quando os condôminos tem a condição de identificar a área dominada, são donos do mesmo imóvel, mas existe a possibilidade de identificar a área dominada. Suponhamos que várias pessoas adquiram fazenda, cada qual vai se assenhorar de um pedaço delimitado.
Pró-indiviso: não existe a possibilidade de identificar a área dominada. EX: Semoventes, cavalo.
Limite temporal (art. 1320 §2°): O condomínio foi feito para acabar, a ideia é facilitar a possibilitar de desfazer esse condomínio, a extinção é um direito protestativo do condomínio (exercido independente da vontade de terceiros). Nesse caso quando terceiros não querem a extinção do condomínio, aquele que estiver interessado poderá propor a ação de alienação de coisa comum.
OBS: A venda da parte ideal indivisa a terceiros estranhos é resolúvel, uma vez que qualquer um dos demais condôminos preteridos pode reclamar a coisa para si. Na verdade, o condômino que deseje vender sua cota-parte deverá, primeiro, oferecer aos demais; se ninguém se manifestar no prazo dado, ai sim, poderá oferecer a terceiros estranhos. Se assim não proceder e a venda se realizar sem que se dê a devida preferência aos outros condôminos, qualquer um deles poderá anular o negócio, depositando em juízo o preço, no prazo decadencial de 6 meses. 
Direitos e deveres: Temos direitos e deveres, relacionados com o uso (art. 1314), obrigações (art. 1318), frutos (1319), despesas (art. 1315) dentro do limite da sua parte ideal. E tbm temos o direito de utilização de ações possessórias e petitórias, só que estas não se vinculam a parte ideal, ou seja, se o indivíduo está em um condomínio independente da sua fração poderá utilizar dessas ações, inclusive contra outro condômino. 
Extinção da comunhão (art.1320): é um direito potestativo, ocorre no caso de alienação de coisa comum, ou seja, naquelas hipóteses de desfazimento do condomínio. Outro direito é a alienação da quota parte, desde que dê preferência aos condôminos. É tbm permitido que seja gravada a quota parte, entretanto, para gravar o todo é necessário a permissão de todos. 
Administração e síndico (art. 1323 a 1326): existem condomínios ordinários que dependendo da complexidade da sua administração seja necessário a indicação de um síndico. O síndico é aquele que vai administrar o pagamento de contas, cobrança e etc. 
Assembléias: é a reunião de condôminos para resolver problemas que dizem respeito ao interesse de todos. Nesses condomínios ordinários as assembléias se desenvolvem de uma maneira mais informal, ao contrário do condomínio edilício que são verdadeiras arenas de discussão. As assembléia ordinária e extraordinária do condomínio em geral, não tem muita aplicabilidade na prática. 
Ordinárias: tem por objetivo prestação de contas e eleição do síndico, vai acontecer periodicamente, com prazo determinado. 
Extraordinárias: surgirão sempre que for necessário, quando surgir algo inesperado e for necessário os condôminos se reunirem para decidir qual vai ser a medida a ser tomada para a resolução daquele caso, não tem prazo determinado. 
Dia 11 de abril de 2014 
Condomínio Edilício (Lei 4591/64 e arts. 1331 a 1358 do C.C):
Conceito:
O condomínio edilício foi pensado para tentar solucionar uma situação de utilização do mesmo espaço no solo urbano por diversas pessoas. Essa espécie de condomínio foi pensado para uma espécie de construção que permita várias pessoas utilizarem do mesmo espaço urbano. 
É um instituto do direito civil que possui regras próprias, princípios próprios e se aplica a uma determinada realidade. Surge da necessidade de utilização eficaz e racional do solo urbano, por haver neste uma “disputa” para a utilização do mesmo espaço. 
OBS: O condomínio fechado na maioria das vezes se encontra em lugares afastados dos centros urbanos, por que o conceito desse condomínio é diferente, os seus habitantes estão em busca de sossego e de segurança.
O condomínio edilício não é a construção, é um instituto jurídico do C.C que institui regras especificas para o exercício da propriedade em edificações que permitem a coexistência de propriedade exclusiva e comum. Esse condomínio presume uma edificação dividida por plataformas horizontais no solo, subdividido em unidades autônomas que tem que necessariamente ter acesso ao logradouro público independentemente de qualquer outra unidade autônoma. 
Presume-se a existência de prédios que tem que ter acesso a logradouro público.
Cada prédio pode ter um proprietário único.
Até o surgimento do C.C de 02 a Lei 4591/64 é que regulou o condomínio edilício por muito tempo. Até hoje se utiliza dessa lei pq é um assunto que não é muito pesquisado, não obstante a necessidade de estudar esse tipo de propriedade nos centros urbanos. 
Do art. 1331 ao art. 1358 do C.C o legislador falou tudo que estava dito na lei do art. 1 ao 27. A partir do art. 27 que trata das incorporações essa continua em vigor 
Natureza Jurídica:
A doutrina atual não chegou a um consenso sobre qual seria a sua natureza jurídica. Caio Mario escreveu uma obra sobre condomínio edilício atemporal, que diz que a forma especifica do direito de propriedade nos condomínios edilícios é impar. Isso pq dentro do condomínio coexistem propriedade exclusiva e propriedade comum e em nenhuma outra forma de propriedade encontramos essa situação. 
Segundo Caio Mário a natureza jurídica do condomínio edilício é um conceito condominial novo, na medida em que surgiu da necessidade social de várias pessoas utilizarem do mesmo espaço. 
Segundo esse autor a doutrina tenta imputar ao condomínio edilício os conceitos de propriedade que existiram até hoje, só que é uma forma diferente de exercer a propriedade. Então segundo ele a doutrina tem que ter coragem para assumir que o condomínio edilício é um novo direito real ou é um conceito condominial novo. Pq o conceito de condomínio que havia até se buscar a entender esse tipo de edificação era o condomínio ordinário (que ao contrário do edilício podeser desfeito a qualquer momento). 
O direito de propriedade foi pensado para ser exclusiva de alguém, desse modo, quando se junta mais pessoas para exercer domínio sobre o mesmo objeto é gerado conflito, pois é indissociável a convivência proprietária. 
Segundo Caio Mario a doutrina tem que ter coragem para vê o condomínio edilício como uma forma especifica do exercício do direito de propriedade, o direito de propriedade aqui não exercido do mesmo modo em um imóvel tradicional. No condomínio edilício o condômino tem que ficar submetido a regras específicas trazidas pela convenção de condomínio. 
A convenção de condomínio é um conjunto de regras em partes estabelecido por um conteúdo obrigatório trazido pelo C.C (art. 1334) e em partes por regras que a própria coletividade de proprietários resolveu estabelecer. Abaixo da constituição e do Código, e das regras municipais de ocupação e utilização do solo, a convenção é a lei vigente dentro do condomínio. 
A lei reconhece a todos aqueles que exercem direito de propriedade em condomínio edilício liberdade para atuação da autonomia privada e estabelecer regras de convivência deste que, não haja ferimento a norma constitucional e infraconstitucional. Dentro de uma realidade de convívio de proprietários, não é admissível alguém que se arroga em um poder totalitário para estabelecer regras que não seja de vontade dessa comunidade. 
O direito de propriedade aqui não é exercido do mesmo modo que se exerce em uma propriedade de um sitio por exemplo, ambas tem que obedecer uma função socia, só que no condomínio edilício em razão da realidade e objetivo para o qual ele foi pensado a função social tem que ser somada com o exercício de propriedade democrático, discursivo e na medida do possível tentar utilizá-lo para o concretizar dos direitos fundamentais.Dia 12 de abril de 2014 
Continuação _ Condomínio edilício
Benefícios do condomínio edilício:
Dentro de um centro urbano o individuo tem a condição de habitar esse condomínio ou exercer a sua atividade empresarial dividindo o custo daquela utilização do solo urbano por diversas outras pessoas;
Temos tbm a possibilidade de utilização individualizada da sua unidade sem depender das demais.
Algumas características:
A característica fundamental: é a coexistência de propriedade exclusiva e comum, sem essa coexistência não existe condomínio edilício. O sujeito só usa a sua parte se existir uma parte comum, se não existir essa regra esse instituto fica inviável;
Pluralidade de proprietários, pois o sujeito só usa a sua parte exclusiva se existir uma parte comum que permita que ele chegue na sua unidade; (art. 1331, parágrafo 1);
OBS: A parte exclusiva é uma parte de toda a edificação passível de ser utilizada exclusivamente pelo proprietário. È na unidade autônoma que o direito de propriedade se apresenta como o direito de propriedade tradicional exclusivo com todas as faculdades. 
Fração ideal: é a representação da parte exclusiva na área comum, a sua função é representar a sua unidade autônoma no todo. A medida da propriedade do condômino nas partes comuns é a fração ideal, quanto maior a sua fração ideal, maior será a sua responsabilidade no todo, quanto menor a sua fração, menor será a sua responsabilidade (art. 1331, parágrafo 2);
OBS: A soma de todas as frações ideais em um condomínio edilício tem que ser igual a 1, sendo que essa fração ideal vem determinada no próprio registro da propriedade. A convenção de condomínio é o instrumento legal que institui o condomínio edilício em uma edificação, estabelecendo tbm regras de convivência e de uso da propriedade naquela forma condominial específica. 
Acesso independente;
Separação entre as unidades;
Indivisibilidade das propriedades exclusivas e comuns;
Inalienabilidade de parte comum separada da parte exclusiva. Sob pena de colocar em risco a estrutura do condomínio edilício, em regra essas duas propriedades têm que existir. 
OBS: Os bens passíveis de aquisição pela usucapião são os bens alienáveis (que estão no comércio). Desse modo, a área comum em regra não é passível de usucapião, isso porque as áreas comuns são proibidas de serem alienadas separadamente das partes exclusivas nos termos do art. 1331, parágrafo 2. Por outro lado, a usucapião se destina aos bens passíveis de alienação. Contudo, já é possível encontrar decisões judiciais reconhecendo a possibilidade da usucapião em área comum levando em consideração as características do caso concreto. 
Elementos constitutivos:
Ato de constituição: 
Existem quorum de decisão dentro do condomínio, existe um geral de 2/3 quando não tiver quorum especifico vai por maioria dos condôminos. Existe quorum que exige a unanimidade dos condôminos. O quorum para alteração, (art. 1339 e 1350);
O regimento interno faz parte da convenção, é uma parte mais flexível da convenção, na medida que está precisa para ser alterada de quorum geral de 2/3, enquanto o regimento interno não precisa. Só que o regimento interno é um catálogo de regras para estabelecer regras de convivência no condomínio. 
Convenção de condomínio (art. 1333);
Conteúdo obrigatório (art. 1332);
Forma escrita;
Deveres dos condôminos (art. 1336):
Contribuir com dinheiro para os gastos no condomínio de acordo com a sua fração ideal, salvo disposição em contrário na convenção;
Não realizar obras que comprometa a segurança da edificação; 
Não alterar a forma e estrutura da fachada;
Da a sua parte a mesma destinação que tem a edificação;
OBS: Se não cumprir um dos seus deveres, e for advertido uma vez e continua praticando o ato, será advertido mais uma vez, se continuar será aplicada a multa que está estabelecida na convenção que pode ser até 5 vezes a contribuição do valor mensal. 
Art 1337: O condômino ou o possuidor que não cumpre reiteradamente com o seus deveres perante o condomínio, poderá por deliberação de 3/4 dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até o quíntuplo do valor atribuído a contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração independente das perdas e danos que se apuraram. 
Existe quorum de decisão para os assuntos de interesse do condomínio. 
Tendo em vista o peso da multa é necessário que o condomínio dê ao condômino o contraditório, tem que ser criada dentro do condomínio instâncias para que o sujeito tente demonstrar que aquela multa é inadequada. 
Direitos dos condôminos: (art. 1335) usa, fruir e etc.....
Administração do condômino (art. 1347):
Síndico:
Tem uma área de atuação que em regra ele não precisa buscar a opinião dos demais condôminos de imediato.
Conselho:
Pode ser fiscal ou consultivo.
Assembléia: São os fórum de discussão para resolver problemas de propriedade, pode ser ordinária ou extraordinária. 
DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIA
Conceito:
Advém da limitação do direito de propriedade.
É a espécie de direito real surgido do fracionamento do direito de propriedade, permitindo ao seu titular o exercício de faculdades antes atribuídas somente ao proprietário. São em sua maioria, temporários. 
A limitação ao direito de propriedade é um instrumento permitido pelo ordenamento jurídico, mas independentemente da sua natureza os limites ao direito de propriedade surgiram não para perpetua esses institutos, mas para limitá-lo durante um determinado período de tempo necessário para que o proprietário disponha a sua propriedade de acordo com os seus interesses. Passado esse período não existindo mais o motivo que o direito real sobre coisa alheia impôs é necessário que ele seja extinto. 
Desse modo, não é adequado para um contexto constitucionalizado do direito civil, onde a função social da propriedade faz parte dos elementos constitutivos da mesma, serem estabelecidos limites perpetuo da propriedade. Por isso, que a enfiteuse perdeu espaço no direito civil contemporâneo. 
Os objetivos desses direitos reais é a limitação de um direito da propriedade preexistente para um fim específico (de uso e fruição, de garantia e etc).
Espécies (art. 1225):
A propriedade, direito real sobre coisa própria.
A superfície, direito real sobre coisa alheia.
As servidões, o usufruto, o uso, a habitação, são direitos reais de uso e fruição.
O direito de promitente comprador são direitos reais de aquisição.
O penhor, a hipoteca são direitos reais de garantia.
Concessão de uso especial para fins de moradia e concessão de direito real de uso são direitos reais sociais.
OBS: Cada um desses direitos tem um tempo certo de duração, para recair sobre a propriedade do outro. 
Enfiteuse aforamento ou arrozamento (art. 678 do C.C de 16)
Conceito:
É um direito real sobre coisa alheia que possibilita a seu titular (enfiteuta) usar e fruir de imóvel alheio (senhorio direto), perpetuamente. É um direito que ultrapassa o limite temporal, existem alguns requisitos que pode fazer com que ele seja extinto, mas se essas características não se apresentam o direito real da enfiteuse existirá perpetuamente.
A enfiteuse foi formada pela Coroa Portuguesa para não perder a propriedade pq é um direito real sobre coisa alheia. Quando a enfiteuse foi pensada e utilizada pela Coroa no território nacional era só para não perder a propriedade, mantinha a propriedade e consentia o uso. 
Partes:
Senhorio direto: é o proprietário que sofre os efeitos de um direito real limitador da sua propriedade.
Enfiteuta, foreiro ou senhorio útil: é o sujeito que se aproxima ao proprietário dando àquele imóvel uma utilidade. 
OBS: O instituto que substituiu a enfiteuse no C.C/02 foi a superfície, a grande diferença de um instituto para o outro é que a superfície é temporária.
Objetos:
Terras não cultivadas (rural) e terrenos destinados à edificação (urbano).
Tem que serum imóvel não cultivado, aqui percebemos a incidência da função social. 
Na enfiteuse não tinha esse conceito de função social que se tem hoje. 
Modos de aquisição:
Registro, isso pq, direito real sobre coisa imóvel só se adquirem mediante o registro. 
Testamento, pode o bem ser doado informando a constituição de enfiteuse. 
Usucapião, isso pq a enfiteuse é um direito real e este por sua vez, é passível de posse, portanto é passível de ser usucapido. Porém a relação do senhorio direito com o enfiteuta é muito próxima, sendo que uma das obrigações do senhorio direto é permitir o uso mediante paga. O enfiteuta tem que pagar anualmente ao senhorio direto uma quantia módica, tem que ser um valor pequeno (o foro). Já que o enfiteuta tem que pagar anualmente uma quantia ao senhorio direito fica difícil outra pessoa se colocar nesse lugar para pagar. 
Algumas características:
Perpetuidade;
Transmissão causa mortis;
É possível a co-enfiteuse, por exemplo, o enfiteuta morre e deixa dois filhos, a responsabilidade será fracionada. 
Direitos e deveres do enfiteuta:
Dever:
Pagar o foro;
Pagar o laudêmio;
Direito:
Usar e fruir da coisa nos limites contratados;
Constituir direito real sobre o imóvel, o enfiteuta pode limitar o seu direito de uso e fruição até quando durar esse direito. O dia que o senhorio direto recuperar a totalidade das faculdades inerentes ao proprietário aquela limitação desaparece, pq ela foi construída sobre uma relação perpétua que poderia chegar ao fim. 
Direitos e deveres do senhorio direto:
Permitir a utilização do imóvel;
Direito a receber o foro e o laudêmio;
Preferência na doação ou alienação do direito;
Direito as acessões;
Foro, cânon ou pensão anual:
É a quantia módica anual paga pelo enfiteuta ao senhorio direto em virtude daquela utilização que ele dá ao imóvel do senhorio direto. 
Tem a característica de justificar a transmissão do uso e fruição do senhorio direito para o enfiteuta.
É invariável ao longo do tempo, só sofre influência monetária.
Laudêmio:
É uma quantia paga pelo enfiteuta para o senhorio direto em virtude da alienação do direito de uso e fruição. 
Só que vai pagar 2,5% do valor negociado com terceiro tornando com isso enfiteuta. Não há nas cessões gratuitas.

Continue navegando