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Taxas de Aplicação no Controle da Ferrugem Asiática em Diferentes Cultivares de Soja Marcelo Madalosso - Instituto Phytus Diego Dalla Favera - Universidade Federal de Santa Maria Ricardo Balardin - Universidade Federal de Santa Maria A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrizi Sidow, causou sérios impactos à sojicultura brasileira durante a última década. De 2002 a 2011 as perdas de grãos devido ao ataque da doença foram estimadas em 41,73 milhões de toneladas, representando US$ 10,32 bilhões. Somadas a este valor está o custo com o controle da doença, estimado em US$ 7,97 bilhões, e a redução da arrecadação de impostos em US$ 1,34 bilhão, o que representa um total de prejuízos de US$ 19,62 bilhões (YORINORI, 2011). A partir de então, surgiram vários fungicidas registrados e com reconhecida eficácia para o controle da doença. Entretanto, frequentemente, a eficácia obtida é inferior a esperada, o que acarreta em perdas e elevação dos custos pelo aumento do número de aplicações. A eficácia de um programa de controle depende principalmente, além das características do próprio fungicida, do momento de aplicação e da qualidade de aplicação. Esta última pode ser expressa basicamente pela quantidade de ingrediente ativo que atinge o alvo e pela sua distribuição sobre o mesmo. Neste sentido, parâmetros da tecnologia podem ser influenciados por inúmeras variáveis, onde se destacam as características da aplicação, relacionadas ao tamanho e número de gotas por unidade de área e a taxa de aplicação, bem como características do dossel, relacionadas principalmente à arquitetura de plantas. Dessa forma, taxas de aplicação reduzidas, cada vez mais utilizadas para aumentar a capacidade operacional dos pulverizadores, podem ocasionar efeitos negativos à eficácia de controle em determinadas situações. Aplicações de fungicida com diferentes taxas de aplicação podem resultar em diferentes controles do patógeno quando realizadas em cultivares com características estruturais de dossel diferentes. Baseado nesta hipótese foi desenvolvido um estudo com tratamentos arranjados em esquema bifatorial (5X3) em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, sendo o primeiro cinco cultivares de soja (A 6411 RG, BMX Apolo RR, TMG 4001 RR, A 7636 RG e BMX POTÊNCIA RR) e o segundo fator três taxas de aplicação (70, 100 e 130 L.ha-1), além de um tratamento testemunha. Duas aplicações foram realizadas com fungicida Epoxiconazol + Piraclostrobina (25 + 62,5 g.ha-1i.a.) e Assist® (óleo mineral) na dose de 0,5 L.p.c.ha-1. A primeira aplicação foi no inicio do fechamento das entrelinhas da cultura e a segunda 21 dias após a primeira. Foi considerado como inicio do fechamento das entrelinhas quando as folhas das plantas de soja de duas linhas adjacentes começaram a tocar-se. As aplicações foram realizadas com pulverizador costal pressurizado a CO2 comprimido, munido de barra de aplicação com quatro pontas de pulverização tipo leque simples (Teejet XR11001). No momento das aplicações foi realizada a avaliação do impacto das gotas através da metodologia dos cartões de papel branco revestido com plástico. A partir do escaneamento destes, obteve-se imagens nas quais foi mensurada a densidade de impactos (impactos.cm-2) através do software e-Sprinkle®. A severidade da ferrugem asiática da soja foi avaliada aos 7, 14 e 21 dias após a segunda aplicação dos tratamentos fungicidas. A partir dos valores de severidade foi calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). A avaliação de produtividade foi realizada quando as plantas de soja atingiram a maturação de colheita. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (Anova) e ao teste de Tukey (p≤0,05) para a comparação das médias. A grande diversidade de cultivares de soja disponíveis ao agricultor possuem características fisiológicas que variam na mesma magnitude. Parâmetros como Índice de Área Foliar (IAF), número de ramos, forma e posição do folíolo, passam a ser decisivos para o sucesso da aplicação. Neste sentido, o estudo da taxa de aplicação para uma tamanho adequado de gotas passa a ser uma alternativa a esta diversidade. Gotas menores têm maiores condições de penetração e cobertura de área foliar que gotas maiores, em contra partida o tempo de extinção da mesma é inversamente proporcional ao seu tamanho (Gráfico 1). Já a redução na taxa de aplicação é uma alternativa a logística reduzida na grande maioria das lavouras, e precisa ganhar mais atenção do ponto de vista técnico. A redução empírica da taxa de aplicação remete a cuidados antes despercebidos pelo agricultor. A simples diminuição do volume por hectare pode trazer riscos relacionados a eficiência de controle do fungicida (tabela AACPD) e em última análise, o residual. Em aplicações posicionadas de formas curativas ou erradicantes, este senário pode ser ainda mais problemático com reduções do residual em nível de 30%, dependendo da cultivar e da taxa de progresso da ferrugem asiática. Com a diminuição do veiculo (água) no interior do tanque para a mesma quantidade de ativo recomendada, temos uma “menor diluição”, o que no exige uma maior precisão da aplicação por parte do técnico. Com isso, a gota originada desta calda terá de ser trabalhada de forma a evitar ao máximo as perdas por deriva e/ou extinção prematura após o impacto, cristalizando o produto na superfície foliar, reduzindo assim a velocidade de absorção. Neste sentido, o tamanho de gota (DMV) trabalhado no estudo foi em torno de 200 µm, estando mais adequado para reduzir o problema com deriva sem grandes prejuízos a penetração (Gráfico 2). A densidade de impactos.cm-2 no terço inferior aumentou linearmente com o crescimento da taxa de aplicação de fungicida em grande parte das cultivares. Cultivares com características mais eretas e com trifólios lanceolados, permitem maior penetração de luz e, por conseguinte maior penetração de gotas no interior do dossel, permitindo ainda menor microclima para desenvolvimento de doença. Já cultivares com hábito foliar mais palmado obstruem rapidamente a penetração de luz e gotas, reduzindo a eficiência da aplicação pela deficiência de ativo por área foliar tratada (Gráfico 3). AS maiores eficiências de controle em todas as cultivares estiveram nos tratamentos com as maiores taxas de aplicação (Tabela 1). Assim, aplicações com volumes acima de 100 L.ha-1 garantem ao produtor maior segurança no controle da ferrugem asiática, principalmente em situações tropicais, onde a pressão de doença mais elevada. O estudo mostrou que o uso de gotas de 200 µm em condições subtropicais, de menor pressão de doença e respeitando os momentos adequados de aplicação, alcançaram estatisticamente os mesmos resultados de produtividade para as três taxas de aplicação trabalhadas, com exceção da BMX Apolo (Tabela 2). Com isso, é importante ressaltar que respeitando as particularidades da aplicação, geração de gotas, cultivar e pressão de ferrugem asiática, a redução de volume a 70 L.ha-1 pode ser uma alternativa ao produtor. Vale lembrar que mais estudos são necessários para balizar a redução na taxa de aplicação com segurança, visto que foram diversos os pontos discutidos acima. Em tecnologia de aplicação é praticamente impossível obtermos 100% de êxito, devido a condições que fogem ao nosso controle, como o clima. Por isso, o grande objetivo desta linha é reduzir ao máximo a perda inerente ao processo. Gráfico 1 – Comportamento da gota em função do tempo de extinção (Adaptado de Coutinho e Cordeiro, 2004). 0 10 20 30 40 50 60 70 050100150200Diâmetro da gota (µm) Tempo para se evaporar (segundos) Diâmetro da gota após a água evaporar (µm) Gráfico 2 – Densidade de impactos (impactos.cm -2 ) de gotas no terço inferior do dossel da soja em função da interação entre diferentes cultivares e taxas de aplicação. Itaara – RS, 2012. * Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Gráfico 3 – Percentual de penetração de luz no terço inferior do dossel da cultura ao 60 DAE. Itaara – RS, 2012. Tabela 1 – Área abaixo da curva de progresso da ferrugem asiática da soja em função da interação entre diferentes cultivares e taxas de aplicação. Itaara – RS, 2012. Cultivares Testemunha Taxa de aplicação (L.ha -1 ) 70 100 130 A 6411 RG 238,11 29,68 aA* 22,55 bB 21,65 aB BMX APOLO RR 234,54 32,34 aA 27,09 abB 24,75 aB b b b b b a b b a a a a a a a 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 A 6411 RG BMX APOLO RR TMG 4001 RR A 7636 RG BMX POTÊNCIA RR im p ac to s. cm -2 70 100 130 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 A 6411 RG BMX Apolo RR TMG 4001 RR A 7636 RG BMX Potência RR % p e n e tr aç ão d e lu z TMG 4001 RR 228,39 34,67 aA 32,20 abA 30,04 aA A 7636 RG 300,48 39,53 aA 33,83 abB 31,14 aB BMX POTÊNCIA RR 221,53 39,64 aA 35,74 aA 29,53 aB MÉDIA 35,17 30,28 27,42 C.V. 14,13 * Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Tabela 2 – Produtividade (kg.ha -1 ) da soja em função da interação entre diferentes cultivares e taxas de aplicação. Itaara – RS, 2012. Cultivares Testemunha Taxa de aplicação (L.ha -1 ) 70 100 130 A 6411 RG 2047,16 2510,01 bA* 2515,45 bcA 2575,76 bA BMX APOLO RR 1903,64 2104,18 cB 2268,32 cB 2638,19 bA TMG 4001 RR 1867,60 2605,97 bA 2701,77 bA 2621,44 bA A 7636 RG 2419,38 3009,40 aA 2762,12 abA 2931,89 abA BMX POTÊNCIA RR 2472,32 3127,93 aA 3105,81 aA 3068,66 aA MÉDIA 2671,50 2670,69 2767,19 C.V. 9,03 * Médias seguidas por mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).
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