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1. CONHECER OS OBJETIVOS DA CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL → É uma consulta que deve ser feita, preferencialmente com a presença do casal, antes da concepção. Se houver o uso de métodos contraceptivos, deve ser feita antes da suspensão do medicamento. → é recomendada como um investimento, pois é um bom mecanismo para evitar alterações teratogênicas. → a procura pelo aconselhamento pré- concepcional não precisa ser feita apenas quando há interesse iminente de gestação, pode coincidir com as consultas anuais de rotina, ou com outras consultas específicas como infertilidade, abortamento espontâneo, patologia crônica e anormalidade fetal prévia. → apesar disso, o procura da consulta prevalece em mulheres que planejam engravidar. → a falta de procura da consulta se deve a vários fatores como: a falta de conhecimento acerca da sua importância, tanto para o corpo profissional, como para as usuárias do serviço, além do grau de escolaridade, estado conjugal e experiência reprodutiva. → O objetivo maior da consulta pré- concepcional é a promoção da saúde, redução de riscos que possam afetar negativamente uma gestação, sendo na saúde da mãe ou do bebê. → identificação e modificação de riscos biomédicos, comportamentais e sociais. → isso é feito por meio de intervenções profiláticas (evitam) e terapêuticas. → melhorar o conhecimento acerca da saúde pré-concepcional, bem como as atitudes e comportamentos. → é necessário buscar garantir a toda mulher em idade gestacional todos os serviços que auxiliem a mulher a entrar numa gestação com saúde ótima. → reduzir os danos e riscos de uma gravidez pregressa e com desfecho desfavorável, por meio de intervenções interconcepcionais. → a abordagem da consulta gira em torno da alimentação, ambiente seguro, prevenção e controle de doenças, aconselhamento genético, promoção de saúde mental, identificação de condições precárias de vida e situação de violência, prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas, tratamento de infertilidade e prevenção de gravidezes sucessivas. → é necessário alertar que a coleta de informações costuma ser demorada, depende da quantidade e complexidade dos fatores que serão avaliados (avaliação nutricional, clínica, obstétrica, social e familiar) 2. CONHECER O QUE VALORIZAR NA ANAMNESE E NO EXAME FÍSICO NUMA CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL *ANAMNESE → IDADE MATERNA E PATERNA: adolescentes têm maior risco de anemia, nascimento prematuro e pré-eclâmpsia. Após os 35 anos, maior risco de complicações obstétricas,baixa fertilidade, diabetes gestacional, maior risco de mortalidade materna, morbidade e mortalidade perinatais, nascimento prematuro, distúrbios de crescimento fetal. → ACONSELHAMENTO GENÉTICO: esclarecimento de mecanismos genéticos de uma determinada doença, sua gravidade, prognóstico, possíveis tratamentos e recorrência familiar. Indicações: mulheres com 35 anos ou mais, histórico obstétrico desfavorável, história familiar e genética desfavorável. A melhor forma de se obter história familiar é com a elaboração de genealogia. OBS: defeitos do tubo neural→ ácido fólico (400-800 microgramas/dia antes da concepção e primeiro trimestre de gestação). OBS: fenilcetonúria→ fenilalanina atravessa a placenta e pode lesionar órgãos fetais em desenvolvimento. OBS: talassemias→ hemoglobinopatia (tratamento vitaminas e ferro). → HISTÓRIA PESSOAL E CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS: ● história ginecológica→ infertilidade, desfechos gestacionais normais e anormais, abortos, gestação ectópica, perdas gestacionais, complicações obstétricas. ● violência doméstica ● relacionamentos interpessoais ● vida profissional ● vida conjugal. → DOENÇAS CLÍNICAS PRÉ-EXISTENTES: mulheres com doenças crônicas devem atentar-se para que a gestação ocorra em período de estabilização clínica, após rigorosa análise clínico-laboratorial. As mais comuns são→ anemias crônicas, hipertireoidismo, epilepsia, diabetes, hipertensão, doenças autoimunes, nefropatias, psicopatias, depressão. → RASTREIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS:deve ser investigado e instruído por risco de alterações teratogênicas. HIV, rubéola (programação da gravidez 3 meses após a vacinação), toxoplasmose, tuberculose (alguns antituberculosos são contraindicados por poder causar surdez congênita por lesão do VIII par craniano), infecções urogenitais, hepatite B, citomegalovírus. → NUTRIÇÃO E SUPLEMENTOS:alguns distúrbios alimentares podem ser potenciais riscos para a gestação como pica (desejo de comer itens não comestíveis), anorexia/bulimia, obesidade, vegetarianismo estrito, hipo e hipervitaminoses, carência de alguns minerais. O peso materno pré-concepcional deve se aproximar ao máximo de IMC, com margem de 15%. → USO DE DROGAS LÍCITAS OU ILÍCITAS: estão associados ao baixo peso ao nascer, demora na concepção, aborto, descolamento de placenta, parto prematuro, placentação baixa, redução dos movimentos fetais. Cocaína, tabagismo, maconha, álcool, alguns antibióticos. → ATIVIDADE FÍSICA: melhora a capacidade respiratória, reduz a ansiedade, ajuda no controle do peso e beneficia a estética corporal. Deve-se ter cuidado com a progressão da gestação para que não ocorra lesões ortopédicas. Não exercitar-se até a exaustão e evitar posições supinas. *EXAME FÍSICO → exame físico básico completo: ausculta cárdio respiratória, frequência cardíaca, aferição de pressão arterial, antropometria, palpação da tireóide, IMC. → exame ginecológico completo: mamas, coleta para análise citopatológica do colo uterino, estímulo do autoexame. *EXAMES COMPLEMENTARES → hemograma, urina, glicemia, sorologia (toxoplasmose, hiv, rubéola, hepatite B, VDRL - sífilis, CMV) 3. CONHECER QUAIS EXAMES SUBSIDIÁRIOS DEVEM SER SOLICITADOS → exames subsidiários= exames complementares ● hemograma completo: ○ análise de anemia (hemoglobina abaixo de 11,0g%), dosagem de ferritina sérica (é ruim abaixo de 30 microgramas/L). ○ tipagem sanguínea→ anemias neonatais, o protocolo NICE recomenda pesquisar anticorpos irregulares no sangue materno no início da gestação, eritroblastose fetal. ○ Coombs→ Doença Hemolítica Perinatal ○ glicemia→ tratamento de diabetes gestacional reduz complicações graves. Glicemia igual ou maior de 126mg/dL=DMG ● urina rotina e urocultura (diag. infecção urinária, bacteriúria assintomática, agente etiológico/ deve ser feito na primeira consulta pré-natal). Pacientes com diabetes mellitus→ urocultura mensal. ● sorologia para sífilis (VDRL) (tratamento intraútero e prevenção de síndrome da sífilis congênita), toxoplasmose (Elisa/ IgA/ IgE/ IgG) - NICE não recomenda rotineiramente, rubéola (SRC), hepatite B(VHB) e C (anti-HCV), HIV, citomegalovírus (CMV), HTLV 1 e 2. ● pesquisa de estreptococos B ● exame parasitológico de fezes. ● rastreamento de câncer cervical (colpocitologia oncótica cervical). ● ultrassom ● testes de vitalidade fetal ● estudo genético pré-natal 4. CONHECER INTERVENÇÕES (MUDANÇA DE HÁBITOS DE VIDA, MEDICAMENTOS) QUE DEVEM SER ADOTADOS NESSE CENÁRIO E SEU GRAU DE RECOMENDAÇÃO → dieta: ● muita quantidade de fibras, legumes, verduras, carnes, ovos, leite, frutas. ● evitar patês, ovo/carne/ crus ou derivados, crustáceos e peixes com alto teor de mercúrio (espada e marlin), fígado e derivados. ● consumir com moderação atum, café, chá, coca-cola, chocolates, carboidratos, sal. → ácido fólico: suplementação no período pré-concepcional para proteger contra defeitos do tubo neural e na recorrência dos mesmos (400 mcg/dia - sem antecedentes) → ferro: a suplementação reduz o nº de mulheres com hemoglobina baixa. NICE não recomenda a suplementação rotineira. → hábitos de vida:● atividade profissional: a gestante deve evitar exposição a fatores de risco (físicos e químicos). ● exercício físico: contraindicações→ pré-eclâmpsia, pré-termo em gestação anterior, sangramento vaginal, hipertensão, doença cardíaca/pulmonar/tireoidiana descompensada, CIUR (restrição do crescimento intrauterino). ● tabagismo (CO e nicotina aumenta a incidência de aborto, RN baixo peso, deslocamento prematuro da placenta, lábio leporino, lesão de palato, parto pré-termo). ● álcool (o etanol atravessa a placenta e a barreira hematoencefálica - efeitos dose-dependentes, síndrome alcoólica fetal) ● maconha (aumenta morbidade neonatal, baixo peso. ● cocaína, opiáceos e anfetaminas (hipertensão, isquemia cardíaca, infarto do miocárdio/mãe; descolamento prematuro da placenta, rotura de membrana) ● viagens (aéreas e longas→ tromboembolismo venoso; aéreas permitidas até 36 semanas; em carro→ uso correto do cinto; vacinação) ● cosmiatria (roacutan→ proibido antes da concepção; contraindicado o uso de hidratantes com ácido glicólico e retinóico; contraindicação de tintura capilar no 1º trimestre) ● atividade sexual (não é contraindicado, apenas com a ocorrência de sangramento vaginal) 5. SABER DETERMINAR A PARIDADE DE UMA GESTANTE → a paridade de uma gestante é o número de partos que a mulher teve antes da gestação tema daquela consulta. ● nulípara: nunca pariu. ● primípara: 1 parto ou vai parir pela primeira vez. ● multípara: já teve partos antes. 6. CONHECER OS SINAIS E SINTOMAS DE UMA GRAVIDEZ *SINTOMAS ● atraso menstrual ● sintomas neurovegetativos→ tontura, sonolência, fadiga, cefaleia. ● sintomas emocionais→ ansiedade, nervosismo, tristeza, labilidade emocional. ● sintomas sensoriais→ aversão por odores habituais, hiperosmia, hiposmia. ● sintomas mamários→ aumento do volume e da sensibilidade das mamas, mastodínia e percepção de saída de colostro. ● sintomas digestivos→ náuseas, vômitos, ptialismo ou sialorréia, alterações do apetite. ● sintomas cardiovasculares→ taquicardia. ● sintomas urinários→ poliúria, noctúria. *SINAIS ● aparecimento de melasma gravídico, linha nigra, hiperpigmentação dos mamilos/aréolas/e em torno/genitais/axilas. → costumam desaparecer ou reduzir após o parto. ● aparecimento de estrias gravídicas. ● hipertricose (aumento dos pêlos), Lanugem (Sinal de Halban→ aparecimento de pêlos finos no rosto ou no couro cabeludo). ● rede de Haller→ aumento de vascularização do tecido subcutâneo mamário (visível) ● o abdome, antes plano, passa a ser ovóide e, em seguida, globosa. ● sinal de Jacquemier ou de Chedwick→ coloração arroxeada da mucosa vulvar, vestíbulo e meato urinário (pelo aumento da vacularização local) ● sinal de Kluge→ coloração arroxeada da mucosa vaginal e do colo uterino. ● sinal de Osiander→ percepção de pulso arterial vaginal. ● sinal de Goodel e Bonnaire→ amolecimento do colo uterino. ● sinal de Landin→ percepção de uma região mole na face anterior do istmo. ● sinal de Piskacek ou Braun-Fernwald→ assimetria e amolecimento do fundo uterino, pela implantação ovular cornual. ● sinal de Holzapfel→ o útero grávido é menos móvel, maior e amolecido. ● sinal de Nobile-Budin→ torna mais globoso pelo preenchimento dos fundo de saco vaginais laterais, anterior e posterior. ● sinal de Hegar→ diferença entre a consistência do corpo, istmo, colo uterino no início da gestação. ● sinal de Puzos→ sensação de rechaço com o empurrão brusco do útero para cima, deslocando, assim, o feto dentro do líquido amniótico. ● sinal de Rasch→ piparote no fundo uterino, percepção do líquido amniótico. OBS: 22-25 semanas já é possível reconhecer o feto na palpação com a 2ª e 3ª manobras de Leopold. 7. SABER DETERMINAR A IG E A DPP A PARTIR DA DUM ● IG (idade gestacional): ○ com calendário e ir somando ○ nº de dias desde a última menstruação/7=nº de semanas. ● DPP (data provável do parto): acrescenta-se 280 dias ou 40 semana após as DUM. Regra de Naegele→ (DUM + 7 dias)+ 9 meses [ou - 3 meses]=DPP. 8. CONHECER OS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DE GRAVIDEZ: CLÍNICO, LABORATORIAL, ULTRASSONOGRÁFICO ● CLÍNICO:o diagnóstico clínico é feito com a pesquisa de sinais e sintomas por meio da anamnese, exame físico obstétrico e ginecológico. ● LABORATORIAL: ○ Gonadotrofina coriônica humana (hCG) → é o marcador bioquímico mais precoce de detecção de gravidez. A partir da 3ª semana após a fecundação existem níveis crescentes de hCG no sangue, que podem ser detectados na urina ou no sangue. Possui duas porções (alfa e beta), em que a alfa é comum a alguns hormônios corporais como LH, FSH, TSH, sendo assim, é analisada a fração beta para que não ocorra reação cruzada. O hCG promove a manutenção do corpo lúteo. A concentração do hormônio duplica a cada 1,4-2 dias. Se essa ascensão for menor que 60%, pode-se desconfiar de gravidez ectópica. Na urina→ métodos biológicos (com animais) e imunológicos (o de farmácia - uso de antissoro que promove a não aglutinação). É apenas qualitativo. RIA→ é qualitativo e quantitativo. Muito específico, seguro e eficaz. Identifica dosagens pequenas. Falsos-positivos podem ocorrer por: aumento de LH, tumor, fármacos psicotrópicos e não psicotrópicos, doenças sistêmicas, alterações urinárias, material laboratorial contaminado. ● ULTRASSONOGRÁFICO: para determinar se a gravidez é intrauterina e IG. No início da gestação é feita a transvaginal (útil das gravidezes recentes, obesas e útero retrovertido. Primeiro sinal de gravidez na ultrassom→ hiperecogenicidade (inespecífico). O saco gestacional é o primeiro sinal definitivo. O saco vitelínico passa a ser visto na transvaginal a partir de 4,5-5 semanas (5mm de DMSG) e na transabdominal na 7 semana (20mm de DMSG). Comprimento do embrião de acima de 2mm pode contar e visibilizar os batimentos cardíacos (90-190 b/min). Na US transabdominal, os batimentos podem ser detectados a partir da 8 semana (DMSG 25mm). CCN 25mm→ 10-11 semana. Quando não há detecção de SG pela transvaginal com hCG 1100-1500mUI/ml pode ser g. ectópica. Com 12 semanas a placenta pode ser identificada e com 16 a estrutura definida. 9. CONHECER OS POSSÍVEIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE GRAVIDEZ ○ deve ser feitos em casos associados a hiperprolactinemia (produção elevada de prolactina), galactorréia (saída inapropriada de leite da mama) e quadro de pseudociese (quando a mulher apresenta sintomas de gravidez sem estar grávida - gravidez psicológica). ○ aumento abdominal (obesidade, tumores abdominais). ○ gravidez ectópica ○ carcinoma broncogênico e lúpus eritematoso sistêmico→ pode haver a detecção de hCG. ○ miomas uterinos 10. GRAVIDEZ NORMAL X GRAVIDEZ DE RISCO ● Gestação de alto risco é aquela que põe em risco a vida da mãe, do bebê ou de ambos. ● uma gestação que está transcorrendo normalmente pode se tornar uma gravidez de alto risco a qualquer momento, com a progressão da gestação ou até o trabalho de parto. ● fatores fisiológicos: ○ idade→ maior de 35 e menor de 15 (ou com menos de 2 anos da menarca). ○ peso→ 19>IMC>30 ○ altura→ menor que 1,45 ○ anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos ○ uso de álcool e outras drogas ○ tabagismo ○ condições clínicas pré-existentes (hipertensão, Cardiopatias, Pneumopatias, Nefropatias, Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias), Hemopatias, Epilepsia, Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local), Doenças autoimunes, Ginecopatias, Neoplasias. ○ História reprodutiva anterior: Abortamentohabitual, Morte perinatal explicada e inexplicada, História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado, Parto pré-termo anterior, Esterilidade/infertilidade, Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos, Nuliparidade e grande multiparidade, Síndrome hemorrágica ou hipertensiva, Diabetes gestacional, Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores). ○ Doença obstétrica na gravidez atual: Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico, Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada, Ganho ponderal inadequado, Pré-eclâmpsia e eclâmpsia, Diabetes gestacional, Amniorrexe prematura, Hemorragias da gestação, Insuficiência istmo-cervical, Aloimunização. ○ Intercorrências clínicas: Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.), Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias). ● fatores socioeconômicos ○ baixa escolaridade ○ vida conjugal insegura e conflitos familiares ○ condições ambientais desfavoráveis
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